Mas acho que é justamente o inverso, aceitando outros machos, reduzem a chance de procriar. Eles se dariam melhor, muito melhor, se simplesmente tivessem haréns maiores. Mas aí uma parte das fêmeas aparentemente que pode sair perdendo, a ponto de se "revoltarem".
Talvez o ganho seja na manutenção da segurança do grupo, ou na eficiência das estratégias de busca por comida.
Eu apostaria só em que "deu a louca" no comportamento das fêmeas mesmo, uma reação possível por quaisquer tendências que elas já tinham, e que não tem necessariamente qualquer vantagem com relação às possíveis alternativas. Ainda que tenha, para as fêmeas que conseguem ter haréns, mesmo que em detrimento da reprodução de vários outros e outras. Pelo que eu ouvi, isso ainda não pode ter sido geneticamente selecionado, de qualquer forma, só é o que está acontecendo num sentido mais "puro" de seleção, que pode ou não estar significando a seleção de tendências genéticas a esse comportamento agora.
Eu ainda acho... realmente esperaria que se em 99.99% do tempo os comportamentos mais favoráveis para macho e fêmea são relativamente estáveis, devessem ser algo bem especializado e bastante rígido, e não algo tão flexível. Essa flexibilidade, se for para enxergar como resultado de seleção natural, teria como morfologicamente análogo algo como, levar elefantes para a Sibéria e ver eles começarem desenvolver uma pelagem de mamute. Bem, na verdade isso ainda teria a vantagem de ser benéfico para todo mundo, enquanto que essa inversão dos papéis sexuais só beneficia a algumas fêmeas, prejudicando as outras e aos machos, que também têm seu teto reprodutivo extremamente rebaixado em comparação a situação de só terem haréns maiores.
Por outro lado, isso tudo é tão recente e tão breve que deve ser só um "fluke". Em algumas gerações, acho que as coisas devem se reestabelecer, por vantagem reprodutiva de populações onde ainda vigorarem ou voltarem a vigorar as regras normais.
Eu não vejo porque deveriam ser tão rígidas estas estruturas. Elas se provam bastante variáveis se pensarmos em grupos na base dos vertebrados...
Bem, eu não conheço muito disso, então esperava que fossem comportamentos mais rígidos.
O engraçado é que você nesse caso é que parece estar defendendo coisas mais condizentes com "determinismo social" do que genético, e eu o contrário

Possivelmente devem ter extremistas mesmo, mas sei lá; acho que todos minimamente informados, no máximo assumem variações genéticas como desprezíveis em longo prazo, e que, ainda que se possa dizer que hajam bases genéticas para todo comportamento (até tocar piano, ainda que não existam "genes de pianista"), isso é mais ou menos irrelevante, pode-se simplesmente assumir que a "espécie se comporta assim".
Ignorar a variação genética é justamente deixar o lado biológico da espécie de lado...
A biologia não se resume à variação genética, senão não se poderia falar nada sobre os aspectos biológicos ou mesmo genéticos de espécies que se reproduzem por clonagem... o que existe em comum numa espécie pode ser já suficiente para lidar com o grosso da variação comportamental, sem se precisar atribuir tudo/muito (ou qualquer parte muito significativa, ou significativa em termos sociologicos) a variação genética.
E esse é um assunto que deveria ser mais discutido... até em casos de planejamento de adoção.
??
Como assim? Screening para comparação de compatibilidade entre genes que influenciem a personalidade dos pais e dos potenciais filhos que adotariam? Acho que estaria se querendo algo excepcionalmente melhor do que aquilo que já viria naturalmente com filhos biológicos mesmo, não se tem garantia de personalidades compatíveis só por isso.
Não de personalidades compatíveis não... mas há indícios que, por exemplo, agressividade possa ter fatores genéticos. Se for o caso, e você for um ser pacífico, no sorteio da adoção pode lhe ser destinado uma criança naturalmente agressiva.
O que poderia ocorrer de qualquer forma, mesmo através de filhos biológicos mesmo, dependendo da genética e do desenvolvimento dessa agressividade... não vejo motivo para preocupação especial no caso de adoção.
Eu não acho que é nem exatamente o lado racional sobrepujando, mas uma diferença mais dramática no desenvolvimento mesmo. Se o seu primeiro idioma é português, é isso e acabou, nunca vai conseguir mudar, isso está fixo no seu cérebro.
Não sei onde li que a criança pode aeitar até 2 línguas mães, mas os idiomas precisam ser apresentados a ela antes do nono mês... puxa, minha memória está péssima...
Eu não sei bem sobre isso, queria fazer uma analogia com o período crítico de desenvolvimento da linguagem. Crianças tem não só facilidade para adquirir a primeira ou uma segunda lingua, mas também outras. Com o passar do tempo, perdemos essa capacidade e aprender novos idiomas é mais difícil. Algo parecido parece existir para o desenvolvimento de coisas como auto-controle, acho também que provavelmente empatia, e outras coisas relacionadas à moralidade.
INTRODUCTION
It is generally known (back to medieval or ancient times) that deprivation of sensory stimuli like voice and vision in the early phases of human life will cause irreversible mental retardation in the child. Also the prevention of child play will cause intellectual deficits in the adult. But eyes, ears and the nose are not the only human sensory systems.
Additionally there are the two body sensor systems, the "somatosensors". One is the vestibular sensor for maintaining orientation and upright walk. The other one is the skin, for sensing touch.
MOTHER BONDING IS ESSENTIAL FOR PEACE
Through the work of James W. Prescott, Ph.D. and various others until the mid 1970s it was established that these previously neglected senses are of overwhelming importance for the development of social abilities for adult life. Their deprivation in childhood is a major cause for adult violence.
James W. Prescott, Ph.D., was a health scientist administrator at the National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), one of the Institutes of the US National Institutes of Health (NIH) from 1966 to 1980. He created and directed the Developmental Behavioral Biology Program at the NICHD where he initiated NICHD supported research programs that documented how the failure of "Mother Love" in infant monkeys adversely affected the biological development of their brains. These astonishing abnormal brain changes underlie the behaviors of depression, impulse dyscontrol and violence that result from mother-infant separations.
CULTURES THAT PUNISH INFANTS OR REPRESS SEXUALITY ARE VIOLENT
These behavioral effects were confirmed in his studies on primitive cultures including the effects of sensory deprivation of human sexual pleasure and affection during adolescence. The results of these scientific studies do not support the many traditional religious and cultural values throughout the world, which deny the importance of "Mothering" and of youth affectional sexual relationships for peaceful and loving behaviors.
The continuation of this research was obstructed and eventually cancelled by the NICHD. Even the existence and results of these NICHD supported research programs was consciously omitted in a recent NIH publication.
On this web site, you can read the whole story. Here you can read a short history of Dr. Prescott's research and the full text of the groundbreaking article "Body Pleasure and the Origins of Violence", watch the complete Time Life video documentary Rock A Bye Baby, browse the comprehensive archive of scientific papers and visit related websites from our list of selected links.
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O próprio Pinker meio que dá um exemplo interessante. Ele tem uma apresentação nos TED talks sobre como a violência foi diminuindo com o passar do tempo na humanidade, mesmo em um curtíssimo espaço de tempo, como desde a Segunda Guerra até hoje, atribuindo isso obviamente não a mudanças genéticas, mas ao famigerado "meio" e as mudanças culturais. Me parece mais um exemplo de situação onde a biologia é quase "desprezível" como explicação; não é que ela não esteja lá, e não seja significativa (não existem humanos sem biologia!), mas o meio mudou, e nós mudamos, enquanto a biologia continuou a mesma.
O que quer que possa se tirar de útil da biologia aí não é muito mais do que temos uma biologia tal que, nos permite essas mudanças comportamentais moduladas pela cultura. Não parece que uma explicação sociológica que praticamente não mencionasse nada de biológico fosse ficar seriamente lesada se não chamasse a atenção para o fato de ser tudo ainda parte da natureza humana de qualquer jeito.
Mas ele analisa o componente genético para dizer que os aspectos biológicos não mudaram, ou ele supõem?
Acho que é uma mistura de suposição e análise; sabe-se que temos muito mais em comum geneticamente, entre todas populações/raças do que diferenças, e ainda que hajam diferenças de freqüências aqui e ali, elas são poucas, não muito drásticas, e muito insuficientes para explicar a variação de comportamento entre populações mais biologicamente distantes ou em divisões (sociologicamente significantes, não individuais) de populações mais biologicamente similares.
Se pensarmos apenas no contingente que foi para as diversas guerras do século passado, já vemos que uma grande parcela da população deixou de se reproduzir. Será que essas pessoas não eram mais propensas a enfrentar os desafios que uma guerra impõem, sendo até mesmo menos pacífcas que as que escolheram ficar fora da guerra?
Acho bastante improvável... não sei bem, mas acho que em boa parte do tempo o alistamento não é voluntário, então os "dispostos a lutar" nem de longe precisam ser os mais geneticamente propensos a entrar em guerra. Eu pessoalmente penso que 99% dos soldados, mesmo dos realmente voluntários, não são soldados voluntários por algo substancialmente mais individualmente genético do que serem homens e terem condições de saúde para lutar.
Eu não excluo totalmente a possibilidade de haverem aqueles com maior vocação, a quem a ideologia pró-guerra atraia mais, e que isso tenha um componente genético, mas novamente, por causa da natureza humana geral, potencialmente belicista o bastante, não acho que precisamos supor um papel "volumoso" para variações genéticas especialmente mais belicosas. No máximo, acho que talvez indivíduos assim (e mesmo esses não são necessariamente "mutantes") possam exercer uma influência social mais significativa do que se, em vez deles, tivessem sido outras pessoas com um temperamento mais perto do normal no lugar deles.
Um pouco como aquela idéia de talvez algumas doenças mentais poderem ter um papel mais significativo no desenvolvimento de religiões, sem que os religiosos como um todo sejam doentes mentais. O comportamento de "hiper-religiosidade", por exemplo, associado a um tipo de epilepsia, talvez tenha feito de algumas pessoas pregadores especialmente influentes, impressionantes pela paixão, e pelo entusiasmo literalmente doentio; esquizofrênicos com alucinações para eles absolutamente reais podem ter sido testemunhas muito convincentes de assombrações ou algo do tipo (achismos meus
nesse tópico; outro tópico relacionado
aqui). Também há uma hipótese de que doenças que alteram o comportamento, como toxoplasmose, também possam causar uma espécie de "efeito fundador" cultural (E um
tópico sobre isso).
Algo assim talvez ocorra nessa questão da guerra, mas mesmo que elas estejam mais representadas no pool genético de soldados, mais ou menos como talvez genes para o espectro de homossexualidade e depressão sejam mais comuns entre "emos", não acho que a guerra teria um efeito tão "eugênico" ou seletivo, por eles serem poucos demais mesmo entre os soldados, e por provavelmente a determinação desses traços ser bastante complexa, e ainda sobrarem várias outras pessoas com as mesmas tendências e variação que eventualmente acaba se embaralhando de forma igual ou suficientemente parecida.
Ao mesmo tempo, as vítimas da Segunda Grande Guerra foram geralmente menos de 8-10% da população de cada país que tenha participado, somando militares e civis. Mesmo que, digamos, esses 10% dos mortos concentrassem mais pessoas mais propensas a guerra do que quaisquer outros 10% da população, poderia muito bem ser que ainda assim, sobrevivessem mais pessoas com essa propensão do que as que morreram, nos 90% restantes da população.
Há ainda a possibilidade oposta, de que essas pessoas na verdade estivessem menos representadas entre as baixas, por se sentirem mais confortáveis com a guerra do que aquelas que acabaram participando dela por razões biológicas mais comuns a toda humanidade. Estresse pós-traumático em guerra tem algo a ver com isso, ouvi dizer; não é fácil embarcar num avião sabendo que está se dirigindo num lugar para depois desembarcar e começar a matar pessoas, pessoas contra as quais nem necessariamente se têm qualquer raiva, é diferente de um "crime passional", você mata por ordens dos superiores.
Existem coisas interessantíssimas de psicologia "universal" quanto a isso, sobre como as pessoas tendem a seguir ordens de pessoas apresentadas como superiores, mesmo a contra-gosto, e mesmo que não haja qualquer represália pela desobediência -- o que não é o caso da guerra, onde pode haver pena de morte por crime de deserção -- bem como técnicas de tapear tendências pacifistas criando uma "pseudo-especiação" psicológica, através de um discurso que desumaniza o inimigo e reforça os laços de parentesco entre os aliados.
Talvez então haja uma pequena "vantagem seletiva" a aqueles mais insensíveis aos horrores da guerra, aos que talvez até tenham gosto pela coisa, em vez do contrário.
O que acontece realmente, eu não sei; não acho que as guerras tenham sido muito "geneticamente significantes", principalmente as mais recentes. Na maior parte, deve causar só deriva genética mesmo, sem qualquer influência genética no comportamento relacionado a guerra ou pacifismo.
Acho que o Steven Pinker coloca a ONU como principal fator responsável pela diminuição das mortes em conflitos armados após a Segunda Guerra. Acho que o temor das armas nucleares também ajudou, e se não me engano ele menciona isso também.
Não sei é uma hipótese válida (pensei nisso agora, rapidamente)... mas se os "covardes" ficam e se reproduzem, com o tempo, nossa sociedade deve ir se acovardando...
Pinker não exclui a biologia, mas também não a considera... o que na prática dá na mesma.
Não acho que seja nem excluir nem desconsiderar, só dá a ela o papel... que realmente parece ter... no sentido mais universal de "natureza humana", onde variações individuais ou populacionais não tem tanta importância, se alguma.