A questão científica da origem do universo ainda é uma questão em aberto. Qualquer elucubração a respeito não passa de mera especulação. Como já foi dito, um construção meramente racional não tem qualquer valor científico até que seja testada e confirmada como algo que de fato condiga com a realidade. Posso especular que o universo é um programa de computador à la Matrix e ninguém poderá provar o contrário.
Errado.A Cosmologia do Big Bang enuncia um princípio para o universo.Além da Segunda Lei da Termodinâmica.
Caro Sócrates, nesse ponto o colega está equivocado. O modelo padrão do big bang não é uma explicação da origem do universo. O modelo do big bang, com as alterações decorrentes da cosmologia inflacionária, é simplesmente a melhor maneira que possuímos para explicar como o universo é como o vemos hoje.
Fazendo uma ligeira analogia, o big bang está para a cosmologia, assim como a evolução de Darwin está para a biologia. Da mesma forma que a evolução darwiniana não busca explicar a origem da vida, o big bang também não busca explicar a origem do nosso universo. O big bang é um quadro descritivo de como o nosso universo evoluiu até o estado atual, sem fazer qualquer conjectura acerca da origem da "grande explosão".
Contudo, até que alguém apresente realmente uma evidencia natural que corrobore essa idéia ela não passará disso, uma mera idéia, construção intelectual disprovida de objetividade. Não adianta tentar provar esse tipo de coisa fazendo uso da filosofia. Há muito já se chegou a conclusão que ela não se presta a isso. Disso cuida a ciência.
A Ciência está balizada em postulados filosóficos pois presume que existe uma conexão causal entre os fenômenos da natureza,tomando emprestado da Filosofia o Princípio da Causalidade.A investigação cientíca proporciona a relação causa-efeito entre os fenômenos.
Além disto Ciência sem Filosofia é auto-refutável.O princípio da verificabilidade empírica é inverificável empiricamente e conduz a um raciocínio circular.O mesmo ocorre com o princípio da falseabilidade,que não providencia um substrato epistêmico que o possa falsear.
Sem dúvida que a filosofia foi um primeiro passo na caminhada até alcançarmos o método científico. Foi o passo que proporcionou ao homem abandonar o pensamento mítico e buscar explicações para a natureza na própria natureza.
Mas a filosofia abandonou o seu caminho original, traçado pelos primeiros filósofos, que eram essencialmente pessoas práticas, como Tales de Mileto, e se perdeu no mar de elucubrações e devaneios do platonismo (que foi convenientemente recepcionado pela teologia cristã). Este, sem dúvida, responsável por um longo período de atraso e retrocesso no desenvolvimento humano.
Caro Sócrates, não preciso repetir que a filosofia pura não se presta à análise da natureza. Isso é a todos evidente.
Em sua curta história, um piscar de olhos se comparada ao tempo de existência da humanidade como espécie, a ciência proporcionou um avanço do conhecimento da natureza que a filosofia foi incapaz de prover, apesar de ser muito mais antiga que aquela. Se chegamos ao atual nível de desenvolvimento, isso foi graças a pesquisa científica e não fruto dos pensamentos solitárias dos filosófos.
O último parágrafo da sua postagem é prova disso. Ora, no mundo real, na prática, no dia-a-dia, podemos abandonar esse preciosismo burocrático imposto pelo pensamento filosófico e considerar que a experiência empírica é verificável e que a falseabilidade de fato pode ser aplicável a dadas situações. Verificamos isso na simples constatação de que a ciência funciona. Esse singelo diálogo entre nós, proporcionado pelo nosso atual nível tecnológico, é prova disso. A natureza é o que é e não o que pensamos que ela é.
Como dito no inicio, não se sabe realmente qual a real natureza do cosmos. Os físicos, com base nas mais recentes teorias cosmológicas, especulam a possibilidade de que o nosso universo seria apenas mais um dentre uma infinitade de outros universos que constantemente estariam em processo de criação e aniquilação. Infinitos universos e realidades paralelos convivendo simultaneamente também é outra possibilidade atualmente encarada com muito seriedade pelos maiores cosmologistas do mundo. A respeito (e principalmente para aqueles que gostam de viajar de vez enquando nessas idéias aparentemente malucas da física moderna) eu indico o livro "Mundos Paralelos" de Michiu Kaku.
Além da alegação infundada de que não existem evidências de um princípio do Universo,quando a Segunda Lei da Termodinâmica e o Modelo Clássico do Big Bang o evidenciam,aqui temos um apelo à ignorância que é imediatamente descartado pelo Princípio da Economia,ou Navalha de Ockam.
O Princípio da Economia enuncia que não devemos multiplicar causas injustificadamente,mas que devemos ser parcimoniosos.Pois bem,multiplicar universos,e universos inacessíveis à experimentação científica,não resolve o problema da origem e natureza do cosmo.
Mais uma vez o caro colega está equivocado. Repito, não possuímos ainda condições de explicar a origem do cosmos nem a sua real natureza. Essa dúvida é o motor propulsor da física teórica e a principal razão do desenvolvimento das pesquisas em cosmologia.
É justamente à questões como essa que os desenvolvimentos teóricos e experimentais em cosmologia, mecânica quântica e física de partículas tentam responder. Se não fosse assim, esses ramos do conhecimento jaziam estaguinados e não precisaríamos gastar bilhões em projetos como o LHC e o LISA, só para citar alguns.
Multiversos e universos paralelos não são substitutos do big bang ou de qualquer outro modelo cosmológico. São, por outro lado, simples decorrências dos mais recentes desenvolvimentos em física teórica. Elas não contradizem o big bang, a cosmologia inflacionária, a teoria das cordas ou a teoria M em absoluto. Mas, como dito, decorrem naturalmente, como produto dessas novas idéias. E o mais legal é que, diferentemente do que você falou, essas idéias são sim testáveis, dependendo para tanto de um certo nível tecnológico. Espera-se que em apenas alguns anos seremos capazes de testar algumas dessas idéias.
A navalha de occam não se aplica nesse caso e mesmo que se aplicasse não é ela uma lei inquebrável. É apenas um princípio heurístico tantas vezes excepcionado na natureza. Um exemplo? Com base em nossa observação corriqueira, o que é mais fácil de ser verdade - o sol girar em torno da terra ou o contrário?