Autor Tópico: Soma zero  (Lida 21391 vezes)

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Offline Dr. Manhattan

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Soma zero
« Online: 20 de Março de 2009, 15:54:54 »
Recentemente eu estava discutindo sobre economia com uns estudantes. Um deles, um rapaz inteligente
e falante, parecia acreditar naquilo que chamo* falácia da soma zero. Isto é, ele acredita que a
riqueza só pode ser gerada pelo trabalho, e que o acúmulo de riqueza de um constitui no roubo dos
frutos do trabalho de outro (aliás, o cara é PSTU).

Eu argumentei que isso simplesmente nao é verdade, que além do valor relativo ao custo de produçao
de um bem, existe também um valor adicional que surge em consequência da lei da oferta e da procura.
Ou seja: a riqueza pode ser produzida em funçao do valor de mercado de um bem. Usei como exemplo
a "bolha da tulipa" da Holanda, quando se chegou a pagar o preço de uma casa por uma flor. Também
falei que eu poderia ficar rico sem explorar ninguem se simplesmente eu topasse um dia com uma pepita
gigante de ouro no meu quintal.

O ponto é que... Nao gostei desses exemplos, e como muitas vezes venho aqui ao CC em busca de muniçao
para debates, gostaria que algum forista mais entendido de economia explicasse em mais detalhes como a
riqueza pode surgir do nada (ou quase nada).

*Nao sei se mais alguem chama assim. Provavelmente.

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Alan Watts

Offline FxF

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Re: Soma zero
« Resposta #1 Online: 20 de Março de 2009, 16:06:23 »
Lá nos países de primeiro mundo circula a teoria do Gotejamento, que diz que o grande enriquecimento de uns gera o melhoramento da qualidade de vida das pessoas ao redor.

Segundo a teoria do Gotejamento: Bill Gates fundou a Microsoft, revolucionou as operações pelo mundo, criou possibilidades e melhorou a qualidade de vida de todo mundo com o computador pessoal.

Segundo a teoria da Soma Zero: Bill Gates fundou a Microsoft, enriqueceu roubando dos pobres e aumentou a miséria na África.

O problema dessa teoria da Soma Zero é que as pessoas tem em mente aquele velho pensamento socialista em comparar pessoas com formigas. Esquecem que ninguém trabalha de graça, e, portanto, não é só uma questão de distribuir, e sim de gerar.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Soma zero
« Resposta #2 Online: 20 de Março de 2009, 16:09:14 »
Curiosamente, o Bill Gates também entrou naquela conversa. Eu falei que ninguem ficou pobre pelo fato de ele ter ficado rico
(embora alguns de seus concorrentes tenham perdido a oportunidade de enriquecer também).
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Alan Watts

Offline Renato T

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Re: Soma zero
« Resposta #3 Online: 20 de Março de 2009, 16:45:05 »
Não tenho base nenhum pra falar o que vou dizer. Puro achismo, não venham me criticar por isso.

Acho que essa história de "só se enriquece roubando os outros" é non-sequitur pelo simples de que se você continuar trabalhar - e produzir - nos dias A, B e C, você terá mais no dia C do que no dia B, e mais do dia B do que no dia A. Isso por si só já é enriquecimento. É como construir um casa sozinho. Terá um acúmulo de riqueza sem ter roubado ninguém.

Apesar de que, se o sentido de riqueza que ele estava usando for o de capital, no sentido marxista, a história muda completamente.

Offline Stéfano

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Re: Soma zero
« Resposta #4 Online: 20 de Março de 2009, 17:08:56 »
Seria interessante a opinião de um economista sobre o assunto, mas a partir do momento em que você pode criar algo de valor a partir do nada (um quadro, por exemplo, que pode valer muito mais do que a soma dos seus componentes), o raciocínio fica inválido.

PS: gostei do "soma zero"
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Offline Gaúcho

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Re: Soma zero
« Resposta #5 Online: 20 de Março de 2009, 18:03:46 »
Se nosso sistema econômico fosse uma pirâmide ::)
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Offline Herf

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Re: Soma zero
« Resposta #6 Online: 20 de Março de 2009, 18:24:43 »
Eu não sou economista, mas acho que posso ajudar.

A falácia provém de uma incompreensão básica das relações comerciais. Em toda troca voluntária, cada uma das partes abdica de algo que valora menos por algo que valora mais. Se eu tenho excesso de pães e preciso de água, e você tem água e precisa de pães, uma troca fará com que ambos saiam ganhando. Da mesma forma, um operário dá menos valor ao tempo livre e a sua força de trabalho do que dá ao salário que recebe; o patrão dá mais valor à força do operário do que ao pagamento. Apesar do que pregam os marxistas, ambos saem ganhando nesta relação também. Toda troca voluntária é um jogo de ganha-ganha.

Mais adiante, ao contrário dos panfletos que apresentam imagens de garotos americanos em uma lanchonete ao lado de uma foto de crianças esqueléticas africanas, africanos não passam fome porque o primeiro mundo come bem demais e desperdiça demais. Se o primeiro mundo vivesse à base de pão e água e não desperdiçasse absolutamente nada, os africanos continuariam passando fome. Isso porque eles não produzem nada que possa ser trocado por comida. Se produzissem, a demanda por comida aumentaria (demanda não é apenas necessidade, e sim necessidade mais a capacidade para aquisição) e então a tendência seria termos mais comida sendo produzida no mundo.
« Última modificação: 20 de Março de 2009, 18:27:35 por Herf »

Offline FxF

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Re: Soma zero
« Resposta #7 Online: 20 de Março de 2009, 18:39:59 »
É isso aí, Herf.

E convenhamos, graças aos avanços tecnológicos do primeiro mundo temos mais comida do que nunca no mundo. Seria bem pior sem o consumismo.

Offline Gigaview

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Offline Fabi

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Re: Soma zero
« Resposta #9 Online: 20 de Março de 2009, 19:39:43 »
Recentemente eu estava discutindo sobre economia com uns estudantes. Um deles, um rapaz inteligente
e falante, parecia acreditar naquilo que chamo* falácia da soma zero. Isto é, ele acredita que a
riqueza só pode ser gerada pelo trabalho, e que o acúmulo de riqueza de um constitui no roubo dos
frutos do trabalho de outro (aliás, o cara é PSTU).
Que coincidência, estamos discutindo isso no RéV.

Deixa eu resumir a obra.. A discussão começou quando o Acauan disse que os países capitalistas mais desenvolvidos (Japão, Canadá, e Estados Unidos) não tiveram colonias de exploração, e não foram mercantilistas(como no caso do Japão). E o nosso Lordakner quer insistir que os países mais ricos ficaram ricos explorando outros países. Uma discussão abrangente sobre a falácia da soma zero.

Vou citar um post resposta  do Acauan (ao lordakner) pra mostrar onde está o erro na falácia da soma zero:
Citação de: Acauan
Seu erro teórico básico é se apegar ao conceito de "acúmulo de capitais" partindo do pressuposto socialista da soma econômica zero, pela qual só pode haver "acúmulo de capital" se cada unidade de capital acumulado for tirado de alguém.
O erro reside em se ignorar três propulsores da auto-sustentação da revolução industrial: ganhos de produtividade, ganhos de escala e crescimento econômico.
Como Adam Smith demonstrou em A Riqueza das Nações, quando se dividia o trabalho em regime industrial para se fabricar alfinetes, a produtividade por trabalhador era multiplicada por dezenas de vezes.
O que caracterizou a primeira revolução industrial não foi a mecanização da produção, mas a substituição da produção artesanal – onde um grupo de artesãos realizava todas as etapas da fabricação de um produto, pela produção industrial, onde operários especializados em uma única operação seguiam uma sequência organizada de fabricação.
Com isto, o mesmo número de operários poderia produzir muito mais unidades de produtos, o que implicava em menor custo por unidade, o que permitia ofertar o produto a preços mais baixos, o que permitia que mais pessoas comprassem os produtos, o que aumentava continuamente as vendas.

Como resultado as fábricas investiam em ampliação, contratando mais operários, aumentando o mercado consumidor e alimentando o ciclo virtuoso.

Transferido da esfera microeconômica da fábrica de alfinetes para a macroeconômica da mudança da produção artesanal para a industrial como um todo, tem-se o crescimento econômico sustentado.

Note que os capitais necessários para promover esta primeira fase da revolução industrial não eram intensivos, já que máquinas caras não eram indispensáveis nesta primeira fase, que gerava os recursos que financiariam as fases seguintes a partir dos citados ganhos.

A isto some a dinâmica pela qual o crescimento econômico alimenta o sistema bancário, que assim pode prover crédito abundante a juros baixos, de novo realimentando o sistema.

Socialistas negam estas possibilidades porque estão presos ao credo marxista do capitalismo autodestrutivo, autodestruição esta que esperam há séculos, período no qual quem surgiu e se autodestruiu foram justamente as economias socialistas.

Quanto à idéia de que era o acúmulo de ouro que definia a Riqueza das Nações, basta lembrar que o livro com este título aponta claramente outra causa para esta riqueza, que é o trabalho em geral. As nações serão tão mais ricas quanto mais organizado for o trabalho de suas forças produtivas. Como a indústria era a forma mais organizada de trabalho até então, as nações industriais enriqueceram.

É possível demonstrar ponto a ponto, teoricamente, como é errado a tese de que o acúmulo de ouro, por si só, gerava riqueza nacional sustentada e a falta de metais levava à pobreza, mas basta o exemplo empírico, das experiências históricas das nações européias, nas quais as que mais acumularam metais preciosos – Portugal e Espanha, terminaram pobres, enquanto os Estados Unidos da America se tornaram o país mais rico do mundo sem nunca ter praticado o metalismo.
Fonte: http://rv.cnt.br/viewtopic.php?f=1&t=18726&st=0&sk=t&sd=a&start=150#p375731
Esse post explica como não existe exploração, o empresário não rouba os frutos do trabalho do operário, já que este só consegue produzir o que produz graças a organização em escala industrial, e que esse tipo de organização diminui os custos de um produto, fazendo mais pessoas terem acesso a ele, e aumentando os lucros que possibilitam a contratação de mais pessoas...Sabe, um ciclo....
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #10 Online: 20 de Março de 2009, 20:42:59 »
Eu acreditaria na teoria da Soma Zero se os trabalhadores pudessem produzir sozinhos, utilizando apenas a sua força de trabalho e as matérias-primas brutas disponíveis (terra, minérios, etc), mais bens e serviços do que os que conseguem comprar com o salário médio que recebem.

Em outras palavras: façamos a lista de bens que um trabalhador médio consegue comprar com o seu salário e analisemos se ele conseguiria sozinho, apenas com a natureza à sua disposição, produzir mais bens do que esses. Caso sim, então realmente ele é explorado (pois estaria consumindo menos bens do que os que conseguiria produzir sozinho). Caso ele consiga adquirir mais bens com o seu salário do que os que conseguiria produzir sozinhos no mesmo período, então ele é beneficiado.

Esse critério engloba perfeitamente os casos reais de exploração que existiram ou existem, como o trabalho escravo, o trabalho em países sem leis trabalhistas, em atividades primárias com baixíssimo grau de tecnologia ou em países comunistas.
« Última modificação: 20 de Março de 2009, 20:46:57 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #11 Online: 20 de Março de 2009, 20:58:26 »
Citação de: Fabi
E o nosso Lordakner quer insistir que os países mais ricos ficaram ricos explorando outros países.

Ele está dizendo então que inicialmente todos os países eram "pobres" e estavam em patamares iguais de desenvolvimento e produtividade econômica e tecnlógica. Alguns desses países, não sei como (já que estavam, no mínimo, nas mesmas condições dos demais), conquistaram outros povos e apenas a partir daí começaram a ficar ricos. O problema é que deveria haver, no mínimo, uma relação cronológica entre adquirir colônia e ficar rico, perguntei a Lordakner isso aqui e ele não respondeu.

Outro problema é que existem muitos países ricos que nunca tiveram colônias, assim como países que tiveram inúmeras e ricas colônias que atualmente são a escória da Europa e mais pobres do que as colônias que exploraram.

Tudo isso mostra que ter/não ter colônias, na melhor das hipóteses, é fator altamente secundários (ou terciário, ou quaternário) na determinação da riqueza de um país. Sua organização sócio-econômico-cultural é o fator mais importante.
« Última modificação: 20 de Março de 2009, 21:00:33 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline FxF

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Re: Soma zero
« Resposta #12 Online: 20 de Março de 2009, 22:44:01 »
Mais adiante, ao contrário dos panfletos que apresentam imagens de garotos americanos em uma lanchonete ao lado de uma foto de crianças esqueléticas africanas, africanos não passam fome porque o primeiro mundo come bem demais e desperdiça demais. Se o primeiro mundo vivesse à base de pão e água e não desperdiçasse absolutamente nada, os africanos continuariam passando fome. Isso porque eles não produzem nada que possa ser trocado por comida. Se produzissem, a demanda por comida aumentaria (demanda não é apenas necessidade, e sim necessidade mais a capacidade para aquisição) e então a tendência seria termos mais comida sendo produzida no mundo.
Aliás, adorei mesmo o que o Herf falou. Dissertando mais:

Se por um acaso o povo americano fosse proibido de desperdiçar comida (apenas supondo, não que seja praticável) não acabaria a fome na África. A parte PAGANTE estaria comprando menos comida, logo os produtores produziriam menos.

Por outro lado, se a África se tornasse uma parcela pagando do mercado, a demanda aumentaria e portanto o preço, assim diminuindo o desperdício.
« Última modificação: 20 de Março de 2009, 22:48:11 por Ilovefoxes »

Offline Herf

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Re: Soma zero
« Resposta #13 Online: 20 de Março de 2009, 23:06:20 »
É isso aí mesmo. A quantidade de riqueza disponível não é estática. Não é como um bolo que está apenas esperando para ser dividido, e alguns maldosamente se apropriam de uma parcela maior. A riqueza é dinâmica e tende a ser produzida de acordo com a demanda existente por ela.

Offline Zeichner

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Re: Soma zero
« Resposta #14 Online: 21 de Março de 2009, 00:03:48 »
Citação de: Fabi
E o nosso Lordakner quer insistir que os países mais ricos ficaram ricos explorando outros países.

Ele está dizendo então que inicialmente todos os países eram "pobres" e estavam em patamares iguais de desenvolvimento e produtividade econômica e tecnlógica. Alguns desses países, não sei como (já que estavam, no mínimo, nas mesmas condições dos demais), conquistaram outros povos e apenas a partir daí começaram a ficar ricos. O problema é que deveria haver, no mínimo, uma relação cronológica entre adquirir colônia e ficar rico, perguntei a Lordakner isso aqui e ele não respondeu.

Outro problema é que existem muitos países ricos que nunca tiveram colônias, assim como países que tiveram inúmeras e ricas colônias que atualmente são a escória da Europa e mais pobres do que as colônias que exploraram.

Tudo isso mostra que ter/não ter colônias, na melhor das hipóteses, é fator altamente secundários (ou terciário, ou quaternário) na determinação da riqueza de um país. Sua organização sócio-econômico-cultural é o fator mais importante.

Estes países normalmente são os mais abertos e que permitem mais comércio. Singapura é uma merdica de nada, e tem um padrão alto pelo comércio regional, o mesmo valendo para Hong Kong, Amsterdã, Nova York. Um comerciante apenas distribui bens que as pessoas querem comprar, nem produzir, mas ao mesmo tempo gera riqueza. Países onde o comércio é estrangulado, são locais onde a miséria é maior.

A industrialização apenas proporciona produtos melhores e mais baratos para prover o comércio dos bens que a população consome.

Uma das falácias é que os industriais comandam a população controlam os produtos que elas precisam. Na verdade é a população que comanda os industriais, porque se uma empresa não tiver mais um produto que interessa, ela simplesmente vai a falência. A GM é um exemplo monumental. Na época dos carros grandes, foi a melhor. Hoje o gosto do público americano mudou e esta praticamente quebrando. Se não conseguir se reinventar como marca, fazendo carros tão baratos quantos os japoneses ou objeto de desejo como os alemães, ela vai quebrar.

Soma zero... Novamente. Se tivesse uma relação entre colônia e riqueza, Portugal e Espanhas seriam os maiores comércios do mundo. Foram grandes quando faziam comércio com as ìndias. Quando passaram a explorar as colônias, ficaram indolentes, monopolizaram o comércio nas mãos do estado e em pouco tempo foram ultrapassados pela Inglaterra e Holanda, que passaram a valorizar o comércio entre as colônias e outros países.

 

Offline Orbe

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Re: Soma zero
« Resposta #15 Online: 21 de Março de 2009, 02:12:05 »
Uma das falácias é que os industriais comandam a população controlam os produtos que elas precisam. Na verdade é a população que comanda os industriais, porque se uma empresa não tiver mais um produto que interessa, ela simplesmente vai a falência. A GM é um exemplo monumental. Na época dos carros grandes, foi a melhor. Hoje o gosto do público americano mudou e esta praticamente quebrando. Se não conseguir se reinventar como marca, fazendo carros tão baratos quantos os japoneses ou objeto de desejo como os alemães, ela vai quebrar.

Acho que isso só vale para produtos e serviços "fúteis". Carros de passeio, maquiagens, roupas de grife, academias, videogames, biscoitos, fast foods, casas noturnas... seguem essa lógica.

Produtos e serviços de primeira necessidade, como educação, saúde, alimentos (carne, peixe, feijão, arroz...), produtos de higiene e limpeza, etc. não seguem essa fórmula mágica porque são bem menos afetados por modinhas e são de certa forma "obrigatórios". Além de as pessoas, em muitos casos, não terem escolha. Não por falta de opção, mas por falta de dinheiro para pagar pelo melhor ou por ignorância.

Por exemplo, essas marcas de feijão que tem mais pedras, terra e palha na embalagem do que grãos de feijão mesmo. Além da maioria dos grãos serem miúdos e quebrados. Elas não somem das prateleiras do mercado porque quem não tem dinheiro para pagar pelo feijão de melhor qualidade, acaba obrigado a comprar esse. É comprar ou ficar com fome. Apesar dessa empresa produzir um feijão da pior qualidade, não vai a falência enquanto houver gente que não pode ou não sabe escolher. E nenhum empresário vai quer baixar a margem de lucro para vender feijão de alta qualidade por preços mais baixos. Tanto não querem, que não o fazem. Por mais competição que possa surgir, há sempre um limite de preço abaixo do qual nenhum empresário vai vender.

Apesar do que muita gente diz, a população não controla o comércio, a indústria e os prestadores de serviços completamente. Só seria assim se o mundo fosse perfeito e não existissem pobres.

Ou não?
« Última modificação: 21 de Março de 2009, 02:14:13 por Orbe »
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline FZapp

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Re: Soma zero
« Resposta #16 Online: 21 de Março de 2009, 08:38:34 »
(...)
O ponto é que... Nao gostei desses exemplos, e como muitas vezes venho aqui ao CC em busca de muniçao
para debates, gostaria que algum forista mais entendido de economia explicasse em mais detalhes como a
riqueza pode surgir do nada (ou quase nada).
(...)

O exemplo que eu uso nestes casos (assim como o de que só tem rico que é ladrão) é Thomas A. Edison , ou seja, você pode ser um homem inteligente, ativo, trabalhador, que invente coisas.

No Brasil um exemplo seria talvez o prof Dimas que fundou a atual Dimep (Dimas de Melo Pimenta), e começou tudo construindo relógios.

Agora, se bem que a teoria do seu colega do PSTU está errada, isso não quer dizer que não exista exploração. Existe sim muito rico que é rico por ter costas quentes em Brasilia, ou tem cabeças de gado por eliminar concorrentes a bala, ou tem preços 'competitivos' porque faz terrorismo com funcionários. Embora esse quadro tenha mudado gradualmente para o bem, não é o caso de achar agora que todo rico é santo, a menos que queiram virar calvinistas :)

Os Foxes e Herfs da vida vão ficar (novamente) brabos comigo, mas se não tivessem tantos exemplos ruins de empresários, esse teoria do 'soma zero' não colava tanto.
--
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Re: Soma zero
« Resposta #17 Online: 21 de Março de 2009, 09:14:08 »
Uma das falácias é que os industriais comandam a população controlam os produtos que elas precisam. Na verdade é a população que comanda os industriais, porque se uma empresa não tiver mais um produto que interessa, ela simplesmente vai a falência. A GM é um exemplo monumental. Na época dos carros grandes, foi a melhor. Hoje o gosto do público americano mudou e esta praticamente quebrando. Se não conseguir se reinventar como marca, fazendo carros tão baratos quantos os japoneses ou objeto de desejo como os alemães, ela vai quebrar.

Acho que isso só vale para produtos e serviços "fúteis". Carros de passeio, maquiagens, roupas de grife, academias, videogames, biscoitos, fast foods, casas noturnas... seguem essa lógica.

Produtos e serviços de primeira necessidade, como educação, saúde, alimentos (carne, peixe, feijão, arroz...), produtos de higiene e limpeza, etc. não seguem essa fórmula mágica porque são bem menos afetados por modinhas e são de certa forma "obrigatórios". Além de as pessoas, em muitos casos, não terem escolha. Não por falta de opção, mas por falta de dinheiro para pagar pelo melhor ou por ignorância.

Por exemplo, essas marcas de feijão que tem mais pedras, terra e palha na embalagem do que grãos de feijão mesmo. Além da maioria dos grãos serem miúdos e quebrados. Elas não somem das prateleiras do mercado porque quem não tem dinheiro para pagar pelo feijão de melhor qualidade, acaba obrigado a comprar esse. É comprar ou ficar com fome. Apesar dessa empresa produzir um feijão da pior qualidade, não vai a falência enquanto houver gente que não pode ou não sabe escolher. E nenhum empresário vai quer baixar a margem de lucro para vender feijão de alta qualidade por preços mais baixos. Tanto não querem, que não o fazem. Por mais competição que possa surgir, há sempre um limite de preço abaixo do qual nenhum empresário vai vender.

Apesar do que muita gente diz, a população não controla o comércio, a indústria e os prestadores de serviços completamente. Só seria assim se o mundo fosse perfeito e não existissem pobres.

Ou não?

Se uma lógica vale para uma coisa, vale para todas.

O que é primeira necessidade? O ue pode ser definido assim?
Até 40 anos atrás, primeira necessidade era a banha. A gordura animal de suíno era da cesta básica, sendo que os animais mais rentáveis eram os que produziam gordura, principalmente.Com a implantação da soja no Brasil, surge então um óleo comestível mais barato e ( existem controvérsias ) mais saudável, então o óleo de soja passa a ser um item essencial. E as empresas e agricultores que viviam da criação de porco pra banha? Tiveram que se adaptar, criando animais voltados para a produção de embutidos e investiram na produção do frango, aproveitando a base instalada. Isso levou ao barateamento do preço da proteína a base de frango, que não existia antes, onde as galinhas eram vendidas vivas, criadas nos fundos dos lotes, etc.

Ou seja, a mudança de um produto só ajudou a população. Antes a banha era primeira necessidade, veio um produto que superou o primeiro, logo os empresários mudavam ou desapareciam ( minha cidade tinha um frigorífico desse que fechou ), alteraram sua linha de produção, oferecendo carne de frango muito mais barato.

O feijão é a mesma coisa. Graças a existir população mais carente, permite que os agricultores possam ter renda de produtos que seriam descartados, por serem quebrados, terem pedra, etc. Para a população, a diferença de um real no quilo justifica ele passar uma meia hora escolhendo o feijão para ir pra panela, porque este real pode comprar um quilo de sal, que não poderia de outro modo. Você pensa apenas no grande industrial, mas não percebe que estamos falando de pequenos produtores rurais.

O Brasil tem tanto empresário salafrário por causado excesso de estado na economia. É muito mais vantagem comprar algumas pessoas do governo e garantir uma vantagem competitiva ou monopólio do que concorrer livremente. O que falta noBrasil é capitalismo, não o contrário, porque na livre concorr~encia e livre comércio, quem sempre sai ganhando é a população, mas os que estudam e trabalham.

Offline FZapp

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Re: Soma zero
« Resposta #18 Online: 21 de Março de 2009, 09:24:57 »
Bom, mas a conclusão não seria que a regra é válida porém sujeita às mudanças da 'seleção natural do consumo' ?

Amanhã pen drives podem virar produto de primeira necessidade :)
--
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Re: Soma zero
« Resposta #19 Online: 21 de Março de 2009, 09:45:31 »
Bom, mas a conclusão não seria que a regra é válida porém sujeita às mudanças da 'seleção natural do consumo' ?

Amanhã pen drives podem virar produto de primeira necessidade :)

As mudanças no consumo são naturais e desejáveis no capitalismo,não numa sociedade de economia planificada, onde um burocrata do governo decide que os produtos de primeira necessidade tem que ser feijão e arroz. E se o brasileiro passar a comer mais lentilhas? Ou passar a ter uma alimentação a base de milho, como nos países de língua espanhola? No capitalismo isso é normal e os produtores e indústria se adaptarão, de uma forma ou de outra. Numa economia planificada vai vir o presidente reclamar que a população está perdendo seus valores e não quer mais comer feijão, porque bilhões foram investidos num produto que ninguém quer mais.

Isso que f... com a teoria marxista. Ele imaginou um mundo melhor baseado na sua visão ( péssima)  da era industrial, porém nada poderia prever a atual revolução tecnológica. Mas a ideologia persiste, com pessoas reclamando do capitalismo do século XIX e desejando a volta à idade média agrária ( Parece que o MST luta contra senhores feudais para garantir as terras do condado ).

Pen drives já são essenciais para quem trabalha com informática, ou alguém tem saudades dos disquetes de 5"? E os empregos das fábricas de disquete, de fitas K7 e LP´s? Estão na produção de pen drives e MP3's, aténão inventarem nada melhor. :umm:


« Última modificação: 21 de Março de 2009, 09:49:58 por Zeichner »

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Re: Soma zero
« Resposta #20 Online: 21 de Março de 2009, 10:17:50 »
Uma forma de fazer dinheiro "do nada" é a alavancagem. Pega dinheiro emprestado, compra títulos, vende-os assim que o lucro e o pagamento do empréstimo estiverem garantidos.

Offline Mussain!

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Re: Soma zero
« Resposta #21 Online: 21 de Março de 2009, 10:33:50 »
MENSAGEM PARA ACOMPANHAR

Offline Andre

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Re: Soma zero
« Resposta #22 Online: 21 de Março de 2009, 10:47:29 »
Mussain, você pode clicar em 'Notificar', logo abaixo da última resposta do tópico. :ok:
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Mussain!

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Re: Soma zero
« Resposta #23 Online: 21 de Março de 2009, 10:55:02 »
Mas não vai para "Novas respostas aos meus tópicos", só para o e-mail.

Offline Andre

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Re: Soma zero
« Resposta #24 Online: 21 de Março de 2009, 11:30:53 »
Ah, sim...
[/off-topic]
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

 

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