Autor Tópico: Problemas do SUS  (Lida 155230 vezes)

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Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2525 Online: 23 de Janeiro de 2018, 23:32:02 »
Se os americanos demandam relativamente menos, o gasto de 17% do PIB com saúde é o quê? :desconfiado:

Citação de: Steven Levitt e Stephen Dubner no livro Pense como um Freak

Em virtude do aspecto emocional envolvido no atendimento à saúde, pode ser difícil dar-se conta de que, globalmente, ele constitui uma parte como outra qualquer da economia. Numa estrutura como a do Reino Unido, o sistema de saúde é praticamente a única parte da economia em que os indivíduos podem pagar quase nada por qualquer serviço de que precisem, seja o efetivo custo do procedimento 100 ou 100 mil dólares.

O que há de errado nisso? Quando as pessoas não pagam o verdadeiro custo de alguma coisa, tendem a consumi-la de maneira ineficaz.

Tente se lembrar da última vez que foi a uma restaurante de bufê para se servir à vontade a preço fixo. Qual a probabilidade de que acabasse comendo um pouco mais que o habitual?  O mesmo acontece com o atendimento à saúde fornecido de maneira semelhante: as pessoas consomem mais do que lhes fosse cobrado o preço de tabela. Isso significa que os "preocupados com a saúde" tomam o lugar de pessoas realmente doentes, as filas de espera aumentam para todos e uma enorme parte dos custos recai nos meses finais de vida dos pacientes idosos, não raro sem grande vantagem real.

Esse tipo de sobreconsumo pode ser mais facilmente tolerado quando o atendimento à saúde representa uma pequena parte da economia. Entretanto, com os custos de saúde aproximando-se dos 10% no Reino Unido - e quase o dobro nos Estados Unidos, é preciso repensar seriamente como são proporcionados e financiados.

(...)

Como seria, por exemplo, se cada cidadão britânico tivesse direito a transporte gratuito ilimitado por toda a vida? Ou seja, se todo mundo pudesse ir a uma concessionária quando bem entendesse para escolher um novo modelo de carro e voltar para o volante, sem qualquer custo?
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2018, 23:53:04 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2526 Online: 23 de Janeiro de 2018, 23:44:49 »
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2018, 23:59:28 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2527 Online: 23 de Janeiro de 2018, 23:49:23 »
O que escrevi até aqui não é exatamente uma sugestão de solução nacional, mas uma prescrição para deixar de ser tão irracional sobre o assunto. Se a essência do problema do modelo de saúde dos Estados Unidos está em forçar as pessoas a pagarem o custo de suas próprias despesas com saúde (não epidemiológica), então por que Cingapura é um grande exemplo de saúde pública boa (vide o artigo acima)?
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2018, 23:54:10 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2528 Online: 24 de Janeiro de 2018, 01:59:10 »
Se os americanos demandam relativamente menos, o gasto de 17% do PIB com saúde é o quê? :desconfiado:

O preço. É mais caro, logo pagam mais. :|



Citação de: Steven Levitt e Stephen Dubner no livro Pense como um Freak

Em virtude do aspecto emocional envolvido no atendimento à saúde, pode ser difícil dar-se conta de que, globalmente, ele constitui uma parte como outra qualquer da economia. Numa estrutura como a do Reino Unido, o sistema de saúde é praticamente a única parte da economia em que os indivíduos podem pagar quase nada por qualquer serviço de que precisem, seja o efetivo custo do procedimento 100 ou 100 mil dólares.

O que há de errado nisso? Quando as pessoas não pagam o verdadeiro custo de alguma coisa, tendem a consumi-la de maneira ineficaz.

É "uma coisa como outra qualquer na economia" apenas no sentido em que a economia explicará o que acontece com preços e tudo mais. Isso é diferente de se poder dizer, sob uma perspectiva moral não-social darwinista, que os melhores resultados, ou mesmo mais eficientes de maneira estritamente econômica e amoral, serão aqueles provenientes de se deixar o mercado livre de quaisquer regulações.



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Tente se lembrar da última vez que foi a uma restaurante de bufê para se servir à vontade a preço fixo. Qual a probabilidade de que acabasse comendo um pouco mais que o habitual?  O mesmo acontece com o atendimento à saúde fornecido de maneira semelhante: as pessoas consomem mais do que lhes fosse cobrado o preço de tabela. Isso significa que os "preocupados com a saúde" tomam o lugar de pessoas realmente doentes, as filas de espera aumentam para todos e uma enorme parte dos custos recai nos meses finais de vida dos pacientes idosos, não raro sem grande vantagem real.

Esta analogia preveria que seguradoras fossem sempre dar prejuízo, já que os segurados abusariam do recurso. Talvez mesmo os rodízios.

As coisas são algo mais complicadas, e com diferenças significativas adicionais pela forma como o "consumo" se comporta diferentemente no mercado de saúde e no de comida.

Essas diferenças podem ser resumidas como posição particularmente desvantajosa ao consumidor no mercado de saúde. Como o Vlogbrother colocou, há uma "inelasticidade" muito forte da demanda, "você tenderá a estar disposto a pagar muito alto para não morrer". Ao mesmo tempo, o padrão de consumo não é muito comparável, há maior complexidade em encontrar as melhores ofertas.

Os sistemas mais comumente contrastados com o dos EUA são de "pagante único" da saúde, economicamente, monopsônios. A posição de monopsônio é "definida" como extremamente favorável ao comprador, praticamente um poder total.

Isso permite ao estado conseguir preços mais baixos, ao mesmo tempo em que podem haver (geralmente deverá haver) protocolos que previnam os abusos de excessos de uso do sistema por aqueles com menor prioridade.



Citar
Esse tipo de sobreconsumo pode ser mais facilmente tolerado quando o atendimento à saúde representa uma pequena parte da economia. Entretanto, com os custos de saúde aproximando-se dos 10% no Reino Unido - e quase o dobro nos Estados Unidos, é preciso repensar seriamente como são proporcionados e financiados.

Isso parece simplesmente incorreto, ainda mais se você considerar também o custo do investimento particular:


https://www.pbs.org/newshour/health/health-costs-how-the-us-compares-with-other-countries

Mesmo os gastos públicos do RU estão um pouco abaixo dos gastos públicos americanos, e o gasto total é simplesmente nanificado pelo americano.





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Como seria, por exemplo, se cada cidadão britânico tivesse direito a transporte gratuito ilimitado por toda a vida? Ou seja, se todo mundo pudesse ir a uma concessionária quando bem entendesse para escolher um novo modelo de carro e voltar para o volante, sem qualquer custo?

Um mercado não é necessariamente igual a outro, diferentes padrões de consumo e etc e tal, bem como diferentes potenciais ganhos em se ter um sistema de financiamento coletivo para um bem público. Nem mesmo esses espantalhos são necessariamente a única opção concebível para o propósito sugerido:

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_free_public_transport_routes

Transporte público gratuito talvez possa ter seus ganhos, como possivelmente a redução do tempo e produtividade ou lazer perdidos em engarrafamentos, e o impacto que isso traz a saúde e qualidade de vida. Apesar de ser algo um ganho já "gigantesco" se imaginado um sistema que meramente "desse certo" (o que provavelmente não será algo universal), ele ainda deve ser tremendamente menor do que o ganho que pode ser obtido com uma saúde pública nos "moldes europeus*", não só no aspecto econômico/financeiro, menor perda de produtividade, mas também no lado humano, de qualidade de vida, redução de sofrimento e mortes, absolutamente desnecessários.


* não são todos monopsônios. Em alguns casos, como na Alemanha, a legislação obriga seguradoras a atuar como entidade sem fins lucrativos.




O que escrevi até aqui não é exatamente uma sugestão de solução nacional, mas uma prescrição para deixar de ser tão irracional sobre o assunto. Se a essência do problema do modelo de saúde dos Estados Unidos está em forçar as pessoas a pagarem o custo de suas próprias despesas com saúde (não epidemiológica), então por que Cingapura é um grande exemplo de saúde pública boa (vide o artigo acima)?

O problema dos EUA não é "essencialmente" esse; é mais um longo histórico de lobbies de seguradoras e hospitais sempre impedindo regulações mais benéficas ao consumidor/cidadão, como as que foram adotadas em diversos outros países, provavelmente incluindo Cingapura:

Citação de: wikipédia liberal comunista esquerdista petralha
https://en.wikipedia.org/wiki/Healthcare_in_Singapore
...
Overview
Singapore has a non-modified universal healthcare system where the government ensures affordability of healthcare within the public health system, largely through a system of compulsory savings, subsidies, and price controls.
...


Citação de: Conservapedia
https://en.conservapedia.org/wiki/Healthcare_in_Singapore
...
Overview
Singapore's healthcare has government playing a role, and it's therefore communist, just another example of a demonic institution implemented by cultural marxists who worship Satan. They probably conduct ritual sacrifices and perform abortions to harvest fetuses to use as sweeteners for soft-drinks.
...

Citação de: Libertapedia
https://en.libertapedia.org/wiki/Healthcare_in_Singapore
...
Overview
Singapore's healthcare system, albeit working seemingly well for now, has the government touch behind it, and therefore it's all an illusion, doomed to collapse. It's just a matter of time, just like the US dollar's unavoidable collapse. Mises has thoroughly demonstrated that socialism cannot deal with the problem of economic calculation, and therefore any kind of human endeavor corrupted by the state's coercion is inherently flawed, and works only momentarily, sustained by slavery of brainwashed citizens, who suffer from a nation-wide Stockholm syndrome.
...









<a href="https://www.youtube.com/v/sOo_aw-xgHQ" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/sOo_aw-xgHQ</a>



Citar
Number of deaths per 100,000 from preventable diseases or complications had adequate healthcare been available, in 2013

http://www.latimes.com/nation/la-na-healthcare-comparison-20170715-htmlstory.html

Citar

https://www.pbs.org/newshour/health/health-costs-how-the-us-compares-with-other-countries

Citar

http://www.commonwealthfund.org/publications/fund-reports/2014/jun/mirror-mirror

Decepcionante o candidato a presidente João Amoêdo, do partido Novo, defender o "modelo americano" como superior ao francês. Fico seriamente na dúvida, embora antes fosse minha primeira escolha.

Offline Cumpadi

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2529 Online: 24 de Janeiro de 2018, 07:47:49 »
Muito bla bla bla essas estatísticas de qualidade, quando se define que um sistema de graca  é mais acessível e melhor, claro que o US vai sair perdendo. Esses rankings não tem a mínima utilidade a não ser agendas politicas. Essas mortes por doenças previniveis novamente entram no que eu falei da população americana não se cuidar. Não há sistema de saúde que resolva aspectos culturais, principalmente sem se tirar a autonomia das pessoas de escolher o que é melhor para si.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline JJ

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2530 Online: 24 de Janeiro de 2018, 08:21:30 »
[…] ele ainda deve ser tremendamente menor do que o ganho que pode ser obtido com uma saúde pública nos "moldes europeus*", não só no aspecto econômico/financeiro, menor perda de produtividade, mas também no lado humano, de qualidade de vida, redução de sofrimento e mortes, absolutamente desnecessários.


Libertopatas não se importam  “com redução de sofrimento e mortes” dos outros  (quando muito talvez importem com a própria família, muitas vezes nem isso). 

Não espere esse tipo de coisa boa de fãs da Ayn Randpata e/ou do Rothpata  e/ou de autores  semelhantes.



Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2531 Online: 24 de Janeiro de 2018, 15:37:04 »
Muito bla bla bla essas estatísticas de qualidade, quando se define que um sistema de graca  é mais acessível e melhor, claro que o US vai sair perdendo. Esses rankings não tem a mínima utilidade a não ser agendas politicas. Essas mortes por doenças previniveis novamente entram no que eu falei da população americana não se cuidar. Não há sistema de saúde que resolva aspectos culturais, principalmente sem se tirar a autonomia das pessoas de escolher o que é melhor para si.

"Esses rankings não têm a menor utilidade, a não ser agendas políticas"???

"FATOS não têm a menor utilidade, a não ser para agendas políticas baseadas na realidade"???

 :o

Eu não consigo entender como é ao menos possível tentar argumentar isso.

"Não se cuidar" tem muito a ver com o acesso à saúde ser mais limitado pelo preço de entrada.

Não dá para por isso apenas em conta de "cultura", a menos que se tenha uma noção muito estrita de saúde pública, sem campanhas de prevenção, apenas com médicos que trabalham meio como se fossem apenas robôs que atendem quem chegar.

Evidentemente há outros problemas, maior pobreza, maior oferta de junk food em maiores quantidades, talvez pior qualidade, etc. É claro que isso agrava em algum grau, embora a prevalência de doenças não afete tanto os custos da saúde pública.


https://theincidentaleconomist.com/wordpress/meme-busting-the-fact-that-more-people-have-some-condition-is-why-we-spend-so-much-on-health-care/

Contrastando com os custos administrativos:


http://www.commonwealthfund.org/publications/in-the-literature/2014/sep/hospital-administrative-costs


Mesmo dentro dos EUA os melhores índices de saúde dentro dos estados deverão ser os que mais conseguem se aproximar de algum outro modelo. O próprio ACA/Romneycare/Obamacare/HeritageFoundationCare já era um avanço nesse sentido.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-09-28/hawaii-is-no-1-in-u-s-health-care-west-virginia-ranks-last



"Tirar a autonomia das pessoas escolherem o que é melhor para si"... na prática, nos EUA, em uma grande parte do tempo isso é apenas a "escolha" dos mais doentes (agora taxados adicionamente por doença) e mais pobres (ou "não suficientemente pobres" não cobertos por Medicaid) em escolherem ter algum tratamento, custe o que custar, ou não ter tratamento algum. Além de ser uma falsa dicotomia, já que sistemas como o alemão e o holandês ainda são de "pagantes múltiplos", mas ainda assim muito superiores em benefícios, a um custo muito menor.

"Autonomia de escolherem o melhor"...isso parece a versão do "mundo bizarro" de falar de saúde pública com um esquerdista chavista que nega os problemas e vem só com chavões de "justiça social".


Offline Cumpadi

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2532 Online: 24 de Janeiro de 2018, 18:32:56 »
Gatos é uma questão, ao menos em parte, de escolha, fato que quando alguém fica doente não vai poupar gastos, a não ser que não tenha controle sobre eles, e daí? No dia que você ou um parente seu ficarem terminal ente doentes e acabarem em um hospital brasileiro, mesmo que seja o melhor privado da região, vai ver que o sofrimento, a falta de conforto, a demora para ter os problemas resolvidos, profissionais que não estão nem aí porque o sujeito já vai morrer torna tudo muito angustiante. Não sou contra nem um pouco esses gastos, e sei muito bem da estratégias de certos países de esquecerem dessa parte. É muito fácil a população que está por fora ficar justificando que não usa o remédio da pressão porque não deram de graça o remédio de 10 reais, ganância pura. Que o Medicare manipula muito o teto dos gastos para cima, isso é verdade, mas os gastos mais altos por si só não são um problema.

Os rankings tem como metodologia essa tal da acessibilidade, posso fazer mil consultas de “graça” ( porque o cara paga de qualquer jeito, só que com impostos) que vai valer mais que as minhas 1000 que custaram 60 dólares.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2533 Online: 24 de Janeiro de 2018, 18:51:01 »
Gastos adicionais na parte de administração mais complexa de cobranças/burocracia não melhoram em absolutamente nada os resultados em saúde, pioram. É análogo a complexidade tributária brasileira. Poupar esses gastos permite investir mais no que realmente importa.

Citar
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4283267/

Abstract
Background
The United States’ multiple-payer health care system requires substantial effort and costs for administration, with billing and insurance-related (BIR) activities comprising a large but incompletely characterized proportion. [...]

BIR costs in the U.S. health care system totaled approximately $471 ($330 – $597) billion in 2012. This includes $70 ($54 – $76) billion in physician practices, $74 ($58 – $94) billion in hospitals, an estimated $94 ($47 – $141) billion in settings providing other health services and supplies, $198 ($154 – $233) billion in private insurers, and $35 ($17 – $52) billion in public insurers. Compared to simplified financing, $375 ($254 – $507) billion, or 80%, represents the added BIR costs of the current multi-payer system.

Conclusions
A simplified financing system in the U.S. could result in cost savings exceeding $350 billion annually, nearly 15% of health care spending.

...

https://www.nytimes.com/2017/03/29/magazine/those-indecipherable-medical-bills-theyre-one-reason-health-care-costs-so-much.html

Não é nem só uma questão de não querer pagar o quanto sabe que custará, mas de nem saber o quanto poderá precisar pagar, por variação estrondosa de lugar para lugar (sem necessariamente diferença de qualidade), e aparecimento de "médicos surpresa" de fora da cobertura do seguro, deixando contas enormes.

Você pode fazer qualquer julgamento moral ou intelectual que quiser contra quem não tem condições de pagar, isso não muda os fatos, a relação de custos e benefícios em outros países desenvolvidos, e mesmo dentro dos EUA são superiores, conforme a ampliação do acesso efetivo a saúde. Como é simplesmente natural de se esperar.

Offline Gauss

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2534 Online: 24 de Janeiro de 2018, 19:23:27 »
Li vocês falando sobre o Canadá, comparando aos EUA. A fila de espera no Canadá é imensa, um problema semelhante ao encontrado no Brasil. Isso faz com que canadenses em melhores condições financeiras busquem outros países com melhor atendimento médico.

https://www.fraserinstitute.org/sites/default/files/leaving-canada-for-medical-care-2015.pdf

E é engraçado que políticos canadenses progreantas argumentem  e até mesmo zombem dos EUA por causa do sistema de saúde, mas ao invés de usufruírem do excelente sistema de saúde canadense, preferem ir para... os EUA.

https://web.archive.org/web/20100204202553/http://www.montrealgazette.com/health/ultimate+tier+health+care/2515150/story.html

Sem contar que o sistema canadense não cobre 100%, como muitos alegam. Se você necessitar de um tratamento mais específico (como o câncer), terá que pagar por isso. Isso se chama por lá de Two-Tier Healthcare.

https://en.wikipedia.org/wiki/Two-tier_healthcare

Há também casos de mães canadenses que têm filhos nos EUA, pois as UTIs neo-natais do canadá não têm condições de ter alguns tipos de partos, como o de quadrigêmeos.

https://web.archive.org/web/20110711121905/http://www.canada.com/calgaryherald/story.html?id=41ccae74-8325-449a-b89f-e68957ca25ae&k=79546

https://web.archive.org/web/20080705172408/http://www.komotv.com/news/10216201.html

O sistema canadense é muito bom para um sistema público, mas não vejo tanta superioridade em relação às clínicas americanas. Muito pelo contrário, visto que os canadenses procuram os EUA como referência para fazer tratamentos.

O que eu diria, de uma maneira pragmática, não-ideológica e sentimental, é que um sistema público de saúde nos EUA baixaria a qualidade da medicina por lá, pois a demanda aumentaria, ocorrendo problemas semelhantes à outros lugares do mundo ou até piores, visto o tamanho imenso do país e sua população. Seria um grande trabalho para o governo administrar os recursos deste sistema.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2535 Online: 24 de Janeiro de 2018, 19:34:54 »
Li vocês falando sobre o Canadá, comparando aos EUA. A fila de espera no Canadá é imensa, um problema semelhante ao encontrado no Brasil. Isso faz com que canadenses em melhores condições financeiras busquem outros países com melhor atendimento médico.

Isso me parece ser lorota, já postei sobre isso. A demora adicional é para procedimentos opcionais.



Citar
E é engraçado que políticos canadenses progreantas argumentem  e até mesmo zombem dos EUA por causa do sistema de saúde, mas ao invés de usufruírem do excelente sistema de saúde canadense, preferem ir para... os EUA.

https://web.archive.org/web/20100204202553/http://www.montrealgazette.com/health/ultimate+tier+health+care/2515150/story.html

Idem, postei que a Sarah Palin e sua família iam ao Canadá se tratar.


Citar
O sistema canadense é muito bom para um sistema público, mas não vejo tanta superioridade em relação às clínicas americanas. Muito pelo contrário, visto que os canadenses procuram os EUA como referência para fazer tratamentos.

Acho que já li sobre alguns desses serem ainda assim cobertos pelo sistema de saúde, se tratando de procedimentos realmente necessários.


Citar
O que eu diria, de uma maneira pragmática, não-ideológica e sentimental, é que um sistema público de saúde nos EUA baixaria a qualidade da medicina por lá, pois a demanda aumentaria, ocorrendo problemas semelhantes à outros lugares do mundo ou até piores, visto o tamanho imenso do país e sua população. Seria um grande trabalho para o governo administrar os recursos deste sistema.

Acho que isso é visivelmente falso mesmo conforme se encontra analogia dentro dos próprios EUA, como Medicaid mais abrangente, ou o Medicare americano em si.

Ao mesmo tempo tem pouco sentido em dizer que a "qualidade da medicina" abaixaria pela demanda. É como dizer que a qualidade do ensino se reduz se você pretende educar a toda população, em vez de apenas uma seleta elite. É claro que será mais difícil e o desempenho médio cairá (mesmo que a mesma elite não fosse prejudicada em nada), mas a educação (ou saúde) do país será ainda assim superior, e isso é humana e economicamente superior.

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2536 Online: 24 de Janeiro de 2018, 21:30:13 »
Se os americanos demandam relativamente menos, o gasto de 17% do PIB com saúde é o quê? :desconfiado:

O preço. É mais caro, logo pagam mais. :|

Para você, o aumento de preço sozinho reduz a quantidade demandada.

Ao levar em conta isso, sem perceber, você confundiu movimentos ao longo da curva de demanda agregada (setorial) com deslocamento da curva de demanda agregada (setorial), i.e., para qualquer nível de preços a demanda aumenta.

Se o mundo fosse como você imagina, a inflação seria um problema auto-contido, isto é, o aumento de preço limitaria quantidade demandada e a inflação cairia automaticamente. A inflação mais alta reduz a renda e o consumo das classes de menor renda e, portanto, reduz a inflação. Imagino que, por simetria, a inflação mais baixa elevaria a renda e, portanto, o consumo das classes de menor renda, aumentando a inflação. Portanto, quanto mais alta a inflação, mais baixa seria a inflação e, quanto mais baixa a inflação, mais alta seria a inflação.
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2018, 21:46:04 por -Huxley- »

Offline Gauss

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2537 Online: 24 de Janeiro de 2018, 21:38:05 »
Li vocês falando sobre o Canadá, comparando aos EUA. A fila de espera no Canadá é imensa, um problema semelhante ao encontrado no Brasil. Isso faz com que canadenses em melhores condições financeiras busquem outros países com melhor atendimento médico.

Isso me parece ser lorota, já postei sobre isso. A demora adicional é para procedimentos opcionais.
Nope.
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[...]From referral by a general practitioner to consultation with a specialist. The waiting time in this segment increased from 9.4 weeks in 2016 to 10.2 weeks this year. This wait time is 177% longer than in 1993, when it was 3.7 weeks. The shortest waits for specialist consultations are in Ontario (6.7 weeks) while the longest occur in New Brunswick (26.6 weeks).
From the consultation with a specialist to the point at which the patient receives treatment. The waiting time in this segment increased from 10.6 weeks in 2016 to 10.9 weeks this year. This wait time is 95% longer than in 1993 when it was 5.6 weeks, and more than three weeks longer than what physicians consider to be clinically “reasonable” (7.2 weeks). The shortest specialist-to-treatment waits are found in Ontario (8.6 weeks), while the longest are in Manitoba (16.3 weeks).[...]
https://www.fraserinstitute.org/studies/waiting-your-turn-wait-times-for-health-care-in-canada-2017

Se consultar com um especialista é bastante demorado. E todo mundo que têm algum problema mais sério, como câncer ou algum problema neurológico, psiquiátrico, etc. têm de se consultar com um especialista. Em especial com o câncer, mais tempo é menos expectativa de vida.

Citar
E é engraçado que políticos canadenses progreantas argumentem  e até mesmo zombem dos EUA por causa do sistema de saúde, mas ao invés de usufruírem do excelente sistema de saúde canadense, preferem ir para... os EUA.

https://web.archive.org/web/20100204202553/http://www.montrealgazette.com/health/ultimate+tier+health+care/2515150/story.html

Idem, postei que a Sarah Palin e sua família iam ao Canadá se tratar.
Se eu morasse no Alaska também iria para Vancouver.


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O sistema canadense é muito bom para um sistema público, mas não vejo tanta superioridade em relação às clínicas americanas. Muito pelo contrário, visto que os canadenses procuram os EUA como referência para fazer tratamentos.

Acho que já li sobre alguns desses serem ainda assim cobertos pelo sistema de saúde, se tratando de procedimentos realmente necessários.
Honestamente não sei. Talvez em casos neo-natais. Mas em doenças cardíacas ou câncer, ou você paga caro no canadá ou paga mais barato nos EUA, pois nestes casos o serviço deve ser pago para se ter um serviço mais rápido ou de melhor qualidade. E muitas vezes sai mais barato pagar um tratamento nos EUA.
Citar
O que eu diria, de uma maneira pragmática, não-ideológica e sentimental, é que um sistema público de saúde nos EUA baixaria a qualidade da medicina por lá, pois a demanda aumentaria, ocorrendo problemas semelhantes à outros lugares do mundo ou até piores, visto o tamanho imenso do país e sua população. Seria um grande trabalho para o governo administrar os recursos deste sistema.

Acho que isso é visivelmente falso mesmo conforme se encontra analogia dentro dos próprios EUA, como Medicaid mais abrangente, ou o Medicare americano em si.
Não, não é. É algo simplesmente lógico. Pouquíssimos hospitais ou clínicas são públicos nos EUA. Ou você teria que sair implantando algo como os NY + Hospitals pelo país ou teria que fazer algo como o canadá* que têm a maior parte de seu sistema de saúde público sendo atendidos por clínicas e hospitais privados. Ou tirar algum outra solução da cartola.

Ao mesmo tempo tem pouco sentido em dizer que a "qualidade da medicina" abaixaria pela demanda. É como dizer que a qualidade do ensino se reduz se você pretende educar a toda população, em vez de apenas uma seleta elite. É claro que será mais difícil e o desempenho médio cairá (mesmo que a mesma elite não fosse prejudicada em nada), mas a educação (ou saúde) do país será ainda assim superior, e isso é humana e economicamente superior.
É muito bonito. Mas não. Sua analogia não se aplica. Se só por ter um sistema público fosse bom, os EUA seriam inferiores ao Brasil em saúde. Mas não são.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2538 Online: 24 de Janeiro de 2018, 22:23:42 »

Esta analogia preveria que seguradoras fossem sempre dar prejuízo, já que os segurados abusariam do recurso.

Como consta no artigo do post de 23:44:49 de ontem: "Vale lembrar que o propósito do seguro não é para o uso cotidiano, mas para uma eventualidade catastrófica, tal como o sinistro no caso dos seguros de automóveis (ninguém contrata seguro de carro para bancar a manutenção anual necessária)."

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2539 Online: 24 de Janeiro de 2018, 22:36:06 »
Essas diferenças podem ser resumidas como posição particularmente desvantajosa ao consumidor no mercado de saúde. Como o Vlogbrother colocou, há uma "inelasticidade" muito forte da demanda, "você tenderá a estar disposto a pagar muito alto para não morrer".

A elasticidade preço da demanda do setor não altera o fato da impossibilidade de "lucro excessivo de monopólio ineficiente" no longo prazo num mercado bastante desobstruído. Se houver níveis significativos de lucro econômico em uma indústria de entrada livre, isso atrairá outras empresas para ingressar na indústria, o que puxará os lucros econômicos em direção a zero. A empresa que ganhe lucros econômicos positivos pode ser imitada por qualquer outra. Desde que todos os fatores estejam medidos e tenham seus preços devidamente avaliados, qualquer um pode ir ao mercado aberto e comprar os fatores necessários para alcançar o mesmo nível de produção, do mesmo modo que a empresa em questão.

* O Lucro Econômico é considerado como a receita total menos todos os custos de oportunidade da produção dos bens e serviços vendidos.

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« Resposta #2540 Online: 24 de Janeiro de 2018, 22:51:05 »
Nem mesmo esses espantalhos são necessariamente a única opção concebível para o propósito sugerido:

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_free_public_transport_routes

Transporte público gratuito talvez possa ter seus ganhos, como possivelmente a redução do tempo e produtividade ou lazer perdidos em engarrafamentos, e o impacto que isso traz a saúde e qualidade de vida.

Não, caro colega. Eu concordo que transporte coletivo evita engarrafamentos, mas ele não precisa ser público. A questão é que o governo atualmente infernizaria a vida de qualquer pessoa jurídica desavisada que se candidatasse a concorrer com os oligopólios altamente regulamentados dos transportes coletivos. Pelo menos no município em que resido, é assim que a coisa funciona: há uma espécie de socialismo aristocrático no setor.

E não existe "transporte público gratuito". Uma princípio econômico elementar diz que nada é de graça. A tomada de decisão econômica exige escolher algo em detrimento de outra opção. Não existe almoço grátis. Existiria um uso privado alternativo aos recursos dos impostos cobrados  para financiar o "transporte público gratuito"
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2018, 23:20:11 por -Huxley- »

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« Resposta #2541 Online: 24 de Janeiro de 2018, 23:02:28 »
O problema dos EUA não é "essencialmente" esse; é mais um longo histórico de lobbies de seguradoras e hospitais sempre impedindo regulações mais benéficas ao consumidor/cidadão.

Eu me pergunto por que essa habilidade mágica para lobby, coincidentemente ou não, inexiste nos setores relativamente livres de socialização dos gastos.

Citar
Vale ressaltar que, naquelas áreas do sistema de saúde americano em que não há esta socialização dos gastos — porque os programas estatais ou os seguros não cobrem —, não se observa nenhum crescimento anormal dos custos.  Este é o caso, por exemplo, dos serviços de odontologia ou das cirurgias oculares a laser, cujos custos caem ano após ano.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2542 Online: 25 de Janeiro de 2018, 00:08:37 »
Se os americanos demandam relativamente menos, o gasto de 17% do PIB com saúde é o quê? :desconfiado:

O preço. É mais caro, logo pagam mais. :|

Para você, o aumento de preço sozinho reduz a quantidade demandada.

Eu simplesmente não disse isso.

Os preços elevados, notavelmente, inibem a demanda, menor nos EUA. Não suponho ser e não afirmei que o preço fosse o único fator, embora não me pareça imediatamente absurdo supor ser até o principal. O estado atuando como um monopsônio aparentemente têm, pelo que se pode observar dos ouros países, um efeito de reduzir os preços, ou, de não tê-los permitido escalar tal como ocorreu nos EUA. Outros fatores também relevantes são o lucro, e gastos administrativos adicionais, que não acrescentam nada à saúde em si, conforme já mencionado.


Citar
Ao levar em conta isso, sem perceber, você confundiu movimentos ao longo da curva de demanda agregada (setorial) com deslocamento da curva de demanda agregada (setorial), i.e., para qualquer nível de preços a demanda aumenta.

Se o mundo fosse como você imagina[...]

Pode parar aí. Eu não estou "imaginando" coisa alguma , apenas listando os fatos.

Você perguntou, "se os americanos tem um gasto mais elevado com relação ao PIB, então como podem demandar menos?"

E eu respondi que o preço é maior. Você pode simplesmente comprar menos de algo (então tendo menor demanda) e acabar gastando mais, se o preço que você paga é suficientemente maior. É esse o caso.

A menos que "demanda" seja tomada como sinônimo do gasto em si, e não do que é comprado, o que me parece meio absurdo, mas não estou a par das definições técnicas dos termos.


Veja o vídeo do vlogbrogther. No blog ele ainda deve dar referências.





Esta analogia preveria que seguradoras fossem sempre dar prejuízo, já que os segurados abusariam do recurso.

Como consta no artigo do post de 23:44:49 de ontem: "Vale lembrar que o propósito do seguro não é para o uso cotidiano, mas para uma eventualidade catastrófica, tal como o sinistro no caso dos seguros de automóveis (ninguém contrata seguro de carro para bancar a manutenção anual necessária)."

De alguma forma, os países que têm os sitemas caricaturizados pelo maluconomista têm melhor desempenho do que os EUA, mesmo teoricamente sendo mais vulneráveis a esse "problema". Como devo ter dito, é muito provável que o uso de que as pessoas podem dispor do sistema médico não seja tão análogo ao de dividir a conta em restaurantes. Seja lá quais forem os protocolos adotados (e nem deve depender tanto disso), o resultado deve ser que não está realmente ocorrendo das pessoas irem ao consultório e se empanturram de medicamentos e procedimentos desnecessários, mesmo os hipocondríacos.



Essas diferenças podem ser resumidas como posição particularmente desvantajosa ao consumidor no mercado de saúde. Como o Vlogbrother colocou, há uma "inelasticidade" muito forte da demanda, "você tenderá a estar disposto a pagar muito alto para não morrer".

A elasticidade preço da demanda do setor não altera o fato da impossibilidade de "lucro excessivo de monopólio ineficiente" no longo prazo num mercado bastante desobstruído. Se houver níveis significativos de lucro econômico em uma indústria de entrada livre, isso atrairá outras empresas para ingressar na indústria, o que puxará os lucros econômicos em direção a zero. A empresa que ganhe lucros econômicos positivos pode ser imitada por qualquer outra. Desde que todos os fatores estejam medidos e tenham seus preços devidamente avaliados, qualquer um pode ir ao mercado aberto e comprar os fatores necessários para alcançar o mesmo nível de produção, do mesmo modo que a empresa em questão.

* O Lucro Econômico é considerado como a receita total menos todos os custos de oportunidade da produção dos bens e serviços vendidos.

Okay, nós podemos sim imaginar que, em teoria, um sistema mais similar o americano, mas mais livre que este ainda, eventualmente fosse sanar espontaneamente todos os problemas que decorreram ou de falta de regulação, ou de regulação que favorece a oligopólios.

Objetivamente, o que a realidade mostra, é que os EUA têm a pior relação custo/benefício em saúde, e os países com melhor desempenhos deveriam servir como parâmetros para o que se deveria buscar reproduzir, se o objetivo é maximizar o benefício e minimizar o custo.





Nem mesmo esses espantalhos são necessariamente a única opção concebível para o propósito sugerido:

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_free_public_transport_routes

Transporte público gratuito talvez possa ter seus ganhos, como possivelmente a redução do tempo e produtividade ou lazer perdidos em engarrafamentos, e o impacto que isso traz a saúde e qualidade de vida.

Não, caro colega. Eu concordo que transporte coletivo evita engarrafamentos, mas ele não precisa ser público. A questão é que o governo atualmente infernizaria a vida de qualquer pessoa jurídica desavisada que se candidatasse a concorrer com os oligopólios altamente regulamentados dos transportes coletivos. Pelo menos no município em que resido, é assim que a coisa funciona: há uma espécie de socialismo aristocrático no setor.

E não existe "transporte público gratuito". Uma princípio econômico elementar diz que nada é de graça. A tomada de decisão econômica exige escolher algo em detrimento de outra opção. Não existe almoço grátis. Existiria um uso privado alternativo aos recursos dos impostos cobrados  para financiar o "transporte público gratuito"


Isso de que "não existe nada de graça" é um pedantismo bastante irritante. Os reinunidenses parecem se livrar disso se referindo à saúde como "gratuita no ponto de entrega". Vou tentar me lembrar de usar algum termo assim para evitar esses desvios do tema. Um pedantismo análogo seria dizer que "público" não implica em ser "estatal"; taxis de empresas privadas fornecem um serviço ao público.

Ainda dá para acrescentar que, ainda que não exista nada "grátis", existe investimento, gasto, que resulta em ganhos, apesar disso ser aparentemente paradoxal. "Ora, se eu tinha uma coisa, e a gastei, como posso acabar com mais? 1-1=2?" O que acontece é que aquilo em que se gasta cria a oportunidade de se ganhar mais do que se tinha antes, ou ainda, reduz gastos regulares. Se não, ninguém fazia nada, tudo seria prejuízo, não é mesmo?

Daria para ainda encaixar isso explicando que gastos em bens públicos são vistos muitas vezes como melhor financiados através do estado. O DDV uma vez fez uma analgia com fogos de artifício em festa de Réveillon para falar do problema dos "caroneiros", mas se a questão é acesso aos transportes, daria para talvez usar transportes mesmo, e dizer que com o transporte público (não necessariamente estatal, mas podendo ser), o caroneiro deixa de ser parte do problema, e vira parte da solução.

...







Li vocês falando sobre o Canadá, comparando aos EUA. A fila de espera no Canadá é imensa, um problema semelhante ao encontrado no Brasil. Isso faz com que canadenses em melhores condições financeiras busquem outros países com melhor atendimento médico.

Isso me parece ser lorota, já postei sobre isso. A demora adicional é para procedimentos opcionais.
Nope.
Citar
[...]From referral by a general practitioner to consultation with a specialist. The waiting time in this segment increased from 9.4 weeks in 2016 to 10.2 weeks this year. This wait time is 177% longer than in 1993, when it was 3.7 weeks. The shortest waits for specialist consultations are in Ontario (6.7 weeks) while the longest occur in New Brunswick (26.6 weeks).
From the consultation with a specialist to the point at which the patient receives treatment. The waiting time in this segment increased from 10.6 weeks in 2016 to 10.9 weeks this year. This wait time is 95% longer than in 1993 when it was 5.6 weeks, and more than three weeks longer than what physicians consider to be clinically “reasonable” (7.2 weeks). The shortest specialist-to-treatment waits are found in Ontario (8.6 weeks), while the longest are in Manitoba (16.3 weeks).[...]
https://www.fraserinstitute.org/studies/waiting-your-turn-wait-times-for-health-care-in-canada-2017

Se consultar com um especialista é bastante demorado. E todo mundo que têm algum problema mais sério, como câncer ou algum problema neurológico, psiquiátrico, etc. têm de se consultar com um especialista. Em especial com o câncer, mais tempo é menos expectativa de vida.

O aspecto lorota é o seguinte. Não adiante se gabar de ter menos fila e perder menos tempo, se só uma fração menor pode se tratar, e, em decorrência disso, os índices de saúde são piores.

Por esse critério, a saúde cubana seria a melhor de todas, contanto que Fidel Castro e a sua família fossem as pessoas mais saudáveis do mundo.

Se não me engano o Canadá tem de fato os piores tempo de espera dentre os sistemas "rivais" ao americano, porém, mesmo assim, o desempenho é superior, a um custo menor. Com maior investimento provavelmente seria possível reduzir esse defeito, ou talvez com quaisquer adaptações aproximando dos outros sistemas, que não tem o mesmo problema, e também são superiores aos EUA nos outros quesitos.

É válido ter atenção a essas potenciais falhas, mas não faz sentido escolher uma delas a dedo dentre todos os "competidores", para tentar dar como vencedor um modelo que é objetivamente pior, pior mesmo que o sistema que tem a falha apontada.



Citar
Citar
O que eu diria, de uma maneira pragmática, não-ideológica e sentimental, é que um sistema público de saúde nos EUA baixaria a qualidade da medicina por lá, pois a demanda aumentaria, ocorrendo problemas semelhantes à outros lugares do mundo ou até piores, visto o tamanho imenso do país e sua população. Seria um grande trabalho para o governo administrar os recursos deste sistema.

Acho que isso é visivelmente falso mesmo conforme se encontra analogia dentro dos próprios EUA, como Medicaid mais abrangente, ou o Medicare americano em si.
Não, não é. É algo simplesmente lógico. Pouquíssimos hospitais ou clínicas são públicos nos EUA. Ou você teria que sair implantando algo como os NY + Hospitals pelo país ou teria que fazer algo como o canadá* que têm a maior parte de seu sistema de saúde público sendo atendidos por clínicas e hospitais privados. Ou tirar algum outra solução da cartola.

O que eu falei não tem nada a ver com hospitais públicos, mas com algo como um Medicaid mais expandido, como o do Hawaii, que tem os melhores índices de saúde dos EUA, ou mesmo talvez algum vudu matemático com o Medicare. Maior cobertura em saúde pode ser algo que acaba sendo ineficaz, mas mesmo nos EUA já ajuda.




Citar
Ao mesmo tempo tem pouco sentido em dizer que a "qualidade da medicina" abaixaria pela demanda. É como dizer que a qualidade do ensino se reduz se você pretende educar a toda população, em vez de apenas uma seleta elite. É claro que será mais difícil e o desempenho médio cairá (mesmo que a mesma elite não fosse prejudicada em nada), mas a educação (ou saúde) do país será ainda assim superior, e isso é humana e economicamente superior.
É muito bonito. Mas não. Sua analogia não se aplica. Se só por ter um sistema público fosse bom, os EUA seriam inferiores ao Brasil em saúde. Mas não são.

Isso mal é uma analogia. Os Brasil pode ter números piores que os EUA, mas é completamente absurdo tentar sustentar que seria melhor se os preços fossem proporcionalmente tão altos com relação aos custos, reduzindo dramaticamente o acesso à saúde. É coisa do mundo bizarro mesmo, você dá "tchau" ao cumprimentar, "oi" ao se despedir, e quanto mais caro e pior é o que você paga, melhor.

No fim das contas, nem é uma questão de público ou não, pode ser visto como "economia pura" (ou tão pura quanto puder ser uma análise que ainda leve em consideração o resultado do que é comprado) independentemente de quem gasta. Mais gastos inúteis (administração burocrática) é uma perda que não compensa, mesmo que não chegue a afetar a demanda ainda.

A menos que se seja Keynesianista e se ache que quanto mais gasto houver, mais a economia está aquecida; que pagar burocratas para datilografarem "sadj çjça sjdas" e depois picotarem os papéis é bom, da mesma forma que pagar para cavar e cobrir buracos. Talvez os resultados inferiores em saúde também sejam economicamente bons, um estímulo, da mesma forma que destruir janelas é mais economicamente eficiente do que não fazê-lo.


Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2543 Online: 25 de Janeiro de 2018, 01:19:18 »
Não, Buckaroo. Preços bem maiores no contexto de implicar aumento de gasto agregado do setor é um sinal que houve aumento da demanda agregada no setor de saúde americano, e não diminuição da demanda como você diz. Quantidade de unidades demandadas de bens e demanda agregada em US$ são conceitos distintos. Mesmo em aumento explosivo persistente de preços, não deixa de haver crescimento excessivo da demanda agregada (sobre o produto), apesar de as quantidades das unidades demandadas dos bens diminuírem. É exatamente isso que acontece na Venezuela atual.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2018, 01:23:24 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2544 Online: 25 de Janeiro de 2018, 03:34:13 »
Isso está parecendo psicanálise econômica.

Seja lá qual for o fraseamento tecnicamente apropriado, o fato é que os americanos demandam menos do sistema de saúde, significando, fazem menos visitas, têm menos internações. E pagam mais ao todo mesmo assim.

Porque é tudo absurdamente mais caro. E mais caro sem se dever a um aumento de demanda, mesmo que isso fosse o mais intuitivo de se imaginar segundo alguma teoria econômica simplista.





http://www.commonwealthfund.org/~/media/Files/Publications/Issue%20Brief/2012/May/1595_Squires_explaining_high_hlt_care_spending_intl_brief.pdf





https://www.huffingtonpost.com/2013/10/03/health-care-costs-_n_3998425.html


https://en.wikipedia.org/wiki/Health_care_system_in_Japan

Citar
http://www.nytimes.com/2013/12/03/health/as-hospital-costs-soar-single-stitch-tops-500.html?pagewanted=all

As Hospital Prices Soar, a Stitch Tops $500

...

In a medical system notorious for opaque finances and inflated bills, nothing is more convoluted than hospital pricing, economists say. Hospital charges represent about a third of the $2.7 trillion annual United States health care bill, the biggest single segment, according to government statistics, and are the largest driver of medical inflation, a new study in The Journal of the American Medical Association found.

A day spent as an inpatient at an American hospital costs on average more than $4,000, five times the charge in many other developed countries, according to the International Federation of Health Plans, a global network of health insurance industries. The most expensive hospitals charge more than $12,500 a day. And at many of them, including California Pacific Medical Center, emergency rooms are profit centers. That is why one of the simplest and oldest medical procedures — closing a wound with a needle and thread — typically leads to bills of at least $1,500 and often much more.
...
The main reason for high hospital costs in the United States, economists say, is fiscal, not medical: Hospitals are the most powerful players in a health care system that has little or no price regulation in the private market.
...
mergers and consolidation have resulted in a couple of hospital chains — like Partners in Boston, or Banner in Phoenix — dominating many parts of the country, allowing them to command high prices from insurers and employers.
...
“Sutter is a leader — a pioneer — in figuring out how to amass market power to raise prices and decrease competition,” said Glenn Melnick, a professor of health economics at the University of Southern California. “How do hospitals set prices? They set prices to maximize revenue, and they raise prices as much as they can — all the research supports that.”


...
“Chargemaster prices are basically arbitrary, not connected to underlying costs or market prices,” said Professor Melnick, the economist. Hospitals “can set them at any level they want. There are no market constraints.”
...
The uninsured are particularly vulnerable to high prices since they have no one to argue on their behalf. When Arch Roberts Jr. got his bill of more than $2,000 for stitches, he explained that he was uninsured and his business had failed during the housing crisis, so he could not afford the fee. The hospital offered him a “charity care discount” — a price that was still out of range. “I don’t have $800 to pay them any more than I have $2,000” for three stitches, he said, noting that the hospital has been “relentless” in its collection efforts.
...
From such variations, economists conclude that “costs” are highly discretionary, noting that hospitals in other developed countries often provide high-quality care, with better outcomes in comparatively no-frills environments. Said Dr. Robinson, the Berkeley health economist: “If you pay hospitals more, they spend it. If you pay them less, they adjust. The only way to pay less for health care — is to pay less for health care.
...

E a coisa não acaba aí nesses preços arbitrariamente elevados. Em inglês tem o termo "drive-by shooting", se refere a uma forma de ataques de gangues, quando um carro passa com alguns dos passageiros atirando contra vítimas na calçada ou numa quadra. "Drive-by doctoring" é uma adaptação desse termo para contas surpresa de médicos de fora da cobertura do plano de saúde, que a pessoa nem necessariamente contratou pessoalmente.

https://www.nytimes.com/2014/09/21/us/drive-by-doctoring-surprise-medical-bills.html
http://www.slate.com/articles/business/the_bills/2016/08/_balance_billing_and_drive_by_doctors_are_contributing_to_growing_out_of.html

Algo um pouco próximo a isso é o preço de só pisar num pronto-socorro. Um corte no dedo, um band-aid, pode acabar saindo por mais de 400 dólares.


Mas eu tenho certeza que, de alguma forma, isso é tudo economicamente vantajoso e superior às pessoas terem maior acesso à atendimento médico de igual qualidade. Nem precisam explicar nada. Eu definitivamente não tenho capacidade para entender. Minha ingênua visão de mundo é a de que geralmente o melhor é se pagar menos por um mesmo serviço ou produto, em especial se referindo a gastos públicos/coletivos. :|

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2545 Online: 25 de Janeiro de 2018, 10:17:11 »
Isso está parecendo psicanálise econômica.

Seja lá qual for o fraseamento tecnicamente apropriado, o fato é que os americanos demandam menos do sistema de saúde, significando, fazem menos visitas, têm menos internações. E pagam mais ao todo mesmo assim.

Porque é tudo absurdamente mais caro. E mais caro sem se dever a um aumento de demanda, mesmo que isso fosse o mais intuitivo de se imaginar segundo alguma teoria econômica simplista.


Ou seja, mesmo que não tenha dito que o aumento de preço sozinho reduz a quantidade demandada, aparentemente você acredita que aumento de preço sozinho seria capaz de reduzir a quantidade demandada.

Você está confundindo movimentos ao longo da curva de demanda agregada (setorial) com deslocamento da curva de demanda agregada (setorial), i.e., para qualquer nível de preços a demanda aumenta.

Deixe-me explicar melhor com dois exemplos. Por exemplo, suponha o exemplo 1. O preço médio de uma casa é de 100.000 dólares, quando o mercado está em equilíbrio. Se os vendedores ficassem gananciosos e o preço subissse para 110.000, os fornecedores responderiam construindo mais casas, e os consumidores, comprando menos. O efeito líquido seria puxar os preços para baixo ao seu nível estável, tão certo quanto a força de gravidade. No entanto, agora suponha o exemplo 2. Se a procura aumentasse, por algum motivo estrutural, como o crescimento da população, a curva de procura total na figura abaixo seria deslocada para cima, por isso o preço de equilíbrio seria maior:



Por razões explicadas no artigo do Mises Institute, grosso modo, o que está acontecendo no mercado de saúde americano é o que está descrito na figura acima.

Edição:

O gráfico que pus no último post não era exatamente o que queria por. O ideal para o caso que trato seria um gráfico em que o eixo x tivesse "Quantidade em dólares". A questão é que a demanda agregada pode crescer mesmo em situação de decréscimo da quantidade de unidades de bens demandadas. O Buckaroo aparentemente acha que isso não é possível.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2018, 13:24:11 por -Huxley- »

Offline Cumpadi

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2546 Online: 25 de Janeiro de 2018, 10:25:06 »
Algo um pouco próximo a isso é o preço de só pisar num pronto-socorro. Um corte no dedo, um band-aid, pode acabar saindo por mais de 400 dólares.
Otimo, ai para de ir para a emergencia por causa de um band-aid, nao e para isso que ela esta la. Isso cria tanta distorcao, no Brasil, como a demanda pela emergencia e tao alta, ficam os piores e menos experientes atendendo doencas extremamente abrangentes para controlar os custos. Resultado disso: baixa qualidade das emergencias para todos, menos quem pode pagar pelos mais luxuosos hospitais do Brasil.

Nos EUA, acho que na maioria dos estados se o cara se preparar com antecedencia vai conseguir os servicos menos complexos por um baixo custo. Como as pessoas se desesperam em saude, saem procurando o primeiro servico que veem pela frente e nao se preparam. Nada de errado em pagar pelo despreparo, assim pelo menos ha um incentivo de procurar servicos mais eficientes.

Em relacao ao resto do seu post Buckaroo, voce ja viu um hotel de luxo? Existe algum limite em relacao ao que podem cobrar por uma agua mineral? Nao. Sai caro? Muito. E dai, ninguem precisa desses hoteis. O mais agravantes dessas pessoas e que saem reclamando do que pagam e que o US tem uma renda altissima, ate mesmo em comparacao com o resto do mundo desenvolvido. Na hora de gastar com besteiras nao tao nem ai, esses infelizes nao justificam a estatizacao da saude.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2018, 10:31:50 por parcus »
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline -Huxley-

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2547 Online: 25 de Janeiro de 2018, 11:34:56 »
Anexei o conteúdo do posto que apaguei aqui ao post imediatamente anterior a esse.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2018, 12:03:07 por -Huxley- »

Offline JJ

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2548 Online: 25 de Janeiro de 2018, 11:37:06 »
Isso está parecendo psicanálise econômica.

Seja lá qual for o fraseamento tecnicamente apropriado, o fato é que os americanos demandam menos do sistema de saúde, significando, fazem menos visitas, têm menos internações. E pagam mais ao todo mesmo assim.

Porque é tudo absurdamente mais caro. E mais caro sem se dever a um aumento de demanda, mesmo que isso fosse o mais intuitivo de se imaginar segundo alguma teoria econômica simplista.





Citar
http://www.nytimes.com/2013/12/03/health/as-hospital-costs-soar-single-stitch-tops-500.html?pagewanted=all

As Hospital Prices Soar, a Stitch Tops $500

...

In a medical system notorious for opaque finances and inflated bills, nothing is more convoluted than hospital pricing, economists say. Hospital charges represent about a third of the $2.7 trillion annual United States health care bill, the biggest single segment, according to government statistics, and are the largest driver of medical inflation, a new study in The Journal of the American Medical Association found.

A day spent as an inpatient at an American hospital costs on average more than $4,000, five times the charge in many other developed countries, according to the International Federation of Health Plans, a global network of health insurance industries. The most expensive hospitals charge more than $12,500 a day. And at many of them, including California Pacific Medical Center, emergency rooms are profit centers. That is why one of the simplest and oldest medical procedures — closing a wound with a needle and thread — typically leads to bills of at least $1,500 and often much more.
...
The main reason for high hospital costs in the United States, economists say, is fiscal, not medical: Hospitals are the most powerful players in a health care system that has little or no price regulation in the private market.
...
mergers and consolidation have resulted in a couple of hospital chains — like Partners in Boston, or Banner in Phoenix — dominating many parts of the country, allowing them to command high prices from insurers and employers.
...
“Sutter is a leader — a pioneer — in figuring out how to amass market power to raise prices and decrease competition,” said Glenn Melnick, a professor of health economics at the University of Southern California. “How do hospitals set prices? They set prices to maximize revenue, and they raise prices as much as they can — all the research supports that.”


...
“Chargemaster prices are basically arbitrary, not connected to underlying costs or market prices,” said Professor Melnick, the economist. Hospitals “can set them at any level they want. There are no market constraints.”
...
The uninsured are particularly vulnerable to high prices since they have no one to argue on their behalf. When Arch Roberts Jr. got his bill of more than $2,000 for stitches, he explained that he was uninsured and his business had failed during the housing crisis, so he could not afford the fee. The hospital offered him a “charity care discount” — a price that was still out of range. “I don’t have $800 to pay them any more than I have $2,000” for three stitches, he said, noting that the hospital has been “relentless” in its collection efforts.
...
From such variations, economists conclude that “costs” are highly discretionary, noting that hospitals in other developed countries often provide high-quality care, with better outcomes in comparatively no-frills environments. Said Dr. Robinson, the Berkeley health economist: “If you pay hospitals more, they spend it. If you pay them less, they adjust. The only way to pay less for health care — is to pay less for health care.
...

E a coisa não acaba aí nesses preços arbitrariamente elevados. Em inglês tem o termo "drive-by shooting", se refere a uma forma de ataques de gangues, quando um carro passa com alguns dos passageiros atirando contra vítimas na calçada ou numa quadra. "Drive-by doctoring" é uma adaptação desse termo para contas surpresa de médicos de fora da cobertura do plano de saúde, que a pessoa nem necessariamente contratou pessoalmente.

https://www.nytimes.com/2014/09/21/us/drive-by-doctoring-surprise-medical-bills.html
http://www.slate.com/articles/business/the_bills/2016/08/_balance_billing_and_drive_by_doctors_are_contributing_to_growing_out_of.html

Algo um pouco próximo a isso é o preço de só pisar num pronto-socorro. Um corte no dedo, um band-aid, pode acabar saindo por mais de 400 dólares.


Mas eu tenho certeza que, de alguma forma, isso é tudo economicamente vantajoso e superior às pessoas terem maior acesso à atendimento médico de igual qualidade. Nem precisam explicar nada. Eu definitivamente não tenho capacidade para entender. Minha ingênua visão de mundo é a de que geralmente o melhor é se pagar menos por um mesmo serviço ou produto, em especial se referindo a gastos públicos/coletivos. :|




Preços completamente absurdos.  Está explicado porque tem tantos americanos sem acesso à serviços de saúde.




Offline JJ

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #2549 Online: 25 de Janeiro de 2018, 11:45:18 »
Entenda: Sistema de saúde dos EUA exclui 46 milhões


Patrícia Campos Mello, O Estado de S. Paulo
09 Setembro 2009 | 12h52


WASHINGTON - Cerca de 46 milhões de pessoas nos EUA não têm plano de saúde. Como não existe um Sistema Único de Saúde (SUS) no país, significa que, se essas pessoas ficarem doentes, precisarão vender o carro ou hipotecar a casa para pagar as contas do hospital. Despesas médicas são o principal motivo de falências pessoais no país.

Parte dos americanos com mais de 65 anos ou portadores de deficiências está coberta por um sistema chamado Medicare, no qual o governo paga os hospitais e médicos que atendem o beneficiário. E parte da população de baixa renda entra no Medicaid, outro sistema bancado pelo governo. Mas grande parte da população - esses 46 milhões - está em um buraco negro. Muitos estão em uma faixa intermediária - não são tão pobres para receber o Medicaid, nem tão
idosos para o Medicare -, não têm plano de saúde no emprego e não conseguem pagar um privado.


Os segurados ou têm dinheiro para pagar um plano privado ou têm um emprego que oferece um plano de saúde. Nos EUA, as empresas podem despedir grávidas e até pessoas com câncer. Ter um plano de saúde tampouco garante que a pessoa não terá de pagar por seus tratamentos médicos. A maioria dos planos estabelece um limite de gastos anual e, em seguida, uma franquia que o seguro só começa a reembolsar depois que o paciente paga sua contrapartida. Os planos também podem se recusar a fazer seguro para pacientes com histórico de doença crônica ou pré-existente.


Para completar, o sistema de saúde é uma bomba-relógio para as contas públicas. O Medicare, por exemplo, vai se tornar deficitário em oito anos. Os gastos com saúde crescem a uma taxa superior à inflação. Os EUA são o país que mais gasta com saúde - US$ 7 per capita, ou 16% do PIB -, mas está em 37º lugar em qualidade de atendimento, ao lado da Eslovênia, segundo o ranking da Organização Mundial de Saúde.


Para que os 46 milhões de cidadãos sem plano de saúde passem a ter um, o governo precisará gastar US$ 1 trilhão ao longo de dez anos. O dinheiro viria de uma gestão mais eficiente do Medicare e do Medicaid e de um aumento de impostos sobre quem ganha mais de US$ 250 mil por ano.


O presidente americano, Barack Obama, quer criar um mercado de trocas de planos de saúde, onde seguradoras
privadas competiriam com a seguradora estatal ou cooperativas.


Restante no link:

http://internacional.estadao.com.br/noticias/america-do-norte,entenda-sistema-de-saude-dos-eua-exclui-46-milhoes,431943




 

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