O texto anterior (do NYT) só que em português:
EUA: Procedimentos custam caro em hospitais norte-americanosEm algumas unidades, as salas de emergência são verdadeiros centros de lucro. Uma simples diária pode custar até cinco vezes mais caro em determinadas unidades
Da redação
São Francisco – procedimentos que poderiam ser baratos em um pronto socorro de um hospital, como um pequeno curativo, pode custar até US$ 2,229.11, em unidades, como no Califórnia Pacific Medical Center, em São Francisco, Califórnia. Mas, no sistema de saúde norte-americano, nada é mais difícil de se explicar do que o preço do tratamento hospitalar. As despesas hospitalares representam cerca de um terço dos 2,7 trilhões anuais dedicados ao setor de saúde nos EUA. As informações são do New York Times.
A maior para um segmento individual, segundo estatísticas do governo, além de ser o que mais contribui para a inflação médica, de acordo com um novo estudo publicado pelo The Journal of American Medical Association.
A diária para um paciente internado em um hospital americano custa, em média, mais de US$ 4.000 – cinco vezes mais do que em muitos outros países desenvolvidos –, de acordo com a International Federation of Health Plans (Federação Internacional de Planos de Saúde), uma rede global de indústrias de seguros de saúde.
Os hospitais mais caros cobram cerca de US$ 12.500 pela diária. Em muitos deles, incluindo o Califórnia Pacific Medical Center, as salas de emergência são verdadeiros centros de lucro. Por isso que um procedimento médico simples e antigo, como tratar uma ferida através de pontos, por exemplo, pode sair tão caro.
No Lenox Hill Hospital, em Nova York, Daniel Diaz, 29, um executivo que trabalha na área de relações públicas, pagou US$ 3,355.96 por um curativo de cinco pontos no dedo, após se cortar enquanto descascava uma abacate.
Em um hospital em Jacksonville, na Flórida, Arch Roberts Jr., de 56 anos, um ex-funcionário do governo, precisou desembolsar mais de US $ 2.000 por um curativo de três pontos, depois de ser mordido por um cão.
No Hospital Mercy, em Port Huron, Michigan, Chelsea Manning, uma estudante de 22 anos gastou algo em torno de US$ 3.000 por um curativo de seis pontos, após um tropeço. As seguradoras e os pacientes chegam a negociar preços mais baixos.
Mas, a razão principal para os altos custos hospitalares nos Estados Unidos, segundo os especialistas do setor, é fiscal, e não médica. Os hospitais são os negociantes mais poderosos em um sistema de saúde com pouca – ou quase nenhuma – regulação de preços no mercado privado.
O aumento no custo de medicamentos, equipamentos médicos e outros serviços desempenham um papel importante nas contas de um hospital. Tão importante que a fusão entre dois grandes nomes do setor hospitalar norte-americano resultou e uma da maiores redes de hospitais do país, com atuação em todo o território nacional e que impõe altos preços aos seguradoras e empregadores.
O Sutter Health, principal empresa de saúde da Califórnia e o hospital California Pacific Medical Center operam mais de duas dezenas de unidades comunitárias no norte da Califórnia, e quase todos atendem à classe média ou alta.
Após a fusão, o California Pacific Medical Center – que é considerado o maior hospital privado sem fins lucrativos do Estado –, passou a ter um maior lucro líquido. A unidade é uma das 20 mais caras do país, de acordo com uma análise de dados realizado pelo governo federal e divulgado pelo New York Times.
Segundo Glenn Melnick, professor de economia da saúde na Universidade do Sul da Califórnia, o Sutter Health pode ser considerado um pioneiro porque descobriu como acumular poder de mercado para aumentar os preços e diminuir a competição. “Os hospitais estabelecem preços para maximizar as receitas, e aumentam os preços sempre que podem”, disse.
Em outros países, o preço de uma diária em um hospital muitas vezes inclui serviços básicos. Nos EUA é o contrário. A lista de preços de cada hospital normalmente não inclui detalhes considerados menores – como uma aspirina, um saco de fluido, ou a visita de um fisioterapeuta. Geralmente, tudo isso é gratuito e essas listas são um segredo, mas na Califórnia exige uma lei que determina que elas sejam arquivados e divulgadas.
As 400 páginas do relatório do Califórnia Pacific Medical Center deste ano contém alguns detalhes curiosos: como um exame de raios-X das artérias e do coração que custa cerca de US$ 32,901; o procedimento de remoção de uma vesícula biliar (com honorários médicos não incluído) que custa US$ 25,646.88; ou um parto natural simples, que sai por US$ 5.510.
Warren Browner, diretor executivo da Califórnia Pacific Medical Center, acredita que há boas razões por trás disso, como o fato dos profissionais serem altamente qualificados, e disponíveis durante 24 horas, além da necessidade de estarem atualizados constantemente.
“O tratamento hospitalar é extremamente caro para toda a comunidade”, disse ele, observando que as unidades também precisavam ter um médicos de plantão. “Nós levamos cada centavo da receita que ganhamos e a utilizamos para construir novas e melhores instalações para todos na cidade”, completa.
Para alguns especialistas, muitas vezes a saúde está em acordo com as receitas, mas mesmo assim há gastos desnecessários, mesmo com a maioria dos hospitais sendo sem fins lucrativos.
“Os hospitais são abastecidos por uma indústria que está sempre em expansão”, disse James Robinson, economista e professor da política de saúde na Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Há uma quantidade infinita de material para comprar, como amenidades, máquinas, novas asas, salários mais altos, e mais enfermeiros”.
Há pouca lógica para explicar as altas contas do setor. “Os preços são arbitrários, não estão ligados aos custos subjacentes ou aos preços de mercado”, disse o professor e economista Glenn Melnick. “Não há restrições de mercado", completa. Os preços para qualquer item ou serviço são definidos por cada hospital e variam constantemente.
A codeína, por exemplo, que custa US$ 20 no California Pacific, é custa aproximadamente US$ 1 no hospital da Universidade da Califórnia, o San Francisco Medical Center. Por outro lado, no Centro Médico da Universidade da Califórnia, UCLA, em São Francisco, pode custar até US$ 1.600 para um procedimento de amniocentese.
*Leia a matéria completa do New York Times (em inglês).
http://www.diagnosticoweb.com.br/noticias/gestao/eua-procedimentos-custam-caro-em-hospitais-norte-americanos.html
https://mobile.nytimes.com/2013/12/03/health/as-hospital-costs-soar-single-stitch-tops-500.html?partner=rss&emc=rss&smid=tw-nytimes