Eu acho algo ridículo. Deus não é, em nada, diferente de Papai Noel, Fadas, Mitologias diversas, Duendes, Gnomos, Unicornios Rosas, Monstro do Espaguete, Coelhinho da Páscoa, etc. Oras, ninguém, em sã consciência, se diz agnóstico em relação aos citados, ninguém diz "Bom, não existem evidências da existência de Gnomos, mas não podemos descarta-la completamente". Ora, quão inutil é não descartar absolutamente nada, por mais RIDÍCULO que seja, só porque não pode-se provar a não-existencia desse algo? Pra que isso? Pra manter uma postura filosófica bonitinha? "Ah, não posso te confirmar que não exista um gnomo amarelo dos bosques do sul voando na órbita de júpiter a cada 21 dias terrestres, então vamos ser filosoficamente bonitinhos e deixar a questão em aberto."
Caro Di Ungar
Voce considera como real apenas o universo cognoscível, aquele que é atingido pela razão e pelos sentidos. E voce não está errado dentro da premissa estabelecida por voce.
No entanto, não se pode ignorar a filosofia metafísica, que é a premissa utilizada por todo e qualquer crente mais erudito. E neste contexto, nenhum dos personagens mitológicos citados por você teve um tratamento intelectual como o dispensado para deus, desde Aristóteles até Platinga.
Mesmo a filosofia não-metafísica trabalha com um conceito denominado "graus de razoabilidade", e neste conceito, deus ocupa um posto muito mais elevado do que papai-noel, por exemplo.
Então eu afirmo que, no meu entender, isto não é para "manter uma postura filosófica bonitinha", e sim de manter a coerência lógica e filosófica!
Então o critério é que muita gente acredita? Muita gente acredita, por isso ele é uma hipótese mais razoável, atualmente, que Zeus, que em certa época também possuia um grande número de fiéis? Mesmo o número de evidência sendo iguais (ou seja, zero) para todos os que eu falei? Hoje em dia, mais gente acredita em Allah do que no deus judaico-cristão, então Allah é uma hipótese mais razoável só porque um número maior de malucos acredita nele? Qual a utilidade prática de ser mais razoável, aos olhos da filosofia metafísica?
Caro Di Ungar
Em momento algum eu afirmei que o maior número de crentes é um critério de validação da existência de qualquer deus, seja Javé, Allah ou Brahma.
Zeus já era considerado como mitologia, nos meios pensantes, já ao tempo de Aristóteles. No entanto, o estagiarita formalizou os predicados de um deus singular, poderoso, e que foi aproveitado pelos escolásticos no século XII para formalizar o deus metafísico por excelência nos séculos que viriam.
Por favor observe o texto do biscoito1r:
Ateísmo é definido geralmente de duas formas.
1 - Falta de crença na existência de divindade(s). Também conhecido como ateísmo-agnóstico ou ateísmo fraco.
2 - Crença na inexistência de deus. Também conhecido como ateísmo-gnóstico ou ateísmo forte.
[...]
E agora o meu:
O número 1 também pode ser escrito, ao meu ver, assim: Não-crença pela ausência de evidências de que exista o sobrenatural, deus(es) incluso(s).
E este é o meu caso.
Fica claro que a negação positiva (efetiva) do item 2 do biscoito1r é baseada em uma
crença e não em uma prova material, diferente da proposição número 1, que é uma negação por falta de evidência.
Para voce é bobagem a posição 1, conforme as suas palavras:
Ora, quão inutil é não descartar absolutamente nada, por mais RIDÍCULO que seja, só porque não pode-se provar a não-existencia desse algo? Pra que isso? Pra manter uma postura filosófica bonitinha?
Para mim não, porque a construção intelectual em torno do deus metafísico aristotélico-escolástico é muito mais sofisticado que os dos demais entes
mitológicos, tanto que a sua principal característica (criação
ex nihilo) não pode ser refutada pela ciência, no atual estágio do conhecimento.
Ou seja, a despeito de eu não considerar factível o sobrenatural, de nenhum tipo, eu respeito os pensadores que souberam construir, de modo racional, uma questão que ainda não pode ser respondida por nós, cientistas céticos, ateus ou agnósticos.