caro - Cientista
Então você reconhece que, se "toda ciência é ateísta", todo cientista tem que ser?
Eu sou de opinião que a sua proposição é um paradoxo: pois que existem pessoas, que afirmam, que de facto não existem "ateus", mas sim "(d)teístas" de certo estilo, como você por exemplo...
Como vivemos na 'era da opinião', você tem direito às suas. Eu não vejo paradoxo algum *dentro do contexto* em que eu me nivelei ao discurso do Adriano para tentar entender melhor a posição dele (e instigá-lo, é verdade). Um pouco mais adiante, você deve ter visto que frisei bem a minha posição, lembrando ao Adriano o que penso a respeito dos termos ateu e ateísmo (tudo é fisicamente ateu e ateísmo é religião, portanto, subproduto de pensamento mágico).
Não ficou exato para mim o "como você por exemplo..." Como eu afirmo que não existem "ateus" mas "(d)teístas" de certo estilo? Ou como eu sou afirmado não ser "ateu" mas "(d)teísta" de "certo estilo", por outros?
Vou tentar esclarecer, sem mais esperar que ainda adiante, repetindo: o universo inteiro e cada coisa individual ou qualquer conjunto de coisas individuais que há nele é ateu, FISICAMENTE, pois que não existem deuses. É óbvio, portanto, que EU não afirmo que não existem ateus assim como também é óbvio que eu sou ateu, ASSIM COMO *VOCÊ*, mas tudo isso fisicamente. Mentalmente, o pensamento ateu ou, melhor, ateísta, é tão religioso e, portanto mágico, quanto o pensamento (d)teísta. O que eu queria saber do Adriano era, tão somente, se ele acha concebível um cientista (indivíduo que, para sê-lo, deve pensar cientificamente por meio da "ciência ateísta" como *ELE* afirmou) possa crer em divindades.
Por implicação todos os naturalistas "materialistas", são falsos "ateus", que se auto-denominam assim, por se considerarem "cientistas", ao não encontrarem "deus" em lugar nenhum. Dado que teêm uma ideia absolutamente equivocada, sobre o que de facto é "deus".
Nenhum cientista tem uma idéia equivocada de "deus" quando não o encontra em lugar algum, inclusive, porque nenhum cientista procura por deuses. Tal "procura", simplesmente, não faria nenhum sentido. É você quem equivoca tudo isso e, a essa altura, com tanta insistência nesse absurdo, que já não há mais espaço para pensar que não o faça de propósito, o que é inaceitável, lusitano. Não é uma atitude civilizada e respeitosa como você sempre aparenta ser. O deus que não existe não é o "homem espetacular" ou poderoso, nem a mulher lindíssima ou qualquer outra definição METAFÓRICA de deus. É o "deus infinito, perfeito, onitudo", sem origem, criador do tudo e do nada... Você já entendeu isso muito bem e se insistir nessa tecla aqui, já não é mais paralogismo, é sofisma mesmo. Afirmo que tenho um respeito genuíno por você mas não estou vendo a recíproca.
Ora, "contribuir" com a ciência não é prerrogativa só do cientista. O homem matuto que planta e colhe os alimentos que alimentam o cientista, como bem reconheceu Einstein, contribui. Contribuir para a ciência, até "inimigos" dela podem e fazem. Serão, estes, cientistas também?
Do modo como você expõe a sua opinião, concordo plenamente consigo Na medida, em que a maior parte dos agricultores e outros trabalhadores do meio rural e campesino, são semi-anafalbetos. Ademais nessa condição, também estão a maior dos dos trabalhadores mais ou menos profissionais, que contribuem, para que os "cientistas" e outros intelectuais da mesma espécie, vistam, calçem, habitem e usufruam de todos os confortos produzidos pelo trabalho dos menos letrados da sociedade.
Isso foi uma redução ao absurdo que eu fiz para tentar deixar claro o que realmente pode e deve ser considerado um cientista; que não é o simples ato de contribuir com o "progresso" da ciência que define cientista. Você pode, agora, saltar do agricultor inculto para um técnico laboratorista, um físico, um biólogo, um químico... todos que pesquisam e contribuem para a ciência mas que não são, necessariamente, cientistas por isso. O que define um cientista não é um trabalho que um indivíduo faça que contribua para a ciência, direta ou indiretamentamente. O que define um cientista é o seu modo fundamental de pensar; a maneira como ele encara e interpreta o que observa. Um cientista, por exemplo, jamais interpreta o universo como uma "obra". É o erro mais básico que se pode cometer e só um pensador mágico (filosófico) pode fazê-lo.
Se você me perguntar se um indivíduo que chegue a não contribuir em nada para a ciência (se isto for possível) poderia ser um cientista enquanto outro que contribui tanto não é, sim, é possível pois ciência não é profissão e não tem, necessariamente, que ser exercida para que se constitua o cientista (é o cientista que constrói ciência, não o contrário, como eu ja disse). E, mesmo nas profissões, ninguém deixa de ser médico só porque o único trabalho que conseguiu foi entregar pizzas (ainda que isso possa até atentar, de alguma forma, contra a saúde das pessoas). Um ser humano é o que ele é, o que tem de inerente em si e o que adquire, não o que faz. Se ele não faz "certa coisa" não deixa de ser o que é. Principalmente, não deixa de pensar como pensa e de saber o que sabe.
O que é um cientista? Não é um indivíduo que descobriu ou nasceu com a maneira racional, científica de pensar?[/quote]
Eu também me sinto no direito de enunciar, que esse tipo de pessoa, é mais conhecido como filósofo
Claro -
que evidentemente - não deixa de ser uma pessoa científica, por ser filosófica...
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E eu me sinto no direito de enunciar que tal pessoa é conhecida como cientista e, se for filosófica, não é cientista. Claro que, evidentemente, deixa de ser científica por ser filosófica.