quote author=Rhyan link=topic=24652.75.html#msg598793 date=1303141565]
Derfel, você diz que o sistema atual pune os bons e ajuda os maus.
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Não. Eu disse que o sistema atual (que não é bem um sistema) ajuda aqueles que possuem uma estratégia de marketing melhor (não importando se são bons ou maus) e não o melhor conhecimento técnico.
Mas o sistema atual não é livre para haver alocação e precificação eficientes.
Claro que é. Posso cobrar meus serviços de acordo com a clientela que me chega e do nome que tenha no mercado (art 11 do Código de Ética de Odontologia). Também sou livre para aceitar ou não convênios, mas se o faço existe um contrato a ser cumprido.
Você argumenta baseado em argumentos médicos, o que é muito bem-vindo. Mas não tenho conhecimento para avaliar esse lado do debate.
Esse é um problema, pois deveria ser a primeira coisa a ser levada em consideração no debate.
Mas o lado econômico do debate é esse, propriedade privada e livres contratos seriam o suficiente para o serviço de saúde, como são para qualquer serviço e produtos, já que as leis econômicas são inaliáveis, universais e atemporais.
Existe um problema econômico na saúde que você parece não estar considerando e que já comentei aqui: a tecnologia em saúde não diminui custos, aumenta. Não existe concorrência que diminua os preços, o normal é que eles se sobreponham com um aumento do tecnicismo da saúde. Um exemplo? Basta ler o texto que você mesmo postou sobre El Salvador: Por conta de uma sinusite o médico solicitou uma tomografia (!) quando um rx de face seria suficiente e ainda operou a paciente que talvez necessitasse apenas uns três comprimidos de azitromicina (pode ser até que a cirurgia fosse indicada, mas será? ou foi feita apenas para aumentar os ganhos?).
Se saúde deve ser gratuita, por que a alimentação que é mais fundamental não deveria? Por que não estatizar a produção e distribuição de comida? Já fizeram isso na história e sabemos o resultado.
Uma questão mínima, pelo menos, na alimentação deveria e é, pelo menos no sistema de saúde brasileiro. Aqui há a distribuição gratuita de vitamina A e ferro durante a fase de crescimento e desenvolvimento, nas UBS. Existe a merenda gratuita nas escolas públicas e o programa bolsa-família que possui como um dos objetivos justamente a complementação da renda para auxílio (também) na alimentação. Existem outros programas também, dependendo do estado e do município, como o programa do leite no RN e os bancos de leite para as maternidades.
Gostaria que você me disse sua opinião sobre esse outro texto, que é um exemplo de medicina desburocratizada:
O mercado e o sistema de saúde de El Salvador
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=642
O sistema de saúde de El Salvador não é totalmente privatizado. Na verdade a Atenção Primária é pública e serviços terciários e secundários são contratados pelo Ministério da Saúde (que estuda a adoção semelhante ao brasileiro). De uma maneira geral, o sistema de saúde salvadorenho é parecido com o brasileiro da década de 70, com o atendimento dos segurados pelo ISSS.
Mais detalhes aqui:
http://www.udea.edu.co/portal/page/portal/bibliotecaSedesDependencias/unidadesAcademicas/FacultadNacionalSaludPublica/Diseno/archivos/Tab3/Tab1/caracterizaci%C3%B2n%20sistema%20de%20salud%20el%20salvador.%20EDUARDO%20ESPINOZA%202.pdfO relato é de um americano que compara o sistema (que não existe nos EUA) dos EUA e de El Salvador a partir de uma experiência, onde ele observa sobretudo preços e a facilidade de tudo funcionar em um mesmo prédio. Ora, US$ 25,00 nos EUA não são US$ 25,00 em El Salvador, já que a renda desses dois povos são diferentes. Eu estou cansado de atender italianos, portugueses e holandeses que fazem tratamento aqui no Brasil por acharem muito "bom e barato", o que sabemos que barato (para o nosso padrão) não é. Quanto à facilidade de marcação de consultas, bem o mesmo ocorre aqui. Em um mesmo prédio funcionam vários consultórios de várias especialidades. Atendentes também não é muito diferente, existindo uma recepcionista. A "enfermeira" (provavelmente a técnica de enfermagem) está presente apenas quando se faz necessário, como nos consultórios de ginecologia, por exemplo, ou em ambientes hospitalares. Farmácias e concorrências entre elas devem haver mais aqui que em El Salvador. Só em Natal, na rua em que moro, há uma em cada esquina. Quanto à facilidade de comprar medicamentos, eu acho que o Brasil é liberal demais, pelos motivos já citados em post anterior (pode acompanhar também o tópico sobre as "superbactérias" para entender melhor).
Você conhece algum bom ex. de medicina socializada (ou pública)?
Sim, mas acho que talvez você não aceite meus exemplos. O Canadá é uma referência, principalmente a província de Quebec. Também Cuba, a despeito da falta de estrutura. Reino Unido e França também possuem sistemas de referência e os países escandinavos. O Brasil também é um bom exemplo (não ria). Primeiro, no Brasil a gestão da saúde é municipalizada (existem municípios bem geridos e outros não) e o sistema, em si, é muito bom, mas esbarra em diversos problemas e gargalos (e a privatização é justamente um deles, como exemplo a cidade de Natal), mas existem áreas de excelência como a vacinação, o SAMU e outros (a depender do município).