Autor Tópico: A reinvenção do socialismo cubano  (Lida 22029 vezes)

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Offline Renato T

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A reinvenção do socialismo cubano
« Online: 15 de Janeiro de 2009, 08:54:37 »
Retirado do site da Agência Carta Maior
Link:http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=4076


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DEBATE ABERTO

Novos tempos em Cuba

Quando se completam 50 anos da vitória da revolução em Cuba, que balanço pode ser feito de um acontecimento que influenciou, durante décadas, toda a América Latina? E quais são os principais problemas enfrentados hoje por esse país?

Ignacio Ramonet

Os aspectos positivos do balanço são bem conhecidos, às vezes espetaculares e relativamente fáceis de identificar: melhoras significativas na luta contra o racismo e o machismo; imensos progressos em matéria de educação e cultura; avanços descomunais no que concerne à saúde, à redução da mortalidade infantil e ao progresso sanitário em todos os conceitos (relativamente a sua população, Cuba forma mais médicos que qualquer outro país do mundo); triunfos expressivos em todo tipo de esportes e em todo tipo de competições; afirmação da identidade cultural e nacional; solidariedade internacionalista contra o colonialismo, o neocolonialismo, o imperialismo e o racismo de Estado (sem a ajuda de Cuba, Angola, por exemplo, não seria independente, e o apartheid sul-africano não teria sido derrubado); defesa da soberania nacional frente a meio século de hostilidade e assédio por parte dos Estados Unidos...

Convém recordar sempre, na hora de julgar a revolução cubana, que este grande processo de transformação social desenvolveu-se em um ambiente de encurralamento constante por parte da principal potência econômico-militar. Potência esta que utilizou toda classe de métodos – abertos e encobertos – para tentar derrotar o processo: atentados, terrorismo, subversão, campanhas de propaganda, inoculação solapada de epidemias, leis anticubanas, etc. Nenhum país do mundo resistiu a 50 anos de agressão norte-americana, exceto Cuba.

Mas essa mesma resistência heróica teve um custo não somente econômico, não só em termos de sofrimento para os cidadãos, mas político. E não foi pequeno. Porque as autoridades de Havana tomaram para si o lema de Ignácio de Loyola, fundador dos jesuítas: “Em uma fortaleza assediada, toda dissidência é traição”. Isso contribuiu para limitar muito o debate interno sob os pretextos de “não dar armas ao adversário” e de “não ser aliado objetivo do inimigo”. Permitiu também, às vezes, converter discrepâncias naturais em heresias sancionadas.

Outro lema dominante: “Dentro da Revolução tudo, fora da Revolução nada”. Em alguns momentos, esse lema transformou-se em um dogma cômodo para excluir e normalizar, na medida em que ninguém havia definido qual era exatamente o perímetro preciso da Revolução.

Tudo isso, somado às dificuldades econômicas, agravadas depois de 1991 pela desaparição da ajuda fornecida pela União Soviética, multiplicou o descontentamento social e o número de dissidentes políticos. Acelerou-se o fenômeno da emigração clandestina, sobretudo para os Estados Unidos (cerca de dois milhões de cubanos, 18% da população da ilha, residem nesse país), e acentuou-se a oposição política e sua conseqüente contenção (há uns 200 presos políticos por este motivo, segundo a Anistia Internacional).

Neste contexto, o grave acidente de saúde sofrido por Fidel Castro em julho de 2006 e sua saída da vida pública conduziram à eleição de Raúl Castro para a presidência, em fevereiro de 2008.

Em um primeiro momento, Raul e sua equipe dedicaram-se a três temas prioritários: alimentação, transportes públicos e habitação. Três domínios onde as carências, as penúrias e as disfunções favorecem um mal-estar permanente da população. Nestes três setores foram constatados alguns avanços.

Por outro lado, as novas autoridades têm estimulado um grande debate do qual já participaram mais de um milhão de cubanos para tratar de melhorar o funcionamento da economia e lutar contra a burocracia e a corrupção. Numerosas críticas foram feitas contra alguns responsáveis e contra algumas práticas do Estado socialista. Por exemplo, Aurélio Alonso, subdiretor da muito oficial revista “Casa de las Américas”, não teve dúvida em reprovar uma “economia demasiadamente estatizada”; em reclamar “uma economia que deixe espaço para outras formas de propriedade”; em denunciar “um sistema excessivamente estatizado, demasiado burocratizado com um nível de participação popular demasiado limitado na tomada de decisões de toda ordem”; e até em questionar “o papel do Partido que deveria ser modificado, porque o Partido não pode dirigir o Estado, o povo é quem deve fazê-lo”

Alfredo Guevara, companheiro de universidade de Fidel Castro, é um dos históricos da revolução, mas não é cego diante das sombras. Em recentes debates intelectuais, tem criticado a deterioração do ensino e da educação e defendido a necessidade de “reinventar” o socialismo cubano e introduzir mudanças no modelo, vitais para que a revolução sobreviva.

O músico Pablo Milanés, um dos artistas mais emblemáticos da revolução cubana, tem sido ainda mais radical em suas críticas: “Eu já não confio em nenhum dirigente cubano que tenha mais de 75 anos, porque todos, na minha opinião, viveram seus momentos de glória, que foram muitos, mas agora estão prontos para ser aposentados. É preciso passar o testemunho às novas gerações para que façam outro socialismo, porque este socialismo já se estancou. Já deu o que podia dar (...) Temos que fazer reformas em muitíssimas frentes da Revolução, porque nossos dirigentes já não são capazes. Suas idéias revolucionárias de outrora se tornaram reacionárias”.

Deste debate franco e aberto, saiu uma agenda de reformas desejadas pela maioria dos cubanos; e a nova equipe começou a colocá-las em prática. Os transportes públicos melhoraram graças à importação de ônibus procedentes da China. Na agricultura, Raúl Castro é consciente de que a independência alimentar é uma conquista fundamental sem a qual não pode haver soberania política. Cuba importa cerca de 80% do que consome para sua alimentação.

Uma gasto tanto mais injustificado na medida em que mais da metade de suas terras férteis estão sem cultivos...Raúl Castro lançou a consigna: “A terra para aqueles que produzem alimentos para todos”. Essa é a prioridade. E já iniciou a entrega de hectares para camponeses voluntários com a única obrigação de produzir e de contribuir com a soberania alimentar da ilha.

Outras medidas – reclamadas há tempo pela cidadania – também estão sendo adotadas. Todo cubano que possua pesos conversíveis (CUC) pode finalmente alojar-se em hotéis que estavam até então reservados para estrangeiros. Aparelhos de DVD, computadores, fornos de microondas, motos e telefones celulares estão sendo vendidos livremente. Os cubanos também podem comprar e vender seus veículos ou seus apartamentos.

Do mesmo modo, o visto indispensável para poder viajar ao exterior pode ser suprimido. Numerosos absurdos administrativos, causados por uma excessiva burocratização, começam a desaparecer. A administração do Estado está sendo reestruturada, aliviada. Haverá menos ministérios e menos obstáculos administrativos para que a vida dos cidadãos seja mais normal e menos penosa. Em troca, os cubanos estão sendo convidados a trabalhar mais; e alguns serviços, gratuitos até agora, poderão deixar de sê-lo.

Em uma recente entrevista ao diário "Juventude Rebelde", Raúl Castro anunciou que os salários serão menos igualitários e corresponderão mais ao trabalho realizado; também repetiu que a gratuidade será suprimida em vários setores; e revelou que uma de suas tarefas prioritárias consiste simplesmente em por os cubanos a trabalhar: “Temos que eliminar gratuidades. Se queremos equilibrar os salários no justo papel que devem desempenhar, é preciso, paulatina ou simultaneamente, ir eliminando gratuidades indevidas que foram surgindo aqui e ali, e também os subsídios excessivos (...) Temos que dar o verdadeiro valor ao trabalho, e podemos ficar roucos, falando e predicando esse conceito, que se não tomarmos as medidas para que as pessoas sintam a necessidade vital de trabalhar para satisfazer suas necessidades, não conseguiremos sair deste buraco. (...) É preciso trabalhar, criar e economizar. Essa é a situação. Creio que se entenderá. São verdades; por duras que sejam, nós não podemos adocicá-las, temos que dizê-las”.

Em outras palavras, o comunismo deixa de ser um objetivo. A realidade e a prática demonstraram que não funciona. E o pragmatismo impõe uma evolução do socialismo cubano. Porque uma revolução não é só um balanço; uma revolução é e deve ser sempre um projeto.

O processo cubano se dirigirá na direção de modelos do tipo chinês ou vietnamita? Provavelmente não. Cuba, como a história de sua revolução demonstra, seguirá sua própria via. Haverá mudanças na economia mas é pouco provável que assistamos a uma “Perestroika” cubana, à adoção de um “comunismo neoliberal” ou a uma “abertura política” com eleições multipartidárias.

As autoridades permanecem convencidas de que esse tipo de “transição” reabriria a via para uma forma mais ou menos declarada de anexação por parte dos Estados Unidos. Neste momento de graves dificuldades devidas aos recentes furacões e à crise financeira internacional, sua preocupação central é de manter a unidade da sociedade.

O desafio principal segue sendo a relação com Washington. Raúl Castro anunciou publicamente que está disposto a sentar-se à mesa de negociações para discutir com as autoridades norte-americanas o conjunto dos problemas entre os dois países. A incógnita principal é saber se Barack Obama aceitará esse ramo de oliveira oferecido pelo presidente de Cuba e se, finalmente, negociará o fim do embargo comercial da ilha. Saberemos isso no dia 17 de abril quando, por ocasião da Cúpula das Américas em Porto Espanha (Trinidad y Tobago), o mandatário estadunidense defina sua nova política para o hemisfério.

(*) Artigo escrito para a Rádio Netherland.

Tradução: Katarina Peixoto



Ignacio Ramonet é jornalista.



Offline Ricardo RCB.

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #1 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:09:26 »
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DEBATE ABERTO

Novos tempos em Cuba

Quando se completam 50 anos da vitória da revolução em Cuba, que balanço pode ser feito de um acontecimento que influenciou, durante décadas, toda a América Latina? E quais são os principais problemas enfrentados hoje por esse país?

Ignacio Ramonet

Os aspectos positivos do balanço são bem conhecidos, às vezes espetaculares e relativamente fáceis de identificar: melhoras significativas na luta contra o racismo e o machismo; imensos progressos em matéria de educação e cultura; avanços descomunais no que concerne à saúde, à redução da mortalidade infantil e ao progresso sanitário em todos os conceitos (relativamente a sua população, Cuba forma mais médicos que qualquer outro país do mundo); triunfos expressivos em todo tipo de esportes e em todo tipo de competições; afirmação da identidade cultural e nacional; solidariedade internacionalista contra o colonialismo, o neocolonialismo, o imperialismo e o racismo de Estado (sem a ajuda de Cuba, Angola, por exemplo, não seria independente, e o apartheid sul-africano não teria sido derrubado);

 :histeria: :histeria: :histeria: :histeria:

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defesa da soberania nacional frente a meio século de hostilidade e assédio por parte dos Estados Unidos...

Convém recordar sempre, na hora de julgar a revolução cubana, que este grande processo de transformação social desenvolveu-se em um ambiente de encurralamento constante por parte da principal potência econômico-militar. Potência esta que utilizou toda classe de métodos – abertos e encobertos – para tentar derrotar o processo: atentados, terrorismo, subversão, campanhas de propaganda, inoculação solapada de epidemias, leis anticubanas, etc. Nenhum país do mundo resistiu a 50 anos de agressão norte-americana, exceto Cuba.

O que justifica cada assassinato de presos políticos cometido em Cuba.

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Mas essa mesma resistência heróica teve um custo não somente econômico, não só em termos de sofrimento para os cidadãos, mas político. E não foi pequeno. Porque as autoridades de Havana tomaram para si o lema de Ignácio de Loyola, fundador dos jesuítas: “Em uma fortaleza assediada, toda dissidência é traição”. Isso contribuiu para limitar muito o debate interno sob os pretextos de “não dar armas ao adversário” e de “não ser aliado objetivo do inimigo”. Permitiu também, às vezes, converter discrepâncias naturais em heresias sancionadas.

O que justifica cada assassinato de presos políticos cometido em Cuba.

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Outro lema dominante: “Dentro da Revolução tudo, fora da Revolução nada”. Em alguns momentos, esse lema transformou-se em um dogma cômodo para excluir e normalizar, na medida em que ninguém havia definido qual era exatamente o perímetro preciso da Revolução.

O que é conveniente para a família que está no poder.

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Tudo isso, somado às dificuldades econômicas, agravadas depois de 1991 pela desaparição da ajuda fornecida pela União Soviética, multiplicou o descontentamento social e o número de dissidentes políticos. Acelerou-se o fenômeno da emigração clandestina, sobretudo para os Estados Unidos (cerca de dois milhões de cubanos, 18% da população da ilha, residem nesse país), e acentuou-se a oposição política e sua conseqüente contenção (há uns 200 presos políticos por este motivo, segundo a Anistia Internacional).

200 vivos né? Fora os que foram assassinados. Uau, a revolução cubana é tão, tão humanitária.

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Neste contexto, o grave acidente de saúde sofrido por Fidel Castro em julho de 2006 e sua saída da vida pública conduziram à eleição de Raúl Castro para a presidência, em fevereiro de 2008.

Claro, isso porque Cuba não é uma ditadura. É uma peculiar democracia onde só podem ser eleitos os Castro.

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Em um primeiro momento, Raul e sua equipe dedicaram-se a três temas prioritários: alimentação, transportes públicos e habitação. Três domínios onde as carências, as penúrias e as disfunções favorecem um mal-estar permanente da população. Nestes três setores foram constatados alguns avanços.

É, na alimentação por exemplo, as áreas que não eram usadas para plantio e estavam abandonadas começaram a ser usadas (pelo menos é o que dizem).

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Por outro lado, as novas autoridades têm estimulado um grande debate do qual já participaram mais de um milhão de cubanos para tratar de melhorar o funcionamento da economia e lutar contra a burocracia e a corrupção.

Corrupção? No mundo maravilhoso do socialismo(MMS)? Não acredito, isso é mentira. Mentira deslavada das elites internacionais e da conspiração mundial contra Cuba. Cuba é o paraíso na terra.

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Numerosas críticas foram feitas contra alguns responsáveis e contra algumas práticas do Estado socialista. Por exemplo, Aurélio Alonso, subdiretor da muito oficial revista “Casa de las Américas”, não teve dúvida em reprovar uma “economia demasiadamente estatizada”; em reclamar “uma economia que deixe espaço para outras formas de propriedade”; em denunciar “um sistema excessivamente estatizado, demasiado burocratizado com um nível de participação popular demasiado limitado na tomada de decisões de toda ordem”; e até em questionar “o papel do Partido que deveria ser modificado, porque o Partido não pode dirigir o Estado, o povo é quem deve fazê-lo”

Eu acho que é melhor seguir a tradição e prender logo esse tal de Aurélio Alonso, onde já se viu dizer uma coisa dessas? Formas de propriedade? No MMS? Melhor mandar para o paredão logo que esse ai é infiltrado dus americanus malditus!!!!!!!!!

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Alfredo Guevara, companheiro de universidade de Fidel Castro, é um dos históricos da revolução, mas não é cego diante das sombras. Em recentes debates intelectuais, tem criticado a deterioração do ensino e da educação e defendido a necessidade de “reinventar” o socialismo cubano e introduzir mudanças no modelo, vitais para que a revolução sobreviva.

Sei não, acho que falta vara para o alfredo, por isso ele vem com esse papinho subversivo, melhor prender junto com o traidor americanóide do aurélio alonso, ai de cima.

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O músico Pablo Milanés, um dos artistas mais emblemáticos da revolução cubana, tem sido ainda mais radical em suas críticas: “Eu já não confio em nenhum dirigente cubano que tenha mais de 75 anos, porque todos, na minha opinião, viveram seus momentos de glória, que foram muitos, mas agora estão prontos para ser aposentados. É preciso passar o testemunho às novas gerações para que façam outro socialismo, porque este socialismo já se estancou. Já deu o que podia dar (...) Temos que fazer reformas em muitíssimas frentes da Revolução, porque nossos dirigentes já não são capazes. Suas idéias revolucionárias de outrora se tornaram reacionárias”.

Deu nada, o socialismo cubano ainda pode matar muito mais gente, por que parar agora? E mais um subversivo, melhor mandar os três para a prisão logo.


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Deste debate franco e aberto, saiu uma agenda de reformas desejadas pela maioria dos cubanos; e a nova equipe começou a colocá-las em prática. Os transportes públicos melhoraram graças à importação de ônibus procedentes da China. Na agricultura, Raúl Castro é consciente de que a independência alimentar é uma conquista fundamental sem a qual não pode haver soberania política. Cuba importa cerca de 80% do que consome para sua alimentação.

Cuba importa porque existem canalhas traidores, se fossem socialistas puros já teriam bolado um plano para a independência alimentar. Canalhas vendidos aos americanus malditus, todos eles! Prisão para eles! Se nem isso der jeito, vão se obrigados a ouvir todos os discursos que o Fidel já fez.

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Uma gasto tanto mais injustificado na medida em que mais da metade de suas terras férteis estão sem cultivos...Raúl Castro lançou a consigna: “A terra para aqueles que produzem alimentos para todos”. Essa é a prioridade. E já iniciou a entrega de hectares para camponeses voluntários com a única obrigação de produzir e de contribuir com a soberania alimentar da ilha.

 :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria:

50 anos de revolução e mais da metada das terras férteis são improdutivas? Claro que a culpa disso é dos americanus malditus!!!!!

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Outras medidas – reclamadas há tempo pela cidadania – também estão sendo adotadas. Todo cubano que possua pesos conversíveis (CUC) pode finalmente alojar-se em hotéis que estavam até então reservados para estrangeiros. Aparelhos de DVD, computadores, fornos de microondas, motos e telefones celulares estão sendo vendidos livremente. Os cubanos também podem comprar e vender seus veículos ou seus apartamentos.

Isso é canalhice, onde já se viu, propriedade no paraíso cubano. Eu acho que tem que prender todo mundo que desejar possuir algo. Porra, isso é comunismo/socialismo ou capitalismo? O Paraiso não deve ser corrompido.

Já acabou o racionamento de papel higiênico por lá?

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Do mesmo modo, o visto indispensável para poder viajar ao exterior pode ser suprimido. Numerosos absurdos administrativos, causados por uma excessiva burocratização, começam a desaparecer. A administração do Estado está sendo reestruturada, aliviada. Haverá menos ministérios e menos obstáculos administrativos para que a vida dos cidadãos seja mais normal e menos penosa. Em troca, os cubanos estão sendo convidados a trabalhar mais; e alguns serviços, gratuitos até agora, poderão deixar de sê-lo.

Trabalhar mais? Mais ainda?

Ah, a autorização para viajar ao exterior vai ser suprimida? Sei sei, aliás, Cuba é um país tão bom que é proibido sair de lá, né? Tem que pedir para o grande papai governo se podem viajar.

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Em uma recente entrevista ao diário "Juventude Rebelde", Raúl Castro anunciou que os salários serão menos igualitários e corresponderão mais ao trabalho realizado; também repetiu que a gratuidade será suprimida em vários setores; e revelou que uma de suas tarefas prioritárias consiste simplesmente em por os cubanos a trabalhar: “Temos que eliminar gratuidades. Se queremos equilibrar os salários no justo papel que devem desempenhar, é preciso, paulatina ou simultaneamente, ir eliminando gratuidades indevidas que foram surgindo aqui e ali, e também os subsídios excessivos (...) Temos que dar o verdadeiro valor ao trabalho, e podemos ficar roucos, falando e predicando esse conceito, que se não tomarmos as medidas para que as pessoas sintam a necessidade vital de trabalhar para satisfazer suas necessidades, não conseguiremos sair deste buraco. (...) É preciso trabalhar, criar e economizar. Essa é a situação. Creio que se entenderá. São verdades; por duras que sejam, nós não podemos adocicá-las, temos que dizê-las”.

Não gostei, começa com salários menos igualitários, daqui a pouco o MMS foi corrompido. E os governantes, vão abrir mão também em nome da economia e trabalhar mais?

Poderia dizer a verdadeira razão pela qual não existe democracia na ilha.

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Em outras palavras, o comunismo deixa de ser um objetivo. A realidade e a prática demonstraram que não funciona. E o pragmatismo impõe uma evolução do socialismo cubano. Porque uma revolução não é só um balanço; uma revolução é e deve ser sempre um projeto.

 :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: :histeria: Levaram 50 anos para descobrir o óbvio? Quanta sagacidade, inteligência.

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O processo cubano se dirigirá na direção de modelos do tipo chinês ou vietnamita? Provavelmente não. Cuba, como a história de sua revolução demonstra, seguirá sua própria via. Haverá mudanças na economia mas é pouco provável que assistamos a uma “Perestroika” cubana, à adoção de um “comunismo neoliberal” ou a uma “abertura política” com eleições multipartidárias.

Claro, democracia para que? Os dirigentes sabem o que é melhor para o povo.

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As autoridades permanecem convencidas de que esse tipo de “transição” reabriria a via para uma forma mais ou menos declarada de anexação por parte dos Estados Unidos. Neste momento de graves dificuldades devidas aos recentes furacões e à crise financeira internacional, sua preocupação central é de manter a unidade da sociedade.

Esses americanus malditus, eu acho que até os furacões são culpa deles. A unidade da sociedade será mantida, nem que seja na bala e na paz de cemitério.

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O desafio principal segue sendo a relação com Washington. Raúl Castro anunciou publicamente que está disposto a sentar-se à mesa de negociações para discutir com as autoridades norte-americanas o conjunto dos problemas entre os dois países. A incógnita principal é saber se Barack Obama aceitará esse ramo de oliveira oferecido pelo presidente de Cuba e se, finalmente, negociará o fim do embargo comercial da ilha. Saberemos isso no dia 17 de abril quando, por ocasião da Cúpula das Américas em Porto Espanha (Trinidad y Tobago), o mandatário estadunidense defina sua nova política para o hemisfério.

O Presidente Cubano poderia oferecer um ramo de oliveira aos cubanos também, seria algo comestível (de alguma forma, eu acho).
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Donald Kendall

Offline JJ

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #2 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:29:04 »
Cuba deveria seguir o exemplo da China. 




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Offline Barata Tenno

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #3 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:40:10 »
Cuba deveria seguir o exemplo da China. 




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Qual?Vender mão de obra semi-escrava?
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Offline Renato T

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #4 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:43:36 »
Cuba também não tem as mesmas condições demográficas e geográficas da China, então não acho que vingaria adotar o modelo chinês.

Offline Südenbauer

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #5 Online: 15 de Janeiro de 2009, 18:48:49 »
Legal o texto. Só não entendi direito esse trecho:

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As autoridades permanecem convencidas de que esse tipo de “transição” reabriria a via para uma forma mais ou menos declarada de anexação por parte dos Estados Unidos.
Em que sentido o autor colocou essa "anexação"?

Offline Luiz Souto

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #6 Online: 15 de Janeiro de 2009, 20:35:11 »
Legal o texto. Só não entendi direito esse trecho:

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As autoridades permanecem convencidas de que esse tipo de “transição” reabriria a via para uma forma mais ou menos declarada de anexação por parte dos Estados Unidos.
Em que sentido o autor colocou essa "anexação"?

Entendo que o autor usou anexação no sentido de se tornar econômicamente dependente dos EUA , em que as decisões políticas acabariam por ter como fator determinante a relação com os EUA. 
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline uiliníli

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #7 Online: 15 de Janeiro de 2009, 20:41:02 »
Os cubanos não teriam essa sorte de a ilha ser literalmente anexada aos EUA...

Offline Moro

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #8 Online: 15 de Janeiro de 2009, 20:42:05 »
Carta Maior é a Veja dos esquerdistas. Mas arrisco dizer que é mais enviezada ainda.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Südenbauer

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #9 Online: 15 de Janeiro de 2009, 21:26:02 »
Entendo que o autor usou anexação no sentido de se tornar econômicamente dependente dos EUA , em que as decisões políticas acabariam por ter como fator determinante a relação com os EUA. 
Ah tá. Valeu, Luiz.

Mas e qual seria o problema disso?


Offline Luiz Souto

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #10 Online: 15 de Janeiro de 2009, 21:36:54 »
Ah tá. Valeu, Luiz.

Mas e qual seria o problema disso?

O problema seria se , como disse , as decisões políticas fossem em grande parte determinadas pelas relações econômicas com os EUA ; em outros termos , as decisões políticas teriam o seu horizonte não nas condições internas da nação mas na relação de subnordinação desta com outra que lhe é superior.
Seria   , por exemplo , definir a política agrária cubana em relação aos interesses comerciais dos EUA ( e por conseguinte, á política agrária deste).
É por isto que o ideal é que uma nação tenha uma diversificação econômica que lhe permita não depender em suas relações comerciais de um parceiro majoritário.

Mas este raciocínio , que Ramonet atribui à elite cubana , não se justifica : Cuba pode buscar parceiros fora dos EUA para  incentivar a economia , como faz com a Venezuela.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline uiliníli

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #11 Online: 15 de Janeiro de 2009, 21:50:26 »
Mas este raciocínio , que Ramonet atribui à elite cubana , não se justifica : Cuba pode buscar parceiros fora dos EUA para  incentivar a economia , como faz com a Venezuela.

Qual é a diferença entre ser subordinada aos EUA ou ser subordinada à Venezuela? Além, é claro, de os EUA serem um país sério?

Offline Moro

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #12 Online: 15 de Janeiro de 2009, 22:01:36 »
pois é. Cuba corre um "risco" de ser um novo porto rico. Graaande risco, quem já este lá sabe que poucos países da américa do sul tem as mesmas condições de vida que eles.
E a economia deles é completamente "subordinada" - essa palavra tão importante para os esquerdistas - à dos estados unidos.

O Fudeu fez um país que poderia ser um porto rico se transformar em Haiti. É o gênio do século 20.
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Offline Luiz Souto

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #13 Online: 15 de Janeiro de 2009, 22:55:03 »
Mas este raciocínio , que Ramonet atribui à elite cubana , não se justifica : Cuba pode buscar parceiros fora dos EUA para  incentivar a economia , como faz com a Venezuela.

Qual é a diferença entre ser subordinada aos EUA ou ser subordinada à Venezuela? Além, é claro, de os EUA serem um país sério?

Uíli , a economia não deve ser subordinada á economia de outro pais. Não disse que Cuba deve subordinar sua economia á Venezuela. Diise algo que para mim é obvio: não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta.
E estou criticando a justificativa dos dirigentes cubanos ( conforme expressa pelo Ramonet) de vincular abertura política com eleições multipartidárias necessariamente com subordinação aos EUA como sendo uma falácia. A própia alternativa de Cuba de se colocar como fornecedora de serviços ( caso dos médicos cubanos) mostra que ela tem vantagens comparativas que pode explorar na ampliação dos mercados com que comercia.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Moro

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #14 Online: 15 de Janeiro de 2009, 22:59:59 »
Você deve saber melhor do que eu Luis, tenho uma amiga pesquisadora que falou que a questão dos "médicos cubanos" é uma mentira, posso pedir para ela entrar em detalhes e posto aqui. Segundo ela, estão muito atrás de seus pares da maior parte dos países razoavelmente desenvolvidos em tudo o que podemos imaginar.

Ninguém quer "subordinar" sua economia a ninguém. Ninguém também quer perder oportunidades. Cuba naturalmente fará a maior parte de seus negócios com os EUA pela proximidade, e vai ter uma melhora imensa se comparar com a sua economia não subordinada de hoje.

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Offline Luiz Souto

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #15 Online: 15 de Janeiro de 2009, 23:10:56 »
Agnóstico , não estou defendendo a qualidade dos médicos cubanos ( aliás concordo plenamente com o CFM na rejeição da validação automática dos diplomas de brasileiros formados em Cuba)*. Mas é um exemplo de que há opções a serem aproveitadas ; Cuba tem um alto nível de escolaridade e de pessoas com nível superior e atividades no setor de serviços seriam um caminho natural...

* Não sei como é a qualidade dos médicos venezuelanos , nem o déficit existente , para que a  contratação dos cubanos tenha sido uma opção do governo venezuelano. No Brasil  , por exemplo , não teria sentido.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline uiliníli

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #16 Online: 15 de Janeiro de 2009, 23:17:20 »
Uíli , a economia não deve ser subordinada á economia de outro pais. Não disse que Cuba deve subordinar sua economia á Venezuela. Diise algo que para mim é obvio: não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta.
E estou criticando a justificativa dos dirigentes cubanos ( conforme expressa pelo Ramonet) de vincular abertura política com eleições multipartidárias necessariamente com subordinação aos EUA como sendo uma falácia. A própia alternativa de Cuba de se colocar como fornecedora de serviços ( caso dos médicos cubanos) mostra que ela tem vantagens comparativas que pode explorar na ampliação dos mercados com que comercia.

Cuba é uma ilhazinha, Luiz, ela não tem como não ser dependente da economia de outros países. Nem o Japão consegue. Aliás, nem mesmo países grandes como os próprios EUA. No mundo globalizado há uma rede de interdependências. Claro que Cuba não pode depender exclusivamente dos EUA, mas a grande nação do norte será um parceiro natural para a ilha quando ela acordar do pesadelo castrista, assim como os EUA já são os principais parceiros de vários países da região que vêm alcançando um rápido desenvolvimento, como os prósperos Panamá, Trinidade e Tobago e Costa Rica.

Offline Moro

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #17 Online: 15 de Janeiro de 2009, 23:43:07 »
Agnóstico , não estou defendendo a qualidade dos médicos cubanos ( aliás concordo plenamente com o CFM na rejeição da validação automática dos diplomas de brasileiros formados em Cuba)*. Mas é um exemplo de que há opções a serem aproveitadas ; Cuba tem um alto nível de escolaridade e de pessoas com nível superior e atividades no setor de serviços seriam um caminho natural...

* Não sei como é a qualidade dos médicos venezuelanos , nem o déficit existente , para que a  contratação dos cubanos tenha sido uma opção do governo venezuelano. No Brasil  , por exemplo , não teria sentido.

sorry, já fui criticar e não li com atenção
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Offline Eremita

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #18 Online: 17 de Janeiro de 2009, 06:52:23 »
Andei muito tempo fora do CC e minhas opiniões mudaram alguma coisa quanto a isso, então vamos lá.

1. Discutir liberdade em Cuba em base de capitalismo e comunismo é irrelevante. A questão aqui é o sistema político (ditadura) e não o econômico (que não me peçam pra descrever que pra mim não parece nem comunismo nem capitalismo nem nada, parece fidelismo).

2. Estatísticas econômicas e sociais mostram que viver em Cuba é pisar na merda, enquanto no resto da América Central é viver com a merda até o pescoço. Resta saber até aonde é propaganda da ditadura, e aonde não é.

3. Fidel é um Jean Valljean ao contrário, pra quem leu Os Miseráveis. E o Che tem sorte de estar morto e não ter virado outro.

4. A China continua a mesma de Mao Zedong, só mudam as definições.
Latebra optima insania est.

Offline Moro

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #19 Online: 17 de Janeiro de 2009, 08:06:44 »
1- Não se pode instalar o comunismo sem um sistema político que o suporte. Se vamos restringir liberdades à livre-iniciativa por exemplo, temos que ter um sistema político que suporte restrições a essas liberdades.
Para fins práticos, comunismo é algo com premissas inválidas com um "non sequitur" gigante até um futuro maravilhoso. Igual a religião.

2- A relação CUBA x EUA seria muito análoga, no sentido econômica, a Porto Rico X EUA. Não é razoável dizer que Cuba não estaria bem melhor do que está hoje com aquela distância dos EUA. Seria a Cancun americana.

3- O mundo tem sorte de estar sem Che. É um assassino apenas.

4- Sem nexo, evidentemente.
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Offline Luiz Souto

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #20 Online: 17 de Janeiro de 2009, 12:09:45 »
Citar
Cuba─EE.UU: Meio século de conflito e futuro incerto    
Internacional
Escrito por Manuel Guerrero Torres   
Dom, 28 de dezembro de 2008 16:27


Havana, 27 dez. (PL)  ─  A Revolução cubana chegará no próximo 1º  de janeiro a seu 50º  aniversário, apesar da hostilidade de 10 administrações estadunidenses, com a disposição de conversar com o próximo presidente Barack Obama “sem garrote nem açoite”.

O presidente dos conselhos de Estado e de Ministros Raúl Castro disse recentemente que “se não for agora, esperaremos outros 50 anos” e advertiu que a época dos gestos unilaterais se acabou.

O líder da Revolução cubana Fidel Castro anunciou em 4 de dezembro que seu país está disposto a recompor os vínculos bilaterais com o próximo mandatário dos Estados Unidos, sem precondições.

Depois de aludir à política do garrote e do açoite aplicada por Washington em suas relações com a América Latina, assinalou que “alguém tinha que dar uma resposta serena e sossegada, que deve navegar hoje contra a poderosa maré das ilusões que na opinião pública internacional despertou Obama”.

Durante meio século uma dezena de mandatários nortistas, seis republicanos e quatro democratas, executaram ações de todo tipo para dobrar o processo liderado por Fidel Castro, que desde a luta guerrilheira nas montanhas orientais advertiu que sua batalha principal seria contra os Estados Unidos.

Após um bombardeio da aviação do ditador Fulgencio Batista (1901-1973), que destruiu a casa do humilde camponês Mario Sariol com bombas de fabricação estadunidense, o chefe guerrilheiro expressou em 5 de junho de 1958 sua indignação com o fato.

“Ao ver os foguetes que atiraram na casa de Mario, jurei que os americanos vão pagar bem caro o que estão fazendo. Quando esta guerra se acabar, começará para mim uma guerra muito mais longa e maior: a guerra que vou fazer contra eles. Me dou conta que esse vai a ser meu destino verdadeiro”, advertiu em carta à guerrilheira Celia Sánchez.

Batista fugiu de Cuba na madrugada de 1º  de janeiro de 1959 logo que el embaixador norte-americano Earl E. T. Smith lhe expusera “que o Departamento de Estado olhava com ceticismo qualquer plano ou intenção de sua parte que significara permanecer indefinidamente em Cuba”.

Em seu livro O quarto andar, o diplomata reconhece que os “Estados Unidos, diplomática, mas claramente, lhe havia dito ao presidente da República que devia ir-se de seu próprio país”.

Uma junta cívico-militar, à frente da qual colocaram Carlos Manuel Piedra, o magistrado mais velho do Tribunal Supremo de Justiça, e o general Eulogio Cantillo na chefia do Estado Maior das Forças Armadas, intentou impedir o triunfo rebelde.

Cantillo se havia entrevistado com o líder guerrilheiro em 28 de dezembro e acordaram que às 3 da tarde de 31 de dezembro se produziria um movimento militar para depor Batista, mas se pôs de acordo com o tirano para deixá-lo escapar, razão pela qual Fidel Castro o acusou de traidor.

O empresário estadunidense William D. Pawley, no papel de enviado especial, comunicou a Batista em 9 de dezembro de 1958 que os Estados Unidos queria que deixasse o poder nas mãos de uma junta militar provisória, entre cujos membros mencionou o proprietário da fábrica de licores Bacardi, José (Pepín) Bosch, segundo documento oficial desclassificado .

O líder rebelde denunciou na já liberada localidade de Palma Soriano em 1º de janeiro que “essa manobra ─ que qualificou de golpe ambicioso e traidor ─ se deu de acordo com Batista para deixá-lo escapar” e proclamou: "Revolução , sim, golpe militar, não!".

A entrada de suas forças em Santiago de Cuba, a segunda cidade em importância do país, e em povoados da antiga província de Las Villas de outros destacamentos guerrilheiros, assim como uma greve geral, impediram a consumação da ação.

Fidel Castro advertiu nesse dia em Santiago de Cuba, em seu primeiro discurso após a fuga de Batista, que “a Revolução começa agora (…) não será uma tarefa fácil, mas sim uma empresa cheia de perigos”.

Ainda que o presidente republicano Dwight D. Eisenhower tenha reconhecido o governo revolucionário em 7 de janeiro de 1959, de imediato começaram as confrontações, agudizadas a partir da promulgação, em 17 de maio desse ano, de uma moderada reforma agrária, que afetou terras de empresas açucareiras estadunidenses.

Eisenhower aprovou em 11 de dezembro de 1959 um plano da Agência Central de Inteligência cujo objetivo seria “o derrocamento de Castro ao término de um ano e sua substituição por uma junta amiga dos Estados Unidos”.

Entre as medidas dispostas por essa administração contra o governo revolucionário figura a suspensão, em 6 de julho de 1960, da cota açucareira cubana no mercado preferencial estadunidense, considerada a primeira ação importante na guerra econômica contra a ilha.

Um mês depois Havana respondeu com a nacionalização das refinarias de petróleo, fábricas de açúcar e empresas de telefone e eletricidade norte-americanas.

O rompimento de relações diplomáticas com Cuba em 3 de janeiro de 1961, e o financiamento e preparação da brigada 2506, formaram parte da política de Eisenhower para o país caribenho.

O democrata John F. Kennedy (1961-63) deu luz verde à invasão de mil 500 homens em 17 de abril daquele ano pela baía dos Porcos, qualificada por Fidel Castro de herança que lhe deixou o anterior mandatário e que “estava decidida” quando ele tomou posse em 20 de janeiro de 1961.

Essas forças, trasladadas por barco desde Porto Cabeças, Nicarágua ─ com proteção naval e aérea das forças armadas estadunidenses ─, foram derrotadas em menos de 72 horas pelo exército Rebelde e as Milícias Nacionais Revolucionárias, enquanto em Miami se aguardava um ”governo provisório” que pediria reconhecimento internacional se triunfasse a operação.

Também aprovou em 3 de fevereiro de 1962 o bloqueio econômico, comercial e financeiro que, segundo as autoridades cubanas, causou perdas de 93 bilhões de dólares, e em 14 de março seguinte a Operação Mangosta “a fim de ajudar a derrubar o regime comunista em Cuba”.

Kennedy foi assassinado em 23 de novembro de 1963 em Dallas, Texas, e no magnicídio participaram elementos de origem cubana radicados em Miami, de acordo com investigações não oficiais.

Arthur M. Schlesinger Jr, que fora seu assessor na Presidência, declarou em outubro de 2002 em Havana ter sido testemunho direto das intenções de Kennedy de melhorar as relações com Cuba depois da crise dos foguetes de outubro de 1962.

Esse ano a aviação estadunidense detectou a instalação de misseis soviéticos em Cuba e Kennedy decretou um bloqueio naval e aéreo em seus arredores, gerando uma crise de alcance mundial, resolvida em negociações diretas do governante nortista com o primeiro-ministro da URSS Nikita Kruschov.

Em conversa com jornalistas expressou que “(…) pese muitas questões que reclamavam sua atenção, o Presidente (Kennedy) já estava pensando em vias e formas para concretizar sua aproximação com Havana”. “Mas seus esforços foram cortados com seu assassinato no final desse ano (1963)”.

O também democrata Lyndon B. Johnson (1963-1969) continuou as ações contra Cuba entre as quais figura a Lei de Ajuste Cubano (1966), que estimulou a emigração ilegal para os Estados Unidos e provocou tragédias. Numa delas sobreviveu em 1999 o menino Elián González, devolvido no ano seguinte após uma dura batalha legal.

Os republicanos Richard Nixon (1969-74) e Gerald Ford (1974-1977) prossiguiram na mesma política anti-cubana, que se atenuou com a chegada à Casa Branca do democrata James Carter (1977-1981).

Em sua administração se estabeleceram os Escritórios de Interesses ─ espécie de consulados ─ em Havana e Washington, se delimitaram as fronteiras marítimas entre Cuba, Estados Unidos e México, e se reconheceu o direito dos cidadãos norte-americanos viajar à Ilha, limitado pelas administrações que lhe seguiram.

Carter viajou a Cuba em 2002, convidado por Fidel Castro, que disse que sempre teve uma boa opinião sobre o ex-presidente “como um homem de ética, de moral”.

“Ainda que fosse chefe de um império odioso tinha qualidade humana, não era assassino nem genocida (…) era um homem decente, o mais que possa sê-lo alguém que está governando um país com tantos interesses, privilégios e tanto poder”, expressou depois ao jornalista francés Ignacio Ramonet .

Os períodos dos republicanos Ronald W. Reagan (1981-89) e George H. W, Bush (1989-1993) continuaram o caminho iniciado por Eisenhower enquanto o democrata William F. Clinton (1993-2001) sancionou em 1996 a Lei da Solidariedade Democrática e da Liberdade de Cuba (Lei Helms-Burton), que endureceu ainda mais as ações da Lei Torricelli, assinada por Bush (pai) em 1992.

A administração de seu filho George W. Bush (2001-2009) foi uma das mais agressivas contra Cuba e entre suas medidas se acham as restrições das viagens dos cubano-americanos à Ilha e dos montantes das remessas a seus familiares.

Em Washington funciona a Comissão para a Assistência a uma Cuba Livre, que os cubanos denominam Plano Bush, segundo o qual os Estados Unidos dirigiriam uma “transição pacífica” após a hipotética derrubada da Revolução.

Esta é (em apertada síntese) a história do diferendo que, desde faz meio século, separa os dois países, ainda com um incerto futuro.

O próximo presidente dos Estados Unidos Barack Obama disse na campanha eleitoral que estava contrário às restrições das viagens dos cubano-americanos à ilha e às limitações nas remessas a seus familiares.

Após o açoite dos furacões Ike e Gustav à província ocidental de Pinar del Río, Obama pediu a Bush a suspensão temporária do bloqueio, que não foi aceito, e numa ocasião expressou estar disposto a conversar com o governo cubano, mas depois da eleição não mais se referiu ao tema.

Doze associações estadunidenses, entre elas a Câmara de Comércio, a maior organização empresarial do país, pediram em carta ao presidente eleito “a eliminação completa de todas as restrições de comércio e viagem“ a Cuba .

Basearam sua solicitação num informe oficial do governo de Washington de 2001, segundo o qual o bloqueio impede os exportadores estadunidenses de ganhar um bilhão 200 milhões de dólares anuais com ventas a Cuba.

Fonte: Prensa Latina
http://www.socialismo.org.br/portal/internacional/38-artigo/708-cuba-eeuu-meio-seculo-de-conflito-e-futuro-incerto
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline ReVo

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #21 Online: 17 de Janeiro de 2009, 13:38:32 »
Nos partidos de esquerda que tive contatos, eu vi muitas pessoas que utilizam aqueles partidos como meio de ascensão pessoal, coisa que não conseguiria em outros partidos "elitistas", e apenas um pequeno punhado de idealistas.

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Offline Ricardo RCB.

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #22 Online: 17 de Janeiro de 2009, 14:15:21 »
Nos partidos de esquerda que tive contatos, eu vi muitas pessoas que utilizam aqueles partidos como meio de ascensão pessoal, coisa que não conseguiria em outros partidos "elitistas", e apenas um pequeno punhado de idealistas.

Porno Para Ricardo.
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Offline Blues Brother

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #23 Online: 17 de Janeiro de 2009, 19:21:24 »
Á propósito, o vocalista de Porno para Ricardo, Górki Áquila, esteve preso por "periculosidade social".

Em relação à Ramonet, o mesmo é autor de "A tirania da comunicação", em que critica o monopólio e o pensamento único que marca os canais de comunicação ocidentais.

Tive a oportunidade de assistir uma palestra de Ramonet no Memorial da América Latina.

Naquela oportunidade, percebi que trata-se de um senhor covarde e manipulador.

Nada disse sobre o pensamento único nos meios de comunicação cubanos, nos quais os irmãos Castro se revezem com editoriais e comentários internacionais sem espaço para contra-argumentação.

Nada disse sobre o regime dos irmãos Castro ter transformado toda palavra na Ilha em imprensa oficial. Os artistas que se opõem são banidos ou precisam fugir como bandidos de Cuba.

O sr. Ramonet é um grande canalha. 



Offline Herf

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Re: A reinvenção do socialismo cubano
« Resposta #24 Online: 18 de Janeiro de 2009, 21:42:44 »
Citar
Os aspectos positivos do balanço são bem conhecidos, às vezes espetaculares e relativamente fáceis de identificar: melhoras significativas na luta contra o racismo e o machismo; imensos progressos em matéria de educação e cultura; avanços descomunais no que concerne à saúde, à redução da mortalidade infantil e ao progresso sanitário em todos os conceitos (relativamente a sua população, Cuba forma mais médicos que qualquer outro país do mundo); triunfos expressivos em todo tipo de esportes e em todo tipo de competições; afirmação da identidade cultural e nacional; solidariedade internacionalista contra o colonialismo, o neocolonialismo, o imperialismo e o racismo de Estado (sem a ajuda de Cuba, Angola, por exemplo, não seria independente, e o apartheid sul-africano não teria sido derrubado); defesa da soberania nacional frente a meio século de hostilidade e assédio por parte dos Estados Unidos...
Os aspectos positivos facilmente reconhecíveis desses 50 anos de regime, mostrados em uma reportagem de uma TV espanhola no final de 2008:

<a href="http://www.youtube.com/v/KfgDGXo8L9k" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/KfgDGXo8L9k</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/NcDBlDAh4Lk" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/NcDBlDAh4Lk</a>

Não que isso seja novidade. Vídeos, fotos e informações em geral sobre as "facilmente reconhecíveis qualidades" do socialismo cubano abundam, mesmo no Youtube.

 

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