Você apenas tem de analisar um pouco melhor, o que é que realmente, os mais diversos espécimes de d(t)eístas, pretendem dizer, com a palavra "deus". E a verdade - é que um determinado "deus", já lhe disse - que você é mais um entre nós...
Se você ainda não conhecia bem a minha justificação, para considerar como plausível a existência de "deus", aqui tem uma amostra do meu pensamento a respeito desse tão controverso e estranho ser.
Eu li toda a sua postagem, mas responderei por segmentos. Certo?
O "estranho e controverso ser", segundo o conjunto do seu texto, não existe pois a atribuição que voce dá a deus varia de um deísmo panteísta a uma deificação humana nos moldes dos deuses da antiguidade.
É verdade, que o conceito de "deus" é tão ambíguo e paradoxal, que por causa disso, uma pessoa que tente "pensar cientificamente", pode decidir em extremo, que de facto "deus", não existe.
Se o pensamento científico for o único tipo considerado, não há como decidir pela não-existência de deus.
Mas justamente, por causa dessa paradoxalidade conceptual, é que se deve inquirir, com o maior rigor, o que é uma pessoa que utiliza a palavra "deus", tem em mente, quando expõe o seu pensamento.
Não diria que é um paradoxo mas uma conceitualização baseada em desconhecimento do meio natural. O cristianismo escolástico lhe deu um caráter lógico mas usando como base um conjunto de petições de princípio que, ao meu ver, não são sustentáveis.
Que motivos é que originaram o aparecimento de tal palavra? Segundo certos observadores, foi a ignorância e o medo. Mas para outros mais românticos, foi o nome que consideraram poético dar aos fenómenos naturais. Assim a beleza, a força e a inteligência fora do comum, foram intituladas de "divinas".
Eu não sou tão rígido quanto outros foristas do fCC face ao comportamento humano em relação ao misticismo e a religião nos primórdios da espécie humana em geral e da civilização em particular.
Eles (humanos iniciais) não dispunham de nenhuma ferramenta intelectual mais apurada para entender o meio natural, além de que era um período onde a sobrevivência biológica era a prioridade.
Portanto, primitivamente a palavra divindade, significava as capacidades ou virtudes humanas, naturais, fora da normalidade. Os homens hercúleos, os génios de inteligência rara e espantosa, os contadores de histórias maravilhosas, enfim os sonhadores.
Hummm. Este trecho, ao meu ver, reflete a sua definição, particular, de deidade. O mais próximo que se chegaria a isto, na mitologia, seriam os deuses da antiguidade e os semi-deuseus.
As pessoas de beleza estonteante, cujo fascínio era absolutamente sedutor, as quais provocavam amor e paixão irresistivelmente avassaladores: principalmente as mulheres, pela sua qualidade de parideiras da sociedade. Evidenciando os heróis, cujos feitos extraordinários suscitavam a admiração duma determinada colectividade. Esses com absoluta legitimidade, foram os primeiros "deuses".
Novamente sua descrição está mais próxima das deidades da antiguidade clássica do que da deidade judaico-cristã atual.
Paralelamente, os animais e vegetais incrivelmente fortes e criativos, os fenómenos naturais, surpreendentemente belos e por vezes catastróficos e apavorantes - pela sua incrível potência transformativa, ou acção destrutiva - geraram na mente humana a palavra "deus".
Há muitos casos de deuses zoomórficos, deuses (fenômenos) naturais e alguns poucos de deuses vegetais.
Não havia nada de sobrenatural, quando essa palavra surgiu. Portanto, "deus" era o conceito que melhor designava o extraordinário ou fantástico, inacessível às pessoas vulgares.
Com o tempo, com a transformação da política em religião e vice-versa, é que essa palavra surpreendente, passou a ter uma conotação mítica, fora do contexto natural, inicial.
Voce descreveu perfeitamente a situação. Panteísmo, deísmo e (mono ou poli)teísmo são conceitos de deuses que se modificaram com o tempo, sem qualquer base empírica, o que indica que eles são meros constructos humanos.
E agora mais uma vez, desde que - Alexandre conheceu Hipácia e César, Cleópatra - que ficou tácitamente aceite, em termos de moderna constituição estatal, que o conceito de "deus", é simplesmente um degrau mais, na hierarquia social vigente, com todas as virtudes e defeitos, que determinadas sociedades podem ter, ou cometer, quando se atrevem a fazer exercício das prerrogativas divinas, que um estado pleno-potenciário, mais ou menos democrático, pode conferir a um homem ou mulher, que se atreveu a ambiciosa audácia de alcançar a dignidade "máxima", que os representantes de um povo, podem outurgar a um semelhante.
Ora hoje em dia, a mitologia greco-romana, está de novo a ser adoptada como uma religião mística e sócio-política por milhares de pessoas. Com o "fiasco" do cristianismo, os "deuses" pré-cristãos estão a regressar. Entre eles os descendentes dos Césares.
Recorrências mítico-religiosas são comuns.