Autor Tópico: Soma zero  (Lida 21399 vezes)

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Offline O Grande Capanga

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Re: Soma zero
« Resposta #200 Online: 08 de Abril de 2009, 13:17:21 »
Ademais, o fato de haver países mais pobres do que o Brasil com salários mínimos bem maiores (e padrão de vida também) mostra que o salário mínimo não é essa pedra de tropeço para a economia e a qualidade de vida como vocês tentam colocar.

Quando você fala nesses países pobres, DDV, você se refere aos países com um PIB e/ou IDH menores do o do Brasil?

Porque há países com IDH maior que o brasileiro, só que com PIB menor. E vice-versa.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Soma zero
« Resposta #201 Online: 08 de Abril de 2009, 18:25:59 »
Dr Manhattan, dê uma olhada na última página desse tópico: ../forum/topic=18277.75.html

Talvez lhe seja útil como munição extra no seu debate com o defensor da soma zero. :)

Valeu.:ok:
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Offline Herf

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Re: Soma zero
« Resposta #202 Online: 09 de Abril de 2009, 02:54:54 »
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Você está dizendo que ser muito produtivo implica necessariamente em ser pouco ofertado. Em outas palavras, a produtividade varia inversamente com a oferta.

Está dizendo então que, se em uma determinada localidade existem 1000 trabalhadores sem qualificação que conseguem limpar 2 casas por dia em média, e se de repente passar a haver 2000 trabalhadores sem qualificação no local (devido à imigração), eles passarão a poder limpar menos de 2 casas por dia em média. É isso?
Para usar este mesmo cenário, quis dizer que o serviço de limpar casas passa a ser menos rentável à medida que mais gente esteja disponível para realizá-lo. É exatamente como um produto que se torna mais abundante, seu valor decresce. Pode-se dizer que limpar casas não é mais uma atividade tão produtiva quanto antes, não produz mais tanta renda quanto antes. Falar inglês fluente produz mais aqui (por ser mais rentável) do que nos EUA.

Produzir = gerar renda. Ser superprodutivo = render bastante. Daí que nada pode, por muito tempo, ser muito rentável (muito produtivo) e muito ofertado, a excessiva oferta tende a pressionar o preço para baixo rapidamente. Na sua mensagem anterior, você falou que em um mercado livre pode ocorrer de uma atividade superprodutiva ser pouco remunerada. Isso não faz sentido.

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Na verdade, o salário real é determinado pelos empresários quase sempre. Por quê? Porque são eles que controlam os preços. Se um determinado nível de salário nominal for considerado alto demais pela maioria dos empresários, os preços de seus produtos irão subir de forma que o salário real se mantenha como antes. Quando pequenas elevações do salário nominal (como o salário mínimo) não constituem problema muito grande para o capital de giro dos empresários, mas apenas reduz um pouquinho seus lucros, os preços não costumam subir muito (a concorrência dos empresários que aceitam margens menores de lucros impede isso) e o salário real se eleva de fato, embora geralmente menos do que o nominal.
Não entendi o que os salários dos funcionários tem de tão decisivo no preço das mercadorias. De forma geral, o preço das mercadorias é dado pela lei da oferta e da demanda; não é dado de acordo com o salário que os empresários que as produzem/vendem pagam a seus funcionários. (Claro que esses representam um custo de produção que será repassado no preço; mas são apenas um dos muitos custos de produção).

Citar
Não dá para afirmar que o dinheiro estaria em "melhores mãos" com os empresários do que com os trabalhadores. Os trabalhadores costumam gastam uma fatia maior do que ganham em bens de consumo do que os empresários, já que o salário baixo deixa poucas "sobras" para poupar. O resultado disso em nível global é o aumento da circulação do dinheiro na economia e da demanda efetiva, o que incentiva novos investimentos para o aumento da produção (com mais empregos) da economia.

Redução dos custos com mão-de-obra não necessariamente conduz a uma ampliação da demanda por mais mão-de-obra, já que o empresário pode ter aumento imediato do lucro sem precisar aumentar a produção e considerando que a renda média dos trabalhadores se reduzirá bastante => redução do mercado consumidor.

[...]

Em termos macroeconômicos, não faz muita diferença se o dinheiro fica nas mãos dos empresários ou dos trabalhadores. Nas mãos dos primeiros, podem ser investidos (caso a demanda efetiva global os encoraje a isso, o que não é muito de se esperar em um cenário de redução da renda média das pessoas) ou consumidos (aumentando a demanda efetiva, gerando empregos e rendas). Nas mãos dos trabalhadores o dinheiro mais seguramente será consumido (o que aumenta a demanda efetiva global, incentivando novos investimentos). Em suma: não faz muita diferença, em termos macroeconômicos, se é o empresário ou o trabalhador que vai gastar o dinheiro.
Quem falou sobre o dinheiro estar em "melhores mãos" com os empresários ou com os empregados? A questão não é em qual mão está o dinheiro, mas sim o fato de o dinheiro ser forçado a tomar um caminho diferente daquele que tomaria em um sistema de preços livre. Esse é o ponto. O preço do produto está sendo distorcido pela política de salários.

Eu não sei se você discorda de o sistema de preços ser o único adequado na alocação de recursos disponíveis de acordo com o oferta e a demanda, ou sobre o preço servir de sinal para os agentes econômicos investirem justamente nos produtos/serviços para os quais mais há demanda. Se discorda, podemos falar sobre isso.

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Isso se torna relevante se a oferta de vagas fosse maior ou pelo menos próxima da oferta de trabalhadores, o que está MUITO longe da realidade.
Só se for aquela realidade onde não se pode criar empresas nem fechar contratos livremente.

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O próprio fato de haver um produto (seres humanos) que não pode ter sua oferta reduzida frente a preços baixos contraria a lei que diz que a oferta tende a diminuir quando os preços são baixos. Ou seja, estamos trabalhando com uma situação atípica, onde o mercado sozinho não trás resultados satisfatórios como normalmente traria caso não houvesse essa atipia.
Não há nada de atípico aí, você está completamente enganado ao falar que a "oferta de mão de obra não pode ser reduzida". E mesmo que estivesse certo, daí tampouco seguiria que a solução para isso seria a imposição de um salário mínimo.

Vejamos novamente: se você acha que a oferta de mão de obra não pode ser reduzida frente a preços baixos responda por que existem empregos que remuneram bem mais do que o salário mínimo. Por que um funcionário do McDonald's dos EUA ganha aproximadamente dez mil dólares anuais e não apenas $ 50 mensais, ou menos? Por que ninguém conseguiria engraxar os sapatos a R$ 0,01? De acordo com o que você diz, tais coisas seriam possíveis, já que todos esses trabalhadores não reduziriam a oferta de seus serviços frente a uma queda em suas remunerações. Nenhum deles pensaria em pedir demissão ou abandonar a flanela e procurar algo melhor. Uma ótima oportunidade para os empresários economizarem dinheiro.

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Ademais, o fato de haver países mais pobres do que o Brasil com salários mínimos bem maiores (e padrão de vida também) mostra que o salário mínimo não é essa pedra de tropeço para a economia e a qualidade de vida como vocês tentam colocar.

Na verdade não se trata apenas de salário mínimo, mas também das milhões de obrigações trabalhistas que o acompanham. No caso do Brasil, essas me parecem muito mais perniciosas do que o salário mínimo isoladamente.

Eu desconheço detalhes sobre os países de que você fala, de modo que não tenho como falar a respeito. Mas não tenho por que acreditar que lá vigore uma lógica econômica diferente da que foi apresentada aqui, e que uma ocasional aparição de salários mínimos altos juntamente com padrões de vida altos, em alguns desses países, não pudesse ser explicada e não estar em contradição com o que eu disse.

Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #203 Online: 16 de Abril de 2009, 17:13:39 »
Ademais, o fato de haver países mais pobres do que o Brasil com salários mínimos bem maiores (e padrão de vida também) mostra que o salário mínimo não é essa pedra de tropeço para a economia e a qualidade de vida como vocês tentam colocar.

Quando você fala nesses países pobres, DDV, você se refere aos países com um PIB e/ou IDH menores do o do Brasil?

Porque há países com IDH maior que o brasileiro, só que com PIB menor. E vice-versa.

O principal medidor da riqueza é a renda per capita (não o PIB), enquanto o principal medidor da qualidade de vida é o IDH. Há alguns países aqui na América Latina (como Argentina e Chile) que possuem rendas per capita menores que a brasileira (se não me engano), porém salário mínimo e IDH maiores. A Argentina chega até a ter mais corrupção do que o Brasil (segundo a Transparência Internacional), embora as coisas lá pareçam funcionar bem melhor.

Qianto ao rsto eu não sei... não sei se isso são exceções... só alguém com mais disposição postando dados para coirroborar ou não isso.

A conclusão parcial a qual eu chego é que salário mínimo não atrapalha a economia ou a qualidade de vida de um país, parecendo na verdade melhorar. Na verdade, o único obstáculo a um salário mínimo maior no Brasil, na atualidade, é a situação da Previdência Social.
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Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #204 Online: 16 de Abril de 2009, 18:05:40 »
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Você está dizendo que ser muito produtivo implica necessariamente em ser pouco ofertado. Em outas palavras, a produtividade varia inversamente com a oferta.

Está dizendo então que, se em uma determinada localidade existem 1000 trabalhadores sem qualificação que conseguem limpar 2 casas por dia em média, e se de repente passar a haver 2000 trabalhadores sem qualificação no local (devido à imigração), eles passarão a poder limpar menos de 2 casas por dia em média. É isso?
Para usar este mesmo cenário, quis dizer que o serviço de limpar casas passa a ser menos rentável à medida que mais gente esteja disponível para realizá-lo. É exatamente como um produto que se torna mais abundante, seu valor decresce. Pode-se dizer que limpar casas não é mais uma atividade tão produtiva quanto antes, não produz mais tanta renda quanto antes. Falar inglês fluente produz mais aqui (por ser mais rentável) do que nos EUA.

Produzir = gerar renda. Ser superprodutivo = render bastante. Daí que nada pode, por muito tempo, ser muito rentável (muito produtivo) e muito ofertado, a excessiva oferta tende a pressionar o preço para baixo rapidamente. Na sua mensagem anterior, você falou que em um mercado livre pode ocorrer de uma atividade superprodutiva ser pouco remunerada. Isso não faz sentido.


Você está misturando os conceitos "produtividade" e "rentabilidade". Estou me referindo apenas à produtividade, que á a quantidade de bens ou serviços que um trabalhador consegue produzir em um determinado tempo, independente do preço/valor dos mesmos.Essa quantidade de bens ou serviços que um trabalhador consegue produzir em um determinado tempo (a qual o empresário demanda) não diminui se a oferta de trabalhadores aumentar, apenas dá mais opções ao empresário, de modo que ele poderá adquirir essa mesma produtividade por um preço (salário) menor.


Citação de: Herf
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Na verdade, o salário real é determinado pelos empresários quase sempre. Por quê? Porque são eles que controlam os preços. Se um determinado nível de salário nominal for considerado alto demais pela maioria dos empresários, os preços de seus produtos irão subir de forma que o salário real se mantenha como antes. Quando pequenas elevações do salário nominal (como o salário mínimo) não constituem problema muito grande para o capital de giro dos empresários, mas apenas reduz um pouquinho seus lucros, os preços não costumam subir muito (a concorrência dos empresários que aceitam margens menores de lucros impede isso) e o salário real se eleva de fato, embora geralmente menos do que o nominal.
Não entendi o que os salários dos funcionários tem de tão decisivo no preço das mercadorias. De forma geral, o preço das mercadorias é dado pela lei da oferta e da demanda; não é dado de acordo com o salário que os empresários que as produzem/vendem pagam a seus funcionários. (Claro que esses representam um custo de produção que será repassado no preço; mas são apenas um dos muitos custos de produção).~

Correto, são apenas um dos custos de produção, que se por acaso tornarem-se excessivos (devido a um salário mínimo nominal muito alto para a realidade local), os empresários naturalmente aumantarão seus preços de modo que o salário real (o "poder de compra" do trabalhador) se manterá como antes, restabelecendo o equilíbrio.

Em resumo: o salário real é determinado mais pelos empresários e pelo mercado do que pelo governo ou sindicatos, de modo que os aumentos do salário nominal ou as resistências à sua redução não constituem obstáculos para os negócios ou a economia como os ultraliberais costumam  colocar.

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Não dá para afirmar que o dinheiro estaria em "melhores mãos" com os empresários do que com os trabalhadores. Os trabalhadores costumam gastam uma fatia maior do que ganham em bens de consumo do que os empresários, já que o salário baixo deixa poucas "sobras" para poupar. O resultado disso em nível global é o aumento da circulação do dinheiro na economia e da demanda efetiva, o que incentiva novos investimentos para o aumento da produção (com mais empregos) da economia.

Redução dos custos com mão-de-obra não necessariamente conduz a uma ampliação da demanda por mais mão-de-obra, já que o empresário pode ter aumento imediato do lucro sem precisar aumentar a produção e considerando que a renda média dos trabalhadores se reduzirá bastante => redução do mercado consumidor.

[...]

Em termos macroeconômicos, não faz muita diferença se o dinheiro fica nas mãos dos empresários ou dos trabalhadores. Nas mãos dos primeiros, podem ser investidos (caso a demanda efetiva global os encoraje a isso, o que não é muito de se esperar em um cenário de redução da renda média das pessoas) ou consumidos (aumentando a demanda efetiva, gerando empregos e rendas). Nas mãos dos trabalhadores o dinheiro mais seguramente será consumido (o que aumenta a demanda efetiva global, incentivando novos investimentos). Em suma: não faz muita diferença, em termos macroeconômicos, se é o empresário ou o trabalhador que vai gastar o dinheiro.
Quem falou sobre o dinheiro estar em "melhores mãos" com os empresários ou com os empregados? A questão não é em qual mão está o dinheiro, mas sim o fato de o dinheiro ser forçado a tomar um caminho diferente daquele que tomaria em um sistema de preços livre. Esse é o ponto. O preço do produto está sendo distorcido pela política de salários.

Da mesma forma, o dinheiro toma um caminho diferente daquele que tomaria caso a oferta de pessoas pudesse ser reduzida.

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Eu não sei se você discorda de o sistema de preços ser o único adequado na alocação de recursos disponíveis de acordo com o oferta e a demanda, ou sobre o preço servir de sinal para os agentes econômicos investirem justamente nos produtos/serviços para os quais mais há demanda. Se discorda, podemos falar sobre isso.

É claro que eu concordo que o sistema de preços livres é o melhor determinante da alocação de recursos, desde que algumas condições mínimas sejam atendidas, de modo que a economia seja a mais "capitalista" possível. Ex:

1- Ausência de monopólios, monopsônios, oligopólios, oligopsônios, cartéis e trustes.

2- Ausência de obstáculos, tarifários ou não, à produção ou comercialização de alguns produtos em detrimento de outros.

3- Liberdade ou possibilidade de qualquer agente econômico reduzir ou abandonar a oferta de um determinado produto/serviço e buscar outras opções caso a primeira não não tenha preços mínimos satisfatórios. Idem para o aumento de oferta, mutadis mutandi.

Essa possibilidade 3 não existe para os trabalhadores sem qualificação (ou até mesmo com alguma qualificação) que não posuem nenhum meio de produzir sozinho suas necessidades básicas (como terra, por exemplo): não existe nenhum meio deles abandonarem o seu "ramo de atividade" (força de trabalho) ou reduzirem sua oferta, procurarando alguma outra opção frente a preços insatisfatórios do mesmo (pelo menos por muito tempo).

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Vejamos novamente: se você acha que a oferta de mão de obra não pode ser reduzida frente a preços baixos responda por que existem empregos que remuneram bem mais do que o salário mínimo. Por que um funcionário do McDonald's dos EUA ganha aproximadamente dez mil dólares anuais e não apenas $ 50 mensais, ou menos? Por que ninguém conseguiria engraxar os sapatos a R$ 0,01? De acordo com o que você diz, tais coisas seriam possíveis, já que todos esses trabalhadores não reduziriam a oferta de seus serviços frente a uma queda em suas remunerações. Nenhum deles pensaria em pedir demissão ou abandonar a flanela e procurar algo melhor. Uma ótima oportunidade para os empresários economizarem dinheiro.

Isso ocorre porque a economia americana (a exemplo da economia dos demais países desenvolvidos) possui um imenso mercado interno (leia-se: demanda efetiva interna), que garante quase sempre uma oportunidade de investimentos que demandam mão-de-obra. O fato desses países terem uma demanda efetiva interna forte enquanto o Brasil ainda não (dependendo ainda muito de exportações) pode ser explicado por muitos fatores históricos que não estou muito disposto a discutir agora.

Alguns exemplos desses fatores seriam:

1- Formas plenamente "capitalistas" de trabalho de longa data (ao contrário do Brasil, principalmente nas regiões Norte-Nordeste, onde formas semi-feudais de trabalho ainda prediminavam a relativamente pouco tempo),

2-Reforma agrária e/ou muita disponibilidade de terras para trabalhadores (no Brasil, isso só ocorreu, de forma MUITO incipiente, na região sul),

3-Proteção às atividades nacionais por parte do governo, pelo menos em algum período (A Inglaterra foi a única exceção à essa regra por ter sido o primeiro país a se industrializar e portanto não ter concorrentes).

4- Governos não excessivamente oligarcas e justiça não excessivamente/escrachadamente favorecedora dos mais ricos

5- Religião protestante/cultura ou mentalidade progressista e nacionalista

Etc.

É claro que as atividades voltadas à exportação podem empregar e pagar bem, porém (tirando fora os riscos maiores de ficar sem mercado consumidor devido a diversos fatores contigentes), as atividades exportadoras costuma ser atividades mais competitivas, que empregam pouca mão-de-obra sem qualificação em comparaçção com as atividas não-exportadoras.
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Re: Soma zero
« Resposta #205 Online: 18 de Abril de 2009, 09:58:24 »
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A Argentina chega até a ter mais corrupção do que o Brasil (segundo a Transparência Internacional), embora as coisas lá pareçam funcionar bem melhor.

Eu posso assegurar que a Argentina não funciona 'bem melhor' do que o Brasil. Acontece que é menor, a estrutura turística de Buenos Aires é muito boa, como cidade realmente funciona, mas a Argentina como país é mais corrupta do que o Brasil (e olha é que briga de gigantes nesse quesito, hehehhe)

Por exemplo, lá seuer o sistema de Correios funciona de forma decente. Agora sim, se for olhar a limpeza das ruas de Buenos Aires, funciona; assim como é de primeiro mundo a estrutura da região da Paulista, se comparada com o resto do Brasil...
--
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Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #206 Online: 19 de Abril de 2009, 10:45:35 »
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A Argentina chega até a ter mais corrupção do que o Brasil (segundo a Transparência Internacional), embora as coisas lá pareçam funcionar bem melhor.

Eu posso assegurar que a Argentina não funciona 'bem melhor' do que o Brasil. Acontece que é menor, a estrutura turística de Buenos Aires é muito boa, como cidade realmente funciona, mas a Argentina como país é mais corrupta do que o Brasil (e olha é que briga de gigantes nesse quesito, hehehhe)

Por exemplo, lá seuer o sistema de Correios funciona de forma decente. Agora sim, se for olhar a limpeza das ruas de Buenos Aires, funciona; assim como é de primeiro mundo a estrutura da região da Paulista, se comparada com o resto do Brasil...

Fzapp (você é JCatino? :)), tenho uma curiosidade ainda não satisfeita: porque a Argentina, apesar de ser mais pobre e mais corrupta do que o Brasil, parece ter um padrão de vida médio melhor?  :?:

A não ser, claro, que eu esteja enganado e o padrão de vida médio lá não seja maior do que o brasileiro.
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Re: Soma zero
« Resposta #207 Online: 19 de Abril de 2009, 17:06:42 »
DDV

Sou um frequentador da argentina.
Existe uma percepção que vivem melhor porque BsAs é maravilhosa. Parques para todo lado, cafés, ruas bem cuidadas, e essa imagem marca muito.
Mas em BsAs a coisa já é brava. Carros velhos, muita gente sem emprego, salário baixo comparando-se com a maior parte dos países da américa latina, os preços dos imóveis disparando.. e o governo adora mudar a regra do jogo no meio do jogo.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Herf

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Re: Soma zero
« Resposta #208 Online: 19 de Abril de 2009, 23:58:53 »
DDV,

A oferta do "produto ser humano" pode sim ser reduzida, como sempre o é. Mas percebo onde está o seu engano, e já tratei de observá-lo: que "a oferta do produto ser humano possa ser reduzida" não significa que se possa "eliminar humanos" (como você imagina), mas sim que a oferta de pessoas para uma dada atividade pode decrescer à medida que existam outras que remunerem mais. Você desconsidera que as diferentes "áreas" compitam entre si pela mão de obra. Simples lei de oferta e demanda.

Não precisa complicar. A explicação para um virador de hambúrgueres norte-americano, europeu ou japonês ganhar mais que seus colegas do terceiro mundo é simples: o "piso" de um funcionário de lanchonete de país rico é alto (comparado com o daqui) pois do contrário ele achará mais rentável ir para uma outra atividade que remunere bem, e em países ricos elas abundam, existem em quantidade muito maior do que em países pobres (alguns dos fatores históricos/sociológicos que você apontou servem para explicar porque tais países são ricos). Daí se diz que empresários do ramo de fast-food devem competir não apenas com seus rivais do mesmo ramo pelos consumidores, mas também com todos os outros dos demais ramos pela oferta escassa de mão de obra.

O mesmo vale para qualquer outro cenário de mercado livre. Pode imaginar os empregos mais mal remunerados que você conseguir. Corte de cana, talvez. Cortadores de cana recebem R$ X por tonelada cortada. Se pergunte o motivo de não lhes pagarem X/10, X/20 ou X/100 ou qualquer coisa abaixo disso, indefinidamente pequena - é o que se esperaria ver em um cenário hipotético onde "a oferta de mão de obra não descresce com a redução da remuneração". Mesmo aqueles que escapam da legalidade e oferecem condições de trabalho abaixo das exigidas pelo estado estão submetidos a esta lei. Ou tente novamente: por que empregos que remuneram mais do que o salário mínimo são a maioria nas cidades desenvolvidas?
« Última modificação: 20 de Abril de 2009, 00:02:41 por Herf »

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Re: Soma zero
« Resposta #209 Online: 20 de Abril de 2009, 00:09:38 »
DDV

Sou um frequentador da argentina.
Existe uma percepção que vivem melhor porque BsAs é maravilhosa. Parques para todo lado, cafés, ruas bem cuidadas, e essa imagem marca muito.
Mas em BsAs a coisa já é brava. Carros velhos, muita gente sem emprego, salário baixo comparando-se com a maior parte dos países da américa latina, os preços dos imóveis disparando.. e o governo adora mudar a regra do jogo no meio do jogo.
Mais ou menos como veêm o RJ lá fora... lembra quando proibiram o Counter-Strike por causa do mapa cs_rio? :biglol:

Offline FZapp

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Re: Soma zero
« Resposta #210 Online: 20 de Abril de 2009, 07:19:11 »
(...)

Fzapp , tenho uma curiosidade ainda não satisfeita: porque a Argentina, apesar de ser mais pobre e mais corrupta do que o Brasil, parece ter um padrão de vida médio melhor?  :?:

A não ser, claro, que eu esteja enganado e o padrão de vida médio lá não seja maior do que o brasileiro.


DDV, o que respondeu Agn está correto. É a mesma impressão que um estrangeiro que venha trabalhar na Paulista e se hospedar num bão hotel da região, vai achar tudo de primeiro mundo !

E além de Buenos Aires tem o resto da Argentina, que está num patamar mais baixo ainda, economicamente falando.
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Offline DDV

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Re: Soma zero
« Resposta #211 Online: 20 de Abril de 2009, 17:48:50 »
(...)

Fzapp , tenho uma curiosidade ainda não satisfeita: porque a Argentina, apesar de ser mais pobre e mais corrupta do que o Brasil, parece ter um padrão de vida médio melhor?  :?:

A não ser, claro, que eu esteja enganado e o padrão de vida médio lá não seja maior do que o brasileiro.


DDV, o que respondeu Agn está correto. É a mesma impressão que um estrangeiro que venha trabalhar na Paulista e se hospedar num bão hotel da região, vai achar tudo de primeiro mundo !

E além de Buenos Aires tem o resto da Argentina, que está num patamar mais baixo ainda, economicamente falando.


Entendi, realmente superestimei o padrão de vida argentino...mas eu estava me referindo a isso http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano, que continua maior que o brasileiro mesmo com as graves crises econômicas pelas quais a Argentina passou nos últimos anos...a diferença já foi bem maior, embora o Brasil sempre tenha sido mais rico, ao que eu saiba...
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Re: Soma zero
« Resposta #212 Online: 15 de Junho de 2009, 20:15:07 »
DDV,

A oferta do "produto ser humano" pode sim ser reduzida, como sempre o é. Mas percebo onde está o seu engano, e já tratei de observá-lo: que "a oferta do produto ser humano possa ser reduzida" não significa que se possa "eliminar humanos" (como você imagina), mas sim que a oferta de pessoas para uma dada atividade pode decrescer à medida que existam outras que remunerem mais. Você desconsidera que as diferentes "áreas" compitam entre si pela mão de obra. Simples lei de oferta e demanda.

Aqui você confunde "oferta" com "vendas".

Quando falamos em oferta de aço, estamos falando de um único produto, independente da destinação que será dada ao mesmo pelo comprador. A oferta de aço é a quantidade total do mesmo posto à venda e ponto.

As vendas realizadas, porém, só ocorrerão dentro da margem de preços definida pelo mercado. Obviamente que não ocorrerão vendas tanto para preços muito abaixo do mercado (por decisão do vendedor) quanto para preços muito acima do mercado (por decisão do comprador). Não confunda OFERTA com VENDA.

Igualmente, a quantidade TOTAL de trabalhadores desqualificados é a oferta de trabalhadores. Essa oferta ajuda a definir o preço. Obviamente, as "vendas" (contratações) só ocorrerão dentro da margem de preços (salários) definida pelo mercado. Se alguns compradores (atividades) quiserem comprar (contratar) aço (trabalhadores) a preços abaixo do definido pelo mercado (na qual a oferta tem papel essencial), as vendas (contratos) não ocorrerão. O mesmo se aplica a preços acima da margem definida pelo mercado.


Quando você diz "a oferta para dada atividade diminui", você quis dizer "as vendas para dada atividade diminui". A oferta total é a mesma, e é éssa oferta total de pessoas (que não pode ser diminuida) que possui papel na definição dos preços de venda.


  

 




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