Todo diagnóstico deve observar a freqüência, intensidade, duração e condições dos sintomas. Evidentemente, uma pessoa que perdeu um ente querido, vivendo um momento de difícil, de stress e depressão, pode ter delírios, alucinações e outros sintomas que podem passar a ilusão, por exemplo, de um contato com o “mundo dos mortos”. Normalmente, num período em até 6 meses, poderá ser diagnosticado apenas como um transtorno. Não quer dizer que essa pessoa seja esquizofrênica de fato, mas pode estar apenas temporariamente desequilibrada. Por outro lado, a manifestação dos sintomas de primeira linha de Schneider espontâneos freqüentes e intensos não são ocorrências comuns e formam um quadro de desvio de comportamento, considerado anormal, no caso, como o autor do texto diz, esquizofrênico. Pessoalmente, acho que o diagnóstico é bem mais complexo e depende de uma série de outros fatores. Existem ainda, os sintomas que ocorrem com hora marcada em sessões espíritas, rituais, cultos, etc. Estes são sérios candidatos a evidência de fraude e, conforme o caso, devem até ser objeto de investigação policial.
Em relação aos limites da sanidade, acho que é uma fronteira difícil de se estabelecer, mas pode ser estatisticamente estudada. Além dessa fronteira teórica, ainda assim, poderíamos ter por exemplo, classificações alternativas como a dos loucos felizes e inofensivos, dos loucos felizes e perigosos, dos loucos infelizes e inofensivos e dos loucos infelizes e perigosos. Os loucos felizes e inofensivos são os “maluco belezas” que passeiam de disco voador, realizam curas à distância, recebem orientações de mestres e extraterrestres e canalizam energias para a humanidade, dentre outras coisas. O problema com os “malucos belezas” é que, freqüentemente, eles quase não se expõem, mas quando o fazem e se são inteligentes, têm um discurso bem produzido e são protegidos pela “lógica” de suas crenças, cultos, religiões, pseudociências, etc. Argumentar com um “maluco beleza” ,argumentando contra esse “escudo de proteção”, é de certa forma, evitar argumentações Ad Hominem. Essa categoria de loucos é protegida pela sua condição não ofensiva, portanto, relevada ou protegida pela sociedade. Afinal, são pessoas de bem, ou melhor loucos “do bem” e correspondem, acredito, à maioria esmagadora dos doentes mentais.
Tenho pensado muito nesse assunto, tenho muitas dúvidas a respeito e agradeceria argumentações contrárias que me estimulassem a refletir e talvez me convencer de que talvez não seja por aí...