Caro - Mr. Mustard Fanatismo foi transformada em música, com enorme sucesso, por Fagner.
Não foi isto que combinamos.... Lembra?
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Faz assim: Fico no aguardo de um poema parnasiano, romântico e/ou barroco cujo tema é: Um tornado levou minha família, ou, Devaneios de uma irmandade de meteoros riscou o céu límpido lascerando o belo rosto angelical de minha amada esposa....
Quero ver mesmo os fenomenos naturais catastróficos de uma forma tão romântica como voce alega quer deveríamos ser.
Lembro sim Mas enquanto não as encontro, vou afinando-lhe o apetite poético, para quando ela aparecer.
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A Poesia de Álvaro de CamposPara quem não conhece Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa segue abaixo a poesia Aniversário.
ANIVERSÁRIO
Álvaro de Campos
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos
era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha,
estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!… (Nem o acho… )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje
é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram
treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente
a mim-mesmo como um fósforo frio…
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos …
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome,
sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega
para o que há aqui… A mesa posta com mais lugares,
com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas,
o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos. Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for. Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! …
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!…