Segundo os textos de Marx, o socialismo e posteriormente o comunismo, só deveriam vir a surgir em um país de capitalismo suficientemente desenvolvido. Logo, a receita para se obter o comunismo, em países de capitalismo atrasado, seria primeiro desenvolver o capitalismo, e só depois avançar para o socialismo. Essa era a estratégia do PCB no Brasil antes da ditadura militar.
Ok
A idéia por trás disso é que com o desenvolvimento do capitalismo, as suas contradições ficariam mais evidentes.
A previsão marxista é que os países capitalistas tenderiam a uma miséria crescente. Todas as classes sociais se extinguiriam, sobrando apenas proletários e burgueses, ou seja, todo mundo seria ou proletário ou burguês.
A teoria do valor marxista, que diz toda a propdução se deve INTEIRAMENTE à mão-de-obra humana (sem nenhuma contribuição por parte dos investimentos dos empresários e da tecnologia) o levou a concluir que a tendência seria uma queda na taxa de lucros. Vou tentar explicar melhor essa lorota marxista e como ela levou a essa predição maluca:
1- TODA a produção se deve inteiramente à mão-de-obra humana.
2- Apesar dos trabalhadores humanos serem as galinhas dos ovos de ouro dos empresários, eles investiam cada vez mais em máquinas e automatizações (Marx não explica o porquê disso, pois trocar mão-de-obra humana por máquina seria jogar dinheiro fora)
3- Como a proporção da mão-de-obra humana na produção cairia, logo a taxa de lucros também cairia. (pois o empresário só poderia obter lucro se houver trabalkhador humano para explorar).
4- Como consequência dessa queda nas taxas de lucros, os empresários aumantariam a exploração dos trabalhadores para compensar: maiores jornadas de trabalho, maiores exigências de esforço, menores salários, etc
5- Juntando esse aumento da miséria dos trabalhadores com o fato de só existirem essas 2 classes (proletários e burgueses), teríamos um aumento crescente das tensões que desembocariam numa revolta generalizada dos proletários contra os burgueses.
Esses foram os passos no raciocínio de Marx para sua profecia de que aumentaria a miséria e as pessoas se polarizariam em 2 únicas classes. Todo esse raciocínio notoriamente falso decorreu do pressuposto da teoria do valor-trabalho marxista, que já sabemos ser falsa desde o século XIX.
Agora, o que realmente ocorreu no mundo?
Ao invés da miséria aumentar, ela diminuiu! O padrão de vida dos trabalhadores aumentou para patamares inimagináveis por Marx. Ao invés das classes serem reduzidas a burgueses e proletários, surgiu e cresceu uma ampla classe média, além de várias outras classes intermediárias. E por ironia do destino,
a classe proletária (que seria o principal instrumento da mudança) foi bastante reduzida e está em vias de desaparecimento.
Como os comunistas reagiram frente a esses fatos?
A maioria percebeu os erros, os aceitou e virou social-democrata.
Uma minoria ficou inventando hipóteses ad-hoc para explicar essas questões. Um ponto interessante é que ao invés de ajudarem as reinvidicações dos trabalhadores como antes (achando que isso aceleraria a falência dos capitalistas), passaram a secretamente sabotar os interesses dos trabalhadores, já que trabalhador feliz e com vida boa não pensa em revoluções.
E também havia um pragmatismo por trás disso. Seria mais fácil para um país com uma economia bem-desenvolvida resistir e se manter socialista do que um país pouco-desenvolvido.
O problema é que ainda na eóca de Marx já houveram experiências revolucionárias que mostraram a viabilidade de haver uma revolução de cunho socialista no estado de desenvolvimento da época (Comuna de Paris). Posteriormente, ocorreram várias revoluções em países que não tinham capitalismo desenvolvido, como o caso da Rússia, China.
As revoluções por você citadas foram empreendidas por grupos que "desobedeceram" ao marxismo. E ocorreram em países que não poderiam ser considerados "capitalistas". Na verdade, o objetivo primário dessas revoluções era derrubar estruturas feudais arcaicas e implantar um regime democrático e livre. Mas os comunistas (não-marxistas) cortaram o barato da população desses países no final.
A Rússia por exemplo: o partido menchevique seguia à risca o marxismo, e dizia que aquela revolução, naquele momento histórico, era uma revolução "burguesa", que derrubaria uma estrutura feudal e implantaria um regime "burguês" à semelhança dos regimes da Europa Ocidental. A idéia de implantar um regime comunista de cara, indo contra tudo o que Marx dizia, foi idéia inteiramente da cabeça de alguns grupos oportunistas (como os bolcheviques).
Vários teóricos como Lênin escreveram textos buscando explicar o que estaria causando isso. No geral, a explicação era de que o capitalismo já havia atingido um estado avançado o suficiente em vários locais do mundo e que isso, aliado às recentes inovações tecnológicas estariam fazendo com que as contradições do capitalismo fôessem sentidas em todo o mundo. Não seria mais possível observar os países de uma forma isolada, principalmente com o avanço do imperialismo.
Lenin na verdade estava tentando
justificar a decisão do grupelho dele de tomar o poder e implantar um regime comunista. Não se tratava de uma "onda comunista espontânea" mundial, mas de grupos bastante específicos e minoritários que DECIDIRAM implantar um regime comunista passando por cima das orientações de Marx.
Então, no geral, as correntes comunistas não acham que é preciso desenvolver mais o capitalismo em países como o Brasil, pois isso nem mesmo seria possível face à sua característica dependente dos demais países. Aliás, as privatizações no geral favorecem empresas multinacionais estrangeiras, e isso ampliaria mais a dependência do país à agentes externos. Portanto, elas não favoreceriam uma mudança no sistema econômico brasileiro.
Mas é justamente o contrário do que os comunistas pensam que ocorre. O que não é de se espantar, afinal.
Empresas privatizadas acabam gerando muito mais benefícios à sociedade do que as estatais, na maioria dos casos.
O Jango, que não era comunista, pretendia fazer isso. Imagine os comunistas...
O que Jango propôs era que pessoas pudessem ter apenas uma casa, e não duas para cada uma. A idéia era combater a falta de moradia atacando especulação imobiliária que deixaria muitos imóveis ociosos. Basicamente invocava a existência de uma função social das moradias, da mesma forma que uma função social da terra justificaria uma reforma agrária. Normalmente as correntes comunistas apóiam esta medida. Não quer dizer que você tenha que abrir as portas da sua casa para dividir com todo mundo.
Mas o Jango não precisava ameaçar tomar bens de outras pessoas. Ele poderia simplesmente construir casas para os que não tem, com rcursos públicos.
Diferentemente das terras, casas ociosas estão LONGE de representar problema. Constrói-se outras, ora!