Deve ser assunto batido já, mas...
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Num texto denominado,
A Pequena Sociologia do Fungo (Pondé, Ilustrada, 27/07/2009), o autor denuncia uma farsa moral existente naqueles que pretendem criticar uns poucos que humanizaram os nazistas. Exemplifico, conforme o texto. Quando Hannah Arendt disse no julgamente de Eichmann em Jerusalém que o nazista era “banalmente humano”, ela foi acusada de traidora da raça, como se ninguém pudesse perceber, ainda mais uma judia, alguma humanidade nos alemães carrascos que apertavam seus botões da morte. No texto, propõe-se que os nazistas não agiram daquela forma por alguma monstruosidade em seu âmago, sim pois quase todo humano, naquelas condições, fariam a mesma coisa. Segundo ele, a burocracia e a rotina, a pretenção de não perder a condição social, a necessidade atual de progredir na vida, são exemplos de situações que nos transformam em “zumbis morais”, em criaturas destituídas de julgamento ou, conforme ele, “tato moral”, que pensam e agem somente pra própria segurança. Ele continua,
Há um conforto canalha em remeter os anos nazistas a algum tipo de monstruosidade. Perceber a humanidade do nazista não é desculpá-lo ou justificá-lo moralmente, mas sim iluminar nosso parentesco com ele, é denunciar um cotidiano de pequenos interesses e medos que sufocam o mal-estar moral numa praga de fungos. É aí que reside a farsa moral: remeter o nazismo a uma monstruosidade é supor que foi algo "não humano" que o produziu. Essa suposição é a farsa moral: o monstro nele provaria que estamos a salvo.
A metáfora do fungo é “um mal que se espalha e corrói a alma abandonada à inércia da burocracia carreirista”.
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E vocês, que acham disso?