HOJE, qualquer ação de respropriação conta com planejamento cuidadoso, geralmente entre todas as partes envolvidas. Polícia, judiciário e, quando possível, com a liderança dos manifestantes e a parte beneficiada pela reapropriação.
Via de regra, a tropa de choque não trabalha armada. Entretanto, em 1996 não se atuava dessa maneira específica e cada policial atuava em todas as áreas. Só bem recentemente se criaram as unidades especializadas. No Pará então, imagino que o despreparo para esse tipo de situação tão melindrosa tenha sido mais no improviso.
Outra, sim, existe uma reunião nos moldes de Hollywood onde todos os envolvidos nas operações são minuciosamente informados sobre poscionamento, estratégia, objetivos, alvos primários, secundários, terciários, possíveis "baixas" entre quem não tem nada a ver e coisa semelhante, mas isso é hoje, na época munição de borracha, spray de pimenta, taser e armas não letais eram raras já nas capitais da região sudeste, então exigir que qualquer força policial nos rincões da região norte tivesse esses meios é pura ficção.
No mais, foi dada a ordem de desapropriação, como militares a ordem deve ser cumprida sob pena de omissão e "não temos meios para realizar tal determinação" até hoje é desculpa não aceita pelos governantes que respondem a isso com transferências e punições.
Foi um massacre desde o planejamento, que sem dúvida houve, mas imagino que foi algo como "vão lá e tirem aquele povo".
No mais, no lugar daqueles policiais, se estivesse naquela situação, atiraria sem dor no coração diante de uma evidente ameaça à minha vida. O primeiro que bradisse uma foice/facão/enxada a menos de 5m de mim, ia pro reino do pé junto.
Melhor ser julgado por 7 do que carregado por 6.