Este flood de citações de livros teóricos tem algum ponto?
Tem. Ele é descrito a seguir. Os elevados preços no setor de saúde americano podem ter chegado aonde chegaram sobretudo por causa de sucessivos deslocamentos na curva de demanda agregada do setor.
Dificilmente comparar os setores de distintos países com os EUA com alguns poucos dados levará a uma "conclusão da fórmula ideal da política pública de saúde", porque tais países tem diferentes curvas de oferta e demanda agregada. Qualquer mercado tem um grande número de razoáveis fatores que contribuem fortemente para diferentes deslocamentos das suas curvas de oferta e de demanda. O artigo do Mises Institute e do Rodrigo Constantino ajudam a explicar alguns desses fatores para diferenças internacionais, mas, sinceramente, eu não sei se seria a maioria deles foram mencionados.
Mas parece claro que negar a influência de deslocamentos da curva de demanda agregada na explicação do preço só gera paradoxos. Segundo você, não, os americanos demandam menos, apesar de gastarem incríveis 17,9% do PIB com saúde. Ou seja, quando há redução nas unidades demandadas dos bens, então não pode haver sobrepreço dos bens causado por excesso de demanda agregada. Se isso é verdade, eu pergunto então porque inflação não se auto-corrige em países em estagflação, por exemplo. Pois o aumento de preços afugentaria demandantes, limitando a quantidade demandada, fazendo a inflação cair automaticamente. Tentou-se explicar esse paradoxo, em parte, assim:
ocorre de, em alguns casos, você, como negócio/fornecedor poder compensar a perda de demanda aumentando um pouco os preços.
"É "geralmente" algo mais fácil do que tentar aumentar suas vendas (esperando eventualmente de aumentar os lucros) através da redução dos preços, mas é particularmente mais seguro de dar certo se sua demanda é particularmente inelástica, como é a demanda por serviços médicos, ainda que essa inelasticidade não signifique que toda população tenha acesso adequado à saúde.
Mas... Se fosse verdade que seria regular compensar queda de vendas com aumento de preços, veríamos sempre a inflação se acelerando quando o produto caísse muito abaixo do potencial e desacelerando quando a economia estivesse muito aquecida. Olhando a experiência mundial a respeito, a evidência empírica sugere precisamente o oposto.
E, numa indústria que se tornou madura e competitiva, dificilmente a inelasticidade será tão significativa para induzir os efeitos drásticos mencionados no seu quote, pois lucros altos atraem potenciais entrantes, e os novos entrantes possuem bens substitutos próximos que deslocam as curvas de demanda das empresas estabelecidas para baixo/esquerda, além de as tornarem mais horizontais. Será esse o caso do setor de saúde americano? Se sim, caso encerrado sobre alegação do "vilão da inelasticidade". Se não, se o setor de saúde americano é monopolizado (ou muito diferente de uma indústria competitiva), restaria saber porque seu lucro médio não parece de monopolista (artigo de 2009):
(...)
Over the past year, “the profit margin for health insurance companies was a modest 3.4 percent,” Newman points out, quoting data provided by Morningstar, a company that rates mutual funds. Morningstar would have no reason to low-ball the insurance industry’s profits; its readers are looking for highly profitable sectors of the economy where they can invest. But the health plan industry is not one of those sectors: insurers ranks 87th out of 215 industries.
“Profit margins basically reflect the percentage of revenue left over after paying salaries, expenses, taxes and lots of other things,” Newman explains. When it comes to insurers, “revenue” equals all of the premiums that they receive. Those premiums are so high—and have been climbing so rapidly, in large part because the amount of money that insurers have been paying out in reimbursements to doctors, hospitals, nursing homes and patients has been rising by roughly 8% a year, each and every year, for the past ten years. Insurers have been doing their best to pass those costs on to you and me, but they haven’t been able to make huge profits. While the cost of care spirals, the number of customers who can afford to buy health insurance has been shrinking—which has meant tough times for insurers.
(...)
Fonte: http://www.healthbeatblog.com/2009/08/who-is-making-the-biggest-profits-from-us-healthcare-you-might-be-surprised/