Sem me aprofundar em outras possibilidades mais distintas, isso valeria para tudo que se conhece no universo, poderia ser diferente para o universo em si.
Seguindo a mesma linha de raciocínio,não deveríamos generalizar e uniformizar todos os casos em que este princípio não é válido,ou seja,para todas as partes espaço-temporais teria de haver um princípio.É incorreto substituir uma generalização apressada por outra generalização apressada.
Bem, de certa forma é exatamente isso que ocorre, cada parte do universo tem sua "própria" origem, que continua até hoje, ao menos quanto o espaço.
Independentemente disso, mesmo que não estivesse o estado em expansão e etc, só estou dizendo que "o universo" é uma questão complicada, e talvez não funcione exatamente como qualquer outra coisa dentro dele, as mesmas regras que valem para as partes talvez não se apliquem ao todo, que tenha propriedades distintas, emergentes (ou causais, mas diferentes).
Não sei se isso é necessariamente veradade, acho que tem um monte de assunções implícitas aí para criar essa impossibilidade. Talvez possa ser vista como simplesmente análoga a afirmação de que uma linha não pode ser infinita pois senão não haveria um ponto arbitrário nessa linha, e que o tamanho numa linha tem que ser necessariamente delimitado segundo a existência de qualquer ponto arbitrário nela, o que não é verdade.
Vc está confundino o conjunto de todas as coisas com um conjunto infinito ordinário.No conjunto de todas as coisas o momento presente seria impossível de ser atingido em qualquer escala de magnitude temporal,pois uma quantidade inesgotável de unidades temporais sempre se apresentaria.
O que é "atingir" o tempo presente? Eu não sei exatamente.
E portanto, não sei por que não poderia ser análogo a simplesmente estar num ponto arbitrário no espaço, num local.
Podemos tranqüliamente assumir que o espaço é infinito, e não surge esse problema da "necessidade" do deslocamento a partir de uma extremidade inicial absoluta até lá, isso existe por causa da peculiaridade do tempo, e como o percebemos. Mas se ele for mais ou menos como o espaço, uma dimensão deste, talvez possa ser infinito também, e ter objetos espalhados em pontos arbitrários pela sua extensão, cada um experimentando o deslocamento no tempo em seu lugar/tempo, assim como seriam objetos distribuídos num espaço infinito não teoricamente problemático.
Pode até ser que algumas pressuposições acerca da natureza do tempo façam isso impossível, mas acho que não é necessário assumir um tempo inicial para a física, pelo que se sabe. O universo poderia ser temporalmente infinito, com eventos diferentes por toda sua extensão, sem nunca chegar num fim do tempo, de um lado ou do outro. Ou eventuais outros lados que o tempo talvez possa ter...
Isso pode ser até um exemplo de generalização como aquela que você insistiu em adotar no primeiro ponto. Ou mesmo a sua extensão lógica, em vez de interrupção arbitrária. Tudo tem causa precedente, logo, não há início absoluto. Fugir disso, é justamente aceitar que uma coisa pode ser a regra no universo, mas não valer para o universo como um todo.
Em relação a um conjunto meramente infinito,mas limitado,em uma escala de magnitude temporal suficientemente grande seria plenamente viável transcorrer infinitos passos de uma escala infinitesimal.Ou seja,para a eternidade sem limites não existe escapatória senão um princípio definido num passado igualmente definido.
Ou o tempo poderia ser um anel. Ou não, talvez isso implique numa "segunda camada" de tempo. Tudo depende da natureza do tempo, algo não exatamente banal e conhecido, não que eu saiba.
Como foram inferidas a atemporalidade, "inespacialidade", e a "ilimitação"? Ilimitação quanto ao quê? Certamente não quanto a temporalidade, pois "não existe temporalmente", é dessa forma limitada. Não existindo no espaço, também é limitada espacialmente. Como pode sequer existir uma coisa inexistente no tempo e no espaço, e como pode uma coisa com essas "propriedades" (ou ausência delas) criar um objeto de propriedades temporais e espaciais?
Ilimitado significa incondicionado.Neste caso específico implica que nem o tempo e nem o espaço limitam o ser e a influência da Causa Primeira.
Limitam sim, se supõe que essa causa não está no tempo ou no espaço; de lá para dentro, ela não está, fica portanto nos limites exteriores do tempo e do espaço, o que quer que possa realmente existir nessas "não-condições", que parecem ser mais a definição de inexistência.
O espaço não limita a Causa Primeira pois esta Causa é o "Grande Quadro",é a coleção de todos os eventos e de todos os lugares incrustados no Espaço-Tempo.A Causa Primeira unifica todos os eventos e todos os lugares em um só evento imutável e em um só lugar ilimitado.
Ou seja, por alguma razão se admite para essa causa as possibilidades de existência daquilo tudo que deveria ser impossível para a sua conseqüência, o universo.
Deixando de lado que, se o universo é tudo que existe, essa causa primeira não poderia ficar de fora, se existente, e portanto ser parte dele, essas características de infinitude e ilimitação e etc, também tornam essa "causa" muito parecida com o universo em si. Ou seja, no fim das contas o que se faz é admitir que a idéia de que não pode existir um universo infinito ou não-causado não se sustenta.
O que sobra é meramente o aspecto de inteligência/vontade, que nem é necessário, nem é previsto por essas condições de uma hipotética extremidade física-temporal do universo.
Então também não fez nada, pois se alguma vez tivesse feito, isso representaria uma mudança temporal. "Um instante", já também implica em existência temporal, o que essa hipotética causa não deveria ter, se é que algo assim pode, por definição, existir.
Um conjunto não está necessariamente sujeito às mesmas condições e limitações que seu sub-conjunto.
Repetindo o que eu venho dizendo há alguns posts, e que essencialmente retira o obstáculo lógico a algumas das pressuposições iniciais, como a necessidade de causa primeira em si.
De fato,para a Causa Primeira todos os eventos são simultâneos e concomitantes,de modo que ela sumariza um evento imutável e ilimitado,que abarca todos os eventos pontuais numa única extensão retilínea.Ou seja,para a Causa Primeira nunca houve mudança pois cada evento está incrustado eternamente nela.O desdobramento é das partes espaço-temporais,não da Causa Primeira.
Sem dimensão temporal, não existe nem mesmo simultaneidade de eventos, isso implica temporalidade. Talvez essa "extensão retilínea" que colocou ai, talvez como mero babado de roupa nova do imperador, que é para onde parece que essa argumentação está rumando.
Como coisas não-espaciais se limitam no espaço? O que seria se limitar "no ser"?
Exatamente,coisas não-espaciais não se limitam no espaço porque não há espaço.No entanto,este estado de não-espacialidade só é possível na hipótese de existir apenas um Deus Criador.
Se pode haver uma coisa num "não-espaço", podem muito bem existir infinitas coisas/deuses/duendes sem ficarem apinhadas, o que só ocorreria num espaço apertado, não na "ausência de espaço". Isso não é uma dedução, inferência, nada, é apenas arbitrariedade de definição para tentar criar uma "teoria de Jeová". (ou do "estranho atrator universal infinito", não lembro bem o termo)
Em todos os cenários politeístas haveria relativização no espaço,e portanto,limitação ao Espaço-Tempo.
Talvez em futuras análises da sua teoria acabe revendo isso, concluindo que esse problema não existe para três entidades inespaciais necessárias, pai, filho e espirito-santo. Mas não para o Bumba e Zeus, claro.
Non sequitur.
A conclusão se depreende diretamente da premissa.A Causa Primeira,em sua esfera primordial de influência e ser,não pode ser limitada por outras causas pois é ilimitada e atemporal.Como percebido acima,quando há uma relativização do espaço e da amplitude do ser há limitação ao Espaço-Tempo.Por outro lado,uma Causa atemporal e ilimitada seria relativizada no espaço e em sua amplitude ontológica pela existência de outras causas em seu mesmo patamar.
Abobrinhas que não implicam que uma hipotética causa inicial fosse necessariamente "tipo um cara".
Se é definida como a única causa, por definição, só pode ser única. O problema é que nem se sabe se há mesmo necessidade dessa causa, e se, diferentemente da definição, algo mais próximo foi realmente uma causa única, e não uma série delas, ou infinitas causas, 523, 12. Passando por cima disso tudo, a idéia de que a causa fosse "tipo um cara" é puro wishful thinking, querer que seja verdade. Não está muito longe de ficar teorizando que além disso essa causa primeira é um velho barbudo sentado num trono no céu porque isso está "dentro da totalidade das possibilidades atemporais encrustadas na infinitude do potencial existencial da causa primeira".
Eternidade é algo que não seria possível existir segundo as suposições anteriores, imutabilidade implicaria em algo que "nunca fez" ou "sempre fez" algo, o que também não é compatível com o que se quer defender, a ilimitação também não confere, auto-consciência não está implícita em qualquer das pressuposições e, por tudo que se sabe de auto-consciência, isso é algo bem mais complexo do que algo muito parecido com "absolutamente nada" poderia ter, e não é uma característica necessária apenas a partir da noção básica de "algo que não teria sido causado, antes de que existisse qualquer outra coisa". Nem sei bem o que poderia significar "auto-existente".A evolução levaria milhões de anos para produzir auto-consciencia
Eternidade pode existir em um momento imutável atemporal.A mutabilidade de um sub-conjunto não se aplica necessariamente à integralidade do conjunto.A limitação não confere precisamente na tese de existência de um Deus infinito e absoluto.Para obter auto-consciência na natureza uma configuração bio-química milimetricamente restritita e limitada tem de existir.Auto existente é o que simplesmente existe,como poderia ser no caso do Universo ou de Deus.Por último,a evolução não linviabiliza a existência de Deus apriori.
A parte da evolução atribuída a mim aí não foi eu que escrevi, e realmente não inviabiliza logicamente a idéia de um deus ou qualquer super-cara.
Não sei se tem qualquer um além de você que defina eternidade como ausência absoluta de tempo, ou um "momento" nessas condições praticamente antônimas absolutas de eternidade.