Autor Tópico: Como Mises explicaria a realidade do SUS?  (Lida 13365 vezes)

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Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #75 Online: 16 de Abril de 2011, 23:21:54 »
Derfel,

1) Por quê o livre mercado não seria o suficiente para punir os médicos ruins e recompensar os médicos bons? Da forma que você diz, parece que a regulamentação evitou todos esses problemas, que hoje não há médicos ruins e que só há bons cursos de medicina.

2) Todos os medicamentos atualmente são seguros graças à regulamentação? Há outras formas não-coersivas para a população buscar informações sobre medicamentos. Por ex. a Anvisa chegou ao ponto de proibir suplementos alimentares comprados no exterior, só porque continham creatina. Se essas regulamentações todas são tão eficientes, por que ainda existem terapias alternativas?

3) Acho que você não entendeu. A desregulamentação seria a liberdade de contrato entre as duas partes. Obviamente o mercado estaria aberto para quem quiser oferecer seus serviços de seguros, aumentando a concorrência. Os serviços seriam barateados e as seguradoras poderiam cobrar mais caro ou recusar pacientes drogados ou coisas do tipo. Pessoas que cuidam da sua saúde teriam planos bem mais baratos. Nunca vi nenhum médico que acha que o sistema de seguros de sáude é bom no Brasil.

4) ??? Esse ponto é melhor explicado no 1º texto. Se um serviço é gratuito ele tende a ter demanda infinita. Cada pessoa teria sua total responsabilidade sobre sua própria saúde. Não seria essa forma a mais justa?

Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #76 Online: 17 de Abril de 2011, 10:26:01 »
Derfel,

1) Por quê o livre mercado não seria o suficiente para punir os médicos ruins e recompensar os médicos bons?

Porque, já hoje, não o é. Eu poderia mesmo poderia nomear vários médicos e dentistas excelentes que são punidos pelo mercado e outros tantos péssimos que são recompensados e tanto a punição quanto a recompensa têm mais a ver com a estratégia de marketing que a capacidade profissional em si. Além do mais, é como eu já disse: já houve tal sistema na saúde tanto nos EUA (que ainda é muito desta forma) quanto no Brasil. Sistema de Saúde público no Brasil é uma coisa relativamente recente, começou, salvo engano, na década de 20 do século passado com algumas categorias profissionais que formavam as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP), que tanto cuidavam da previdência dessas categorias quanto da saúde, depois foram estatizados nos IAP do governo de Getúlio Vargas (existiram apenas 7) e foram unidos no INPS no governo militar. Apenas em 1988 é que a saúde foi universalizada no SUS e desvinculada do INAMPS.  Durante esse tempo todo, para se ter acesso à saúde ou se pagava a um médico (o que a maioria não podia) ou se recorria aos curandeiros populares (em alguns casos ainda havia as Santa Casas que eram entidades beneficientes ligadas à igreja). Com o INAMPS apenas quem tinha carteira assinada possuía atendimento. No final, o que você propõe é a volta ao século XIX.

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Da forma que você diz, parece que a regulamentação evitou todos esses problemas, que hoje não há médicos ruins e que só há bons cursos de medicina.

Não se evita, se diminui. Ainda existem médicos ruins (mas um médico ruim ainda é melhor que um charlatão), mas eles estão sujeitos a uma fiscalização do Conselho e punições, caso infrinjam o Código de Ética. O Conselho também serve para fiscalizar o exercício ilegal da profissão, impedindo que falsos profissionais continuem atuando. Também existem maus cursos de medicina, mas também eles são avaliados e, se não possuírem um mínimo aceitável, são fechados. Existe hoje uma proposta de que um médico apenas teria registro no conselho se passar por uma prova, como acontece na OAB.
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2) Todos os medicamentos atualmente são seguros graças à regulamentação?

Não existem medicamentos 100% seguros. Existem medicamentos seguros dentro de um uso clínico indicado e mesmo esses estão em constante vigilância das agências reguladoras. Por exemplo, o Vioxx teve seu uso suspenso quando se verificou que os riscos cardíacos não compensavam a sua ação antiinflamatória e analgésica. Outras vezes a ação da agência é para disciplinar o uso de medicamentos pela população, foi o caso da exigência de receituário especial para prescrever antibióticos. Como qualquer um podia comprar qualquer antibiótico na farmácia, muitos usavam antibióticos da forma errada pelo motivo errado, o que acabava levando à diminuição da eficiência de antibióticos e às superbactérias (isso quando não causavam outros efeitos colaterais pelo uso inadequado, como usar a tetraciclina durante a formação dentária).

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Há outras formas não-coersivas para a população buscar informações sobre medicamentos. Por ex. a Anvisa chegou ao ponto de proibir suplementos alimentares comprados no exterior, só porque continham creatina. Se essas regulamentações todas são tão eficientes, por que ainda existem terapias alternativas?


Não foi só porque continham creatinina, mas porque continham creatinina. O uso prolongado pode trazer diversos efeitos colaterais, já que provoca um aumento do trabalho dos rins e fígado, o que exige um acompanhamento médico. Existem terapias alternativas porque são alternativas, se encontram à margem do sistema de saúde. Ainda que algumas terapias alternativas (complementares) estejam inseridas no sistema e são regulamentados seus usos e indicações. É o caso da acupuntura, da fitoterapia e da homeopatia, por exemplo. Já se um pessoa quer procurar cristais, cores ou cheiros para melhorar "seu equilíbrio" energético, não há nada que a impeça, já que se trata de uma escolha pessoal. Problema há quando esses terapeutas se intitulam como médicos ou anunciam curas milagrosas como de câncer ou AIDS, se for o caso há a intervenção dos Conselhos de Medicina. No caso das "cirurgias espirituais" existe ainda um problema no Brasil, já que o jurista interpreta que seja um caso de liberdade religiosa.
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3) Acho que você não entendeu. A desregulamentação seria a liberdade de contrato entre as duas partes. Obviamente o mercado estaria aberto para quem quiser oferecer seus serviços de seguros, aumentando a concorrência. Os serviços seriam barateados e as seguradoras poderiam cobrar mais caro ou recusar pacientes drogados ou coisas do tipo. Pessoas que cuidam da sua saúde teriam planos bem mais baratos. Nunca vi nenhum médico que acha que o sistema de seguros de sáude é bom no Brasil.

Entendi sim. E a minha resposta não muda quanto a isso. Os médicos não acham o serviço de seguros de saúde bom no Brasil porque eles pagam uma ninharia ao profissional e regulam demais os exames e procedimentos permitidos aos segurados. Você acha que seria melhor se o sistema fosse desregulamentado? Na verdade, o problema seria agravado. Quanto à seguradora aceitar ou não um segurado, quem atenderia ao drogado? Ou ao portador de Síndrome de Down? Ou ao hemofílico? Ou ao portador de cardiopatia congênita? Se você tiver uma amigdalite que evolua para uma febre reumática seria descartado do plano? Quem tem histórico de câncer na família também seria eliminado?

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4) ??? Esse ponto é melhor explicado no 1º texto. Se um serviço é gratuito ele tende a ter demanda infinita. Cada pessoa teria sua total responsabilidade sobre sua própria saúde. Não seria essa forma a mais justa?

Esse é o problema, a demanda não tende a ser infinita, pelo contrário. O enfoque do serviço de saúde é na prevenção, como explicado no texto do Ângelo Melo, e isso tende a diminuir a demanda por procedimentos mais caros.

Offline Gaúcho

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #77 Online: 17 de Abril de 2011, 11:20:45 »
Só eu acho engraçado o fato de, em um fórum qualquer, sempre ter alguém que tem a solução para todos os problemas do mundo?
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Offline Fabrício

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #78 Online: 17 de Abril de 2011, 11:44:38 »
Citação de: Di Gaucho
Só eu acho engraçado o fato de, em um fórum qualquer, sempre ter alguém que tem a solução para todos os problemas do mundo?


Os governantes deviam vir todos dos fóruns da Internet e do Orkut.
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Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #79 Online: 17 de Abril de 2011, 13:16:49 »
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Santo Estado, livrai-nos de todo os males, amém!

Liddel, a diferença é que eu não tenho a fé dogmática no Estado que vocês tem no Libertarismo... achar que desregulamentando  tudo os problemas imediatamente vão se resolver em um passe de mágica é tanta fé quanto acreditar em reencarnação ou na volta de Cristo.

Eu, como muitos libertários, não acho que TODOS os problemas serão resolvidos com a desregulamentação. O problema é a coerção que envolve a regulamentação, que é uma afronta à liberdade.

Citar
O Estado (brasileiro) é péssimo, mas a alternativa que vocês sugerem é muito irreal. Simpatizo muito com a idéia de um Estado pequeno e se intrometendo o mínimo possível na vida do cidadão, mas com os pés no chão, sem ter que ter fé no deus Mercado.

Não há uniformidade no movimento libertário. Eu, por exemplo, defendo uma minarquia(governo mínimo).

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Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #80 Online: 17 de Abril de 2011, 13:30:33 »

Seria fraude sim. Mentir sobre um produto/serviço é crime e seria crime em uma sociedade libertária.

E quem disse que seria mentira? Não existem escolas de formação, lembra?

Claro que existiriam escolas de formação.

Citar
Pode muito bem ser alguém que aprendeu alguma coisa com um raizeiro, outra com um pajé e mais um pouquinho com a sabedoria popular e isso já o habilitaria a se intitular de médico.

Daria no mesmo que comprar um falso diploma, hoje.

Citar
Não. O que se vende é um serviço de saúde e não a cura em si, essa é parte do processo, mas pode nunca ser atingida por completo.

O que se vende é a cura, não o serviço de saúde em si. No caso de erro na operação, por exemplo, o médico poderá ser processado, e ele não deixou de oferecer um serviço de saúde.

Citar
Exemplo: hemofilia não possui cura, quem propõe a cura (com os conhecimentos de hoje) é um charlatão, o que se consegue é controlar a doença.

Sim. Esse charlatão seria um criminoso em um ambiente desregulamentado.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #81 Online: 17 de Abril de 2011, 14:25:00 »
O raciocínio dos minarquistas nao bate de maneira alguma.

O cara fez uma fraude financeira que lesou um montão de pessoas. Pelo pensamento deles, a população iria ficar sabendo e punir a instituição. Mesmo que fosse verdade, o que não é, o mal já teria sido feito e a população prejudicada. Da mesma maneira um Medico que faz tratamento irregulares, ou hospital com tratamentos indecentes, etc..

Os minarquistas acham que a falha do sistema atual (na verdade em paises subdesenvolvidos) corrobora a proposicao deles, mas simplesmente não há sequer lógica na proposicao deles.

Se o mercado ficar sem regulamentação e fiscalização, quem puder tomar proveito tomará, a custa do sistema e dos cidadãos prejudicados.

Quanta besteira.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #82 Online: 17 de Abril de 2011, 14:46:49 »
O raciocínio dos minarquistas nao bate de maneira alguma.

O cara fez uma fraude financeira que lesou um montão de pessoas. Pelo pensamento deles, a população iria ficar sabendo e punir a instituição. Mesmo que fosse verdade, o que não é, o mal já teria sido feito e a população prejudicada. Da mesma maneira um Medico que faz tratamento irregulares, ou hospital com tratamentos indecentes, etc..

Você quer punir alguém por algo que ainda não foi feito? Nós não estamos no "Minority Report"


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Os minarquistas acham que a falha do sistema atual (na verdade em paises subdesenvolvidos) corrobora a proposicao deles, mas simplesmente não há sequer lógica na proposicao deles.

Sobre qual sistema você está falando, especificamente?

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Se o mercado ficar sem regulamentação e fiscalização, quem puder tomar proveito tomará, a custa do sistema e dos cidadãos prejudicados.

Sobre qual sistema você está falando, especificamente?²
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #84 Online: 17 de Abril de 2011, 19:40:44 »
O problema é quando misturam futurologia e sócio-economia.   :?

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #85 Online: 17 de Abril de 2011, 21:58:01 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #86 Online: 17 de Abril de 2011, 22:05:41 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #87 Online: 17 de Abril de 2011, 22:08:12 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #88 Online: 17 de Abril de 2011, 22:11:31 »
Claro.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #89 Online: 17 de Abril de 2011, 22:16:13 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.

"Prevenção" só é legítima ante uma ameaça. Fora isso, é iniciação de força/agressão.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #90 Online: 17 de Abril de 2011, 22:19:23 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.

Pelo que entendi deste tópico, o problema dos libertários é que qualquer ação preventiva parece ser vista por eles como um cerceamento
da liberdade. O mercado seria "bom", porque seria essencialmente reativo, enquanto o estado procura também ser proativo.
Desnecessário dizer que ser reativo não funciona muito quando a saúde pública está em questão.
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Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #91 Online: 17 de Abril de 2011, 22:25:30 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.

"Prevenção" só é legítima ante uma ameaça. Fora isso, é iniciação de força/agressão.

Um indivíduo que não tem qualificação formal e se apresenta para fazer uma intervenção cirúrgica cardiovascular não é uma "ameaça" ao bem-estar da vítima, digo, do "paciente"?

Sendo mais objetivo: Voce deixaria que um indivíduo não-qualificado fizesse algum tipo de intervenção médica em seu corpo?
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Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #92 Online: 17 de Abril de 2011, 22:35:08 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.

Pelo que entendi deste tópico, o problema dos libertários é que qualquer ação preventiva parece ser vista por eles como um cerceamento
da liberdade. O mercado seria "bom", porque seria essencialmente reativo, enquanto o estado procura também ser proativo.
Desnecessário dizer que ser reativo não funciona muito quando a saúde pública está em questão.

O problema não é, necessariamente, a saúde pública em si. O problema é ter de ser obrigado a pagar por ele.
Uma alternativa "libertária" para o sistema de saúde público, por exemplo, seria um "grande plano de saúde coletivo".  Mas duvido que tal sistema logre êxito.
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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #93 Online: 17 de Abril de 2011, 22:39:03 »
Nao entendi Liddel. Fiscalizar não é punir.

Impedir alguém de exercer alguma atividade, por causa de um, talvez, dano futuro, é sim punir.

O ato de impedir alguém de exercer alguma atividade que possa trazer danos físicos por não estar qualificado não é punir. É prevenir.

"Prevenção" só é legítima ante uma ameaça. Fora isso, é iniciação de força/agressão.

Um indivíduo que não tem qualificação formal e se apresenta para fazer uma intervenção cirúrgica cardiovascular não é uma "ameaça" ao bem-estar da vítima, digo, do "paciente"?


Talvez. O Estado, ou alguma instituição, poderia, por exemplo, informar os riscos ao paciente, mas nunca agir em seu nome.

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Sendo mais objetivo: Voce deixaria que um indivíduo não-qualificado fizesse algum tipo de intervenção médica em seu corpo?

Não.
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Offline Moro

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #94 Online: 17 de Abril de 2011, 23:26:28 »
Na minha assinatura..

Mercado mínimo: Sem controles, o operador saberia que não pode se sobre-alavancar, os empresários seriam éticos para proteger o sistema, e você, rico . É contra-intuitivo, mas somos espúrios por causa das regras.
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Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #95 Online: 18 de Abril de 2011, 12:46:05 »
Derfel, você diz que o sistema atual pune os bons e ajuda os maus. Mas o sistema atual não é livre para haver alocação e precificação eficientes.

Você argumenta baseado em argumentos médicos, o que é muito bem-vindo. Mas não tenho conhecimento para avaliar esse lado do debate.

Mas o lado econômico do debate é esse, propriedade privada e livres contratos seriam o suficiente para o serviço de saúde, como são para qualquer serviço e produtos, já que as leis econômicas são inaliáveis, universais e atemporais.

Se saúde deve ser gratuita, por que a alimentação que é mais fundamental não deveria? Por que não estatizar a produção e distribuição de comida? Já fizeram isso na história e sabemos o resultado.

Gostaria que você me disse sua opinião sobre esse outro texto, que é um exemplo de medicina desburocratizada:

O mercado e o sistema de saúde de El Salvador
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=642

Você conhece algum bom ex. de medicina socializada (ou pública)?

Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #96 Online: 18 de Abril de 2011, 12:53:23 »
O raciocínio dos minarquistas nao bate de maneira alguma.

Não sei quem aqui é minarquista.

Citar
O cara fez uma fraude financeira que lesou um montão de pessoas. Pelo pensamento deles, a população iria ficar sabendo e punir a instituição. Mesmo que fosse verdade, o que não é, o mal já teria sido feito e a população prejudicada. Da mesma maneira um Medico que faz tratamento irregulares, ou hospital com tratamentos indecentes, etc..


Parece que você não está muito familiarizado com a justiça libertária baseada em contratos e cortes privadas.

Citar
Os minarquistas acham que a falha do sistema atual (na verdade em paises subdesenvolvidos) corrobora a proposicao deles, mas simplesmente não há sequer lógica na proposicao deles.

Subdesenvolvidos? E a crise da UE??? O modelo social-democrata está fadado ao fracasso, é insustentável ao longo prazo. E ele só existe e dura por algum tempo porque esses países têm (ou tinham) boa liberdade economica, como por ex. a facilidade de abrir empresas e poucas leis trabalhistas. Consulte o Index of Economic Freedom.

Citar
Se o mercado ficar sem regulamentação e fiscalização, quem puder tomar proveito tomará, a custa do sistema e dos cidadãos prejudicados.

Você mesmo respondeu esse argumento:

Citar
Quanta besteira.

Como pode existir prejudicados num ambiente onde o princípio da não-agressão é a lei máxima?

Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #97 Online: 18 de Abril de 2011, 15:53:57 »
quote author=Rhyan link=topic=24652.75.html#msg598793 date=1303141565]
Derfel, você diz que o sistema atual pune os bons e ajuda os maus.
[/quote]
Não. Eu disse que o sistema atual (que não é bem um sistema) ajuda aqueles que possuem uma estratégia de marketing melhor (não importando se são bons ou maus) e não o melhor conhecimento técnico.
Citar
Mas o sistema atual não é livre para haver alocação e precificação eficientes.

Claro que é. Posso cobrar meus serviços de acordo com a clientela que me chega e do nome que tenha no mercado (art 11 do Código de Ética de Odontologia). Também sou livre para aceitar ou não convênios, mas se o faço existe um contrato a ser cumprido.

Citar

Você argumenta baseado em argumentos médicos, o que é muito bem-vindo. Mas não tenho conhecimento para avaliar esse lado do debate.

Esse é um problema, pois deveria ser a primeira coisa a ser levada em consideração no debate.
Citar
Mas o lado econômico do debate é esse, propriedade privada e livres contratos seriam o suficiente para o serviço de saúde, como são para qualquer serviço e produtos, já que as leis econômicas são inaliáveis, universais e atemporais.
Existe um problema econômico na saúde que você parece não estar considerando e que já comentei aqui: a tecnologia em saúde não diminui custos, aumenta. Não existe concorrência que diminua os preços, o normal é que eles se sobreponham com um aumento do tecnicismo da saúde. Um exemplo? Basta ler o texto que você mesmo postou sobre El Salvador: Por conta de uma sinusite o médico solicitou uma tomografia (!) quando um rx de face seria suficiente e ainda operou a paciente que talvez necessitasse apenas uns três comprimidos de azitromicina (pode ser até que a cirurgia fosse indicada, mas será? ou foi feita apenas para aumentar os ganhos?).

Citar
Se saúde deve ser gratuita, por que a alimentação que é mais fundamental não deveria? Por que não estatizar a produção e distribuição de comida? Já fizeram isso na história e sabemos o resultado.

Uma questão mínima, pelo menos, na alimentação deveria e é, pelo menos no sistema de saúde brasileiro. Aqui há a distribuição gratuita de vitamina A e ferro durante a fase de crescimento e desenvolvimento, nas UBS. Existe a merenda gratuita nas escolas públicas e o programa bolsa-família que possui como um dos objetivos justamente a complementação da renda para auxílio (também) na alimentação. Existem outros programas também, dependendo do estado e do município, como o programa do leite no RN e os bancos de leite para as maternidades.

Citar
Gostaria que você me disse sua opinião sobre esse outro texto, que é um exemplo de medicina desburocratizada:

O mercado e o sistema de saúde de El Salvador
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=642

O sistema de saúde de El Salvador não é totalmente privatizado. Na verdade a Atenção Primária é pública e serviços terciários e secundários são contratados pelo Ministério da Saúde (que estuda a adoção semelhante ao brasileiro). De uma maneira geral, o sistema de saúde salvadorenho é parecido com o brasileiro da década de 70, com o atendimento dos segurados pelo ISSS.

Mais detalhes aqui: http://www.udea.edu.co/portal/page/portal/bibliotecaSedesDependencias/unidadesAcademicas/FacultadNacionalSaludPublica/Diseno/archivos/Tab3/Tab1/caracterizaci%C3%B2n%20sistema%20de%20salud%20el%20salvador.%20EDUARDO%20ESPINOZA%202.pdf

O relato é de um americano que compara o sistema (que não existe nos EUA) dos EUA e de El Salvador a partir de uma experiência, onde ele observa sobretudo preços e a facilidade de tudo funcionar em um mesmo prédio. Ora, US$ 25,00 nos EUA não são US$ 25,00 em El Salvador, já que a renda desses dois povos são diferentes. Eu estou cansado de atender italianos, portugueses e holandeses que fazem tratamento aqui no Brasil por acharem muito "bom e barato", o que sabemos que barato (para o nosso padrão) não é. Quanto à facilidade de marcação de consultas, bem o mesmo ocorre aqui. Em um mesmo prédio funcionam vários consultórios de várias especialidades. Atendentes também não é muito diferente, existindo uma recepcionista. A "enfermeira" (provavelmente a técnica de enfermagem) está presente apenas quando se faz necessário, como nos consultórios de ginecologia, por exemplo, ou em ambientes hospitalares. Farmácias e concorrências entre elas devem haver mais aqui que em El Salvador. Só em Natal, na rua em que moro, há uma em cada esquina. Quanto à facilidade de comprar medicamentos, eu acho que o Brasil é liberal demais, pelos motivos já citados em post anterior (pode acompanhar também o tópico sobre as "superbactérias" para entender melhor).
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Você conhece algum bom ex. de medicina socializada (ou pública)?


Sim, mas acho que talvez você não aceite meus exemplos. O Canadá é uma referência, principalmente a província de Quebec. Também Cuba, a despeito da falta de estrutura. Reino Unido e França também possuem sistemas de referência e os países escandinavos. O Brasil também é um bom exemplo (não ria). Primeiro, no Brasil a gestão da saúde é municipalizada (existem municípios bem geridos e outros não) e o sistema, em si, é muito bom, mas esbarra em diversos problemas e gargalos (e a privatização é justamente um deles, como exemplo a cidade de Natal), mas existem áreas de excelência como a vacinação, o SAMU e outros (a depender do município).

Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #98 Online: 18 de Abril de 2011, 15:57:53 »


Talvez. O Estado, ou alguma instituição, poderia, por exemplo, informar os riscos ao paciente, mas nunca agir em seu nome.

Mas o Estado não deveria estar de fora do processo? E como o Estado saberia quais os riscos em relação àquele profissional se não existem conselhos ou diplomas?

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Sendo mais objetivo: Voce deixaria que um indivíduo não-qualificado fizesse algum tipo de intervenção médica em seu corpo?

Não.

E como você saberia que o indivíduo é qualificado?

Offline Fabi

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #99 Online: 18 de Abril de 2011, 16:03:19 »
isso quando não causavam outros efeitos colaterais pelo uso inadequado, como usar a tetraciclina durante a formação dentária
Essa doeu até nos meus dentes. :medo:
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“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

 

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