Uma das falácias é que os industriais comandam a população controlam os produtos que elas precisam. Na verdade é a população que comanda os industriais, porque se uma empresa não tiver mais um produto que interessa, ela simplesmente vai a falência. A GM é um exemplo monumental. Na época dos carros grandes, foi a melhor. Hoje o gosto do público americano mudou e esta praticamente quebrando. Se não conseguir se reinventar como marca, fazendo carros tão baratos quantos os japoneses ou objeto de desejo como os alemães, ela vai quebrar.
Acho que isso só vale para produtos e serviços "fúteis". Carros de passeio, maquiagens, roupas de grife, academias, videogames, biscoitos, fast foods, casas noturnas... seguem essa lógica.
Produtos e serviços de primeira necessidade, como educação, saúde, alimentos (carne, peixe, feijão, arroz...), produtos de higiene e limpeza, etc. não seguem essa fórmula mágica porque são bem menos afetados por modinhas e são de certa forma "obrigatórios". Além de as pessoas, em muitos casos, não terem escolha. Não por falta de opção, mas por falta de dinheiro para pagar pelo melhor ou por ignorância.
Por exemplo, essas marcas de feijão que tem mais pedras, terra e palha na embalagem do que grãos de feijão mesmo. Além da maioria dos grãos serem miúdos e quebrados. Elas não somem das prateleiras do mercado porque quem não tem dinheiro para pagar pelo feijão de melhor qualidade, acaba obrigado a comprar esse. É comprar ou ficar com fome. Apesar dessa empresa produzir um feijão da pior qualidade, não vai a falência enquanto houver gente que não pode ou não sabe escolher. E nenhum empresário vai quer baixar a margem de lucro para vender feijão de alta qualidade por preços mais baixos. Tanto não querem, que não o fazem. Por mais competição que possa surgir, há sempre um limite de preço abaixo do qual nenhum empresário vai vender.
Apesar do que muita gente diz, a população não controla o comércio, a indústria e os prestadores de serviços completamente. Só seria assim se o mundo fosse perfeito e não existissem pobres.
Ou não?
Se uma lógica vale para uma coisa, vale para todas.
O que é primeira necessidade? O ue pode ser definido assim?
Até 40 anos atrás, primeira necessidade era a banha. A gordura animal de suíno era da cesta básica, sendo que os animais mais rentáveis eram os que produziam gordura, principalmente.Com a implantação da soja no Brasil, surge então um óleo comestível mais barato e ( existem controvérsias ) mais saudável, então o óleo de soja passa a ser um item essencial. E as empresas e agricultores que viviam da criação de porco pra banha? Tiveram que se adaptar, criando animais voltados para a produção de embutidos e investiram na produção do frango, aproveitando a base instalada. Isso levou ao barateamento do preço da proteína a base de frango, que não existia antes, onde as galinhas eram vendidas vivas, criadas nos fundos dos lotes, etc.
Ou seja, a mudança de um produto só ajudou a população. Antes a banha era primeira necessidade, veio um produto que superou o primeiro, logo os empresários mudavam ou desapareciam ( minha cidade tinha um frigorífico desse que fechou ), alteraram sua linha de produção, oferecendo carne de frango muito mais barato.
O feijão é a mesma coisa. Graças a existir população mais carente, permite que os agricultores possam ter renda de produtos que seriam descartados, por serem quebrados, terem pedra, etc. Para a população, a diferença de um real no quilo justifica ele passar uma meia hora escolhendo o feijão para ir pra panela, porque este real pode comprar um quilo de sal, que não poderia de outro modo. Você pensa apenas no grande industrial, mas não percebe que estamos falando de pequenos produtores rurais.
O Brasil tem tanto empresário salafrário por causado excesso de estado na economia. É muito mais vantagem comprar algumas pessoas do governo e garantir uma vantagem competitiva ou monopólio do que concorrer livremente. O que falta noBrasil é capitalismo, não o contrário, porque na livre concorr~encia e livre comércio, quem sempre sai ganhando é a população, mas os que estudam e trabalham.