Lendo e re-lendo nosso debate sistematizei, mais para meu entendimento mesmo, a forma pela qual entendo a questão da ideologia, que por sinal poderia dizer que veio a se cristalizar durante o debate, vamos lá:
Encarando a ideologia como "conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas"
O que me parece é que o cerne da questão se encontra nas seguintes perguntas: A ideologia é inata ou não ao ser humano? Ela é invariavelmente danosa?
Aqui cabe uma consideração, quando digo que a ideologia é inata não me refiro a uma ideologia específica, digo no sentido de que sempre haverá uma, mas entendo que ela possa mudar, ser reformulada, modificada, substituída...
Por que penso isso? Por que o meu argumento e o argumento do Agnóstico conflitam, entre outras coisas, mas mais precisamente na questão de que:
a) Penso que a ideologia deve ser policiada, mantida sobre vigilância para que não se desemboque em um fanatismo ou na ilusão de ter alcançado uma verdade absoluta ou, ainda, feche os olhos para provas e evidências por estas simplesmente irem contra sua opinião.
Para o Agnóstico: acredita que a ideologia deve ser combatida e, finalmente, completamente extirpada, pois é invariavelmente causadora das mazelas a cima citadas.
b) Penso que ter uma ideologia não repercute necessariamente e inexoravelmente em algo bom ou ruim, essa valoração será atingida no estudo do caso concreto, analisando seus resultados, propostas e etc. É, após ser sabatinada, que a ideologia poderá ser identificada como algo danoso ou não, pois será ai que o individuo demonstrará se ficou alienado ou não. Se após receber as críticas, de ser confrontado com provas e evidências, o portador da ideologia, por exemplo, cair em algumas das mazelas anteriormente citadas, ela tornou-se prejudicial. Contudo, se não fechar-se em “seu mundinho” e reconhecer suas limitações, bem... é bola pra frente! “Aceito tal crítica, estava errado aqui, concordo com você ali, discordo de você lá...” Continuou-se crítico, não se alienou, pode-se até abandonar a antiga ideologia e formular outra, ou não.
Para o Agnóstico qualquer interpretação provinda de uma ideologia já é valorada como negativa/prejudicial. Tem-se sim que tentar interpretar sem nenhuma ideologia. Seria apenas com as idéias esparsas sem nem um sentido que as una? Realmente não sei como se daria isso.
c) Penso, como resultado de livre observação mesmo, que a ideologia seja inata ao ser humano pelo fato de que nunca soube de alguém que não organize suas idéias, convicções e etc, de forma a construir um todo que faça sentido para si, e quem sabe, para os outros, ou seja, utilizando do conceito anterior de ideologia, que não tenha um "conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas”.
Para o agnóstico não seria algo inato mas sim algo artificial, que alguns humanos adotariam por uma série de fatores, mas que não precisariam o fazê-lo. Porém pergunto, por que você entende dessa forma? É por livre observação também? Sabe de algum caso confiável de alguém nos moldes da letra C, a cima transcrita, que possa servir de base para seu entendimento?
Veja, não é querendo ser chato ao fazer essas perguntas é que, simplesmente, para mim, alguém procurar organizar suas idéias de forma que uma não conflite com a outra afim de que gere um sentido, nem que seja só para aquela pessoa em especifico, ser considerado como algo artifical (não-natural) não se sustenta. É algo que vejo acontecer diariamente e com todo mundo, e que para aceitar como algo artificial seria necessário mais do que a simples afirmação de que seja.
Obs: Como sempre, se lhe fiz alguma injustiça, Agnóstico, favor me corrija.