Desculpem-me pelo atrazo. Não tenho tido condições de me dedicar e me concentrar em respostas.
Juro, Cientista, que estou fazendo esforço para acompanhar teu pensamento.
E disse o nosso senhor salvador Jesus: "que seja o seu dizer, sim sim, não não; não deves jurar..." (acho que eu não reproduzi as palavras certas).
Com seriedade, agora, me desculpo por eu não ser capaz de "verbalizar" as ideias melhor e, com isso, diminuir logo seu esforço. Confesso que me reconheço faltoso em retórica. Tenho certa dificuldade em exprimir, em palavras, o que quero dizer. Espero que eu possa diminuí-lo (seu esforço) até 0, quando entende-se, plenamente, a questão.
Entendi o argumento dele, que nunca tivemos uma experiência com uma criação, logo não podemos fazer qualquer teorização a respeito (cientificamente falando).
Entender o argumento do uiliníli já é um enorme passo. Passo ainda maior será torná-lo o seu próprio argumento. Há uma diferença, nem sempre percebida, entre "entender" o argumento de alguém e olhar pelo ponto de vista desse argumento, ou melhor, do argumentador. É por aí que se pegam plagiadores, por exemplo.
No fim das contas, como tocaste no assunto num post, o assunto descamba para a epistemologia: todo o conhecimento vem da experiência? Não sei, eu estou começando agora a me interessar por esse assunto.
Gostei do que você disse: "o assunto descamba para a epistemologia". Trata-se de uma descambada mesmo. Mas você não está achando que a afirmação (ou pergunta) "todo o conhecimento vem da experiência(?)" é epistemológica, está? Se você não sabe, eu posso te dizer que todo conhecimento não arbitrário que temos veio da experiência.
Todo conhecimento *científico* vem da experiência, isto é, do universo *exterior à mente*, da realidade. Mas há outros "conhecimentos" inegavelmente tratáveis como tal, como o filosófico, por exemplo, que são conhecimentos arbitrários, unicamente construídos pela mente e sem nenhuma relação com o universo real, exterior à mente. O "conhecimento" kardecista, por exemplo: a falta dele pode te impedir de ganhar dinheiro numa gincana (o que demonstra que esses "conhecimentos" até podem ter utilidade, geralmente ligada a imposições despóticas); trata-se de um "conhecimento" mas, assim como qualquer outra filosofia, não é ciência, nem científico. O conhecimento científico é não arbitrário (portanto, não filosófico) e só pode vir da experiência. Outros exemplos de "conhecimentos" arbitrários são os encontrados em contos, romances, religiões, ficções sem base, certos conceitos sociológicos e econômicos, etc. A única fonte desses "conhecimentos" é a mente que os cria. Não se encontra nada sobre eles, originalmente (embora possam se espalhar como pragas), em nenhum lugar do universo.
Confesso que para a ciência essa circunstância é elementar, e, a princípio, não tenho como dizer o contrário.
Nem a princípio nem a fim.
Agora pensemos filosoficamente.
Lamento mas não poderei acompanhá-lo aqui.
Abstraídos os fatos, dado que prescindível para o filósofo (não em absoluto, mas para os propósitos da questão que analisamos), eu fico em dúvida.
Eu também; não entendi o que você quis dizer com essas palavras.
Talvez seja muito cândido (haha) eu querer ver tudo os olhos do ser humano, mas nada mais natural não?
É, de certa forma, pode ser considerado ato de inocência acreditar que, apenas pela mente, é possível abordar a realidade, se é o que você quis dizer e, sim, de fato, é muito natural devido à natureza da linguagem humana. Beira mesmo o inexorável.
E mesmo a questão do conceito como eternidade, assim como eu, você sabe o que é, só que para fundamentar o empirismo foste obrigado a dizê-lo.
Sim, certamente sei o que é (o que se entende por) o *conceito* eternidade, mas a "realidade" a que se pretende que esse conceito remeta, essa eu e, por certo, nem você nem ninguém (suponho) conhece. Aqui estamos na fronteira entre o "mundo" da linguagem e o mundo físico, real. É a exata fronteira que separa ciência de filosofia.
Não me senti "obrigado" a dizê-lo como que padecendo de algum sentimento de medo ou repulsa. Não é assim que me posiciono diante dos conceitos espúrios (abstratos irreais). Eu o disse porque o conheço (o *conceito*) e sei o que se "entende" por ele. Mas o mais importante é a 'ordem hierárquica' que você estabeleceu aqui: "fundamentar o empirismo". Nada fundamenta o empirismo; em ciência, o empirismo é o único fundamentador primário. O empirismo deve substituir a filosofia ou jamais deixar que ela surja. Se tentarmos fundamentá-lo, estaremos filosofando de novo e nos perdendo novamente da realidade. O empirismo representa aquilo que acontece, o fenômeno em si no universo. Nada pode ser mais objetivo que isso, a não ser, claro, que se suponha uma mente com poder divino de influenciar o universo, moldando o mesmo aos desejos dela -- solipsismo. Toda filosofia é, pois, solipsista, não importa que volteios "argumentativos" se use.
Mas então você precisa me dizer, o que os "pretensos" (então) cientistas fazem quando teorizam acerca do surgimento do universo. Que espécie de conhecimento eles trabalham? Estritamente filosófico? Causa-me espécie, porque se determinada descoberta é revelada (tipo: o universo realmente surgiu do big bang, sei lá), para mim, apesar de eles NÃO poderem manusear esse fato, reveste-se de cientificidade. Então ou tem algo com que você tá pecando, ou eu desconhecendo.
Posso te dizer que o que os " "pretensos" cientistas ", como dispões, fazem quando "teorizam" acerca do "surgimento" do universo não é ciência e, sem tentar definir o que seja isso que eles fazem, se filosofia ou qualquer outra coisa, vou tentar descrever o que cientistas de fato fazem quanto ao tema. Não se define como procurar pelo "início" de coisa alguma mas, somente, 'decodificar o processo' no intento de recodificá-lo numa ferramenta analítica (normalmente entendida como linguagem) que permita medir ("falar" sobre) o processo mais amplamente, no tempo e no espaço. Esta ferramenta, é claro, é a matemática e é necessário entender como ela se estrutura para compreender o que se passa. O que reveste o MCP (fundamentalmente, o big bang) de cientificidade (e não é pouco, embora, pessoalmente, eu duvide que tenha havido um big bang como o definido pelo MCP) são as equações que descrevem relações físicas universais através de suas soluções. Soluções de equações (diferenciais) são funções que, claro, relacionam grandezas físicas em suas variações conexas. Esta linguagem confere certo poder preditivo do futuro e perscrutador do passado ao homem mas com uma relação inversa muitas vezes desprezada: quanto maior a exatidão da previsão do futuro ou perscrutação do passado, tanto menor a distância, numa e noutra direção, em que as respectivas investigações são eficientes e, mesmo, eficazes. E vice-versa. É o que se pode obter de real.
Também, certas "entidades", conceitos e eventos matemáticos (como o número de ouro, a relação entre números primos e os níveis de energia do hidrogênio, a previsão matemática bem sucedida, feita por Paul Dirac, de antipartículas...) produzem em muitos uma visão quase mágica da matemática como se a mesma fosse, de fato, uma linguagem inerente à natureza e não da mente humana. Qualquer cientista, de fato consciente do significado de seu "trabalho", jamais supõe que a matemática tenha esse poder ou busca por absolutismos ou pela verdade, como saber o que foi o início ou o que será o fim de tudo. A proposta *moderna* e *científica* (não a "original" de Lemaître de um 'ovo' cósmico -- afinal, era só um padre metido a cientista querendo arrastar a brasa acendida e alimentada pelos outros para a própria sardinha) do big bang é a de um fenômeno, um processo; não uma origem absoluta, apenas relativa.
Por fim, quanto ao paradoxo da filosofia que abordaste, eu não consegui entender teu argumento, ficou confuso.
Eu estava me referindo, mais especificamente, à criação inútil de Popper.
O que os divulgadores epistemológicos modernos "esquecem", normalmente, de alertar aos iniciantes é que um dos conceitos "científicos" fundamentais da epistemologia, o falsificacionismo ou falseabilidade, não é uma propriedade dos (ou aplicável aos) objetos de estudo ou argumentos, mas do observador e do argumentador. É deprimente ver o duelo dialético estabelecido entre os contra-argumentadores num embate estabelecido dentro da filosofia do falsificacionismo. Nunca vi isso levar a lugar útil algum. Só funciona numa 'conversa interna' em que os "debatedores" não necessitam desse recurso, constituindo-se apenas em um conforto para a mente.
Procurarei desenvolver melhor isso.