Fabrício,
Ainda continua confundindo lógica com base axiomática. A existência dos espíritos é axiomático para o Espiritismo, independentemente dos métodos que ele se utilizou para formar essa convicção. Esse axioma pode ser atacado, certamente, mas não para invalidar a lógica espírita. Mesmo que esse axioma fosse falso, a lógica espírita não estaria invalidada por isso. O falso axioma apenas conduziria a uma conclusão falsa através de uma boa lógica, nada mais.
Eu já disse que mesmo para o sistema de axiomas mais fantástico e absurdo, esses axiomas não podem ser escolhidos a esmo. Não pode haver contradição entre eles e os fatos, assim como não pode haver contradições na lógica desenvolvida a partir deles. Isso é regra básica para sistemas que se arvoram em ser chamados de filosóficos e não é fácil de se conseguir; é preciso ao menos ter uma boa inteligência para erigir um sistema falso sem contradições. E eu tenho certeza que o Espiritismo tomou esses cuidados em sua elaboração, tanto que não se consegue derrubar a sua lógica.
Isso é um primeiro crivo, é verdade, e não abrange tudo, pois mesmo com todas essas condições observadas, ainda se pode cair num sistema de conclusões falsas. Mas só esse crivo já é capaz de descartar mais de 90% dos sistemas hoje vigentes. Lembra que no outro dia eu mostrei o sistema cristão que diz, num momento, que Deus é justo e mais à frente mostra que esse mesmo Deus é injusto? Ora, Deus não pode ser justo e injusto; isso é erro de lógica. Ou admite-se que Deus não seja justo o tempo todo, ou admite-se que ele o seja o tempo todo, mas não as duas coisas juntas. Para o sistema voltar a ser filosoficamente válido, um desses axiomas precisaria ser abandonado. E esse tipo de erro é capaz de derrubar um sistema inteiro, se o axioma for fundamental. Não é sequer preciso averiguar os fatos para isso. E dá para refutar mais de 90% dos sistemas de hoje só tomando por base os axiomas que eles mesmos tomam por fundamento e mostrando as contradições existentes entre eles e/ou a lógica que usam.
Então, portanto, não, não dá para formar crenças sólidas através da escolha aleatória de axiomas. Eles careceriam de consistência.
É a mesma história das contradições num mesmo depoimento. Se há contradições, já sabemos que é falso. Se não há, ele pode ser verdadeiro ou pode ser falso. Primeiro elimina-se os obviamente falsos a fim de que não se perca tempo analisando-os e depois analisa-se os que têm possibilidade de serem verdadeiros, os que cumprem todos os requisitos básicos filosóficos.
O Espiritismo não se auto-denomina Filosofia à toa. Ele quer ser, se esforça para ser e quer ser reconhecido como um sistema filosófico. É ponto de honra.
Um abraço.