Uma pergunta. Quando um homem faz piada com a pretensa superioridade masculina sobre à feminina na aptidão para dirigir veículos, você considera isso discriminação? Você acha que isso é "celebrar a superioridade masculina"? Tenho um ponto de vista muito distinto desse.
Oi Temma,
Tudo bem?
Muito interessante sua postagem.
Mas, respondendo a sua pergunta, entendo que uma piada feita por um homem sobre a pretensa falta de aptidão feminina para dirigir é sexista sim, e justamente pela razão que você descreve: o homem que narra uma piada dessas, mais que desqualificar a mulher (o “outro”), está celebrando sua própria “capacidade superior ao volante”.
Considero que ambas as piadas podem ser ofensivas, e que, por isso só é moralmente reprovável contá-las em público. mas, não acho que o ato de contar uma "piada" configure um ato discriminatório (seja racista, sexista, ou o que for).
Ué, mas o
moralmente reprovável está justamente no fato da piada ser racista ou sexista e não no fato de ser contada em público.
No caso em questão, eu nunca incutiria racismo ao Danilo Gentili, o que eu discuto é o cunho racista da piada. - pra mim racista.
Interessante.
No caso da piada do Gentili, como só consigo perceber humor sobre um comportamento de jogadores de futebol e não sobre pessoas da cor X ou Y, não vejo racismo nem nele nem na piada.
Pode-se até dizer que “discrimina” jogadores de futebol – mas no caso não há nenhuma relação de superioridade/inferioridade envolvida, assim, não há discriminação.
Pra mim o que ocorre nas piadas é justamente assumir o fazer de conta com os estereótipos da sociedade. (se isso é capaz ou até onde pode prejudicar o grupo objeto da piada é outra questão)
O humor pode ser feito sobre estereótipos, mas muitos desses estereótipos são discriminatórios, por exemplo, “mulher dirige mal”, “bahiano é preguiçoso” etc.
Assim, dependendo do contexto e de quem conte a piada, a discriminação aparece junto. Mas, é claro, dependendo do contexto e de quem conte, pode ser só humor ou pode ser até denúncia ou esclarecimento.
Agora, se a piada fosse direcionada a uma pessoa em específico, por exemplo, num ambiente de trabalho, sendo habitual ou acompanhada de algum ato discriminatório, aí eu até consideraria hipótese de racismo.
Nesses casos a discriminação fica mais clara. Você tem razão.
Mas é o lance do contexto que falei a pouco.
Pode parecer irrelevante, mas pra mim essa é uma diferença significativa. Se racismo/sexismo e tantas outras discriminações são tão reprováveis, flexibilizar seu significado pode acabar tornando a conduta aceitável. Um tiro pela culatra.
Também acho que “flexibilizar o significado” de expressões racistas em piadas e coisas assim pode acabar naturalizando condutas inadequadas. Por isso é importante tomar cuidado com a situação em que essas piadas são contadas. Se “a ocasião faz o ladrão”, o “contexto faz a discriminação aparecer”.