Ola Gustavo,
"Que fique claro: sou um DEFENSOR da demarcação entre ciência e pseudo-ciência, mas digo que a falsificação não marca esta linha. È verdade que Popper, na velhice, admitiu o erro e disse que a Biologia era falseável durante, se não me engano, uma entrevista para a rádio. Mas ele mesmo não disse o motivo de ser falseável. O fato é que a teoria de Popper deixa de fora todas as ciências históricas por não poderem fazer experimentos ou previsões. Não estou dizendo, é claro, que não há nada falseável na biologia evolutiva, mas ela não é falseável como um todo. O exemplo que você deu pode sim mostrar que a história contada estava errada, mas aí outra história evolutiva seria contada no lugar. Além disso, conceitos como o de "adaptação" e tantos outros, não são falseáveis. Quanto à física, um breve passar de olho pelos livros de Kuhn nos mostra a quantidade de erros de previsão em sua história que a deveriam ter tornada falsa se formos seguir Popper na letra. A teoria de Newton, por exemplo, errava assombrosamente a previsão da órbita da Lua e nunca conseguiu acertar a de Mercúrio, mas nada disso foi o suficiente para ser chamada de "falsa". Hoje em dia há o GIGANTESCO problema da matéria e energia escura, mas ainda assim ninguém joga a física fora somente por que não dá conta de algumas previsões. Mas se formos seguir Popper, é o que deveríamos fazer. Mas não seguimos Popper... (e não devemos seguir mesmo!)"Concordo qeu a filosofia de popper tem limitações e já tinha dito isto, mas ainda acho que ela é um excelente guia, principalmente para a física, química e parte da biologia. Talvez o fato de estarmos lidando com sistemas complexos, onde a previsão é a própria imprevisibilidade

seja parte do problema. Mas tb acho que qdo algo que se propõe a negar alguns conceitos já estabelecidos, tenta se estabelecer como "verdade", sobre este deve recair o ônus da prova\evidêcia. Ou seja não posso simplismente negar a consciência e livre-arbírio e daí desenvolver uma teoria. Como falei, isto seria petição de princípio.
A física sempre será, em certo sentido, falsa (prefiro a palavra incompleta - creio que vc já tenha lido o excelente texto do Isac Asimov " A relatividade do Errado"?). Mas isto a trona "100% Popperiana".
"Quanto ao gene, precisamos agora de um contexto histórico: entre o livro de Darwin e a descoberta da dupla hélice se passaram 90 anos!!! São 90 anos de desenvolvimento da biologia, incluindo a primeira grande síntese de Fisher, SEM o conceito de gene físico, ou pior, com o conceito ERRADO. Darwin, por exemplo, defendia um conceito não só errado de hereditariedade, a pângenese, mas também em completo desacordo com sua própria teoria. Os genes de Mendel, quando descobertos por de Vries na biologia, foram tratados como CONTRÁRIOS a teoria de Darwin e depois de Fisher ainda se acreditava que os genes seriam proteínas. Agora imagina se Popper estivesse vivo na época de Darwin... O que ele teria dito da biologia evolutiva que surgia então??? A biologia se desenvolveu por 90 anos sem a necessidade de saber exatamente qual o substrato físico do gene e mesmo hoje em dia a biologia evolutiva é TODA feita sem se preocupar com isso (que é problema apenas para geneticistas e biólogos moleculares). Para um biólogo evolutivo a única coisa que interessa é que "há hereditariedade" e que "caracteres herdados alteram a adaptação" causando a "reprodução diferencial". O mesmo pode ser dito da memética."Mas não acho que esta analogia seja 100% aplicável. Elas são comparáveis a situação qeu temos hj, onde planetas são encontrados de maneira indireta, pelos efeitos que fazem sobre uma determinada estrela. Ou seja, mesmo sem saber sobre gene, ou conceituar erradamente, isto tudo foi realizado em cima de evidências indiretas físicas, experimentos. Muito diferente do que ocorre com a mamética hj. Qual a evidência que temos da "passividade" proposta por ela com relação ao cérebro, na relação cérebro-meme, e do livre-arbítrio, cade as evidências(ou ausência delas), mesmo que indiretas(se for citar libet, de uma lida no post que te falei) ?
Assim, creio que Popper apioaria a proposição do conceito, de que algo existia e passava as cracterísticas para os descendentes.
"Ainda não vi problema nenhum com a recursividade. Por favor me explique. Qual é o problema do conceito de meme ser um meme? Qual é o problema do conceito de cultura ser cultural? Que tal, então, o conceito de "cérebro" ele não foi desenvolvido e é pensado por um cérebro? Devemos jogar fora a neurociência só porque quando olhamos os resultados de um PET-Scan é um cérebro analisando outro cérebro (quem sabe pode ser até um cérebro analisando ele mesmo!)? E os instrumentos usados na física, não são eles mesmos físicos? E a biologia, não foi desenvolvida por seres biológicos? Não estou dizendo que não há recursividade nenhuma, mas apenas que ou ela não tem problema ou que não podemos escapar dela. A memética não pode ser individualizada aqui. Se ela deve ser jogada fora por ter recursividade, então todo o resto deve ir junto."O meme do meme tb é um meme, assim como este tb, e assim até o infinito. Ou seja, diferentemente dos outros exemplos(que sofrem deste problema mais em funçaõ dos problemas de recursividade da própria linguagem, do que do conceito) é um conceito que é usado em uma teoria científica e que possui recursividade infinita sobre si mesmo, o que para mim é muito estranho, para um conceito científico. Vc não criticaria o conceito de Deus, se ele fosse infinitamente recursivo sobre si mesmo, como algo muito provavelmente falso/inexistente/problemático, só por este fato ?
Repare que não temso esta recursividade de genes sobre genes(mesmo que exista, como vc falou, ainda confusão qto ao conceito). Acho que esta aplicação recursiva vai de enontro às críticas já feitas por outros com relação ao problema do próprio conceito(ainda vou ler seu artigo).
Ps : apesar de sua crítica com relação à entidade/conceito dos genes, podemso supor, com base nas evidências, que existe algo material, que é manipulável (vide experimentos gen´ticos) e que produz efeitos nos descendentes. Ou seja, existe algo com exsitência física, que temos problemas para conceituar, diferente dos memes.
"Concordo que a memética chuta fora o tal "sujeito livre de escolha", embora discorde que isso seja obrigatório (é possível uma teoria dos memes com a existência do sujeito da escolha como feito por Kristen Dustin, mas eu não gosto da teoria dela). Mas não vejo como isso caí em Petição de Princípio... ou melhor, não vejo como a memética cai em Petição de Princípio mais do que toda e qualquer outra ciência... Não devemos pressupor e usar o mundo físico para desenvolver uma ciência da física? Isso não é Petição de Princípio?? Você não assume a existência do mundo físico para depois fazer uma teoria que mostra que ele existe?"Eu não sabia desta derivação da memética, vou pesquisar algo na net (se tiver algum bom material e puder me passar, agradeço)...mas minha crítica é da memética como apresentada por Dannett e outros, onde para ela estar "correta", não podemos ter cosnciência e livre-arbítrio.
Não concordo com vc qto a petição de princípio. Acho que no seu exemplo, a questão do mundo físico é como um axioma, auto-evidente. E, mesmo que ele só exista em nossa cabeça, existirá com as coerências observadas e desenvolvermos esta física da mesma forma, mas sempre observando o que ocorre neste mundo físico, seja ele externo ou interno, pois é somente a ele que temos acesso.
No caso da memética, acho que ela deveria primerio mostrar como a interação de informação no cérebro gera o que ela chama de ilusão de consciência e livre-arbítrio, ao invés de simplismente negá-la (ela usa a memética, que nega a existencia de consciência, para explicar esta inexistência). Deveria-se ter um modelo que mostre a construção desta ilusão.
Ps : se tiver algum material\link sobre o problema do julgamento que vc citou na msg que me enviou, eu agradeço
Abs
Felipe