Sócrates:
Além das evidências científicas temos o argumento filosófico de que o Universo não poderia ser eterno.Em uma eternidade de tempo nosso presente jamais aconteceria pois estaria sempre eternamente distante de ocorrer.Logo,o Universo teve princípio.
Essa afirmação é extremamente confusa. Quer dizer que o momento atual nunca poderia vir a acontecer pois há uma infinidade que o antecede? Essa não é uma qualidade exclusiva dos intervalos infinitos, mas sim dos intervalos contínuos, portanto, se o tempo teve um princípio e é continuo, o momento atual ainda sim nunca poderia acontecer. Ainda sim, esse argumento de que algo não poderia vir a acontecer, pois há uma infinidade de coisas que o antecedem, me parece inválido. Considere dois momentos distintos quaisquer no tempo (que é discreto), por exemplo,
a e
b, tal que
a>
b. Há dois casos a se analisar:
-Ou o universo evolui de
b para
a,
-Ou não evolui de
b à
a.
Se o primeiro caso vier à acontecer, então nada impede que o momento atual venha a acontecer se esse momento estiver entre
a e
b, pois [b,a] é um intervalo finíto e discreto. Como não há restrição à
a e
b, não importa se o tempo é infinito ou não, o momento atual pode vir à acontecer. (POR FAVOR, ME CORRIJAM SE HOUVER ALGUMA FALHA).
Sobre a segunda hipótese, teríamos como conclusão a estaticidade do tempo, o que é um absurdo.
Enfim, estou aqui para transcrever o seguinte argumento (bastante falho, diga-se de passagem, mas ainda sim interessante) que eu vi
aqui1. Argumento cosmológico da contingência
O argumento cosmológico apresentase de várias formas. Eis uma versão simples da famosa versão da contingência:
1. Tudo que existe tem uma explicação para a sua existência, quer na necessidade de sua própria natureza, quer numa causa externa.
2. Se o universo tem uma explicação para sua existência, essa explicação é Deus.
3. O universo existe.
4. Logo, o universo tem uma explicação para sua existência (de 1, 3).
5. Logo, a explicação da existência do universo é Deus (de 2, 4).
Ora, esse é argumento logicamente perfeito. Quer dizer, se as premissas forem verdadeiras, logo a conclusão será inevitável. Não interessa se gostamos ou não da conclusão. Não importa que tenhamos outras objeções à existência de Deus. Uma vez que admitamos a validade das três premissas, temos de aceitar a conclusão. Portanto, a pergunta é: o que é mais plausível, essas premissas serem verdadeiras ou falsas?
1.1. Premissa 1
Consideremos primeiro a Premissa 1. De acordo com ela, há dois tipos de coisas: as que existem necessariamente, e as que são produzidas por alguma
causa externa. Permitamme explicar.
As coisas que existem necessariamente existem por uma necessidade da sua própria natureza. Para elas, é impossível não existir. Muitos matemáticos pensam que números, conjuntos numéricos e outras entidades matemáticas existam dessa forma. A sua existência não foi causada por outra coisa qualquer; elas apenas existem necessariamente. Comparativamente, as coisas cuja existência foi causada por outra coisa qualquer, não existem necessariamente. Essa explicação, quando se pensa nela, parece plausivelmente verdadeira. Objetos físicos conhecidos, como pessoas, planetas e galáxias, pertencem a essa categoria. Portanto, a Premissa 1 assevera que tudo quanto existe pode ser explicado de uma dessas duas maneiras. Essa afirmação, quando se reflete nela, parece
muito plausivelmente verdadeira. Imagine que você está fazendo uma caminhada pela mata e dá de cara com uma bola translúcida no chão do bosque. Naturalmente, você fica pensando em como foi que ela chegou ali. Se algum de seus companheiros de caminhada lhe dissesse: “Não se preocupe com isso! Não existe explicação para a existência disso!”, você acharia que ele é maluco ou que apenas queria que você continuasse andando. Ninguém levaria a sério a sugestão de que a bola existia ali literalmente sem nenhuma explicação. Suponha agora que você aumente a bola dessa história para o tamanho de um carro. Isso nada serviria para satisfazer ou remover a exigência de uma explicação. Imagine que fosse do tamanho de um cavalo, a exigência continuaria. Presuma que fosse do tamanho de um continente ou de um planeta. O mesmo problema. Considere que seja do tamanho de um universo inteiro. Mesmo problema. O mero aumento do tamanho da bola nada faz para afetar a necessidade de uma explicação. Uma vez que qualquer objeto poderia ser substituído pela bola nessa história, isso proporciona a base para pensar que a Premissa 1 deve ser verdadeira.
Devese dizer que, conquanto a Premissa 1 seja verdadeira para todas as coisas que há no universo, não é verdadeira quanto ao universo em si. Tudo quanto existe no universo tem uma explicação, mas o próprio universo não tem explicação. Essa resposta comete o engano que tem sido apropriadamente chamado de “falácia do táxi”. Pois, segundo o gracejo de Arthur Schopenhauer, filósofo ateu do século XIX, a Premissa 1 não pode ser despachada como um táxi, uma vez que se chegue ao destino desejado! Não se pode dizer que há uma explicação para a existência de tudo e então, de repente, deixar o universo de fora. Seria arbitrário alegar que o universo é uma exceção à regra. (Deus não é uma exceção à Premissa 1: ver abaixo em 1.4). A nossa ilustração da bola no meio da mata mostra que o mero aumento do tamanho do objeto a ser explicado, até mesmo tornandose o próprio universo, nada faz para dispensar a necessidade de uma explicação para sua existência. Podese tentar justificar considerandose o universo como uma exceção à Premissa 1. Alguns filósofos sustentam que é impossível haver uma explicação para a existência do universo, pois tal explicação estaria em algum estado prévio de coisas em que o universo não existia ainda. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de alguma coisa. Portanto, o universo deve existir exatamente de modo inexplicável. Essa linha de raciocínio é, portanto, obviamente falaciosa, pois assume que o universo é tudo o que existe; se o universo não existisse, nada existiria.
Noutras palavras, a objeção considera que o ateísmo é verdadeiro. Quem levanta a objeção está, assim, utilizando uma petição de princípio em favor do ateísmo, argumentando em círculos. O teísta concordará que a explicação do universo deve ser (explicativamente) algum estado de coisas anterior em que o universo não existia, mas esse estado de coisas é Deus e sua vontade, não o nada.
Logo, parece que a Premissa 1 é mais plausivelmente verdadeira do que falsa, tudo o que precisamos para um bom argumento.
1.2. Premissa 2
O que dizer, então, da Premissa 2? É mais plausivelmente verdadeira do que falsa? Embora, à primeira vista, essa premissa talvez pareça controversa, o que é embaraçoso de fato para o ateu é que ela equivale à resposta ateísta típica ao argumento da contingência. (Duas declarações são logicamente equivalentes se for impossível que uma seja verdadeira e a outra seja falsa. Elas permanecem ou caem juntas.) Assim, o que é que o ateu quase sempre diz em resposta ao argumento da contingência? Ele, tipicamente, afirma o seguinte:
A. Se o ateísmo é verdadeiro, não há explicação para a existência do universo.
Visto que, no ateísmo, o universo é a realidade máxima, ele existe exclusivamente como fato bruto. Isso equivale logicamente a dizer que:
B. Se o universo tem uma explicação para sua existência, então o ateísmo não é verdadeiro.
Logo, não é possível afirmar (A) e negar (B). Mas (B) é praticamente sinônima da Premissa 2! (Basta comparálas.) Portanto, ao afirmar que, dado o ateísmo, o universo não tem explicação, o ateu está admitindo implicitamente a Premissa 2: se o universo tem de fato uma explicação, então Deus existe.
Além disso, a Premissa 2 é por si só muito plausível. Pois pensem naquilo de que o universo é composto: toda a realidade espaçotemporal, inclusive toda matéria e energia. Por isso, se há uma causa para que o universo exista, tal causa deve ser um ser não físico, imaterial, além do tempo e do
espaço. Ora, só há dois tipos de coisa que caberiam nessa descrição: um objeto abstrato, como um número, ou então uma mente incorpórea. Mas objetos abstratos nada podem causar; faz parte do significado de ser abstrato. O número sete, por exemplo, não é capaz de causar nenhum efeito. Logo, se há uma causa para a existência do universo, ela tem de ser uma Mente incorpórea e transcendente que os cristãos entendem ser Deus.
1.3. Premissa 3
A Premissa 3 é inegável para qualquer um que sinceramente procure a verdade. É óbvio que o universo existe!
1.4. Conclusão
Dessas três premissas, inferese que Deus existe. Ora, se Deus existe, a explicação para a sua existência está na necessidade da sua própria natureza, visto que, conforme até mesmo os ateus admitem, é impossível que Deus tenha uma causa. Portanto, se for válido, esse argumento prova a existência de um Criador do universo que é necessário, incausado, atemporal, ilimitado, imaterial, pessoal. Isso é realmente extraordinário!
1.5. A resposta de Dawkins
E, então, o que Dawkins tem a dizer em resposta a esse argumento? Nada! Basta olhar nas páginas 77–78 de seu livro, nas quais se esperaria que esse E, então, o que Dawkins tem a dizer em resposta a esse argumento? Nada! Basta olhar nas páginas 77–78 de seu livro, nas quais se esperaria que esse argumento aparecesse. Tudo o que se acha é a rápida discussão de algumas versões diluídas dos argumentos de Tomás de Aquino, mas nada a respeito do argumento da contingência. Isso é fato admirável, já que é um dos argumentos mais famosos a favor da existência de Deus, sendo defendido hoje por filósofos como Alexander Pruss, Timothy O’Connor, Stephen Davis, Robert Koons e Richard Swinburne, só para citar alguns
É interessante as afirmações sem base que ele faz. O que eu quero fazer é me atentar a um ponto em específico: "Tudo que existe tem uma explicação para a sua existência, quer na necessidade de sua própria natureza, quer numa causa externa". Seria essa afirmação razoavelmente válida?