Autor Tópico: A coerência ou incoerência dos evangelhos  (Lida 35867 vezes)

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Offline Bolsonaro neles

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A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Online: 06 de Junho de 2010, 15:41:52 »
Cara, tudo bem, pra vcs a bíblia é falsa. Uma coletânea de livros nonsense, alterados por copistas e cheios de contradições. Mas... continuando a infindável discussão...

Esta semana terminei de ler o NT pela sexta vez (o VT já li quatro e pros que acham uma perda de tempo, não adianta falar porque gosto da matéria. É uma cachaça...). Ao longo destes anos de estudo, tenho tirado muitas conclusões a partir do que tenho lido. Tenho muitas indagações que gostaria de fazer aos amigos que, embora ateístas, têm um bom conhecimento a respeito da bíblia.

Tenho concluído que a pregação de Jesus é quase que totalmente dirigida aos fariseus. Talvez 99%. O restante 1% está dividido entre o que ele disse para as outras seitas/partidos judaicos (saduceus, herodianos, zelotes, etc.), gentios daquela época e quase nada para nós.

Seriam os autores dos evangelhos umas espécies de gênios do mal?

1 – Vamos admitir que haja apenas dois autores, Marcos e João (consideremos que Lucas e Mateus copiaram Marcos). O minucioso levantamento de trechos do VT comparados aos episódios da vida de Cristo, no sentido de mostrar que Ele é o messias, é absolutamente fantástico. O autor de Mateus teve um trabalho imenso e cansativo de narrar a história de Cristo e cuidadosamente citar cada um dos trechos do VT que eram cumpridos, concatenando-os com cada episódio, apenas para enganar futuros trouxas?

2 – Vê-se claramente a intenção de Jesus de provocar os fariseus. Primeiro chamando-os a toda hora de hipócritas e mentirosos, depois contando parábolas para que eles não compreendessem o que estava sendo dito (mas entendessem que havia uma mensagem que se dirigia a eles), depois atrapalhando seus negócios de vendas no templo e, por último, dizendo que o templo viria a ser destruído. Jesus os instigou até que eles resolvessem matá-lo.

Contra os saduceus (seita de judeus materialistas que presidiam o sinédrio) ele falou da ressurreição dos mortos. Contra os herodianos, Ele disse que não deveriam se insurgir contra Arquelau. Pra terminar, ele decepcionou os zelotes, dentre os quais havia um de seus discípulos (Simão), negando-se a liderá-los politicamente e fazendo de tudo para ser morto pelos romanos a quem eles odiavam. Ele provocou todo mundo!

A história me parece rica demais, intrincada demais pra ser uma mera invenção. Mesmo que Mateus e Lucas tenham copiado de Marcos, João tem seu evangelho independente destes três e há muitas coincidências.

3 - Outra coisa, quando leio os trechos em que Ele prevê o fim do mundo, tenho a nítida impressão que Jesus achava que seria morto, ressuscitaria, sua igreja seria perseguida e, imediatamente após esta perseguição, Ele voltaria. Passa-me a impressão que Ele se enganou! Se eu não cresse em Jesus, minha segunda opinião seria de que Ele estava mais para um lunático, nunca um personagem inventado. A comparação de suas previsões com os fatos ocorridos imediatamente após sua morte mostra que realmente aconteceu o que Ele previra (a destruição do templo por Domiciano, a perseguição e morte de seus seguidores, etc), mas Ele não voltou. Tanto parece que Ele achava que voltaria logo, que seus discípulos e Paulo escreveram várias vezes em seus livros e cartas que eles estariam vivos quando Jesus voltasse.

Bem, teria muito mais a dizer, mas fico por aqui. O resumo é que acho a história dos evangelhos minuciosa demais para ter sido apenas uma invenção.

Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #1 Online: 12 de Junho de 2010, 11:19:55 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.

Offline Barata Tenno

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #2 Online: 12 de Junho de 2010, 11:29:28 »
Senhor do Anéis tem uma trama muito mais intrincada e nem por isso Sauron é real...
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Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #3 Online: 12 de Junho de 2010, 11:38:59 »
O negócio é que O Sr dos Anéis é literal. Vc lê e o que está escrito é o que se está querendo passar. Já nos evangelhos, há nuances que vc só entende se estudar fundo a realidade de então, o contexto em que está inserida a história. Além disso, dá pra fazer uma análise psicológica da mente e do comportamento de Jesus. Há coisas que Ele fez e falou que denunciam intenções encobertas. Ele se comporta controvertidamente, de uma maneira que não é claramente entendida a não ser que se faça uma análise profunda de seus reais planos.

Um romancista nos faria entender claramente o comportamento de seu personagem. Não parece o caso aqui. Não parece uma ficção, mas um relato.

Offline Gaúcho

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #4 Online: 12 de Junho de 2010, 12:56:21 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.


Jesus errou?
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Offline André Luiz

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #5 Online: 12 de Junho de 2010, 13:25:07 »
E Javé ja acertou em alguma coisa?


Offline Fernando Silva

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #6 Online: 12 de Junho de 2010, 13:25:55 »
1 – Vamos admitir que haja apenas dois autores, Marcos e João (consideremos que Lucas e Mateus copiaram Marcos). O minucioso levantamento de trechos do VT comparados aos episódios da vida de Cristo, no sentido de mostrar que Ele é o messias, é absolutamente fantástico. O autor de Mateus teve um trabalho imenso e cansativo de narrar a história de Cristo e cuidadosamente citar cada um dos trechos do VT que eram cumpridos, concatenando-os com cada episódio, apenas para enganar futuros trouxas?
Sim. Ou, quem sabe, ele acreditava no que dizia. Ou, melhor ainda, ele apenas escreveu um "midrash", um texto sem preocupação com a veracidade dos fatos e sim com o valor didático e inspirador. Uma longa historinha de ficção com uma vaga inspiração em fatos da época e em trechos do AT.
Um texto que era para durar pouco e acabou virando "verdade" na mão das gerações seguintes.
2 – Vê-se claramente a intenção de Jesus de provocar os fariseus. Primeiro chamando-os a toda hora de hipócritas e mentirosos, depois contando parábolas para que eles não compreendessem o que estava sendo dito (mas entendessem que havia uma mensagem que se dirigia a eles), depois atrapalhando seus negócios de vendas no templo e, por último, dizendo que o templo viria a ser destruído. Jesus os instigou até que eles resolvessem matá-lo.
Ou talvez essa ficção seja apenas um indício de um conflito entre seitas.
Mesmo porque o episódio dos vendilhões foi baseado em um trecho do AT.
Contra os saduceus (seita de judeus materialistas que presidiam o sinédrio) ele falou da ressurreição dos mortos. Contra os herodianos, Ele disse que não deveriam se insurgir contra Arquelau. Pra terminar, ele decepcionou os zelotes, dentre os quais havia um de seus discípulos (Simão), negando-se a liderá-los politicamente e fazendo de tudo para ser morto pelos romanos a quem eles odiavam. Ele provocou todo mundo!
Um escritor de ficção competente faz isto: monta uma trama com o objetivo de chegar ao final que ele planejou.
A história me parece rica demais, intrincada demais pra ser uma mera invenção.
Assim como o Silmarillion, o Hobbit e "O senhor dos anéis".
Assim como os Vedas ou o Livro dos Mortos egípcio.
Quer mitologia mais complicada e mais cheia de personagens que a grega?
Mesmo que Mateus e Lucas tenham copiado de Marcos, João tem seu evangelho independente destes três e há muitas coincidências.
Quando João escreveu, já havia uma Igreja institucionalizada, daí a preocupação com os rituais e o dízimo.
Marcos, Mateus e Lucas estão pouco se lixando para igrejas e rituais. O que importa para eles é ser justo e temer a Deus.
3 - Outra coisa, quando leio os trechos em que Ele prevê o fim do mundo, tenho a nítida impressão que Jesus achava que seria morto, ressuscitaria, sua igreja seria perseguida e, imediatamente após esta perseguição, Ele voltaria. Passa-me a impressão que Ele se enganou! Se eu não cresse em Jesus, minha segunda opinião seria de que Ele estava mais para um lunático, nunca um personagem inventado.
Um século antes de Jesus, um tal de Samuel também teve seguidores que acreditavam em que ele ressuscitaria ao terceiro dia. Devia ser uma crença comum na época.
Já li uma teoria sobre isto ser inspirado na morte da Lua e seu renascimento ao terceiro dia, possivelmente devido ao sangue das mulheres derramado na terra (antigamente, o ciclo menstrual estava mais sincronizado com o da Lua, por falta de luz artificial).
A comparação de suas previsões com os fatos ocorridos imediatamente após sua morte mostra que realmente aconteceu o que Ele previra (a destruição do templo por Domiciano, a perseguição e morte de seus seguidores, etc), mas Ele não voltou.
Ou será que Marcos escreveu depois dos acontecimentos?
Tanto parece que Ele achava que voltaria logo, que seus discípulos e Paulo escreveram várias vezes em seus livros e cartas que eles estariam vivos quando Jesus voltasse.
Exato. Disseram aos discípulos para não se preocuparem com mais nada, não trabalharem, não guardarem para o futuro.
Quebraram a cara e tiveram que inventar novas explicações.
Bem, teria muito mais a dizer, mas fico por aqui. O resumo é que acho a história dos evangelhos minuciosa demais para ter sido apenas uma invenção.
O que não é um argumento válido.

Offline Fernando Silva

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #7 Online: 12 de Junho de 2010, 13:36:52 »
O negócio é que O Sr dos Anéis é literal. Vc lê e o que está escrito é o que se está querendo passar. Já nos evangelhos, há nuances que vc só entende se estudar fundo a realidade de então, o contexto em que está inserida a história. Além disso, dá pra fazer uma análise psicológica da mente e do comportamento de Jesus. Há coisas que Ele fez e falou que denunciam intenções encobertas. Ele se comporta controvertidamente, de uma maneira que não é claramente entendida a não ser que se faça uma análise profunda de seus reais planos.

Um romancista nos faria entender claramente o comportamento de seu personagem. Não parece o caso aqui. Não parece uma ficção, mas um relato.
Como eu disse acima, talvez a intenção não fosse registrar fatos e sim criar uma ficção didática. Transmitir conceitos. Os rabinos fazem isto até hoje.

Além disto, o que temos hoje não é o texto original e sim uma das muitas versões que circularam, muitas vezes editada.

É bem possível que o tal "Marcos" tenha escrito um pedaço, outro incluído mais um trecho e assim por diante. O texto original, por exemplo, terminava no sepulcro aberto. As andanças do Jesus ressuscitado foram incluídas décadas depois.

E, mesmo assim, o tal "Marcos" adaptou trechos do AT e incluiu pequenos diálogos mestre/discípulo, baseados na filosofia grega, que se teorizam ter vindo de um suposto "Documento Q". Os supostos diálogos entre Jesus e os fariseus são uma cópia de diálogos entre filósofos gregos e estudantes, não no conteúdo, mas na forma: uma pergunta ao mestre e uma resposta desconcertante, meio sem sentido, supostamente com o objetivo de fazer pensar.

Já começou como uma colcha de retalhos e só fez piorar.


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« Última modificação: 12 de Junho de 2010, 13:42:41 por Fernando Silva »

Offline Fernando Silva

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #8 Online: 12 de Junho de 2010, 13:45:50 »
O negócio é que O Sr dos Anéis é literal. Vc lê e o que está escrito é o que se está querendo passar. Já nos evangelhos, há nuances que vc só entende se estudar fundo a realidade de então, o contexto em que está inserida a história.
As  pessoas têm a tendência de valorizar mais aquilo que não entendem. Textos obscuros são mais "verdadeiros" que coisas escritas com clareza.
Dá para ver a reverência com que os semi-analfabetos repetem trechos da "briba" que eles mal conseguem soletrar, sílaba por sílaba. Duvido que tenham entendido.

Se a Bíblia fosse clara, perderia o atrativo do "mistério".

Offline Hold the Door

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #9 Online: 12 de Junho de 2010, 16:05:30 »
Bem, teria muito mais a dizer, mas fico por aqui. O resumo é que acho a história dos evangelhos minuciosa demais para ter sido apenas uma invenção.
Como já disseram, isso por si só não é suficiente para afastar a hipótese de ser uma invenção. Supondo que algum dia apareça uma evidência concreta da existência de Jesus, isso não valida os evangelhos como biografia. Você já pensou, por exemplo, na possibilidade de Jesus ter sido um dos muitos líderes rebeldes da época contra Roma, não muito significante (tanto que não há registros, como outros "messias" da época), cuja história real não tem nada a ver com o que está narrado nos evangelhos, mas que com a sua execução passou-se a gradualmente a atribuir a ele uma série de visões políticas e filosóficas da época (tal qual os inúmeros emails com crônicas atribuídas ao Luís Fernando Veríssimo) que culminaram no NT?
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Offline Moro

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #10 Online: 12 de Junho de 2010, 16:58:39 »
E desde quando um relato minucioso deve ser feito sobre algo verdadeiro? Moby Dick é bem minucioso..
« Última modificação: 12 de Junho de 2010, 17:00:46 por Agnóstico »
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Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #11 Online: 12 de Junho de 2010, 19:11:29 »
Como disse, romances em geral passam a mensagem de maneira clara. Uma análise psicológica do "personagem" Jesus mostra coisas encobertas. Parece que nem o autor sabia. É como analisar a vida de... por exemplo...Hitler ou... Che Guevara. Analisando suas palavras e seu comportamento, pode-se descobrir coisas novas que antes estavam encobertas. Já um personagem qualquer de um romance qualquer não tem segredos, não há coias encobertas que nem o autor saiba. O autor expõe suas intenções ao longo do romance.




Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #12 Online: 12 de Junho de 2010, 19:12:09 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.


Jesus errou?

Sim. Estou convencido disso.

E isso pode ser um indício dele ter existido.

Offline Gigaview

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #13 Online: 12 de Junho de 2010, 19:53:14 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.


Jesus errou?

Sim. Estou convencido disso.

E isso pode ser um indício dele ter existido.

...ou que apenas confirme o ditado que errar é humano. Neste caso, criador e criatura são tipicamente humanos. Não quer dizer necessariamente que a criatura tenha existido de fato, talvez seja apenas parte do erro.
« Última modificação: 12 de Junho de 2010, 19:55:45 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

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Offline Gaúcho

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #14 Online: 12 de Junho de 2010, 20:46:11 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.


Jesus errou?

Sim. Estou convencido disso.

E isso pode ser um indício dele ter existido.

Deus sacaneou com ele?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Geotecton

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #15 Online: 12 de Junho de 2010, 21:07:47 »
Definitivamente, Jesus achava que voltaria ainda durante a vida de seus discípulos. Uma análise cuidadosa de Mateus mostra isso. No capítulo 16 Ele começa a falar que era o Messias, que morreria, ressuscitaria e tudo mais. Daí, ele conclui o capítulo dizendo:

Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

Depois, lá no capítulo 24 quando ele começa a profetizar sobre o fim do mundo, ele fala que o templo seria destruído e que haveria perseguições aos seus seguidores e mais um monte de coisas ruins até que ele voltaria e todos veriam. Daí, ele fala no verso 34:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.

Sou capaz de dizer que Jesus estava convencido de que voltaria após, no máximo, algumas décadas de sua morte. Talvez após alguns poucos anos.


Jesus errou?

Sim. Estou convencido disso.

E isso pode ser um indício dele ter existido.

Quero ver se entendi Famado.

Voce admite que Jesus errou, certo?

Segundo o cristianismo, Jesus é parte da divindade trina (o segundo), certo?

Então deus errou, certo?

Então, o seu deus não é o mesmo dos escolásticos, pois para estes deus é inerrante!

Pitoresca a sua opinião!

P.S. A propósito. "Ritiba" é a CDC. :biglol:
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Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #16 Online: 12 de Junho de 2010, 21:12:41 »
Citar
Deus sacaneou com ele?
Não exatamente. Ele não sabia. Afirmou logo à frente que ninguém sabia além de Deus. Acho que acreditava nisso por conclusão própria. Por isso digo que se eu não fosse cristão acharia que Jesus foi um lunático. Alguém que estava convencido ser o Messias.

Offline Gigaview

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #17 Online: 12 de Junho de 2010, 21:16:08 »
Citar
Deus sacaneou com ele?
Não exatamente. Ele não sabia. Afirmou logo à frente que ninguém sabia além de Deus. Acho que acreditava nisso por conclusão própria. Por isso digo que se eu não fosse cristão acharia que Jesus foi um lunático. Alguém que estava convencido ser o Messias.

Como um deus3em1 não sabia?
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Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #18 Online: 12 de Junho de 2010, 21:21:59 »
Quero ver se entendi Famado.

Voce admite que Jesus errou, certo?

Segundo o cristianismo, Jesus é parte da divindade trina (o segundo), certo?

Então deus errou, certo?

Então, o seu deus não é o mesmo dos escolásticos, pois para estes deus é inerrante!

Pitoresca a sua opinião!

P.S. A propósito. "Ritiba" é a CDC. :biglol:

Este "erro" de Jesus não fere o dogma da Trindade.

Primeiro é importante dizer que errar não necessariamente é pecar. Portanto este erro não fere o dogma da pureza de Jesus.

Depois, podemos conjeturar que Jesus talvez estivesse limitado antes da sua morte e ressurreição. Talvez Ele não afirmasse isso após ressurreto. De fato não há outras passagens que mostram Ele, depois que ressuscitou, afirmando que voltaria logo.

No livro de Atos, no episódio em que se descreve a ascensão (cap. 1), os discípulos perguntam se Ele restauraria ainda naquele tempo o reino a Israel, Ele respondeu que não os competia saber.

Offline Geotecton

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #19 Online: 12 de Junho de 2010, 21:30:22 »
Este "erro" de Jesus não fere o dogma da Trindade.

Primeiro é importante dizer que errar não necessariamente é pecar. Portanto este erro não fere o dogma da pureza de Jesus.

Depois, podemos conjeturar que Jesus talvez estivesse limitado antes da sua morte e ressurreição. Talvez Ele não afirmasse isso após ressurreto. De fato não há outras passagens que mostram Ele, depois que ressuscitou, afirmando que voltaria logo.

No livro de Atos, no episódio em que se descreve a ascensão (cap. 1), os discípulos perguntam se Ele restauraria ainda naquele tempo o reino a Israel, Ele respondeu que não os competia saber.

Eu não afirmei que o "erro" de Jesus feria o dogma da trindade, e sim que o ato de "errar" por parte da divindade trina cristã não é admitido pelos escolásticos, que é a principal escola filosófica cristã (se não for a única!).
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Offline Bolsonaro neles

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #20 Online: 12 de Junho de 2010, 21:37:30 »
Entendi.

De fato, afirmar, sendo um cristão, que Jesus errou, é esquisito. Mas lendo estes textos que citei, tenho esta impressão.

Offline Fernando Silva

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #21 Online: 14 de Junho de 2010, 10:48:31 »
Entendi.

De fato, afirmar, sendo um cristão, que Jesus errou, é esquisito. Mas lendo estes textos que citei, tenho esta impressão.
Ou então você assume que o seu hipotético Jesus não disse o que está nos evangelhos.
O problema é que, neste caso, todo o resto fica sob suspeita.

Offline Bolsonaro neles

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« Resposta #22 Online: 14 de Junho de 2010, 12:01:22 »
Como eu tenho repetido neste tópico, se eu não fosse cristão, apostaria na hipótese de Jesus ter sido um Lunático, não um personagem inventado.

Passeando pelos relatos, dá pra ver um homem convencido de ser o Messias, mas errando em algumas previsões (como essa de voltar após a perseguição à sua igreja) e duvidando das próprias conclusões ao clamar "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?".

Esta exclamação mostra um homem que apostou todas as suas fichas em ser Ele mesmo o Messias, mas depois teve dúvida. Faz parecer que esperava que algo especial acontecesse... uma reversão da situação... não sei... mas a verdade é que não tem sentido ele ter exclamado isso.

Estive conversando com um especialista. Ele me falou de uma pesquisa que indica que Jesus talvez somente tenha entrado nessa de ser o messias após algum tempo. Neste caso, quando afirmou "Em verdade vos digo que alguns aqui há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino", talvez falasse de outra pessoa e não de si mesmo. Talvez, inicialmente, se julgasse apenas mais um profeta. Somente depois se convenceu de ser o próprio messias.

Este mesmo especialista afirmou que os relatos da previsão de Jesus sobre a destruição do templo contidos no evangelho tem grande possibilidade de terem sido escritos depois de acontecido. Tipo... quando o templo foi destruído, o autor escreveu o que lembrava que Jesus teria falado a esse respeito.


« Última modificação: 14 de Junho de 2010, 12:08:16 por famado »

Offline Moro

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #23 Online: 14 de Junho de 2010, 14:02:42 »
Como disse, romances em geral passam a mensagem de maneira clara. Uma análise psicológica do "personagem" Jesus mostra coisas encobertas. Parece que nem o autor sabia. É como analisar a vida de... por exemplo...Hitler ou... Che Guevara. Analisando suas palavras e seu comportamento, pode-se descobrir coisas novas que antes estavam encobertas. Já um personagem qualquer de um romance qualquer não tem segredos, não há coias encobertas que nem o autor saiba. O autor expõe suas intenções ao longo do romance.





nope... blade runner era um replicante? essas nuances existem em Machado por exemplo..
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Fernando Silva

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Re: A coerência ou incoerência dos evangelhos
« Resposta #24 Online: 15 de Junho de 2010, 11:13:09 »
Como eu tenho repetido neste tópico, se eu não fosse cristão, apostaria na hipótese de Jesus ter sido um Lunático, não um personagem inventado.
Totalmente inventado, eu não diria. Diria que um homem comum foi divinizado depois da morte.
Inventaram um monte de milagres e lhe atribuíram coisas que ele não disse.
Este mesmo especialista afirmou que os relatos da previsão de Jesus sobre a destruição do templo contidos no evangelho tem grande possibilidade de terem sido escritos depois de acontecido. Tipo... quando o templo foi destruído, o autor escreveu o que lembrava que Jesus teria falado a esse respeito.
Ou lembrou (o que é improvável, já que os autores não devem ter tido contacto com Jesus) ou achou que alguém como Jesus certamente teria profetizado o acontecimento.
E registrou a suposição como fato.

 

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