Autor Tópico: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas  (Lida 14169 vezes)

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Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #100 Online: 25 de Maio de 2009, 23:39:54 »
[modo nazista on]

Pra quê manter o ensino superior no Brasil melhor que o secundário? Nosso povo não merece mesmo. Merece perecer na mão de profissionais mal formados...

A grande maioria do povo brasileiro quer ganhar de graça? Então que não reclame da cor dos dentes do cavalo... vai ter médico matando criança por overdose de Dipirona, vai ter prédio desabando... um povo que cultua um presidente que diz que "é preciso usar a água do reservatório de Itaipu pra irrigar o nordeste antes que sol a consuma" merece isso mesmo.

[modo nazista off]

"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #101 Online: 26 de Maio de 2009, 02:10:02 »
É pessoal, eu vou insistir um pouco mais nesse assunto para ver até onde chegamos. Para mim vcs (os que estão muito contra as cotas) estão sobre argumentos muito errados. Vamos ver alguns argumentos mais detalhadamente (se alguém ainda tiver saco).

1 - Vcs estão dizendo que os alunos das escolas públicas que entraram por sistemas de cotas ou políticas de inclusão semelhantes nas universidades públicas não estão tendo bom aproveitamento nessas universidades, e que isso significa o despreparo dos alunos oriundos dessa forma, e a ineficiencia de politicas desse tipo.

Ok, é uma forma de ver. Eu já vejo também de outra forma.

Para mim realmente políticas como essa por si só não é a salvação da lavoura, mas acho que a culpa é menos desses alunos e mais do despreparo das ditas universidades públicas que sequer se prepararam para receber os novos alunos. Vou bater forte agora hein. As ditas universidades receberam o dinheiro $$$ para ensinar esses alunos, os tais professores que são o top do país receberam o dinheiro para ensinar os alunos, e esses demonstraram a mesma incompetência como instituição de ensino para esses alunos que as escolas públicas que vcs tanto criticam aqui??? Prefiro apontar a incompetência da universidade pública que tem autonomia universitária, a maior verba percapita por aluno, etc e etc, do que só dizer que os alunos das escolas públicas é que não se adaptaram a universidade pública. Que picaretagem pessoal, quem diz que tem mais competência e recebe muita grana pública para isso é que tem a maior responsabilidade (e deve ser cobrado para isso) de resolver o problema. Tá vendo até onde podemos chegar com essa conversa nazista de simplesmente se ferre quem não tá nem aí. O discurso pode voltar contra, e o pior, com razão. Eu não sou a favor de simplesmente apontar os culpados de lá ou de cá, por isso repensem (é nesse sentido que eu te disse Nina) o discurso preconceituoso de vcs (estamos no século XXI pessoal).

Realmente a universidade é incompetente na formação dos alunos, só quer os mais aptos dentre os com ensino médio, tudo mastigadinho, facinho, alunos com alta aptidão escolar. Enquanto isso, há uma grande quantidade de analfabetos que são completamente excluídos da discussão. Por que o analfabeto não deve ter direito ao ensino superior?

Essa questão continuará sendo abafada enquanto discutem a picuinha sobre se devem ser aceitos ou não aqueles já privilegiados com ensino médio completo, dependendo de terem passado no vestibular ou não, ou de terem passado entre os melhores versus se abdicar de alguns dos melhor preparados por alguns que não conseguiram passar no vestibular, ou que passaram com menor qualificação. É praticamente o partido nazista discutindo se os arianos de modo geral são bons ou só os nórdicos é que são os melhores, nunca considerando a hipótese da igualdade entre todas as raças.



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2 - vcs estão apontando todos os problemas das cotas. Agora pergunto eu, as universidades públicas nesse tempo todo de bonança e grana certa se mexeram objetivamente para procurar resolver essas disparides na origem dos seus alunos?? Tem alguém, algum governo, ou instituição que está realmente atacando esse problema??? Até onde eu sei não.

Que problema? Nos países de maioria euroíndia esmagadora, estariam passando por uma crise educacional por falta de outras origens continentais nas faculdades, aventando serem necessárias políticas de imigração para que entrassem afroíndios e ameríndios nas faculdades? Ou, no caso de cotas sociais, os países ricos estão também promovendo a imigração de alunos de países pobres, mesmo que com menor aptidão, por falta de alunos pobres?

Haveria um problema se as pessoas sofressem discriminação racial ou social, sendo impedidas de entrar na faculdade por esse critério. O que não era o caso até há alguns anos, mas agora está sendo posto em prática.



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Como já disse no estado de SP parece que há um projeto de valorização do ensino básico realmente interessante, mas acho que é uma excessão da excessão. É verdade que são as mesmas pessoas que implantaram a avaliação do ensino superior e o provão, o que me anima. Agora diante de toda essa inoperâcia e folga das universidades públicas frente ao, repito "roubo dos impostos dos alunos das escolas públicas" (estamos em um fórum, ninguém aqui vai se ofeder né), vem um pessoal (nem sei quem são, se são demagogos, despreparados, aproveitadores, etc) e fala mais ou menos assim, "já que essas universidades públicas não fazem nada, nós vamos fazer, vamos exigir a nossa cota", e aí vem uma multidão dizer, "não, isso não é bom, não é o ideal, etc e etc". Pessoal, eu respeito todos, mas sinceramente acho isso uma hipocrisia.

Hipocrisia é quando alguém defende uma postura enquanto pratica outra. Essas pessoas que criticam as cotas estariam se beneficiando de cotas?



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3 . Quem realmente tem propostas melhores que as cotas tem o direito de trabalhar para tentar resolver os problemas da forma que achar melhor, mas tem que arregaçar as mangas e não essa folga que é hoje. As universidades públicas deveriam não só ficar fazendo estudos das mazelas do ensino básico e da disparidade social da representação dos seus próprios alunos. Elas tem que assumir a responsabilidade de em X anos melhorar Y%, assumir metas, etc, etc. Se as universidades públicas não querem medidas drásticas impostas como cotas, elas tem que mostrar a competência de fazer melhor. Porque repito na minha frase de efeito, "estão roubando os impostos das famílias dos alunos das escolas públicas".

As universidades tem, então, que se expandir e oferecer cursos gratuitos do ensino médio, básico e pré-escolar. Já que, ao que parece, o povo está certo em, em vez de arregaçar as mangas exigir melhor ensino médio, simplesmente exigir menores padrões de aceitação nas faculdades, até mesmo implicando na exclusão dos melhor preparados.

É interessante lembrar que isso nem é uma espécie de clamor do povo. É uma manipulação de políticos populistas safados e inescrupulosos.

Atheist

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #102 Online: 27 de Maio de 2009, 19:34:25 »
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É interessante lembrar que isso nem é uma espécie de clamor do povo. É uma manipulação de políticos populistas safados e inescrupulosos.

Perfeitamente. Clama por isso muitos que não estão dispostos a estudar o suficiente para passar, tendo que disputar de igual para igual com o japa ao lado...

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #103 Online: 27 de Maio de 2009, 22:48:59 »
Embora acho que tenham sim os mais "safados", ou meramente oportunistas, acho que as duas maiores divisões são de ingênuos bem-intencionados, na imensa maioria, e os políticos/líderes de ativismo manipuladores e talvez até racistas. Infelizmente essa manipulação pode fazer um estrago horrendo. :(

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #104 Online: 28 de Maio de 2009, 08:01:52 »
Questões financeiras: é mais fácil doar vagas já existentes para uma parcela da população cuja vive nos efeitos da discriminação que reestruturar um sistema inteiro, demandando tanto o  material quanto o filosófico. Cotas são a procrastinação da resolução de uma das maiores carências do país; educação.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #105 Online: 28 de Maio de 2009, 08:49:00 »
Discriminação? Que discriminação? Pra fazer vestibular, por acaso, é preciso fazer uma entrevista dizendo se é negro ou pobre, e se for, se é barrado na entrada da prova?

Discriminação e racismo é o produto das cotas.
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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #106 Online: 28 de Maio de 2009, 09:19:58 »
Efeito da discriminação: negros e pardos ganham metade do salário que um branco ganharia, logo, seus filhos vão para a escola pública, onde o ensino é precário e por conseguinte, o desenpenho em provas, testes e concursos é abaixo da média.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #107 Online: 28 de Maio de 2009, 09:25:45 »
Então porque não pedem que melhore a escola pública?

E do jeito que você fala, dá a entender que aluno de escola pública não consegue entrar em faculdade pública, o que é mentira. Se estudar consegue.

Agora, quantos deixam de fazer festa pra estudar? Quantos deixam de ter férias pra estudar?

Falam como se aluno de particular não precisa estudar, que está automaticamente dentro da USP...
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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #108 Online: 28 de Maio de 2009, 09:40:50 »
Como eu disse, é mais econômico por governo dar vagas já existentes em universidade que reformar o ensino fundamental e médio das escolas públicas.
Aluno de escola pública consegue sim entrar em faculdade pública, porém numa escalar bem menor do que daqueles cujo o ensino é pago, ou em outras palavras garantido. Esses alunos também estudam.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #109 Online: 28 de Maio de 2009, 09:48:10 »
Garantido? Não tem nada de garantido. O pai pode pagar anos de escola e o aluno não apoveitar em nada. E isso acontece numa taxa bem grande.

Econômico pode ser, mas é correto? Não é justo com quem se esforça pra entrar, rico ou pobre e também não é justo com a sociedade, visto que nossos estudantes saem da escola sem saber escrever.

O povo deveria apoiar o que é melhor para o povo, não o que é mais fácil pro gorverno.
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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #110 Online: 28 de Maio de 2009, 09:56:09 »
Isso depende do filho não querer nada com a vida. Já os alunos de escola pública são lesados em algum nível independente do esforço, e por muitos deles saírem da escola praticamente analfabetos, as cotas foram criadas.
É lógico que o governo deveria prezar pela educação, independente de raça, mas não é o que acontece. As estatísticas comprovam.
« Última modificação: 28 de Maio de 2009, 10:00:21 por Cynthia Ode »

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #111 Online: 28 de Maio de 2009, 12:18:19 »
Todos os cotistas demonstram uma completa ignorância sobre a função social da universidade pública.

Offline Fabi

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #112 Online: 28 de Maio de 2009, 12:28:49 »
e por muitos deles saírem da escola praticamente analfabetos, as cotas foram criadas.
Pra entrerem nas universidades analfabetos? É isso? :hein:
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline N3RD

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #113 Online: 28 de Maio de 2009, 12:32:44 »
O governo faz a escola publica ser tão ruim para que os pobres não sejam inteligentes e não cobrem os seus direitos ?


Teoria da conspiração é para os fracos.
Não deseje.

Offline Lua

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #114 Online: 28 de Maio de 2009, 12:43:49 »
Todos os cotistas demonstram uma completa ignorância sobre a função social da universidade pública.

Difícil admitir, mas é verdade... Agem como se a universidade precisasse se adaptar aos alunos despreparados, sendo que esse despreparo tem origem numa formação básica deficitária. O papel da universidade não é preparar e dar formação básica - atribuem isso como responsabilidade social da universidade quando na verdade é uma responsabilidade das escolas de ensino fundamental e médio e do governo, claro.  :)

O governo faz a escola publica ser tão ruim para que os pobres não sejam inteligentes e não cobrem os seus direitos ?

Teoria da conspiração é para os fracos.

O governo não investe em educação como deveria e tenta resolver o problema do acesso ao ensino universitário através das cotas. Não é teoria da conspiração quando vista desse jeito: é coisa de político descarado que não faz o que deveria, não honra a constituição e tenta tapar o sol com a peneira.  :no:
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Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #115 Online: 28 de Maio de 2009, 13:42:24 »
Isso depende do filho não querer nada com a vida. Já os alunos de escola pública são lesados em algum nível independente do esforço, e por muitos deles saírem da escola praticamente analfabetos, as cotas foram criadas.

E colocar analfabetos na faculdade é a solução?

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É lógico que o governo deveria prezar pela educação, independente de raça, mas não é o que acontece. As estatísticas comprovam.

E não é o que o povo está pedindo também. Ou seja, ninguém quer estudar e correr o risco de reprovar. Querem é diploma.

De mão beijada...
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #116 Online: 28 de Maio de 2009, 14:25:50 »
Efeito da discriminação: negros e pardos ganham metade do salário que um branco ganharia, logo, seus filhos vão para a escola pública, onde o ensino é precário e por conseguinte, o desenpenho em provas, testes e concursos é abaixo da média.

O que não é 100% efeito de discriminação, mas também uma perpetuação do ciclo de pouca escolaridade/qualificação profissional.


Então porque não pedem que melhore a escola pública?

Muitas vezes ignorância -- acho que talvez a maioria das pessoas, ao ouvir ser sugerida a idéia de cotas, não vê seus problemas imediatamente, tem que parar para pensar um pouco nos possíveis problemas, em vez de apenas no que se esperaria de bom. Mas não é possível descartar também oportunismo. O que também não acho exatamente condenável, não sei. Acho muito honrado quem escolhe tentar uma vaga por fora das cotas, mesmo que pudesse se aproveitar delas, mas acho compreensível que a pessoa aproveite essa oportunidade para melhorar suas chances.



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E do jeito que você fala, dá a entender que aluno de escola pública não consegue entrar em faculdade pública, o que é mentira. Se estudar consegue.

Agora, quantos deixam de fazer festa pra estudar? Quantos deixam de ter férias pra estudar?

Provavelmente uma boa parte deles, mas nem acho que sejam esses que estariam sendo beneficiados. Acho que esses que não querem saber de nada não passariam nem mesmo com cotas. Esse é o único ponto que me faz ficar quase pendente a favor das cotas, que seriam aqueles esforçados, mas cuja situação social/pessoal não permite se prepararem tanto quanto alguém que tivesse a vida financeira mais tranqüila, apesar de toda dedicação.

Principalmente considerando que sou até um tanto cético quanto aos vestibulares como avaliação de preparo -- mas não acho de maneira alguma que não devesse haver qualquer avaliação. Idealmente deveria ser algo que se correlaciona bem com o desempenho lá dentro.



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Falam como se aluno de particular não precisa estudar, que está automaticamente dentro da USP...

Não é bem assim, acho que é mais no sentido de que, deve ser, de modo geral, mais fácil, ao mesmo tempo em que perder a vaga seria uma perda comparativamente muito menos significativa.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #117 Online: 28 de Maio de 2009, 15:09:14 »
Então porque não pedem que melhore a escola pública?

Muitas vezes ignorância -- acho que talvez a maioria das pessoas, ao ouvir ser sugerida a idéia de cotas, não vê seus problemas imediatamente, tem que parar para pensar um pouco nos possíveis problemas, em vez de apenas no que se esperaria de bom. Mas não é possível descartar também oportunismo. O que também não acho exatamente condenável, não sei. Acho muito honrado quem escolhe tentar uma vaga por fora das cotas, mesmo que pudesse se aproveitar delas, mas acho compreensível que a pessoa aproveite essa oportunidade para melhorar suas chances.

Danniel, eu acho que a marioria absoluta (dos que querem estudar... pq a grande maioria não quer estudar de forma alguma, nem na escola, nem na faculadade - pra esses, a particular tá ótima...),  vê as cotas como "um jeitinho brasileiro" avalizado.

Eu acho condenável sim prefereir uma medida paleativa a brigar pela melhoria do ensino. E é isso que todos tem feito. Não se vê movimentos "pró-escola de qualidade".

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E do jeito que você fala, dá a entender que aluno de escola pública não consegue entrar em faculdade pública, o que é mentira. Se estudar consegue.

Agora, quantos deixam de fazer festa pra estudar? Quantos deixam de ter férias pra estudar?

Provavelmente uma boa parte deles, mas nem acho que sejam esses que estariam sendo beneficiados.

Sério? Não vi isso nos quase 25 anos de docência da minha mãe não...

Acho que esses que não querem saber de nada não passariam nem mesmo com cotas. Esse é o único ponto que me faz ficar quase pendente a favor das cotas, que seriam aqueles esforçados, mas cuja situação social/pessoal não permite se prepararem tanto quanto alguém que tivesse a vida financeira mais tranqüila, apesar de toda dedicação.

Danniel, os grandes favorecidos pelas cotas não são aqueles que trabalham durante o dia e estudam à noite. Serão sempre os que os pais não pagam mensalidade, alguns mesmo podendo, pelo simples fato de ter de graça. São os que poderão estudar um pouco mais se quiserem, pois tem tempo ocioso. Agora o ponto é... existem muitos, mas muitos alunos que estão em escola pública e cujos pais optaram por não investir em educação, mas gastar com outras coisas. Esses, cujos pais e eles próprios não se esforçam para ter uma educação melhor, é que serão os privilegiados. Ou seja, quem não valoriza a educação é que ganhará vaga na pública.

Pela minha experiência, os que se dedicam realmente, independente da origem, conseguem.

Principalmente considerando que sou até um tanto cético quanto aos vestibulares como avaliação de preparo -- mas não acho de maneira alguma que não devesse haver qualquer avaliação. Idealmente deveria ser algo que se correlaciona bem com o desempenho lá dentro.

Mas é muito difícil inferir isso... também não gosto, mas o vestibular acaba sendo a melhor opção de seleção.



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Falam como se aluno de particular não precisa estudar, que está automaticamente dentro da USP...

Não é bem assim, acho que é mais no sentido de que, deve ser, de modo geral, mais fácil, ao mesmo tempo em que perder a vaga seria uma perda comparativamente muito menos significativa.

Por que menos significativa?

Pôxa Danniel, principalmente em Sampa tem tanta família que deixa de se vestir pra poder pagar uma escola melhorzinha sonhando que os filhos alcancem a USP... para estes, perder por um cotista, cuja família simplesmente não quis pagar por escola, deve ser triste demais...

E pode parecer anedota, mas isso é muito comum... Do jeito que vocês falam até parece que na USP só tem rico... se tem, estavão em outro departamento... pq na biologia todo mundo tá sempre sem dinheiro...
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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #118 Online: 28 de Maio de 2009, 15:15:56 »
Eu critiquei as cotas e demonstrei o problema tal como ele é. Em momento nenhum pendi em relação a privilégios raciais. Não satirizem minhas palavras por tão pouco.
Agradeço!


E repetindo para não deixar dúvidas: As cotas existem porque o governo não quer gastar dinheiro reformando a escola do Brasil. Se cursinhos especializados passam alunos com mais sucesso do que a escola pública, temos um efeito. Inverter e dizer que admiti "para que alunos semi-analfabetos entrem em universidades" é patético.
« Última modificação: 28 de Maio de 2009, 15:22:22 por Cynthia Ode »

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #119 Online: 28 de Maio de 2009, 15:23:39 »
Ninguém está satirizando nada, Cynthia.

A pergunta é válida. Você diz que os alunos saem praticamente analfetos e diz que as cotas são uma solução.

Eu não vejo lógica nisso... apenas pedi que você explicasse melhor para eu poder entender.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #120 Online: 28 de Maio de 2009, 15:26:20 »
Bom postei a mensagem anterior antes da sua modificação, mas ainda permanecea a dúvida... você disse que as cotas eram a solução para um problema: educação.

Eu questiono que isso realmente seja uma solução.
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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #121 Online: 28 de Maio de 2009, 15:29:03 »
Em momento nenhum eu disse que as cotas são a solução. A solução é a reforma educacional.  Eu disse que o governo usa as cotas em benefício próprio. Não há democrátização da qualidade de estudo no país.

Beijoca.

Offline Nina

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #122 Online: 28 de Maio de 2009, 15:35:43 »
Ok então, agora entendi!

:ok:
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline gilberto

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #123 Online: 28 de Maio de 2009, 18:43:17 »
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As ditas universidades receberam o dinheiro $$$ para ensinar esses alunos, os tais professores que são o top do país receberam o dinheiro para ensinar os alunos, e esses demonstraram a mesma incompetência como instituição de ensino para esses alunos que as escolas públicas que vcs tanto criticam aqui???

Milagres não existem. Se ao menos soubessem ler e escrever! Não adianta fazer cotas e forçá-los a entrar na universidade. É preciso forçá-los a aprender no ensino básico. A maioria nunca precisou estudar e agora que precisa, porque a universidade não é a casa da mãe Joana do ensino básico, a coisa complica.

Sabe ainda o que é pior? É eu perder o meu tempo corrigindo provas.

Por que ao invés de exigir cotas não exigem logo a entrega dos diplomas? Pelo menos posso ocupar meu tempo com quem consegue ler o que está num livro. E olha que aqui não tem cotistas...

Que tipo de profissional você quer que sejam formados? Para muita gente que consegue entrar na faculdade, seria preciso uns três anos de base para nivelamento para depois ser possível dar aula de ensino superior.

Agora repito: algum pró-cotas toparia fazer ensino médio em uma escola com média 80 e reprovação?

Não vejo exclusão em um processo que premia quem se prepara, não importando a cor, crença ou situação financeira.

E encerro minha participação neste tópico por aqui. Quer fazer faculdade pública? Estude. Ou saia de São Paulo, pois em outros lugares há cursos com concorrências baixíssimas (aqui mesmo, a engenharia civil que está abrindo agora não deverá ter mais que 10 candidatos por vaga, a metade de outras federais de MG).

Cara, me desculpe demorar para te responder

Eu entendo o que vc fala ... eu até entendo os argumentos de responsabilidade com a "qualidade da universidade pública" (que eu não acho que tenha tanta qualidade assim).

Eu acho que as universidades públicas devem gradualmente se adaptar aos alunos de escolas públicas. A universidade pública deve fazer mais projetos para trabalhar junto as escolas públicas regulares para melhorar o ensino básico. A universidade pública tem que ir nas escolas públicas e mostrar aos alunos que eles tem a possibilidade de cursá-la, motivar, orientar os alunos, pais e demais professores. Toda o dinheiro que as pessoas humildes ajudam a manter a universidade pública também deve ser retornado em benefício a eles, e não somente a uma elite que no modelo atual tem a sua "disneylandia universitária" paga com o dinheiro dos outros.

Para mim qualquer iniciativa nesse sentido é necessária, e as cotas podem ser um catalizador de um processo como esse. Universidades e professores responsáveis com a verba pública que recebem vão ter que trabalhar também para a outra parte que os financiam, e não somente aos seus ideais intelectuais, científicos e sei lá mais o que não retorna quase nada para a massa humilde.

Agora, se vc está reclamando das provas que vc tem que corrigir, etc, acho que vc tem que rever a sua função como professor, ou os seus métodos de aula, pois todo o mês vc recebe o dinheiro para fazer a atividade profissional a que vc mesmo se propõe. Imagina só, se vc que é professor, é formado, e recebe para isso não está sabendo lidar com a situação, como é que vc pode querer cobrar que os alunos façam melhor?

Desculpa se fui duro demais, mas é o que eu acho ....
« Última modificação: 28 de Maio de 2009, 20:40:43 por gilberto »

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Cotas para universidade podem chegar a 60% das vagas
« Resposta #124 Online: 28 de Maio de 2009, 18:49:24 »
Então porque não pedem que melhore a escola pública?

Muitas vezes ignorância -- acho que talvez a maioria das pessoas, ao ouvir ser sugerida a idéia de cotas, não vê seus problemas imediatamente, tem que parar para pensar um pouco nos possíveis problemas, em vez de apenas no que se esperaria de bom. Mas não é possível descartar também oportunismo. O que também não acho exatamente condenável, não sei. Acho muito honrado quem escolhe tentar uma vaga por fora das cotas, mesmo que pudesse se aproveitar delas, mas acho compreensível que a pessoa aproveite essa oportunidade para melhorar suas chances.

Danniel, eu acho que a marioria absoluta (dos que querem estudar... pq a grande maioria não quer estudar de forma alguma, nem na escola, nem na faculadade - pra esses, a particular tá ótima...),  vê as cotas como "um jeitinho brasileiro" avalizado.

Eu acho condenável sim prefereir uma medida paleativa a brigar pela melhoria do ensino. E é isso que todos tem feito. Não se vê movimentos "pró-escola de qualidade".

É difícil saber mesmo, quase só temos como achar... acho que eu talvez seja mais otimista quanto a maioria...

De qualquer forma, alguns pontos a considerar:

 - o que a gente costuma tomar conhecimento pela tv ou mídia não é necessariamente uma representação da vontade das pessoas de modo geral

 - penso que é muito provável que a maior parte das pessoas seja sim favorável a melhor educação, independentemente de serem contrários ou favoráveis a cotas, mas também a maior parte das pessoas simplesmente não é ativista, e logo não chama ativamente atenção da mídia por uma opinião mais ou menos trivial como essa, nem a mídia vai muito atrás de algo assim

 - populistas, manipuladores, esses sim, tendem a ser ativistas (não que todos ativistas sejam), vão tentar chamar atenção da mídia, e vão falar em nome de todo um grupo, como se fossem seus representantes escolhidos por unanimidade, quando na verdade agem por interesse próprio

Enfim, não estava de forma alguma defendendo os ativistas. Só acho que existem diferentes tipos de pessoas que podem dizer serem a favor de cotas e medidas parecidas, as pessoas comuns, que, talvez, acho que até provavelmente, estariam defendendo melhoria na educação básica em vez de cotas, se isso dependesse deles, se não estivessem só repetindo um "meme" lançado por ativistas/populistas com motivos escusos, que talvez em muitos casos nem pararam para analisar direito, ou, foram engabelados.


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E do jeito que você fala, dá a entender que aluno de escola pública não consegue entrar em faculdade pública, o que é mentira. Se estudar consegue.

Agora, quantos deixam de fazer festa pra estudar? Quantos deixam de ter férias pra estudar?

Provavelmente uma boa parte deles, mas nem acho que sejam esses que estariam sendo beneficiados.

Sério? Não vi isso nos quase 25 anos de docência da minha mãe não...

Eu realmente não sei dizer exatamente, talvez seja novamente só otimismo ou ingenuidade minha até. Não acho que a vasta maioria das pessoas sejam só uns festeiros arruaceiros que não querem saber de nada. Dos conhecidos meus, acho que a maioria pode até não ser extremos "Caxias", mas também não são totalmente displicentes, sem qualquer interesse, e não acho que sejam excepcionais. Não lembro especificamente de alguém falar sobre ter deixado de ter férias para estudar, mas festas, é praticamente implícito, mesmo simplesmente desde antes de faculdade já tinha gente que fazia isso, quando tinha relativa menor importância.

E, no que se refere a cotas ou algo parecido, não acho que seriam (ou que deveriam ser, se as coisas fossem feitas de um modo ideal*) os festeiros/farristas os potenciais beneficiados, mas aqueles que se dedicam realmente. Aqui no fórum tivemos há algum tempo o relato pessoal do Donatello, por exemplo, acho que pode ser encaixado nesse contexto.


* Acho que recentemente a maior parte das minhas mensagens deve ter o tema anti-cotas. Mas não acho uma idéia totalmente errada, em certos aspectos. O cerne da idéia, seria promover maior igualdade de oportunidades, o que por si só é bom. O principal problema que eu vejo, é a ineficiência quase que inerente a um sistema de cotas, como descrito principalmente pelo Sowell, conforme postei em diversas mensagens. Mas, também penso que isso poderia ser sanado, simplesmente se fosse constatado que um "excesso de qualificação" no vestibular não se correlaciona com um desempenho significativmanete melhor do que uma qualificação meramente suficiente.

Se isso é verdade, e talvez seja, então, acho que talvez fosse válido algo como um critério de pontuação diferente de acordo com a nível sócio-econômico. Penso que inclusive, isso talvez pudesse ter um efeito positivo quanto a eficiência do processo seletivo, uma vez que, pode-se assumir que de modo geral "tirar 10" exige menos esforço quanto mais alto for o nível sócio-econômico; assim, talvez o "8" possa valer mais que um "10" em dedicação, esforço, dependendo da situação de quem tirar essa nota. É bem possível que quem suou muito para conseguir estudar em bibliotecas públicas, nas madrugadas e em todo tempo vago para tirar esse 8 acabe sendo também mais dedicado na faculdade do que quem teve maior tranqüilidade para estudar num cursinho pré-vestibular, sem necessariamente ter tido que se preocupar proporcionalmente tanto com outros aspectos da sua vida (como contas a pagar, emprego, comida) durante esse período.

Não quero de forma alguma colocar qualquer tom de asco playboyofóbico aqui, não se trata disso, de algum tipo de aversão ou inveja. Simplesmente acho que realmente "a barra está mais baixa" para o salto de quem tem melhores condições financeiras, e que talvez não fosse errado levar isso em consideração. Outro aspecto ainda é que, a eventual perda da vaga vai ter um impacto mais significativo quanto menores forem os recursos do candidato; quanto mais tranqüila for a situação financeira, menos dramático é ter que fazer outra prova.

Talvez isso tivesse até uma espécie de duplo impacto positivo. Não só ampliasse o acesso à faculdade para as camadas sociais menos favorecidas, mas suficientemente capazes e preparadas, como elevaria a barra para os mais abastados e os fizesse ir atrás de um desempenho realmente excepcional, em vez de apenas "suficiente", o que por sua vez, seria também um método de seleção dos excepcionalmente esforçados, em vez de comparativamente acomodados.

Acho que talvez as "cotas" aqui tivessem que ser meio "anti-cotas", até. Ou seja, em vez de algo como se ter que preencher 20% das vagas com alunos do ensino público ou determinada renda familiar, se teria isso como um máximo para alunos, sob esses critérios, a ganharem esse "bônus" por "esforço pessoal" presumido.





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Acho que esses que não querem saber de nada não passariam nem mesmo com cotas. Esse é o único ponto que me faz ficar quase pendente a favor das cotas, que seriam aqueles esforçados, mas cuja situação social/pessoal não permite se prepararem tanto quanto alguém que tivesse a vida financeira mais tranqüila, apesar de toda dedicação.

Danniel, os grandes favorecidos pelas cotas não são aqueles que trabalham durante o dia e estudam à noite. Serão sempre os que os pais não pagam mensalidade, alguns mesmo podendo, pelo simples fato de ter de graça. São os que poderão estudar um pouco mais se quiserem, pois tem tempo ocioso. Agora o ponto é... existem muitos, mas muitos alunos que estão em escola pública e cujos pais optaram por não investir em educação, mas gastar com outras coisas. Esses, cujos pais e eles próprios não se esforçam para ter uma educação melhor, é que serão os privilegiados. Ou seja, quem não valoriza a educação é que ganhará vaga na pública.

Pela minha experiência, os que se dedicam realmente, independente da origem, conseguem.

Sim, meio que nem questiono isso, o que eu disse aí talvez tivesse já o "meu" sistema de cotas ideal em mente, ou algo mais ou menos otimista, que presumisse que os critérios de seleção fossem ser ainda altos o suficiente para beneficiar aqueles que não ficaram "bitolados" na matéria do vestibular por não terem como fazer cursinho particular, mas ao mesmo tempo não baixa o suficiente para entrarem sem qualquer esforço os que não estão nem aí com nada.

Essa perspectiva mais pessimista é a que tenho, nesse caso, mas não sei, com sorte pode não ser bem assim e ser algo mais próximo daquilo que imagino como sendo o ideal. Pelos números, como "60% das vagas", acho improvável, de qualquer forma.


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Principalmente considerando que sou até um tanto cético quanto aos vestibulares como avaliação de preparo -- mas não acho de maneira alguma que não devesse haver qualquer avaliação. Idealmente deveria ser algo que se correlaciona bem com o desempenho lá dentro.

Mas é muito difícil inferir isso... também não gosto, mas o vestibular acaba sendo a melhor opção de seleção.

Talvez... mas é uma coisa sobre a qual as pessoas acho que não pensam muito em alternativas... acho.... ouvi dizer que os métodos não-cotistas de avaliação americanos são melhores que o vestibular, mas nem sei como são, ou se seriam viáveis para o Brasil...




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Falam como se aluno de particular não precisa estudar, que está automaticamente dentro da USP...

Não é bem assim, acho que é mais no sentido de que, deve ser, de modo geral, mais fácil, ao mesmo tempo em que perder a vaga seria uma perda comparativamente muito menos significativa.

Por que menos significativa?

Pôxa Danniel, principalmente em Sampa tem tanta família que deixa de se vestir pra poder pagar uma escola melhorzinha sonhando que os filhos alcancem a USP... para estes, perder por um cotista, cuja família simplesmente não quis pagar por escola, deve ser triste demais...

Sim, não disse que é simples e sem exceções, o melhor critério.... inclusive postei um tópico recente sobre os países em desenvolvimento terem cada vez mais alunos em escolas particulares, vindos de famílias pobres mesmo (impressão de deja vu aqui, acho que talvez tenha já comentado desse tópico com você numa questão semelhante...)

Talvez isso pudesse ser na maior parte do tempo sanado se o critério não fossea escola ser particular ou pública, mas sim a renda familiar. Talvez até um critério adicional pudesse levar em consideração quantos % da renda se gasta com educação? Não sei...



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E pode parecer anedota, mas isso é muito comum... Do jeito que vocês falam até parece que na USP só tem rico... se tem, estavão em outro departamento... pq na biologia todo mundo tá sempre sem dinheiro...

Eu não acho isso não. Acho que esse tema tende a criar esse tipo de impressões polarizadas, de qualquer forma. De um lado os vagabundos aproveitadores, do outro os vagabundos aproveitadores com dinheiro... a realidade tem mais nuances.

 

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