Não é proporcional porque a taxa do IR aumenta com o aumento da renda. Quem ganha até mil reais por mês não paga nada; um pouco acima paga uns 12% e se ganha mais de 3.500 já paga 27% (posso estar errado na estimativa dos valores e alíquotas, mas não muito). A diferença é imensa. Seria proporcional se a alíquota do imposto de renda fosse o mesmo para todos.
Vc tem razão que individualmente não é porporcional, e isso faz parte da política de distribuição de renda, o que para mim está correta, deve ter distorções (afinal isso é Brasil) que devem ser corrigidas, mas no seu princípio está certo. Mas a soma da contribuição de todos os impostos das classes ricas e a soma de todos os impostos das classes pobres (uma vez que tem muito mais pobres que ricos) é que eu quero ver a conta. E eu duvido-de-ó-dó que a porcentagem do imposto pago pela população pobre é retornada para ela na mesma proporção no ensino superior. Veja que os alunos oriundos da escola pública na universidade pública é em torno de 10% (se alguém sou ber a porcentagem exata ... me corrija) o que claramente está muito abaixo da porcentagem do total de impostos pagos pela classe social a que esses alunos pertencem. Além do mais tem os outros impostos sobre o consumo e demais atividade que pega todo mundo indiscriminadamente.
gilberto, o que você diz aqui poderia ser resumido nos seguintes pontos:
1- A relação pagamento de impostos/usufruto de serviços públicos é maior para a classe média e os ricos do que os pobres. Sendo mais específico (com relação à educação): os ricos/classe média consomem mais serviços de educação pública do que os pobres, em uma quantidade bem maior do que os impostos que pagam.
2- Existe um "roubo" com relação ao ensino superior: há alguma política, deliberada ou não, que IMPEDE que os pobres entrem em universidade pública, privilegiando os ricos, e POR CULPA dos ricos (já que estariam "roubando" as vagas dos pobres). Os ricos devem ser de alguma forma "punidos" ou reprimidos por estarem "tomando" as vagas dos pobres nas faculdades públicas.
3- O fato do ensino público ser ruim é culpa dos ricos e da classe média, logo, esses devem ser de alguma forma "punidos" (sendo preteridos de forma artificial na admissão às universidades públicas) por terem optado por pagar do próprio bolso algo que o governo DEVERIA suprir (com os impostos que pagam) e não supre, que é um ensino público que preste.
4- O fato das escolas particulares (que a classe média e ricos optaram por pagar do próprio bolso para suprir algo que deveria ser suprido pelo governo) terem qualidade superior é algo RUIM, INACEITÁVEL, pois impede que as pessoas que estudem em escolas públicas (de qualidade inferior) tenham acesso às universidades na concorrência com as mesmas. Portanto, devemos de alguma forma "punir", reprimir, tolher ou limitar as pessoas que TÊM mais conhecimentos decorrentes de estudao em uma escola de melhor qualidade, paga com o dinheiro do próprio bolso, pelo fato destas escolas lhes proporcionarem algo que o governo DEVERIA lhes proporcionar e não faz.
Gostaria então que você explicasse (ou fizesse contraposição) à esses pontos aparentemente deduzíveis de seus posts.
Eu repito: ESTÃO ROUBANDO OS IMPOSTOS DOS POBRES PARA PAGAR A FACULDADE PÚBLICA PARA OS RICOS!!!
2 pressupostos aqui:
1- Os impostos pagos pelos ricos ou classe média não seriam suficientes para cobrir o custo que dão em uma universidade pública, enquanto os impostos pagos pelos pobres são.
2- Há alguma política deliberada, artificial, que impede os pobres de entrarem nas universidades e favorecem os ricos (Ex: na correção das provas, na matrícula, etc) ou...
3-... os ricos ou a classe média são culpados pela má qualidde do ensino público,
4- ...ou estão errados (e merecem punição) em tentar pagar do próprio bolso algo que o governo não supre (embora devesse suprir),
5- ..ou a qualidade superior do ensino particular é algo ruim e indesejável, de forma que devemos punir os oriundos de escola particular que têm mais conhecimentos, ou eliminar/reduzir o peso do conhecimento na admissão à universidade em prol de outros fatores (como raça, renda, aparência, origem, religião, filiação partidária, passado, etc).
Pessoal, eu não quero ser chato, apontando o dedo na cara de ninguém, mas não adianta querer achar desculpas para essa injustiça. E injustiça não se corrige com bla bla bla e nem filosofia, tem que fazer na prática ... as cotas são uma prática para corrigir isso ... se tiver outra melhor ... melhor ... mas se não ... não adianta ser só do contra ...
Além do mais a característica de qualquer serviço público é ser universal (com a possível excessão dos serviços estratégicos), e é mais que evidente que o acesso às universidades públicas se mostrou historicamente não universal, privilegiando seguidamente uma pequena e já privilegiada classe social.
Então, QUALQUER pessoa que terminou o ensino médio poderpa ingressar livremente em uma universidae pública (é isso que eu entendo como "universal").
Porém, as vagas são muito limitadas, sabemos disso (os porquês não são importantes para discurtirmos agora). Não dá para o acesso à universidade pública seja universal. Logo, deverá haver algum critério para o acesso às mesmas. Não consigo imaginar outro critério além do conhecimento ou habilidade (alguém consegue imaginar outro?).
O que sobra então para ser discutido são os porquês de algumas pessoas terem mais condições de obter conhecimentos e desenvolver mais habilidades do que outras, mas acho que podemos concordar que isso é um problema para ser resolvido
fora da universidade, cabendo à mesma unicamente selecionar os que possuem mais conhecimentos ou habilidades, independente de como ou onde obtiveram.
Eu não sei de outra solução a curto prazo factível (tanto tecnicamente quanto politicamente), mas só deixando quem tá tentando solucionar o problema tentar para sabermos, como ninguém tá apresentando uma proposta alternativa, pq detonar?
Porque as cotas são mais ou menos assim: você aleija uma pessoa e depois obriga uma terceira pessoa a carregar o aleijado, transferindo para ela um ônus que não é dela, que não foi ela quem causou, mas sim você. A mesma coisa o governo faz com os estudantes oriundos de escola particular.
Além do mais, as cotas serão o golpe de misericórdia na educação pública, pelos seguintes motivos: as pessoas estudam com o objetivo de terem acesso à uma boa universidae, para terem profissões melhores e mais lucrativas no futuro (as exceções à essa regra são insignificantes demais para serem consideradas). Com as cotas, não é mais necessário que o ensino público seja bom, pois as pessoas oriundos do mesmo terão vaga cativa nas universidaes sem precisarem concorrer com o ensino particular. Logo, não é mais necessári melhorar o ensino público.
Peça a uma pessoa comum (as pessoas "normais", que votam e tal) pra responder rapidamente: "porque o ensino público precisa ser bom?" Ela responderá "para termos uma chance de entrar numa faculdade pública boa e termos uma boa profissão". Mas as cotas já permitem esse acesso sem precisar o ensino ser bom, logo...
Agora não sei porque tanta revolta contra cotas. Pelo que sei as cotas são proporcionais (ou deveriam ser) a porcentagem da população. Até onde eu sei ninguém está querendo propor cotas maiores para o seu grupo do que a sua representatividade na população. A cota não cria injustiça a princípio, pois se implantada apenas vai assegurar que cada segmento da população esteja proporcionamente assistido pelos serviços públicos. A princípio também, com as cotas, um aluno da escola particular teria a mesma relação candidato/vaga que os alunos da escola pública no vestibular. O que está errado é a distorção atual. Para as eleições existe uma cota de 30% dos candidatos serem mulheres, e ninguém protesta contra essa cota (que é até menor que os 50% das mulheres). Na Argentina a cota é para as mulheres serem eleitas e não serem candidatas, o que é o mais correto, pois não adianta nada um partido colocar mulheres para disputar e não dar condições a elas, só para estarem dentro da cota.
Desculpa aí de novo pessoal, mas cota proporcional não cria injustiça. Podemos criticar que as cotas ingessam, tiram a flexibilidade e o caráter expontãneo, etc e tal. Mas se há um setor da sociedade que com liberdade de atuação apresenta um grave desequilíbrio, o governo e a sociedade em geral tem é mais que acabar com a mamata mesmo .... Eu não acho que no Brasil precisa de cotas raciais (a não ser em setores onde possa haver uma desigualdade de raças, como parecer ser o da moda, artistas de tv, etc), pq acho que aqui o problema é mais econômico mesmo, sem falar que com a nossa miscigenação ninguém tem uma raça ou etnia bem definida. Eu sou negro, oriental, índio e europeu ao mesmo tempo.
Se não me engano, a proporção de portugueses entre os donos de padaria é maior do que entre a população geral no Brasiul, o mesmo vale para a proporção de negros entre velocistas/jogadores de futebol/jogadores de basquete, a proporção de orientais entre estudantes de exatas/jogadores de ping-pong, a proporção de homens entre militares/pedreiros/engenheiros/enxadristas, a proporção de mulheres entre enfermeiras/babás/pedagogas/assistentes sociais...e por aí vai.
Há também uma proporção de mulheres negras entre as esposas de negors ricos MUITO abaixo da proporção de mulheres negras na população em geral.
O que acham? Não é injusto? Devemos fazer justiça, implantando cotas caso a caso e acabvando com esses roubos e mamatas?