Exato. O Plasmodium não tem necessidade seletiva de deixar de ser Plasmodium, pois é uma máquina perfeita de transportar genes (assim como as bactérias e os vírus).
Eu não tenho formação em Biologia portanto vou raciocinar como um leigo. Minhas dúvidas são dúvidas de leigo.
Porém volto a insistir até que eu entenda: em meu leigo raciocínio o principal motor que levaria uma espécie a dar origem a outra seria a necessidade de se adaptar às transformações do meio em que vive.
Ora, se uma espécie está bem adaptada e reproduzindo-se normalmente como a seleção natural atuaria sobre mutações aleatórias para gerar uma nova espécie? Ao que parece simplesmente não atuaria, pois qualquer mutação teria uma ocorrência infimamente irrisória em relação ao total da população.
Ou então coloquemos a questão de outra forma.
Suponha que você pulverize uma substância inócua sobre uma população de gafanhotos. Dessa forma, se por acaso um gafanhoto sofreu uma mutação isso representaria que esta mutação agora estaria presente
em... digamos... um milionésimo da população. Como a substãncia pulverizada é inócua e não está havendo nenhuma pressão seletiva provavelmente este gafanhoto cruzaria com um gafanhoto comum
(as chances seriam enormes) e a mutação eventualmente desapareceria em algumas gerações.
Porém suponha agora que tenha sido pulverizado um inseticida e tal mutação ajude o gafanhoto a sobreviver. Agora o gafanhoto cruzaria apenas com outro gafanhoto também resistente, que também sobreviveu, e as mutações seriam preservadas e transmitidas e após algumas gerações teríamos apenas gafanhotos resistentes e vivendo muito bem, obrigado, em presença do pesticida. Nesse momento, parece lógico concluir, o DDT não mais atua como fator de seleção portanto não há
mais nenhum mecanismo "empurrando" a espécie para um grau de transformação ainda maior.
Este processo está de acordo com as previsões da T.E. e não é uma suposição porque sabemos que já ocorreu a populações de gafanhotos submetidas durante tempo suficiente a aplicações de pesticidas.
Da mesma maneira as bactérias se tornam resistentes a antibióticos da forma como prevista pela Teoria da Evolução. Mas me parece que Behe está exigindo demais das bactérias (ou da Evolução), pedindo
que elas continuem mutando mesmo quando já perfeitamente adaptadas e resistentes a aplicação do antibiótico. Ora, mas se tal fenômeno ocorresse como poderia ser explicado? Creio que a T.E. não teria
uma explicação para isso, ao contrário do que de fato ocorre, que não só é explicado como também previsto, uma vez que o fenômeno de bactérias se tornarem resistentes a antibióticos era desconhecido
quando Darwin escreveu seu famoso livro.
Esse foi o espírito da minha pergunta. Afinal, por quê plasmodiuns deveriam evoluir para... digamos... caranguejos... apenas porque agora vivem em um ambiente em presença do antibiótico? No meu
quase nenhum entendimento a Teoria da Evolução não sustenta esse tipo de coisa. Ela sustenta, sim, que plasmodiuns deveriam evoluir para plasmodiuns resistentes ao antibiótico e isso de fato ocorre.
Eu sei que você, como um médico, não teria uma interpretação tão ingênua e equivocada do termo "evolução", porém muitos criacionistas menos instruídos são levados realmente a crer que a Teoria da Evolução postula que todo ser vivo deve continuamente tornar-se maior, mais forte, mais complexo, mais inteligente, quando na verdade ela apenas postula a existência de mecanismos que tornam as formas de vida aptas a continuarem existindo.
Mas a interpretação ingênua do termo "evolução" certamente levaria alguém a se perguntar: "Ué, porque plasmodiuns não estão deixando de ser plasmodiuns?"
No entanto, no outro exemplo citado, do HIV, a estudante Abbie Smith demonstrou que as idéias de Behe não passaram no teste. E pior, que provavelmente ele tinha conhecimento disso quando escreveu o livro.
Ela mostrou que o HIV sofreu importantes mudanças bioquímicas que o levam a desenvolver complexas interações bioquímicas com CD4 antes inexistentes.
Até onde eu sei basta um único contra-exemplo para derrubar uma teoria.
A resposta de Behe para isso? Ele simplesmente resmungou que Abbie Smith era "uma mulher".
Uma resposta compreensível para um homem que tem 9 filhos com sua esposa dona de casa e nenhum deles jamais foi à escola.
De qualquer forma a evolução é um fato, pode-se até questionar como ela ocorre mas acredito que nem você e nem o Behe questionem se ela realmente ocorreu.
Bom, eu não sou formado em Medicina ou Biologia, apenas faço estas colocações como uma oportunidade de alargar meus conhecimentos. O que sem dúvida irá ocorrer após eu ler as suas explicações peritas.