Autor Tópico: O que o capitalismo não é  (Lida 10994 vezes)

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Offline Herf

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O que o capitalismo não é
« Online: 22 de Dezembro de 2008, 19:49:54 »
O que o capitalismo não é
Por Diogo Costa

Foi Karl Marx quem cunhou o depreciativo termo "capitalismo" para identificar um sistema econômico que havia recebido de Adam Smith uma expressão mais descritiva e bonita: "sistema de liberdade natural". A origem negativa do termo é um dos motivos pelos quais a discussão sobre o capitalismo necessita de um esclarecimento. Seja para atacá-lo ou defendê-lo, é importante entendermos primeiro o que o capitalismo não significa.

O capitalismo não é exclusivamente "capitalista". A acumulação de capital é um fato existente em qualquer sociedade, independentemente de sua estrutura política e econômica. Max Weber já dizia em A ética protestante e O espírito do capitalismo que "a ganância pelo ouro é tão antiga quanto a história do homem". E que onde o capitalismo era mais atrasado encontrava-se "o reino universal da absoluta falta de escrúpulos na busca dos próprios interesses por meio do enriquecimento". No entanto, as pessoas ainda encaram o capitalismo como um ordenamento moral, um modo de vida em que a acumulação de riqueza é o bem superior. Mas a defesa do capitalismo não significa a defesa de um homo economicus, cuja única preocupação na vida é ganhar dinheiro. Há muitas coisas mais importantes do que a acumulação de capital, como a família, a religião, a arte e a cultura. E isso realça a importância da economia de mercado. É verdade que no livre mercado há mais oportunidade para aquele que pretende enriquecer, mas nele o filósofo também tem mais oportunidade de aprender e o artista tem mais oportunidade de se expressar. E é por meio do livre mercado que o filantropo, a pessoa que deseja ajudar o próximo, dispõe de mais recursos para fazer assistência social, pois, através do sistema de preços livres, pode utilizar seus recursos de forma mais eficiente.

O capitalismo não é a burocracia internacional. As pessoas de esquerda costumam identificar pelo termo "neoliberal", tanto as reformas modernizadoras que diminuem a participação do Estado na economia, quanto as organizações inter-governamentais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Como neoliberalismo e capitalismo são termos intercambiáveis no discurso vulgar, o FMI e o Banco Mundial aparecem como braços operadores do capitalismo internacional. Essa confusão também costuma ser feita por pessoas de direita que, definindo-se por sua oposição sem reservas à esquerda, acabam defendendo instituições burocráticas como se fossem partes integrantes do sistema capitalista. Nesse caso, a esquerda tem razão em denunciar a arrogância de agências internacionais, que nada mais são do que uma forma de planejamento central de larga escala. Enquanto o liberal entende que a prosperidade depende da utilização do conhecimento e dos incentivos dispersos na sociedade, os burocratas internacionais acreditam que podem comandar o desenvolvimento econômico na Zâmbia ou em Guiné-Bissau de seus escritórios em Washington e Nova York. O resultado não tem sido animador. O jornalista Andrew Mwenda, de Uganda, continua sem resposta para sua pergunta sobre exemplos históricos de países que tenham realmente prosperado graças à ajuda externa. De 1975 a 2000, o continente africano recebeu em auxílio externo uma média de 24 dólares per capita por ano. Entretanto, o PIB africano per capita diminuiu a uma taxa média anual de 0,59%. Durante o mesmo período, o PIB per capita do sul asiático cresceu a uma média de 2,94%, apesar de ter recebido em auxílio externo uma média de apenas 5 dólares per capita a cada ano. Políticas de abertura de mercado têm um efeito mais positivo do que o planejamento internacional financiado por impostos. Na verdade, em vez de criar economias de mercado ativas e autônomas, as políticas do Banco Mundial diminuem a dependência dos governos por sua própria população, já que a receita não vem dos tributos extraídos do desenvolvimento econômico doméstico, mas das negociações com outros burocratas. O poder da população é transferido para essas organizações, criando uma cultura de dependência em que a miséria local apenas aumenta o poder de barganha dos governos que recebem auxílio externo. O resultado é a perpetuação da miséria.

O capitalismo não é a política norte-americana. Apesar de os Estados Unidos historicamente terem tido um de seus pilares no livre mercado, grandes contribuições para a compreensão do capitalismo foram feitas em outros paises. Sem contar que, ultimamente, o governo americano tem feito um ótimo trabalho de difamação do nome do livre mercado. O crescimento nos gastos da atual administração superam a de qualquer outro presidente desde o democrata Lyndon Johnson, criador do programa assistencialista da Great Society. George W. Bush foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 2 trilhões de dólares. E também foi o primeiro presidente americano a assinar um orçamento de mais de 3 trilhões de dólares. Um aumento que inclui gastos significativos na previdência social e saúde pública, além dos gastos bélicos. As recentes aventuras no Oriente Médio também não podem ser consideradas políticas pró-capitalistas. A própria guerra e a permanência no Iraque são um experimento socialista de escala internacional, que já custou mais de 1 trilhão de dólares e cerca de 30 mil vidas. Liberais defensores do capitalismo não acreditam que nações são violentamente construídas por meio da política, mas que se desenvolvem espontânea e pacificamente. É o socialismo que defende a prosperidade planejada. E o que o governo americano tem feito no Iraque é umplanejamento de longo alcance.

O capitalismo não é a defesa irrestrita das grandes corporações. Os defensores do livre mercado entendem que os negócios podem tanto servir quanto prejudicar a população em geral. Em um sistema intervencionista, toda empresa que quer aumentar o seu lucro tem duas opções: investir em produtividade, para competir pelos consumidores, ou investir em lobby político, para competir pelos favores políticos. A competição para servir à sociedade é capitalismo, a competição para servir ao governo é mercantilismo. São os mercantilistas que defendem legislações protecionistas de corporações contra a competição estrangeira e doméstica. Os liberais defendem um mercado aberto, em que a manutenção de um negócio depende do oferecimento de serviços e produtos que satisfaçam ao consumidor.

O capitalismo não é a perpetuação das elites. São os oponentes do capitalismo que, ao defender maior concentração de poder nas mãos de políticos e burocratas, constroem um sistema corrupto e estático, no qual há pouco espaço para a mobilidade social e pouca oportunidade para o desenvolvimento da criatividade humana. Há doses de capitalismo em diferentes sociedades do mundo, mas não há uma sociedade onde a economia seja puramente livre, e nem o Brasil está entre as economias mais livres do mundo. Na verdade, de acordo com o ranking de liberdade econômica publicado anualmente pelo Fraser Institute, do Canadá, o Brasil encontra-se no 101º lugar entre 168 países examinados, empatado com Paquistão, Etiópia, Bangladesh e Haiti. No Brasil, há excesso de burocracia para a entrada e a permanência no mercado, uma legislação trabalhista rígida, que empurra os trabalhadores para a informalidade e uma legislação tributária que já foi considerada pelo Fórum Econômico Mundial como a mais complexa de todo o mundo. Os oponentes do livre mercado insistem no controle governamental da economia para resolver os problemas que foram criados pelo próprio governo. Defender o livre mercado é defender a estrutura de um sistema econômico dinâmico em que se estimula a produção de riquezas e se permite a mobilidade social.

O capitalismo não é a defesa do tratamento desigual das pessoas. Há diversas formas de tornar as pessoas mais iguais. Os igualitários normalmente não pretendem torná-las mais iguais em conhecimento ou em beleza, mas em recursos, pelo menos em alguns recursos que consideram fundamentais. É bem verdade que o livre mercado não se baseia na igualdade de recursos. Mas isso não significa um tratamento desigual das pessoas. A igualdade liberal, da qual floresce o capitalismo, é a igualdade de direitos, a igualdade perante a lei. Isso significa que as questões de justiça e o uso da sua liberdade no mercado não dependem de quem você é, mas do que você faz. O capitalismo é um sistema econômico de cooperação mútua, apoiado em uma estrutura de direitos na qual prevalece a igualdade jurídica entre as pessoas. As pessoas no livre mercado não são iguais em "distribuição de renda", mas são iguais em liberdade.

Por fim, capitalismo não é socialismo. O capitalismo não é uma imposição do governo, nem o mercado é uma ideologia em que a teoria necessariamente precede a prática. O capitalismo é simplesmente o que ocorre quando as pessoas têm liberdade para fazer trocas, apoiadas em direitos de propriedade bem definidos. É o socialismo que necessita da mobilização social para alcançar um objetivo comum entre todas as pessoas. O socialismo precisa da pregação e da concentração de poder na autoridade manipuladora. O socialismo é a politização da vida econômica, é um discurso interminável do Fidel Castro, é a transformação de tudo o que é belo e espontâneo no dirigismo rígido da política. O livre mercado é apenas o conjunto de ações de agentes humanos livres sobre a alocação de recursos escassos. Se os propósitos desses agentes são morais, a ordem gerada será igualmente moral. E é quando nós conseguimos sinceramente compreender e avaliar o capitalismo que passamos a ter o discernimento para defendê-lo ou atacá-lo.

http://www.ordemlivre.org/node/447

Offline JJ

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #1 Online: 22 de Dezembro de 2008, 20:06:09 »
O escritor  enche a página para dizer o que o capitalismo não é  e ainda tenta confundir capitalismo com liberalismo.


Capitalismo é o sistema econômico cuja principal propriedade caracterizadora é  a existência da propriedade privada de meio de produção.   Simples assim, sem mais delongas.


Se não existir propriedade privada de meio de produção então não existirá capitalismo. 



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Offline Moro

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #2 Online: 22 de Dezembro de 2008, 22:23:47 »
Isso, o que o texto tenta refutar é alguns espantalhos colocados por alguns esquerdas sem muita informação
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

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Offline Renato T

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #3 Online: 23 de Dezembro de 2008, 10:05:38 »
Sei que vou ser escurraçado por isso mas acho que ele caiu no mesmo problema que se tem ao descrever o socialismo. Ele descreveu o que capitalismo não é na teoria, quando, na prática, não parece ser bem assim que funciona..

Offline DDV

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #4 Online: 23 de Dezembro de 2008, 17:01:31 »
O escritor  enche a página para dizer o que o capitalismo não é  e ainda tenta confundir capitalismo com liberalismo.

Não sei se podemos dizer que o liberalismo e capitalismo são sinônimos, inclusive porque pode haver "liberalismo" em uns aspectos e não em outros, assim como pode haver "graus" de liberalismo.

Acho que o mais correto é dizer que "capitalismo" é situação econômica que naturalmente emerge em uma sociedade grande quando está em vigor: 1- A garantia e a transmissibilidade da propriedade adquirida por meios legais e 2- A ausência de quaisquer vínculos legais de dominação, subordinação ou obrigação entre pessoas.

O que se chama comumente de "capitalismo" é mais uma ausência de sistema econômico do que um sistema econômico propriamente dito.



Citar
Capitalismo é o sistema econômico cuja principal propriedade caracterizadora é  a existência da propriedade privada de meio de produção.   Simples assim, sem mais delongas.

Assim não sobra quase nada que não seja "capitalismo" na história.

Citar
Se não existir propriedade privada de meio de produção então não existirá capitalismo. 

Correto.
Errado seria: se existir propriedade privada de meio de produção, então existirá "capitalismo".




Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #5 Online: 23 de Dezembro de 2008, 19:37:34 »
Ótimo texto.

Offline JJ

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #6 Online: 23 de Dezembro de 2008, 20:06:39 »
Citar
Capitalismo é o sistema econômico cuja principal propriedade caracterizadora é  a existência da propriedade privada de meio de produção.   Simples assim, sem mais delongas.

Assim não sobra quase nada que não seja "capitalismo" na história.

Eu disse que é a principal, mas não a única.

O assalariamento da mão de obra em larga escala certamente é outro fator que diferencia o capitalismo do feudalismo, no qual a relação  mais comum era a de servidão, e de modo semelhante a escravidão em larga escala diferencia o sistema econômico da Grécia antiga ou da Roma antiga do capitalismo moderno. 






Offline FxF

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #7 Online: 25 de Dezembro de 2008, 17:02:07 »
Citar
É verdade que no livre mercado há mais oportunidade para aquele que pretende enriquecer, mas nele o filósofo também tem mais oportunidade de aprender e o artista tem mais oportunidade de se expressar. E é por meio do livre mercado que o filantropo, a pessoa que deseja ajudar o próximo, dispõe de mais recursos para fazer assistência social, pois, através do sistema de preços livres, pode utilizar seus recursos de forma mais eficiente.
Pessoas são LIVRES para serem socialistas dentro do capitalismo.

Offline uiliníli

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #8 Online: 25 de Dezembro de 2008, 17:16:31 »
Pessoas são LIVRES para serem socialistas dentro do capitalismo.

[Google]Você quis dizer: Democracia[/Google]

Offline Blues Brother

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #9 Online: 26 de Dezembro de 2008, 16:56:21 »
Chomsky reivindica Smith para falar contra o capitalismo atual.

E ainda diz que o socialismo libertário seria herdeiro legítimo do liberalismo clássico.

Offline Herf

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #10 Online: 26 de Dezembro de 2008, 17:29:54 »
Como pensador político Chomsky é um ótimo lungüista.

Offline Fabulous

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #11 Online: 26 de Dezembro de 2008, 17:37:45 »
Pessoas são LIVRES para serem socialistas dentro do capitalismo.

[Google]Você quis dizer: Democracia[/Google]

Muuuito tempo para um replypost desse... ::) :P
MSN: fabulous3700@hotmail.com

Offline uiliníli

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #12 Online: 26 de Dezembro de 2008, 18:26:52 »
Muuuito tempo para um replypost desse... ::) :P

Eu ganho 2 cents toda vez que uso meus tags [Google][/Google:hihi:
Calma, Dante, é mentira, eu não ganho nada não...

Offline Fabulous

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #13 Online: 26 de Dezembro de 2008, 18:38:38 »
:histeria:
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Offline Blues Brother

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #14 Online: 27 de Dezembro de 2008, 16:48:01 »
Caro Herf,

É só isso?

Pode dizer simplesmente: Smith era um ótimo filósofo moral, mas como teórico político....

Vamos para além do argumento da autoridade???

Offline Herf

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #15 Online: 27 de Dezembro de 2008, 17:00:21 »
E quem disse que isso foi um argumento? Só expressei minha opinião sobre as idéias dele.

Offline Blues Brother

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #16 Online: 27 de Dezembro de 2008, 17:50:54 »
Realmente, nem chega a ser um argumento.

Em "O governo do futuro", Chomsky mostra como liberais clássicos como Humboldt expressavam opniões fortes

sobre controle/burocracia que o Estado poderia exercer em nome do bem coletivo.

O interessante é que ele escreveu: "mas existem casos em que o Estado deveria intervir como, por exemplo, se apenas a sua intervenção pudesse impedir a destruição da própria liberdade".

E Chomsky argumenta que é exatamente este o cenário numa economia capitalista de livre-mercado guiada pela mão-invisível. A crise atual mostra que a mão invisível é também meio burra, não é mesmo?

Ele vai além e diz que muitos liberais clássicos como Humboldt só não falaram contra a organização social numa sociedade industrial porque ela não estava lá. Mas deixaram obras que indicam que seriam contrários ao trabalho assalariado da mesma forma que se posicionaram contra a escravidão ou negação de direitos políticos em suas épocas.

Offline FxF

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #17 Online: 27 de Dezembro de 2008, 18:37:35 »
A crise atual mostra que a mão invisível é também meio burra, não é mesmo?
Segundo a mídia brasileira...

Offline Blues Brother

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #18 Online: 28 de Dezembro de 2008, 17:09:31 »
É, a mídia brasileira, um antro de esquerdistas inconformados com a queda do Muro de Berlim...

Bem, o Obama deve andar lendo os jornais e revistas tupiniquins. Talvez só não leia a Veja.

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #19 Online: 29 de Dezembro de 2008, 20:48:19 »
Eu acho uma situação engraçada, aqui no Brasil a mídia fala de um novo sistema capitalista com intervenção do Estado, os "intelectuais" falam que Marx previu a crise... vixe.

Offline JJ

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #20 Online: 29 de Dezembro de 2008, 21:57:48 »
É, a mídia brasileira, um antro de esquerdistas inconformados com a queda do Muro de Berlim...

Bem, o Obama deve andar lendo os jornais e revistas tupiniquins. Talvez só não leia a Veja.



Os governos europeus  também devem estar lendo  os jornais brasileiros.  ::)

Até o Sarkozy já se manifestou a favor da regulamentação e do controle sobre o mercado financeiro (medida totalmente contrária a religião liberal).



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Offline Renato T

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #21 Online: 30 de Dezembro de 2008, 12:55:54 »
Eu acho uma situação engraçada, aqui no Brasil a mídia fala de um novo sistema capitalista com intervenção do Estado, os "intelectuais" falam que Marx previu a crise... vixe.

Mas, até onde eu sei, foi exatamente isso, Foxes.

Texto retirado do site Agência Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15284

Citar
(...)

Estamos diante de um desses momentos em que a crise vem exprimir os limites históricos do sistema capitalista. Não se trata de alguma versão da teoria da "crise final" do capitalismo, ou algo do estilo. Do que sim se trata, na minha opinião, é de entender que estamos confrontados com uma situação em que se exprimem estes limites históricos da produção capitalista. Não quero parecer um pastor com a sua Bíblia marxista, mas quero ler-vos uma passagem de O Capital:

"O verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital; é o fato de que, nela, são o capital e a sua própria valorização que constituem o ponto de partida e a meta, o motivo e o fim da produção; o fato de que aqui a produção é só produção para o capital e, inversamente, não são os meios de produção simples meios para ampliar cada vez mais a estrutura do processo de vida da sociedade dos produtores. Daí que os limites dentro dos quais tem de mover-se a conservação e a valorização do valor-capital, a qual descansa na expropriação e na depauperção das grandes massas de produtores, choquem constantemente com os métodos de produção que o capital se vê obrigado a empregar para conseguir os seus fins e que tendem para o aumento ilimitado da produção, para a produção pela própria produção, para o desenvolvimento incondicional das forças produtivas do trabalho. O meio empregado - desenvolvimento incondicional das forças sociais produtivas - choca constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente. Por conseguinte, se o regime capitalista de produção constitui um meio histórico para desenvolver a capacidade produtiva material e criar o mercado mundial correspondente, envolve ao mesmo tempo uma contradição constante entre esta missão histórica e as condições sociais de produção próprias deste regime.

(...)

Para continuar com a questão dos limites do capitalismo, quero chamar a atenção para uma citação de Marx, imediatamente anterior à já citada: "A produção capitalista aspira constantemente a superar estes limites imanentes a ela, mas só pode superá-los recorrendo a meios que voltam a levantar diante dela estes mesmo limites, e ainda com mais força". (2) Esta indicação introduz-nos a análise e a discussão dos meios a que se recorreu, durante os últimos 30 anos, para superar os limites imanentes do capital.

(...)

Então, primeiro elemento: um dos métodos escolhidos pelo capital para superar os seus limites transformou-se em fonte de novas tensões, conflitos e contradições, indicando que uma nova etapa histórica vai abrir caminho através desta crise.

Criação descontrolada de capital fictício
O segundo meio utilizado para superar os limites do capital das economias centrais foi que todas elas recorreram à criação de formas totalmente artificiais de ampliação da procura efectiva, as quais, somando-se a outras formas de criação de capital fictício, geraram as condições para a crise financeira que se desenvolve hoje. No artigo que os companheiros de Herramienta tiveram a gentileza de traduzir para o espanhol e publicar, abordei com alguma profundidade esta questão do capital fictício e as novas formas que se deram dentro do próprio processo de acumulação do capital fictício.

Para Marx, o capital fictício é a acumulação de títulos que são "sombra de investimentos" já feitos mas que, como títulos de bônus e de ações, aparecem com o aspecto de capital aos seus detentores. Não o são para o sistema como um todo, para o processo de acumulação, mas são-no sim para os seus detentores e, em condições normais de fechamento de processos de valorização do capital, rendem aos seus detentores dividendos e juros. Mas o seu caráter fictício revela-se em situações de crise. Quando ocorrem crises de sobreprodução, falência de empresas, etc., descobre-se que esse capital não existia...

(...)

Leia o texto inteiro se tiver paciência, é ótimo!

Offline DDV

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #22 Online: 30 de Dezembro de 2008, 15:14:08 »
Citar
Estamos diante de um desses momentos em que a crise vem exprimir os limites históricos do sistema capitalista.

Parece o fim do mundo:há muito estamos perto, mais nunca vem.

Limites "históricos"? O que é isso? É uma espécie de "destino"?


Citar
"O verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital;

Parece correto. (se referir a "capital" como a capacidade produtiva da economia)

Citar
não são os meios de produção simples meios para ampliar cada vez mais a estrutura do processo de vida da sociedade dos produtores.

Como não?

Explicações please.

Citar
Daí que os limites dentro dos quais tem de mover-se a conservação e a valorização do valor-capital, a qual descansa na expropriação e na depauperção das grandes massas de produtores,

Errado. Nunca se reduziu tanto a pobreza quanto na economia de mercado. Qualquer outra forma de organização diferente, sem a livre iniciativa e o mercado como reguladores, produziu sem exceções resultados muito piores e mais desastrosos.

Refutações mais detalhadas da idéia do "jogo de soma zero" (Se alguem adquire um bem, necassariamente outra pessoa teve que perder algo) e da "exploração" ou "mais-valia" podem ser encontrados em vários outros tópicos aqui.


Citar
choquem constantemente com os métodos de produção que o capital se vê obrigado a empregar para conseguir os seus fins e que tendem para o aumento ilimitado da produção,

Existe o limite natural (disponibilidade de recursos naturais), técnico (capacidade produtiva) e de consumo (mercado consumidor/demanda) para a produção. O limite técnico pode em teoria ser ampliado indefinidamente. O limite de consumo é algo mais incerto, se bem que um dos motes da economia é o conflito entre "recursos escassos" e "necessidades ilimitadas". Já o natural é sim um limite definido.

Enfim, esse aumento "ilimitado" da produção não é algo definido nem mesmo no longo prazo.


Citar
para a produção pela própria produção, para o desenvolvimento incondicional das forças produtivas do trabalho.

Não existe isso de "produção pela produção". Qualquer coisa é produzida ou pra consumir ou pra vender a quem queira consumir, ponto.

Citar
O meio empregado - desenvolvimento incondicional das forças sociais produtivas - choca constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente.

A "valorização do capital existente" não é o objetivo primariamente perseguido por nenhum dono de capital (exceto os especuladores). O objetivo deles na verdade é aumentar a quantidade de bens à sua disposição (não necessariamente bens de capital). Os únicos que compram algo primariamente esperando que se valorizem são os especuladores, desde o imobiliário até o de ações.

Citar
Por conseguinte, se o regime capitalista de produção constitui um meio histórico para desenvolver a capacidade produtiva material e criar o mercado mundial correspondente, envolve ao mesmo tempo uma contradição constante entre esta missão histórica e as condições sociais de produção próprias deste regime.

Não entendi nada dessa parte.

Seria melhor definir "meio histórico", o que seja "missão histórica" e qual seria a do capitalismo, e também explicitar melhor que "condições sociais de produção próprias deste regime" são essas que entram em contradição com o mesmo.


Citar
"A produção capitalista aspira constantemente a superar estes limites imanentes a ela, mas só pode superá-los recorrendo a meios que voltam a levantar diante dela estes mesmo limites, e ainda com mais força". (2)

Explique e exemplifique.

Está se refererindo à Lei dos Rendimentos Decrescentes?
Mesmo se for, a descrição aí dada não se parece muito com os conceitos desta Lei.


Citar
Então, primeiro elemento: um dos métodos escolhidos pelo capital para superar os seus limites transformou-se em fonte de novas tensões, conflitos e contradições, indicando que uma nova etapa histórica vai abrir caminho através desta crise.

Criação descontrolada de capital fictício

O segundo meio utilizado para superar os limites do capital das economias centrais foi que todas elas recorreram à criação de formas totalmente artificiais de ampliação da procura efectiva, as quais, somando-se a outras formas de criação de capital fictício, geraram as condições para a crise financeira que se desenvolve hoje. No artigo que os companheiros de Herramienta tiveram a gentileza de traduzir para o espanhol e publicar, abordei com alguma profundidade esta questão do capital fictício e as novas formas que se deram dentro do próprio processo de acumulação do capital fictício.

Para Marx, o capital fictício é a acumulação de títulos que são "sombra de investimentos" já feitos mas que, como títulos de bônus e de ações, aparecem com o aspecto de capital aos seus detentores. Não o são para o sistema como um todo, para o processo de acumulação, mas são-no sim para os seus detentores e, em condições normais de fechamento de processos de valorização do capital, rendem aos seus detentores dividendos e juros. Mas o seu caráter fictício revela-se em situações de crise. Quando ocorrem crises de sobreprodução, falência de empresas, etc., descobre-se que esse capital não existia...

(...)


O que todo esse texto descreve e chama de "capital fictício" nada mais é do que ações e títulos. Ações nada mais são do que pedaços de empresas. Ora, o dono de uma ação corre sim risco de tomar prejuízo e perder dinheiro como qualquer empresário.

Por que deveria ser diferente com ele?
Por que isso é chamado de capital fictício?

Isso valeria caso seja de uma empresa fantasma, mas essas são uma fração de 0,001% das existentes, e combatidas por serem ilegais.

OBS: Os donos das chamadas "ações preferenciais" têm a prioridade na hora de receber o dinheiro decorrente de uma liquidação da empresa, mas também estão sujeitos aos mesmos riscos de prejuízo que os donos de "ações ordinárias" e os empresários de companhia LTDA.

Quanto aos títulos, estes são obrigações que o governo, uma empresa ou uma instituição financeira adquirem com o portador dos mesmos, e este tem o risco de ficar sem receber nada como qualquer credor.

Por que com ele deveria ser diferente?

Citar
Leia o texto inteiro se tiver paciência, é ótimo!

Me dispus a ler, achei decepcionante.

Keynes disse que não entendia como uma teoria econômica tão obtusa quanto a marxista pôde influenciar tanto a política. Ele estava corretíssimo.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline FxF

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #23 Online: 30 de Dezembro de 2008, 17:56:39 »
Mas, até onde eu sei, foi exatamente isso, Foxes.

Texto retirado do site Agência Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15284
Provavelmente se você procurar sobre Nostradamus vai encontrar algo sobre uma criatura de testa achatada que causou decepção. O que isso significa? Qualquer coisa que aconteça no governo americano vai receber esse título.

Offline Renato T

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Re: O que o capitalismo não é
« Resposta #24 Online: 30 de Dezembro de 2008, 23:26:26 »
DDV, te passei um site com uma reportagem, não são palavras minhas e não pretendo comentá-las para você.

 

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