Se os americanos demandam relativamente menos, o gasto de 17% do PIB com saúde é o quê?
O preço. É mais caro, logo pagam mais.
Para você, o aumento de preço sozinho reduz a quantidade demandada.
Eu simplesmente não disse isso.
Os preços elevados, notavelmente, inibem a demanda, menor nos EUA. Não suponho ser e não afirmei que o preço fosse o único fator, embora não me pareça imediatamente absurdo supor ser até o principal. O estado atuando como um monopsônio aparentemente têm, pelo que se pode observar dos ouros países, um efeito de reduzir os preços, ou, de não tê-los permitido escalar tal como ocorreu nos EUA. Outros fatores também relevantes são o lucro, e gastos administrativos adicionais, que não acrescentam nada à saúde em si, conforme já mencionado.
Ao levar em conta isso, sem perceber, você confundiu movimentos ao longo da curva de demanda agregada (setorial) com deslocamento da curva de demanda agregada (setorial), i.e., para qualquer nível de preços a demanda aumenta.
Se o mundo fosse como você imagina[...]
Pode parar aí. Eu não estou "imaginando" coisa alguma , apenas listando os
fatos.
Você perguntou, "se os americanos tem um gasto mais elevado com relação ao PIB, então como podem demandar menos?"
E eu respondi que o preço é maior. Você pode simplesmente comprar menos de algo (então tendo menor demanda) e acabar gastando mais, se o preço que você paga é suficientemente maior. É esse o caso.
A menos que "demanda" seja tomada como sinônimo do gasto em si, e não do que é comprado, o que me parece meio absurdo, mas não estou a par das definições técnicas dos termos.
Veja o vídeo do vlogbrogther. No blog ele ainda deve dar referências.
Esta analogia preveria que seguradoras fossem sempre dar prejuízo, já que os segurados abusariam do recurso.
Como consta no artigo do post de 23:44:49 de ontem: "Vale lembrar que o propósito do seguro não é para o uso cotidiano, mas para uma eventualidade catastrófica, tal como o sinistro no caso dos seguros de automóveis (ninguém contrata seguro de carro para bancar a manutenção anual necessária)."
De alguma forma, os países que têm os sitemas caricaturizados pelo maluconomista têm melhor desempenho do que os EUA, mesmo teoricamente sendo mais vulneráveis a esse "problema". Como devo ter dito, é muito provável que o uso de que as pessoas podem dispor do sistema médico não seja tão análogo ao de dividir a conta em restaurantes. Seja lá quais forem os protocolos adotados (e nem deve depender tanto disso), o resultado deve ser que não está realmente ocorrendo das pessoas irem ao consultório e se empanturram de medicamentos e procedimentos desnecessários, mesmo os hipocondríacos.
Essas diferenças podem ser resumidas como posição particularmente desvantajosa ao consumidor no mercado de saúde. Como o Vlogbrother colocou, há uma "inelasticidade" muito forte da demanda, "você tenderá a estar disposto a pagar muito alto para não morrer".
A elasticidade preço da demanda do setor não altera o fato da impossibilidade de "lucro excessivo de monopólio ineficiente" no longo prazo num mercado bastante desobstruído. Se houver níveis significativos de lucro econômico em uma indústria de entrada livre, isso atrairá outras empresas para ingressar na indústria, o que puxará os lucros econômicos em direção a zero. A empresa que ganhe lucros econômicos positivos pode ser imitada por qualquer outra. Desde que todos os fatores estejam medidos e tenham seus preços devidamente avaliados, qualquer um pode ir ao mercado aberto e comprar os fatores necessários para alcançar o mesmo nível de produção, do mesmo modo que a empresa em questão.
* O Lucro Econômico é considerado como a receita total menos todos os custos de oportunidade da produção dos bens e serviços vendidos.
Okay, nós podemos sim
imaginar que, em
teoria, um sistema mais similar o americano, mas mais livre que este ainda, eventualmente fosse sanar espontaneamente todos os problemas que decorreram ou de falta de regulação, ou de regulação que favorece a oligopólios.
Objetivamente, o que a
realidade mostra, é que os EUA têm a pior relação custo/benefício em saúde, e os países com melhor desempenhos deveriam servir como parâmetros para o que se deveria buscar reproduzir, se o objetivo é maximizar o benefício e minimizar o custo.
Nem mesmo esses espantalhos são necessariamente a única opção concebível para o propósito sugerido:
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_free_public_transport_routes
Transporte público gratuito talvez possa ter seus ganhos, como possivelmente a redução do tempo e produtividade ou lazer perdidos em engarrafamentos, e o impacto que isso traz a saúde e qualidade de vida.
Não, caro colega. Eu concordo que transporte coletivo evita engarrafamentos, mas ele não precisa ser público. A questão é que o governo atualmente infernizaria a vida de qualquer pessoa jurídica desavisada que se candidatasse a concorrer com os oligopólios altamente regulamentados dos transportes coletivos. Pelo menos no município em que resido, é assim que a coisa funciona: há uma espécie de socialismo aristocrático no setor.
E não existe "transporte público gratuito". Uma princípio econômico elementar diz que nada é de graça. A tomada de decisão econômica exige escolher algo em detrimento de outra opção. Não existe almoço grátis. Existiria um uso privado alternativo aos recursos dos impostos cobrados para financiar o "transporte público gratuito"
Isso de que "não existe nada de graça" é um pedantismo bastante irritante. Os reinunidenses parecem se livrar disso se referindo à saúde como "gratuita no ponto de entrega". Vou tentar me lembrar de usar algum termo assim para evitar esses desvios do tema. Um pedantismo análogo seria dizer que "público" não implica em ser "estatal"; taxis de empresas privadas fornecem um serviço ao público.
Ainda dá para acrescentar que, ainda que não exista nada "grátis", existe investimento,
gasto, que resulta em
ganhos, apesar disso ser aparentemente paradoxal.
"Ora, se eu tinha uma coisa, e a gastei, como posso acabar com mais? 1-1=2?" O que acontece é que aquilo em que se gasta
cria a oportunidade de se ganhar mais do que se tinha antes, ou ainda,
reduz gastos regulares. Se não, ninguém fazia nada, tudo seria prejuízo, não é mesmo?
Daria para ainda encaixar isso explicando que gastos em bens públicos são vistos muitas vezes como melhor financiados através do estado. O DDV uma vez fez uma analgia com fogos de artifício em festa de Réveillon para falar do problema dos "caroneiros", mas se a questão é acesso aos transportes, daria para talvez usar transportes mesmo, e dizer que com o transporte público (não necessariamente estatal, mas podendo ser), o caroneiro deixa de ser parte do problema, e vira parte da solução.
...
Li vocês falando sobre o Canadá, comparando aos EUA. A fila de espera no Canadá é imensa, um problema semelhante ao encontrado no Brasil. Isso faz com que canadenses em melhores condições financeiras busquem outros países com melhor atendimento médico.
Isso me parece ser lorota, já postei sobre isso. A demora adicional é para procedimentos opcionais.
Nope.
[...]From referral by a general practitioner to consultation with a specialist. The waiting time in this segment increased from 9.4 weeks in 2016 to 10.2 weeks this year. This wait time is 177% longer than in 1993, when it was 3.7 weeks. The shortest waits for specialist consultations are in Ontario (6.7 weeks) while the longest occur in New Brunswick (26.6 weeks).
From the consultation with a specialist to the point at which the patient receives treatment. The waiting time in this segment increased from 10.6 weeks in 2016 to 10.9 weeks this year. This wait time is 95% longer than in 1993 when it was 5.6 weeks, and more than three weeks longer than what physicians consider to be clinically “reasonable” (7.2 weeks). The shortest specialist-to-treatment waits are found in Ontario (8.6 weeks), while the longest are in Manitoba (16.3 weeks).[...]
https://www.fraserinstitute.org/studies/waiting-your-turn-wait-times-for-health-care-in-canada-2017
Se consultar com um especialista é bastante demorado. E todo mundo que têm algum problema mais sério, como câncer ou algum problema neurológico, psiquiátrico, etc. têm de se consultar com um especialista. Em especial com o câncer, mais tempo é menos expectativa de vida.
O aspecto lorota é o seguinte. Não adiante se gabar de ter menos fila e perder menos tempo, se só uma fração menor pode se tratar, e, em decorrência disso, os índices de saúde são piores.
Por esse critério, a saúde cubana seria a melhor de todas, contanto que Fidel Castro e a sua família fossem as pessoas mais saudáveis do mundo.
Se não me engano o Canadá tem de fato os piores tempo de espera dentre os sistemas "rivais" ao americano, porém, mesmo assim, o desempenho é superior, a um custo menor. Com maior investimento provavelmente seria possível reduzir esse defeito, ou talvez com quaisquer adaptações aproximando dos outros sistemas, que não tem o mesmo problema, e também são superiores aos EUA nos outros quesitos.
É válido ter atenção a essas potenciais falhas, mas não faz sentido escolher uma delas a dedo dentre todos os "competidores", para tentar dar como vencedor um modelo que é objetivamente pior, pior mesmo que o sistema que tem a falha apontada.
O que eu diria, de uma maneira pragmática, não-ideológica e sentimental, é que um sistema público de saúde nos EUA baixaria a qualidade da medicina por lá, pois a demanda aumentaria, ocorrendo problemas semelhantes à outros lugares do mundo ou até piores, visto o tamanho imenso do país e sua população. Seria um grande trabalho para o governo administrar os recursos deste sistema.
Acho que isso é visivelmente falso mesmo conforme se encontra analogia dentro dos próprios EUA, como Medicaid mais abrangente, ou o Medicare americano em si.
Não, não é. É algo simplesmente lógico. Pouquíssimos hospitais ou clínicas são públicos nos EUA. Ou você teria que sair implantando algo como os NY + Hospitals pelo país ou teria que fazer algo como o canadá* que têm a maior parte de seu sistema de saúde público sendo atendidos por clínicas e hospitais privados. Ou tirar algum outra solução da cartola.
O que eu falei não tem nada a ver com hospitais públicos, mas com algo como um Medicaid mais expandido, como o do Hawaii, que tem os melhores índices de saúde dos EUA, ou mesmo talvez algum vudu matemático com o Medicare. Maior cobertura em saúde pode ser algo que acaba sendo ineficaz, mas mesmo nos EUA já ajuda.
Ao mesmo tempo tem pouco sentido em dizer que a "qualidade da medicina" abaixaria pela demanda. É como dizer que a qualidade do ensino se reduz se você pretende educar a toda população, em vez de apenas uma seleta elite. É claro que será mais difícil e o desempenho médio cairá (mesmo que a mesma elite não fosse prejudicada em nada), mas a educação (ou saúde) do país será ainda assim superior, e isso é humana e economicamente superior.
É muito bonito. Mas não. Sua analogia não se aplica. Se só por ter um sistema público fosse bom, os EUA seriam inferiores ao Brasil em saúde. Mas não são.
Isso mal é uma analogia. Os Brasil pode ter números piores que os EUA, mas é
completamente absurdo tentar sustentar que seria melhor se os preços fossem proporcionalmente tão altos com relação aos custos, reduzindo dramaticamente o acesso à saúde. É coisa do mundo bizarro mesmo, você dá "tchau" ao cumprimentar, "oi" ao se despedir, e quanto mais caro e pior é o que você paga, melhor.
No fim das contas, nem é uma questão de público ou não, pode ser visto como "economia pura" (ou tão pura quanto puder ser uma análise que ainda leve em consideração o resultado do que é comprado) independentemente de quem gasta. Mais gastos inúteis (administração burocrática) é uma perda que não compensa, mesmo que não chegue a afetar a demanda ainda.
A menos que se seja Keynesianista e se ache que quanto mais gasto houver, mais a economia está aquecida; que pagar burocratas para datilografarem "sadj çjça sjdas" e depois picotarem os papéis é bom, da mesma forma que pagar para cavar e cobrir buracos. Talvez os resultados inferiores em saúde também sejam economicamente bons, um estímulo, da mesma forma que destruir janelas é mais economicamente eficiente do que não fazê-lo.