Partindo disso, por exemplo, quem é morto por uma bala perdida ou morre num acidente de trânsito já fez o que tinha que fazer, e como não teve sofrimento, fulano foi bom no passado?
E os que sofrem antes de morrer, por exemplo, torturados e afins? Se sofreram, é porque realmente mereciam isso por algo que tinham feito noutra vida?
Um recurso pouco proveitoso para quem detrata a doutrina espírita é o de garimpar textos na literatura rica por ela oferecida. É fato que se encontrem explicações as mais ridículas para qualquer assunto, mas o conjunto todo nos leva a reflexões mais positivas, mostrando lógica até mesmo em muitos acontecimentos infelizes.
Bem, o resumo da ópera é o seguinte: Não acontece nada sem uma causa, porém estas causas são tão variadas quanto o número de átomos no universo físico. É INUTIL ficar explicando que pessoas mortas num desastre tão infeliz quanto este último sejam por isto ou aquilo que fizeram ou deixaram de fazer. Isto não é lógico e não é isto que e DE ensina! Não somos retardados procurando justificativas “bunitinhas” para a justiça de deus, que para mim, é o último a se preocupar ou mesmo interferir com nossa sorte ou azar.
Um abraço
Correio,
Ok, mas cuidado com os eufemismos para tentar amenizar a dureza de certos ensinos, pois senão o remendo acaba ficando pior do que o soneto e acaba sendo explorado pela crítica num sentido bem mais desfavorável. As coisas são o que são, e isso não adianta querer fechar os olhos. O feio é feio, o pobre é pobre, o velho é velho e o Espiritismo ensina a Lei de Talião sim. Pode-se amenizar as expressões quando se vai dissertar sobre isso, mas sem mudar o contexto, pois que senão soa falso e acaba-se ganhando uma justa acusação de hipocrisia.
Há as provas e as expiações. As provas ocorrem para que se realize um determinado progresso, ou seja, é um sofrimento que advém para crescimento, mas sem que tenha havido um delito anterior que o justificasse. Já as expiações são decorrentes de um delito passado, ou seja, são punições. Como diferenciar uma da outra? Não dá, para quem não conhece o passado do indivíduo, mas pode-se tentar conhecer por suas tendências. Mas a conclusão é uma: ou o sofrimento representa oportunidade de evolução moral ou intelectual, ou é uma punição. Não há outra opção.
Também não considero de todo inútil estudos de casos de comunicações de espíritos de pessoas que passaram por determinados tipos de sofrimento. Allan Kardec mesmo publicou algumas dessas comunicações no capítulo de Expiações Terrestres em
O Céu e o Inferno onde espíritos, após a morte, disseram porque é que tiveram que passar pelo que passaram (por exemplo, o caso de Letil, industrial que morreu num acidente horroroso com verniz fervente, ou o de
Antônio B... Enterrado Vivo. - A pena de Talião, que morreu depois de acidentalmente ter sido enterrado vivo após uma morte aparente por letargia, etc.). Há também um livrinho muito interessante publicado pela Petit intitulado
Deficiente Mental: Por que fui um?, que contém relatos psicografados por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, que também foi elaborado no mesmo sentido, de testemunhos de espíritos de ex-deficientes mentais que já haviam falecidos e explicavam o porquê de suas determinadas situações.
Todos essas comunicações são interessantes sob o ponto de vista moral, mas é claro que precisam ser respeitadas as conveniências e a família deve ser consultada e autorizar que tais comunicações venham a público. Esse foi um cuidado que não tomou Chico Xavier, por exemplo, ao psicografar Humberto de Campos, o que lhe trouxe alguns transtornos na década de 40. Mas se a família (próxima) autorizar tais comunicações, me desculpem os céticos e todas as pessoas acostumadas a passar mal, vomitar, se indignar, etc., mas não há nada demais na publicação desses relatos. Um dos objetivos do Espiritismo é estudar os espíritos e analisar as suas situações felizes ou desgraçadas, a fim de instruir os homens acerca do que lhes reserva o futuro ao buscarem o bem ou o mal. Essas comunicações são excelentes para esse objetivo. Só devem ser respeitadas as conveniências.
Mas há uma coisa que realmente é leviandade: é ficar especulando o que cada um fez ou deixou de fazer para sofrer o que sofreu. Se há ao menos uma comunicação, uma que possamos ao menos mais tarde acusar de ser falsa, é uma coisa. Ficar especulando da própria cabeça que o fulano "tacou pedra na cruz do Cristo", é outra completamente diferente e eu sou contra.
Um abraço.