A meta do capitalismo não se baseia em um estado de alienação. Isso é fantasioso.
[...]
Esqueçam essa teoria de conspiração que induz o público à ignorancia, isso não é o que define o capitalismo.
Não, não define o capitalismo, porque a alienação é anterior a ele. Mas ainda assim ele se aproveita dela. Veja o caso das propagandas.
Todas elas induzem o espectador à idéia de que a compra de um dado produto significa ou uma ferramenta que vai mesmo lhe auxiliar em sua atividade (telefone); ou um maior estado de alegria (televisão), ou de uma demonstração de "status" (carro topo de linha) ou que ele simplesmente precisa daquele produto, mesmo que não seja o caso.
Eu não me recordo de nenhuma propaganda que traga no seu bojo qualquer informação dos impactos sociais e ou ambientais daqueles produtos ou serviços oferecidos nela, com a raríssima e hipócrita propaganda de bebidas alcoólicas.
E eu acho que isto não ocorre ao acaso!
[...]
Na verdade, se programas culturais fossem o mais assistidos, se programas de debates politicos tivessem uma audiência boa, esses programas iam ser passados, acredite.
Na verdade a meta do capitalismo é receber dinheiro ao dar as pessoas o que elas desejam receber.
Por exemplo programas de debates políticos são muito mais comuns na AR do que aqui, porque a audiência destes programas lá é bem maior que um traço.
[...]
Mas Agnóstico, será que não caímos em um pensamento circular?
Como posso fazer com que programas culturais sejam os mais assistidos em um país capitalista, se antes é necessário que a população tenha acesso a uma educação formal, junto com o desenvolvimento de uma opinião crítica, que se baseia em um conceito mais amplo, qual seja, o acesso à cultura.
Programas de debates políticos são uma exceção ao meu ver, porque geralmente são realizados por pessoas que não prezam pelo equilíbrio, ou pela cultura ou pela formação técnica, e frequentemente descambam para um bate-boca típico de programas popularescos.
Isto deveria favorecer uma maior audiência, em tese. Mas não podemos esquecer que há uma aversão histórica à política e aos membros de sua classe no Brasil.
Este fato retro-alimenta, ao meu ver, a manutenção de uma população alienada em termos políticos, preocupada apenas com suas benesses pessoais em troca de um voto.
Mas isto é um outro assunto.