Eu acho que premiar, tanto por maior número de mortos quanto por menor número, é algo totalmente estúpido.
Sim. Primeiro, parte-se do pressuposto que a gente tem opção quando uma eventual resistência que EXIJA o uso de força letal.
Ninguém na polícia gosta de matar alguém e passar 1 ano inteiro pagando advogado do próprio bolso e enfrentando promotor e juiz que não conhecem bolachas de trabalho policial. Tiro é pra matar. Não dá pra mirar na perna, no braço ou onde quer que seja. É no peito. E se a opção das polícias do Brasil é o uso da .40, com uma munição hollow point que deixa um buraco de saída de 20cm e tem 94% de stopping power, não é com o policial que está na rua o problema.
Segundo, estimula a omissão. Eu como policial, ganho meu salário indo pra rua e prendendo. Ou não. Se eu quisesse ficar na frente de uma padaria durante as 12hs do meu plantão, eu estaria fazendo policiamento ostensivo e, assim, cumprindo minha função constitucional. E a cada dia que passa, a legislação e a sociedade deixam mais e mais atraente a opção de não fazer porra nenhuma e deixar o criminoso fazer o que bem entender. Dá menos trabalho, o cara vai voltar pra rua mesmo e a gente não precisa ficar 4hs na delegacia preenchendo BO e ainda justificando com 3 testemunhas porque o pulso do noiado tá com marca de algema.
Terceiro, maquia a falta de investimentos nas forças de segurança pública. As polícias precisam de aumento real de salários, de reconhecimento pela sociedade da importância do trabalho policial, na investigação, na prevenção e no combate ao crime, de amparo legal nas ações para que não fiquemos reféns de lendas do tipo: "Não pode atirar nas costas", "não pode atirar primeiro", "não pode algemar criança".
Pagando esses prêmios, o sujeito continua ganhando mal e ainda é estimulado a não trabalhar direito, para depois de 1 ano, o governo anunciar a plenos pulmões que o número de mortes de criminosos em confrontos com a polícia diminuiu 100%.
Mas obviamente, o aumento do número de mortes de policiais em serviço vai continuar fazendo parte daquela estatística que fica escondida debaixo do tapete.