Autor Tópico: Como Mises explicaria a realidade do SUS?  (Lida 13364 vezes)

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Offline Gaúcho

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #50 Online: 13 de Abril de 2011, 17:41:49 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #51 Online: 13 de Abril de 2011, 17:45:13 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
Voltaire

Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #52 Online: 13 de Abril de 2011, 17:54:45 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?
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Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #53 Online: 13 de Abril de 2011, 18:07:12 »
Traduza para mim.

E aproveite e explique, à luz da sua crença religiosa econômica, se o trecho destacado em negrito não faz parte do mantra ultra-liberal?

E depois brinde-me com uma dose de honestidade e ética, visto que, aos seus olhos, eu não sou.
Pra começar, numa sociedade libertária não existiria Conselhos Federais.

Não vejo nenhum problema quanto a isto, porque muitos deles são meras fontes de corporativismo.


Os livros não teriam direitos autorais.

Porque não teriam, se o saber pode ser considerado um bem, portanto valorável?


Várias formas de ensino seriam criadas.

É uma expressão um tanto vaga. De que forma isto ocorreria? Seriam modalidades de ensino à distância ou por correspondência?

Voce poderia desenvolver um pouco mais?


O mercado iria regular tando a educação como o mercado de trabalho.

Então a demanda e oferta de cursos, nas suas diversas formas pedagógicas, seria controlado pelo mercado?

Mas isto já não ocorre, em certa medida, hoje pelos empresários do ensino?

Quais diferenças significativas haveria entre o atual modelo e o proposto pela sua visão de mundo?


Mas pra quem acha Cuba um país sério, é difícil entender mesmo...

O senhor está se referindo a quem?

Não a mim, com certeza, pois em nenhum momento eu fiz apologia de Cuba sobre nada. Se Vossa Senhoria se der ao trabalho de ler atentamente as minhas postagens, poderá observar que a questão do real estado da saúde cubana é motivo de dúvidas, e sérias, para mim, pois as informações que tenho são muito desencontradas. E falo isto porque a minha posição anterior era semelhante à sua, e ela foi posta em re-avaliação em função da opinião do meu cliente que é médico.


É ético apontar uma arma na cabeça de uma pessoa obrigando ela a ajudar um necessitado?

Não entendi a sua pergunta.


Sem entrar no mérito da profissão de jornalista e de seu respectivo curso, há muitas outras atividades profissionais que demandam um amplo conhecimento técnico e científico. Vamos abolir os diplomas para eles também?
Sim, claro. Como no Japão há pessoas projetando prédios que não são formados em engenharia.

Fonte e exemplos concretos, por favor!


Provavelmente. Mas eu não sou um estatólatra.

O que possivelmente pode me assustar é a sua definição de "liberdade".
Não, eu que sou estatólatra, eu que admiro Cuba...

Falso. Eu não admiro Cuba. E mesmo que eu admirasse alguma particularidade daquele país, ainda assim isto não faria de mim um estatólatra.


A definição de liberdade é uma só, quem está defendendo autoritarismo para regulamentar as coisas não sou eu.

Engraçado que neste tópico o seu entusiamo sobre as liberdades individuais, que incluem uma normatização informal na relação entre os entes físicos e jurídicos, está em desacordo, quase em franca oposição, ao que voce escreveu sobre a liberdade individual no tópico Colapso do Capitalismo, conforme pode ser observado a seguir:

Liberdade individual você diz? Ah é o de menos, liberdade economica é infinitamente mais útil.


Eu defendo que as pessoas deveriam ser livres para fazer suas prórprias escolhas.

Eu concordo.

Mas não endosso esta opinião quando envolvem decisões que podem afetar os demais membros da sociedade e que estejam além do campo de compreensão intelectual destas pessoas.
« Última modificação: 13 de Abril de 2011, 18:24:00 por Geotecton »
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Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #54 Online: 13 de Abril de 2011, 18:11:41 »
E não se esqueça que não haveria necessidade de diploma para exercer a medicina!

Não, não é isso. O que ocorreria é que não impediríamos que não diplomados exercessem tal função. Qual o problema nisso?  :|

O que significa  "não diplomados", além, é claro, de não possuírem o diploma?

Seriam pessoas que fizeram todas as disciplinas de um curso e somente não obtiveram o diploma porque não preencheram algum requisito menor?

Seriam pessoas que fizeram cursos onde o estudo formal é necessário mas o atestado de competência não seria mostrado por um diploma e sim pela prática?

Enfim desenvolva um pouco mais este assunto.
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Offline Dbohr

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #55 Online: 13 de Abril de 2011, 18:16:56 »
E depois os Comunistas é que vivem num mundo de fantasia...

Viver em comunidade é perder certas liberdades em troca de vantagens sociais. É como um contrato; e como em todo contrato, às vezes você perde. Mas no cômputo global as vantagens (e seguranças) são muito maiores.

Liberdade absoluta não existe na prática.

Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #56 Online: 13 de Abril de 2011, 18:35:53 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?

Estou falando sério. Ou você acha que o Estado deve impedir tal acordo legítimo?  :?
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Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #57 Online: 13 de Abril de 2011, 18:50:41 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?

Estou falando sério. Ou você acha que o Estado deve impedir tal acordo legítimo?  :?

Voce considerou, em seu cenário, a possibilidade de que o paciente não saiba que o "médico" é um açougueiro sem qualificação?
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Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #58 Online: 13 de Abril de 2011, 19:13:07 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?

Estou falando sério. Ou você acha que o Estado deve impedir tal acordo legítimo?  :?

Voce considerou, em seu cenário, a possibilidade de que o paciente não saiba que o "médico" é um açougueiro sem qualificação?

Se o médico disser ou der a entender que é qualificado, isso seria fraude. Ou mesmo quando o acordo é de que o paciente vai ser curado, sem que sofra alguma sequela, e isso não ocorre, tal ação, por parte do "médico", seria igualmente criminosa. Ademais, adquirir um serviço sem inquirir sobre sua qualidade é culpa do cliente.
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Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #59 Online: 13 de Abril de 2011, 19:19:23 »
Viver em comunidade é perder certas liberdades em troca de vantagens sociais. É como um contrato; e como em todo contrato, às vezes você perde. Mas no cômputo global as vantagens (e seguranças) são muito maiores.

Aí é que está, é um "contrato" imposto, ou seja, é ilegítimo. O libertarianismo não implica, necessariamente, em acabar com a organização social atual, mas sim que você tem a liberdade de escolher entre isso ou aquilo.


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Liberdade absoluta não existe na prática.

[saudosista] Algumas sociedades já vivenciaram liberdade extrema. [/saudosista]
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Offline Geotecton

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #60 Online: 13 de Abril de 2011, 19:28:14 »
Voce considerou, em seu cenário, a possibilidade de que o paciente não saiba que o "médico" é um açougueiro sem qualificação?
Se o médico disser ou der a entender que é qualificado, isso seria fraude.

E isto somente seria descoberto após o dano ser causado, talvez de forma irreparável. Como prevenir isto ou diminuir a possibilidade de que isto ocorra?


Ou mesmo quando o acordo é de que o paciente vai ser curado, sem que sofra alguma sequela, e isso não ocorre, tal ação, por parte do "médico", seria igualmente criminosa.

Ou seja, novamente descobrir-se-ia o problema tarde demais.


Ademais, adquirir um serviço sem inquirir sobre sua qualidade é culpa do cliente.

E quem seria consultado para saber se aquele indivíduo é ou não capacitado para fazer aquilo que se propõe?

Pelo jeito nesta sua sociedade idílica todo mundo tem tempo de sobra para fazer "pesquisa de mercado".
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Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #61 Online: 13 de Abril de 2011, 20:09:16 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se duas pessoas concordaram em que uma delas opere a outra, pouco importa se seja um açogueiro, um médico formado, ou um autodidata.

O que é errado nesse caso é proibir essa situação, pois ela é voluntária.

Num país onde os burocratas iluminados decidem quase tudo na nossa vida, defender voluntarismo e ausência de coerção é coisa para malucos...

Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #62 Online: 13 de Abril de 2011, 20:23:48 »

E isto somente seria descoberto após o dano ser causado, talvez de forma irreparável. Como prevenir isto ou diminuir a possibilidade de que isto ocorra?

A competição diminuiria significantemente os riscos.
Na área médica, que é dinâmica e competitiva, "o médico" tenderia a procurar clientes, e não o contrário. Assim, seria relativamente baixo o número de clientes que iriam a médicos desconhecidos e sem qualificação.

Citar
E quem seria consultado para saber se aquele indivíduo é ou não capacitado para fazer aquilo que se propõe?

Os próprios concorrentes fariam tal trabalho.

Citar
Pelo jeito nesta sua sociedade idílica todo mundo tem tempo de sobra para fazer "pesquisa de mercado".

Não há uma sociedade libertária pré-definida. Há a minarquia de Nozick e a de Rand; há a anarquia de Rothbard e a de Hoppe; a democracia de Mises e a de Friedman e a ditadura de Hayek(ele não defende ditaduras, apenas transições anti-democráticas, deixando claro).
Não é algo homogêneo, mas todos buscam o que chamam de "Liberdade".  :ok:
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Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #63 Online: 13 de Abril de 2011, 20:25:45 »
Porque não teriam, se o saber pode ser considerado um bem, portanto valorável?

Direitos autorais e patentes são uma agressão à propriedade privada. Se eu tenho um lápis e um papel não posso escrever o que eu quiser?

Citar
É uma expressão um tanto vaga. De que forma isto ocorreria? Seriam modalidades de ensino à distância ou por correspondência?

Sim, já estão surgindo uma infinidade de cursos pela internet. Não sei se no Brasil já tem algo assim. Por ex. sem regulamentações poderia existir cursos inimagináveis hoje, como um intessivo em matemática. Liberdade total para criação de currículos. De Filosofia do Ateísmo à Economia Austríaca, qualquer coisa poderia surgir.

Citar
Então a demanda e oferta de cursos, nas suas diversas formas pedagógicas, seria controlado pelo mercado?

Mas isto já não ocorre, em certa medida, hoje pelos empresários do ensino?

Não entendo, como ocorre isso existindo o MEC?

Citar
Quais diferenças significativas haveria entre o atual modelo e o proposto pela sua visão de mundo?
Na área de ensino? Acho que já respondi isso acima.

Citar
Fonte e exemplos concretos, por favor!

Ah faz tempo que li sobre isso, não lembro bem. Lembro que os principais nomes de arquitetura e engenharia não eram formados. Outro ex. disso Bill Gates, Steve Jobs, e cia não são formados.

Liberdade individual você diz? Ah é o de menos, liberdade economica é infinitamente mais útil.

Eu disse isso pensando que desenvolvimento economico é mais útil que a liberdade de usar drogas ou ter casamentos gays. Mas a libedade é uma só. Quem defende meia liberdade são esquerdistas progressistas e direitistas conservadores.


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Eu concordo.

Mas não endosso esta opinião quando envolvem decisões que podem afetar os demais membros da sociedade e que estejam além do campo de compreensão intelectual destas pessoas.

E qual a solução?

Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #64 Online: 13 de Abril de 2011, 20:29:56 »
E isto somente seria descoberto após o dano ser causado, talvez de forma irreparável. Como prevenir isto ou diminuir a possibilidade de que isto ocorra?

Impressão minha, ou você acha que defendemos um mundo sem leis?

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E quem seria consultado para saber se aquele indivíduo é ou não capacitado para fazer aquilo que se propõe?

Pelo jeito nesta sua sociedade idílica todo mundo tem tempo de sobra para fazer "pesquisa de mercado".

O mercado iria gerar esse controle, por ex. um bom hospital ou plano de saúde iria contratar apenas médicos bem avaliados. Poderia surgir algum controle, mas não obrigatório para todos.

Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #65 Online: 13 de Abril de 2011, 20:38:12 »
Quatro medidas para melhorar o sistema de saúde
por Hans-Hermann Hoppe, segunda-feira, 13 de abril de 2009


É verdade que o sistema de saúde (europeu, americano ou brasileiro) está uma bagunça e é insustentável. Entretanto, isso demonstra não uma falha de mercado, mas, sim, uma falha de governo. A cura do problema não requer uma diferenciada regulamentação governamental, tampouco mais regulamentações ou burocracias, como políticos interesseiros querem fazer-nos crer. A cura do problema requer simplesmente a eliminação de todos os atuais controles governamentais.

Já passou da hora de levarmos a sério uma reforma do sistema de saúde. Créditos tributários, vouchers e privatização já ajudariam muito na meta de descentralizar o sistema e remover encargos desnecessários sobre as empresas. Porém, quatro medidas adicionais devem ser tomadas:

1. Eliminar todas as exigências de licenciamento para as faculdades de medicina, hospitais, farmácias, médicos e outros profissionais da área de saúde. A oferta destes itens iria aumentar de imediato, os preços iriam cair, e uma maior variedade de serviços de saúde iria aparecer no mercado.

Agências de credenciamento, competindo voluntariamente no mercado, iriam substituir o licenciamento compulsório do governo - levando-se em conta que os fornecedores de serviços de saúde (afinal, serviços de saúde são serviços como quaisquer outros) acreditem que tal reconhecimento iria melhorar sua reputação, e que seus consumidores, por se importarem com a reputação dos fornecedores, estarão dispostos a pagar por isso.

Como os consumidores não mais seriam ludibriados a acreditar que existe tal coisa como "padrão nacional" de saúde, eles aumentariam sua procura por bons serviços de saúde a custos baixos, e fariam escolhas mais perspicazes.

2. Eliminar todas as restrições governamentais sobre a produção e a venda de produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. Isso significa a extinção de agências reguladoras encarregadas de controlar remédios, vacinas, drogas e produtos biológicos (como a Anvisa, no Brasil).  Atualmente, essas agências servem apenas para obstruir inovações e aumentar os custos de produção.

Custos e preços cairiam, e uma maior variedade de melhores produtos chegaria ao mercado mais rapidamente. O mercado também forçaria os consumidores a agir de acordo com suas próprias avaliações de risco - ao invés de confiar essa tarefa ao governo. E os fabricantes e vendedores de remédios e aparelhos, devido à concorrência, teriam que fornecer cada vez mais garantias e melhores descrições de seus produtos, tanto para evitar processos por produtos defeituosos como para atrair mais consumidores.

3. Desregulamentar a indústria de seguros de saúde. A iniciativa privada pode oferecer seguros contra eventos cuja ocorrência está fora do controle do segurado. Por outro lado, uma pessoa não pode se segurar contra o suicídio ou a falência, por exemplo, porque depende apenas dessa pessoa fazer tais eventos ocorrerem.

Como a saúde de uma pessoa, ou a falta dela, depende quase que exclusivamente desta pessoa, muitos, se não a maioria, dos riscos de saúde não são efetivamente seguráveis. "Seguro" contra riscos cuja probabilidade de ocorrerem pode ser sistematicamente influenciada por um indivíduo depende fortemente da responsabilidade própria desta pessoa.

Além do mais, qualquer tipo de seguro envolve um compartilhamento de riscos individuais. Isso implica que as seguradoras paguem mais a alguns e menos para outros. Mas ninguém sabe com antecedência, e com convicção, quem serão os "ganhadores" e quem serão os "perdedores". "Ganhadores" e "perdedores" são distribuídos aleatoriamente, e a resultante redistribuição de renda não é nada metódica. Se "ganhadores" e "perdedores" pudessem ser determinados sistematicamente, os "perdedores" não iriam querer compartilhar seus riscos com os "ganhadores", mas sim com outros "perdedores", porque isso faria diminuir seus custos de seguridade. Por exemplo, eu não iria querer compartilhar meu risco de sofrer acidentes pessoais com os riscos incorridos por jogadores profissionais de futebol; eu iria querer compartilhar meus riscos exclusivamente com os riscos de pessoas em circunstâncias similares às minhas, a custos mais baixos.

Devido às restrições legais impostas às seguradores de saúde, que não têm o direito de recusar certos serviços - excluir algum risco individual por este não ser segurável -, o atual sistema de saúde está apenas parcialmente preocupado em assegurar. A indústria dos seguros não pode discriminar livremente entre diferentes riscos incorridos por diferentes grupos.

Como resultado, as seguradoras de saúde têm que cobrir uma multidão de riscos não seguráveis em conjunto com riscos genuinamente seguráveis. Elas não podem discriminar os vários grupos de pessoas que apresentam riscos de seguridade significativamente diferentes. Assim, a indústria dos seguros acaba gerenciando um sistema de redistribuição de renda - beneficiando agentes irresponsáveis e grupos de alto risco às custas de indivíduos responsáveis e de grupos de baixo risco. Como esperado, os preços desta indústria estão altos e em constante crescimento.

Desregulamentar esta indústria significa devolver a ela a irrestrita liberdade de contrato: permitir que uma seguradora de saúde seja livre para oferecer qualquer tipo de contrato, para incluir ou excluir qualquer tipo de risco, e para discriminar quaisquer tipos de grupos ou de indivíduos. Riscos não seguráveis perderiam cobertura, a variedade de políticas de seguridade para as coberturas remanescentes aumentaria, e os diferencias de preços refletiriam os riscos reais de cada seguridade. No geral, os preços iriam cair drasticamente. E a reforma restauraria a responsabilidade individual na questão da saúde.

4. Eliminar todos os subsídios para os doentes ou adoentados. Os subsídios sempre criam mais daquilo que está sendo subsidiado. Subsídios para os doentes e enfermos alimentam a doença e a enfermidade, e promovem o descuido, a indigência e a dependência. Se estes subsídios forem eliminados, seria fortalecida a intenção de se levar uma vida saudável e de se trabalhar para o sustento próprio. De início, isso significa abolir todos os tipos de tratamento e assistência  médica "gratuitos" - isto é, financiado compulsoriamente pelo contribuinte saudável e zeloso de sua saúde.

Apenas essas quatro medidas, conquanto drásticas, irão restaurar um completo livre mercado no fornecimento de serviços médicos. Enquanto estas medidas não forem adotadas, a indústria continuará tendo sérios problemas - assim como nós, seus consumidores.


Hans-Hermann Hoppe é um membro sênior do Ludwig von Mises Institute, fundador e presidente da Property and Freedom Society e co-editor do periódico Review of Austrian Economics. Ele recebeu seu Ph.D e fez seu pós-doutorado na Goethe University em Frankfurt, Alemanha. Ele é o autor, entre outros trabalhos, de Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo e The Economics and Ethics of Private Property.


Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=105

Offline Moro

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #66 Online: 16 de Abril de 2011, 17:52:55 »
Perceberam que ao final o nhenhenhe só rhyan é igual ao do eremita? A população fará um super controle das coisas se tiver liberdade para tal
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Fabrício

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #67 Online: 16 de Abril de 2011, 20:06:04 »
Citar
É verdade que o sistema de saúde (europeu, americano ou brasileiro) está uma bagunça e é insustentável. Entretanto, isso demonstra não uma falha de mercado, mas, sim, uma falha de governo. A cura do problema não requer uma diferenciada regulamentação governamental, tampouco mais regulamentações ou burocracias, como políticos interesseiros querem fazer-nos crer. A cura do problema requer simplesmente a eliminação de todos os atuais controles governamentais.

Já passou da hora de levarmos a sério uma reforma do sistema de saúde. Créditos tributários, vouchers e privatização já ajudariam muito na meta de descentralizar o sistema e remover encargos desnecessários sobre as empresas. Porém, quatro medidas adicionais devem ser tomadas:

1. Eliminar todas as exigências de licenciamento para as faculdades de medicina, hospitais, farmácias, médicos e outros profissionais da área de saúde. A oferta destes itens iria aumentar de imediato, os preços iriam cair, e uma maior variedade de serviços de saúde iria aparecer no mercado.

Agências de credenciamento, competindo voluntariamente no mercado, iriam substituir o licenciamento compulsório do governo - levando-se em conta que os fornecedores de serviços de saúde (afinal, serviços de saúde são serviços como quaisquer outros) acreditem que tal reconhecimento iria melhorar sua reputação, e que seus consumidores, por se importarem com a reputação dos fornecedores, estarão dispostos a pagar por isso.

Como os consumidores não mais seriam ludibriados a acreditar que existe tal coisa como "padrão nacional" de saúde, eles aumentariam sua procura por bons serviços de saúde a custos baixos, e fariam escolhas mais perspicazes.

2. Eliminar todas as restrições governamentais sobre a produção e a venda de produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. Isso significa a extinção de agências reguladoras encarregadas de controlar remédios, vacinas, drogas e produtos biológicos (como a Anvisa, no Brasil).  Atualmente, essas agências servem apenas para obstruir inovações e aumentar os custos de produção.

Custos e preços cairiam, e uma maior variedade de melhores produtos chegaria ao mercado mais rapidamente. O mercado também forçaria os consumidores a agir de acordo com suas próprias avaliações de risco - ao invés de confiar essa tarefa ao governo. E os fabricantes e vendedores de remédios e aparelhos, devido à concorrência, teriam que fornecer cada vez mais garantias e melhores descrições de seus produtos, tanto para evitar processos por produtos defeituosos como para atrair mais consumidores.

3. Desregulamentar a indústria de seguros de saúde. A iniciativa privada pode oferecer seguros contra eventos cuja ocorrência está fora do controle do segurado. Por outro lado, uma pessoa não pode se segurar contra o suicídio ou a falência, por exemplo, porque depende apenas dessa pessoa fazer tais eventos ocorrerem.

Como a saúde de uma pessoa, ou a falta dela, depende quase que exclusivamente desta pessoa, muitos, se não a maioria, dos riscos de saúde não são efetivamente seguráveis. "Seguro" contra riscos cuja probabilidade de ocorrerem pode ser sistematicamente influenciada por um indivíduo depende fortemente da responsabilidade própria desta pessoa.

Além do mais, qualquer tipo de seguro envolve um compartilhamento de riscos individuais. Isso implica que as seguradoras paguem mais a alguns e menos para outros. Mas ninguém sabe com antecedência, e com convicção, quem serão os "ganhadores" e quem serão os "perdedores". "Ganhadores" e "perdedores" são distribuídos aleatoriamente, e a resultante redistribuição de renda não é nada metódica. Se "ganhadores" e "perdedores" pudessem ser determinados sistematicamente, os "perdedores" não iriam querer compartilhar seus riscos com os "ganhadores", mas sim com outros "perdedores", porque isso faria diminuir seus custos de seguridade. Por exemplo, eu não iria querer compartilhar meu risco de sofrer acidentes pessoais com os riscos incorridos por jogadores profissionais de futebol; eu iria querer compartilhar meus riscos exclusivamente com os riscos de pessoas em circunstâncias similares às minhas, a custos mais baixos.

Devido às restrições legais impostas às seguradores de saúde, que não têm o direito de recusar certos serviços - excluir algum risco individual por este não ser segurável -, o atual sistema de saúde está apenas parcialmente preocupado em assegurar. A indústria dos seguros não pode discriminar livremente entre diferentes riscos incorridos por diferentes grupos.

Como resultado, as seguradoras de saúde têm que cobrir uma multidão de riscos não seguráveis em conjunto com riscos genuinamente seguráveis. Elas não podem discriminar os vários grupos de pessoas que apresentam riscos de seguridade significativamente diferentes. Assim, a indústria dos seguros acaba gerenciando um sistema de redistribuição de renda - beneficiando agentes irresponsáveis e grupos de alto risco às custas de indivíduos responsáveis e de grupos de baixo risco. Como esperado, os preços desta indústria estão altos e em constante crescimento.

Desregulamentar esta indústria significa devolver a ela a irrestrita liberdade de contrato: permitir que uma seguradora de saúde seja livre para oferecer qualquer tipo de contrato, para incluir ou excluir qualquer tipo de risco, e para discriminar quaisquer tipos de grupos ou de indivíduos. Riscos não seguráveis perderiam cobertura, a variedade de políticas de seguridade para as coberturas remanescentes aumentaria, e os diferencias de preços refletiriam os riscos reais de cada seguridade. No geral, os preços iriam cair drasticamente. E a reforma restauraria a responsabilidade individual na questão da saúde.

4. Eliminar todos os subsídios para os doentes ou adoentados. Os subsídios sempre criam mais daquilo que está sendo subsidiado. Subsídios para os doentes e enfermos alimentam a doença e a enfermidade, e promovem o descuido, a indigência e a dependência. Se estes subsídios forem eliminados, seria fortalecida a intenção de se levar uma vida saudável e de se trabalhar para o sustento próprio. De início, isso significa abolir todos os tipos de tratamento e assistência  médica "gratuitos" - isto é, financiado compulsoriamente pelo contribuinte saudável e zeloso de sua saúde.

Apenas essas quatro medidas, conquanto drásticas, irão restaurar um completo livre mercado no fornecimento de serviços médicos. Enquanto estas medidas não forem adotadas, a indústria continuará tendo sérios problemas - assim como nós, seus consumidores.


Esta teoria é boa, mas acho que existe uma mais factível e provável de acontecer: Esperar Jesus, de braços dados com os espiritos superiores, ao lado de Maomé, do Coelhinho da Páscoa e do Papai Noel, voltar e resolver todos os problemas da saúde. É uma possibilidade muito mais real!

Santo Mercado, livrai-nos de todo os males, amém! :louva:
"Deus prefere os ateus"

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #68 Online: 16 de Abril de 2011, 21:39:21 »
Esta teoria é boa, mas acho que existe uma mais factível e provável de acontecer: Esperar Jesus, de braços dados com os espiritos superiores, ao lado de Maomé, do Coelhinho da Páscoa e do Papai Noel, voltar e resolver todos os problemas da saúde. É uma possibilidade muito mais real!

Santo Estado, livrai-nos de todo os males, amém! :louva:
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Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #69 Online: 16 de Abril de 2011, 21:43:56 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?

Estou falando sério. Ou você acha que o Estado deve impedir tal acordo legítimo?  :?

Voce considerou, em seu cenário, a possibilidade de que o paciente não saiba que o "médico" é um açougueiro sem qualificação?

Se o médico disser ou der a entender que é qualificado, isso seria fraude. Ou mesmo quando o acordo é de que o paciente vai ser curado, sem que sofra alguma sequela, e isso não ocorre, tal ação, por parte do "médico", seria igualmente criminosa. Ademais, adquirir um serviço sem inquirir sobre sua qualidade é culpa do cliente.


Não seria fraude, já que não é exigida qualificação para exercer sua profissão, como você o que em sua sociedade libertária. E não existe esse negócio de contrato em que o médico promete que o paciente seria curado e sem seqüelas. Se promete então está fazendo charlatanismo, já que não existe procedimento médico que não envolva algum tipo de risco, menor ou maior.

Offline Liddell Heart

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #70 Online: 16 de Abril de 2011, 21:58:29 »
Se um açougueiro se sente preparado para realizar uma cirurgia cardíaca, quem somos nós para atrapalharmos seus sonhos?

Se a vítima o paciente consentir, não vejo problema.

Voce está falando sério ou eu perdi o seu viés de humorista?

Estou falando sério. Ou você acha que o Estado deve impedir tal acordo legítimo?  :?

Voce considerou, em seu cenário, a possibilidade de que o paciente não saiba que o "médico" é um açougueiro sem qualificação?

Se o médico disser ou der a entender que é qualificado, isso seria fraude. Ou mesmo quando o acordo é de que o paciente vai ser curado, sem que sofra alguma sequela, e isso não ocorre, tal ação, por parte do "médico", seria igualmente criminosa. Ademais, adquirir um serviço sem inquirir sobre sua qualidade é culpa do cliente.


Não seria fraude, já que não é exigida qualificação para exercer sua profissão, como você o que em sua sociedade libertária.


Seria fraude sim. Mentir sobre um produto/serviço é crime e seria crime em uma sociedade libertária.


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E não existe esse negócio de contrato em que o médico promete que o paciente seria curado e sem seqüelas. Se promete então está fazendo charlatanismo, já que não existe procedimento médico que não envolva algum tipo de risco, menor ou maior.

Se você vende um produto/serviço e o cliente não o recebe, é crime. Seja na atual legislação, seja em uma sociedade libertária.
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Offline Fabrício

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #71 Online: 16 de Abril de 2011, 22:05:29 »
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Santo Estado, livrai-nos de todo os males, amém!

Liddel, a diferença é que eu não tenho a fé dogmática no Estado que vocês tem no Libertarismo... achar que desregulamentando  tudo os problemas imediatamente vão se resolver em um passe de mágica é tanta fé quanto acreditar em reencarnação ou na volta de Cristo.

O Estado (brasileiro) é péssimo, mas a alternativa que vocês sugerem é muito irreal. Simpatizo muito com a idéia de um Estado pequeno e se intrometendo o mínimo possível na vida do cidadão, mas com os pés no chão, sem ter que ter fé no deus Mercado.
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Rhyan

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #72 Online: 16 de Abril de 2011, 22:16:01 »
Até agora não vi uma refutação da praxeologia aplicada no serviço da saúde.

Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #73 Online: 16 de Abril de 2011, 22:51:20 »
Quatro medidas para melhorar o sistema de saúde
por Hans-Hermann Hoppe, segunda-feira, 13 de abril de 2009


É verdade que o sistema de saúde (europeu, americano ou brasileiro) está uma bagunça e é insustentável. Entretanto, isso demonstra não uma falha de mercado, mas, sim, uma falha de governo. A cura do problema não requer uma diferenciada regulamentação governamental, tampouco mais regulamentações ou burocracias, como políticos interesseiros querem fazer-nos crer. A cura do problema requer simplesmente a eliminação de todos os atuais controles governamentais.

Já passou da hora de levarmos a sério uma reforma do sistema de saúde. Créditos tributários, vouchers e privatização já ajudariam muito na meta de descentralizar o sistema e remover encargos desnecessários sobre as empresas. Porém, quatro medidas adicionais devem ser tomadas:

1. Eliminar todas as exigências de licenciamento para as faculdades de medicina, hospitais, farmácias, médicos e outros profissionais da área de saúde. A oferta destes itens iria aumentar de imediato, os preços iriam cair, e uma maior variedade de serviços de saúde iria aparecer no mercado.

Agências de credenciamento, competindo voluntariamente no mercado, iriam substituir o licenciamento compulsório do governo - levando-se em conta que os fornecedores de serviços de saúde (afinal, serviços de saúde são serviços como quaisquer outros) acreditem que tal reconhecimento iria melhorar sua reputação, e que seus consumidores, por se importarem com a reputação dos fornecedores, estarão dispostos a pagar por isso.

Como os consumidores não mais seriam ludibriados a acreditar que existe tal coisa como "padrão nacional" de saúde, eles aumentariam sua procura por bons serviços de saúde a custos baixos, e fariam escolhas mais perspicazes.

Não procuraria não. Isso que está propondo é algo que já havia até 1910 nos EUA, por exemplo. Como não havia uma regulamentação e qualquer um poderia abrir uma faculdade de medicina, com qualquer padrão (na maioria das vezes abaixo do aceitável). Resultado: um número imenso de faculdades formando maus profissionais. Na época, a Fundação Carnagie patrocinou um estudo por Abraham Flexner que gerou o Relatório Flexner que, a despeito de algumas críticas, mostrou a qualidade das escolas de formação dos EUA. Como resultado, das 131 escolas de medicina dos EUA em 1910, restaram 81, 12 anos depois. E muitas mudaram e adaptaram o currículo para melhorar a formação. citando o jornal Hoje em Dia, de 18/08/08: "O Relatório Flexner, publicado no ano de 1910, dava ênfase para a fundamentação científica da prática médica, e criticava a medíocre qualidade da maioria esmagadora das escolas de Medicina, tanto de seus currículos como de suas instalações físicas, equipamentos e qualidade de seus professores, constatando que a maioria dessas escolas medíocres constituía um negócio altamente lucrativo, sua qualidade acadêmica era inferior e poucas funcionavam como verdadeiras instituições universitárias. Suas principias conclusões foram: existe uma superprodução de médicos mal capacitados e há excesso de más escolas de Medicina; a superprodução de maus médicos não melhorou a sua distribuição geográfica; um médico supérfluo é geralmente um mau médico; na educação médica o baixo nível tende a deslocar o alto nível; os baixos padrões e o mal treinamento não devem se constituir em método usual para prover de médicos as comunidades; o melhoramento da educação médica não pode ser antagonizado com o argumento de que se pode acabar com algumas escolas e diminuir produção de médicos. Isto é precisamente o que se necessita; o país necessita menos e melhores doutores e a proliferação de escolas de Medicina obedece a razões principalmente econômicas e políticas. "
O Relatório Flexner foi que gerou a Medicina científica (ou flexneriana).


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2. Eliminar todas as restrições governamentais sobre a produção e a venda de produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. Isso significa a extinção de agências reguladoras encarregadas de controlar remédios, vacinas, drogas e produtos biológicos (como a Anvisa, no Brasil).  Atualmente, essas agências servem apenas para obstruir inovações e aumentar os custos de produção.

Custos e preços cairiam, e uma maior variedade de melhores produtos chegaria ao mercado mais rapidamente. O mercado também forçaria os consumidores a agir de acordo com suas próprias avaliações de risco - ao invés de confiar essa tarefa ao governo. E os fabricantes e vendedores de remédios e aparelhos, devido à concorrência, teriam que fornecer cada vez mais garantias e melhores descrições de seus produtos, tanto para evitar processos por produtos defeituosos como para atrair mais consumidores.

Os custos dos medicamentos e o tempo que demoram para chegar ao mercado é o preço que se paga para se ter medicamentos seguros. E a população em geral não tem a capacidade técnica para decidir se um medicamento é seguro ou não. Agências reguladoras surgiram para que as empresas não queimem etapas com o objetivo de reduzir custos e aumentar as margens de lucro. A Talidomida é um exemplo do que a falta de controle nos protocolos de pesquisa podem causar.

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3. Desregulamentar a indústria de seguros de saúde. A iniciativa privada pode oferecer seguros contra eventos cuja ocorrência está fora do controle do segurado. Por outro lado, uma pessoa não pode se segurar contra o suicídio ou a falência, por exemplo, porque depende apenas dessa pessoa fazer tais eventos ocorrerem.

Como a saúde de uma pessoa, ou a falta dela, depende quase que exclusivamente desta pessoa, muitos, se não a maioria, dos riscos de saúde não são efetivamente seguráveis. "Seguro" contra riscos cuja probabilidade de ocorrerem pode ser sistematicamente influenciada por um indivíduo depende fortemente da responsabilidade própria desta pessoa.

Além do mais, qualquer tipo de seguro envolve um compartilhamento de riscos individuais. Isso implica que as seguradoras paguem mais a alguns e menos para outros. Mas ninguém sabe com antecedência, e com convicção, quem serão os "ganhadores" e quem serão os "perdedores". "Ganhadores" e "perdedores" são distribuídos aleatoriamente, e a resultante redistribuição de renda não é nada metódica. Se "ganhadores" e "perdedores" pudessem ser determinados sistematicamente, os "perdedores" não iriam querer compartilhar seus riscos com os "ganhadores", mas sim com outros "perdedores", porque isso faria diminuir seus custos de seguridade. Por exemplo, eu não iria querer compartilhar meu risco de sofrer acidentes pessoais com os riscos incorridos por jogadores profissionais de futebol; eu iria querer compartilhar meus riscos exclusivamente com os riscos de pessoas em circunstâncias similares às minhas, a custos mais baixos.

Devido às restrições legais impostas às seguradores de saúde, que não têm o direito de recusar certos serviços - excluir algum risco individual por este não ser segurável -, o atual sistema de saúde está apenas parcialmente preocupado em assegurar. A indústria dos seguros não pode discriminar livremente entre diferentes riscos incorridos por diferentes grupos.

Como resultado, as seguradoras de saúde têm que cobrir uma multidão de riscos não seguráveis em conjunto com riscos genuinamente seguráveis. Elas não podem discriminar os vários grupos de pessoas que apresentam riscos de seguridade significativamente diferentes. Assim, a indústria dos seguros acaba gerenciando um sistema de redistribuição de renda - beneficiando agentes irresponsáveis e grupos de alto risco às custas de indivíduos responsáveis e de grupos de baixo risco. Como esperado, os preços desta indústria estão altos e em constante crescimento.

Desregulamentar esta indústria significa devolver a ela a irrestrita liberdade de contrato: permitir que uma seguradora de saúde seja livre para oferecer qualquer tipo de contrato, para incluir ou excluir qualquer tipo de risco, e para discriminar quaisquer tipos de grupos ou de indivíduos. Riscos não seguráveis perderiam cobertura, a variedade de políticas de seguridade para as coberturas remanescentes aumentaria, e os diferencias de preços refletiriam os riscos reais de cada seguridade. No geral, os preços iriam cair drasticamente. E a reforma restauraria a responsabilidade individual na questão da saúde.

Ou seja, permitir que as seguradoras cubram apenas o básico e aquilo que realmente onera o tratamento é deixado convenientemente de fora. Uma pergunta: isso é um plano de doença (em que as pessoas escolhem o que podem adoecer) ou um plano de saúde (que deve manter a saúde de seu segurado)? As pessoas não escolhem do que vão adoecer e ainda que haja condições de reduzir o risco de certas doenças, ainda existe o risco. Não é porque uma pessoa não fuma que não vai ter câncer de pulmão. As agências reguladoras existem justamente para coibir os excessos dos planos e para garantir que o consumidor tenha a garantia de um atendimento.

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4. Eliminar todos os subsídios para os doentes ou adoentados. Os subsídios sempre criam mais daquilo que está sendo subsidiado. Subsídios para os doentes e enfermos alimentam a doença e a enfermidade, e promovem o descuido, a indigência e a dependência. Se estes subsídios forem eliminados, seria fortalecida a intenção de se levar uma vida saudável e de se trabalhar para o sustento próprio. De início, isso significa abolir todos os tipos de tratamento e assistência  médica "gratuitos" - isto é, financiado compulsoriamente pelo contribuinte saudável e zeloso de sua saúde.

Entendi. Quer dizer que o fato de ficar isento de IR por cinco anos leva as pessoas a ter câncer. As pessoas querem ficar doentes para que possam ser tratadas no sistema público... Tá bom. Não existe um fortalecimento da intenção de ficar saudável em uma sociedade assim. Existe o medo de ficar doente (já que não se conseguiria assistência), o que é muito diferente. Além disso, em uma sociedade libertária a própria saúde compete com outras indústrias como a do tabaco, álcool e outras drogas, com forte apelo comercial.


Offline Derfel

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Re: Como Mises explicaria a realidade do SUS?
« Resposta #74 Online: 16 de Abril de 2011, 23:00:58 »

Seria fraude sim. Mentir sobre um produto/serviço é crime e seria crime em uma sociedade libertária.

E quem disse que seria mentira? Não existem escolas de formação, lembra? Pode muito bem ser alguém que aprendeu alguma coisa com um raizeiro, outra com um pajé e mais um pouquinho com a sabedoria popular e isso já o habilitaria a se intitular de médico.

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Se você vende um produto/serviço e o cliente não o recebe, é crime. Seja na atual legislação, seja em uma sociedade libertária.

Não. O que se vende é um serviço de saúde e não a cura em si, essa é parte do processo, mas pode nunca ser atingida por completo. Exemplo: hemofilia não possui cura, quem propõe a cura (com os conhecimentos de hoje) é um charlatão, o que se consegue é controlar a doença.
« Última modificação: 16 de Abril de 2011, 23:06:41 por Derfel »

 

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