Inicialmente , comno assim a mais-valia não tem valor prático na determinação do lucro?
Porque...
A produção de mais-valia não é garantia da sua realização , nem muito menos que ao ser realizada o será no seu valor integral.
Ou seja, obter mais-valia não necessariamente implica em obter lucro. Um empresário pode ter 1 milhão de mais-valias que não lhe valem 1 centavo... que legal essa mais-valia! Quem quer?
E...
Por outro lado é possivel se ter lucro sem haver produção de mais-valia
A recíprocra da anterior, ou seja, pode-se obter lucros sem ter obtido mais-valia.
Logo, pra que serve essa tal de mais-valia?
É a existência da mais-valia que permite ao capitalista ter lucro
Opa, isso entra em contradição com suas frases que eu quotei na postagem anterior.
Você disse que é possível obter lucro sem ter obtido mais-valia, e agora diz que é a existência da mais-valia que permite o empresário ter lucro?
Decida-se.
pois receberá após a comercialização do produto mais valor do que colocou no início da produção.
Você disse bem, após a COMERCIALIZAÇÃO.
Essa tal mais-valia é algo que supostamente se recebe após a
produção. E você mesmo disse que o lucro que o empresário obtém após a
comercialização varia com muitos outros fatores, podendo inclusive ser zero havendo mais-valia, ou haver lucro após mais-valia zero.
Logo, ao falar que a mais-valia (algo inerente à
produção) é o que permite obter o lucro após a
comercialização(que é algo que você mesmo citou que depende de outros fatores que não a mais-valia), você está fazendo um jogo linguístico com os leitores, associando necessariamente a mais-valia com o lucro após a comercialização
tendo antes dito que essa relação não é necessária(Você fez um ilusionismo linguístico semelhante ao daquela charada "onde está o real/dólar que falta").
Além disso, está em contradição com o que você mesmo disse antes. (Você disse que pode haver lucro sem mais-valia).
No sistema capitalista , pela terminologia de Marx , o valor do produto incorpora o valor do capital fixo (matérias-primas , maquinário , etc) , o valor pago pela força de trabalho (capital variável)(...)
Correto até aqui.
e a mais-valia produzida pelo trabalho.
Aí está a questão. De onde vem essa "mais-valia produzida pelo trabalho" em uma empresa 100% automatizada, em um produtor individual ou em um comerciante que apenas compra mercadorias para revendê-las?
Se a mais-valia é "o que permite o lucro" e se também a mais-valia é "produzida pelo trabalho humano", LOGO é impossível haver lucro pra qualquer atividade que não empregue mão-de-obra humana alheia, por exemplo:
1- Empresa 100% automatizada (de quem viria a "mais-valia que permite o lucro"?)
2- Produtor individual, que não emprega ninguém.
3- Comerciante, que compra bens para revendê-los.
Etc...
Tanto o capital fixo quanto o variável são distribuídos no produto final ,
Então como é possível haver prejuízos??
Por essa tese, só haveria prejuízos se os bens de capital fossem destruídos!
mas o aumento do valor acima dos gastos de produção vêm da mais-valia ,
Então o comerciante, a empresa 100% automatizada e o produtor individual nunca teriam lucros...(já está enchendo o saco ter que repetir isso o tempo todo).
o objetivo da produção e ter ao final mais do que se colocou no início do processo ; senão ao final da produção ter-se-ia uma massa de produtos de mesmo valor dos gastos para produzir e não haveria possibilidade de lucro nem para a manutenção do capitalista nem para reinvestir na produção.
Não está sendo discutido se o empresário quer ou não lucro, está sendo discutido se esse lucro vem necessariamente de alguma mão-de-obra humana empregada.
Quanto ao fato da mais-valia ser uma espécie de "entidade metafísica": toda e qualquer sociedade (aliás qualquer grupo humano) que ascenda acima da mera existência no limite da sobrevivência necessita produzir mais do que consome , já que uma parte do que é gerado pela coletividade deve servir para reserva em caso de reveses, para recomeçar uma nova produção ou para permitir dar conta do aumento populacional. Pense na comparação entre um grupo humano de caçadores/ coletores que dependem da sazonalidade dos vegetais e da capacidade de obter caça e uma comunidade de agricultores neolíticos , onde o cultivo , a reserva de sementes , permitiu a fixação no território , o crescimento populacional pela redução da incerteza alimentar e o desenvolvimento cultural.
Idem à anterior: não está sendo discutido sobre a necessidade/desejo/procura de lucro/excedente. Está sendo discutido apenas a
origem desse lucro/excedente
em uma economia livre, se necessariamente de mão-de-obra humana alheia ou não.
A apropiação de parte do produto criado por uma sociedade acima das suas necessidades básicas ,
Olha só a parte em negrito. Você usa isso como um pressuposto tão firme que nem percebe...
Um determinado bem ou serviço é produzido por indivíduos/máquinas/animais específicos, e não "pela sociedade". Em uma comunidade tribal primitiva, ou em uma família, as pessoas compartilham suas produções devido a vínculos afetivos ou morais, e não porque foram "todos" que necessariamente produziram as coisas (exceto se fizerem um "mutirão" onde todos participem).
Ou seja, os bens e serviços são produzidos por pessoas, grupos de pessoas, máquinas, animais, energia do carvão, das quedas d'água, do petróleo ou do urânio, e não "pela sociedade" (a não ser que houvesse uma espécie de mutirão onde todos participem).
O fato de dizermos que o PIB de um país é de 1 bilhão não implica que TODAS as pessoas participaram, ou que todas participaram igualmente, da produção desse 1 bilhão. Cada pessoa receberá proporcionalmente ao que EFETIVAMENTE contribuiu.
.
Pelo conceito marxista de valor-trabalho todo o valor é derivado do trabalho humano. No seu exemplo da industria 100% automatizada , ainda que ninguèm nela trabalhasse , ainda assim as matérias-primas e as própias máquinas foram em algum momento produzidas com o trabalho humano ( a não ser que imaginemos maquinas autoreplicantes e que possam além de se replicarem ,gerarem outras com funções diversas, um cenário à la Exteminador do Futuro).
Errado. Pelo conceito que o próprio Marx coloca, O suposto valor-trabalho já incorporado nas máquinas e matérias-prima
não tem nada a ver com a mais-valia ou lucro, sendo apenas "transmitido" para os produtos. A fonte de "valor novo" necessariamente seria o trabalho humano nessa indústria em questão.
Ou seja, continua inexplicável como uma indústria 100% automatizada (que não tem de quem tirar mais-valia) pode obter lucro.
Não há uma tendência no sentido do pleno emprego porque ocorre tendência a redução do emprego de mão de obra com o aumento do uso de maquinário. Como o valor de um produto é dado pelo tempo socialmente necessário para produzi-lo* , se eu , pelo inovação tecnológica em maquinário , produzo em 4 h a mesma quantidade de produtos que os demais em 6 h eu tenho uma vantagem comparativa em relação aos meus concorrentes , pois embora para a minha produção o valor de cada produto seja menor ele será vendido como se portasse o valor maior ( além do que produzirei em 6 h maior quantidade).
Mais outro "pressuposto tácito" que você usa sem ao menos se dar conta (aparentemente):
A capacidade de trabalho média das pessoas PERMANECE A MESMA sempre. Ela só poderia variar caso as pessoas em geral sofresses mudanças corporais (ganhando mais massa muscular, mais resistentes, necessitando de menos sono ou descanço, ficando com melhor inteligência ou memória, etc).
Logo, é errado dizer que com as máquinas, as pessoas (corporalmente falando) conseguem produzir mais do que produzia antes.
O correto é dizer que as máquinas passam a fazer parte do trabalho que antes era feito pelas pessoas.
Por exempo: se você produz sem máquinas 1 par de sapatos pod dia, e com a máquina 10 pares, é ERRADÍSSIMO dizer que "agora eu produzo 10 sapatos". O correto seria dizer "agora eu produzo em média 1 sapato e a máquina 9"
(Não haveria uma separação entre os sapatos que você e a máquina produz, usei isso apenas para quantificar a CONTRIBUIÇÃO que cada fator deu para a produção total).
É errado, portanto, dizer que os trabalhadores de uma indústria "agora estão produzindo o décuplo de mercadorias por causa das máquinas" (e os empresários safados lhes tomando 90% da produção!!!!).
O correto é "a contribuição da mão-de-obra para a produção nessa indústria agora é de 10%, antes era de 100%" (sendo que os trabalhadores estão recebendo mais ou menos o correspondente à sua contribuição efetiva)
Percebem a enorme quantidade de enganos que pressupostos tácitos errôneos e ilusionismos de linguagem podem causar?!
O mesmo poder-se-ia ter com uma intensificação do esforço ( um trabalhador produziria mais em menos tempo) ou por prolongamento da jornada de trabalho sem aumento proporcional da remuneração. No entanto ambos os métodos esbarram no limite físico do trabalhador ou na resistência deste à exploração intensa da sua mão de obra ; é só recordar as condições dos trabalhadores das manufaturas inglesas no séc XIX e o surgimento do sindicalismo como resposta , modificando a relaçao de forças. Países como a China , onde os mecanismos de coerção estatal inibem a organização autônoma dos trabalhadores e mantém parte da população rural no limite da pobreza, conseguem manter o trabalho intensivo e o aumento da jornada como formas usuais de aumento da produção de mais-valia ( talvez o principal fator do crescimento chinês)
Nos países industrializados, ocorreu o oposto dessa profecia de Marx: as jornadas reduziram, os salários e o bem-estar aumentaram, e a classe média cresceu.
Uma profecia tão furada assim ocorreu devido aos pressupostos erradíssimos (em termos econômicos) nos quais Marx se baseou, e nos quais você continua se baseando aqui ao postar.