Alguém leu o livro "Diário de um cucaracha", do Henfil?
O livro é uma compilação das cartas (sim, cartas, em 1974 não tínhamos email e os telefonemas EUA-Brasil custavam caro para um jornalista tentando vender suas histórias para os americanos) que o jornalista Henfil trocou com dois amigos durante o tempo em que viveu nos EUA.
Henfil era de esquerda e cada ponto positivo que ele detectava no padrão de vida americano era equilibrado por algo negativo. Às vezes parecia lógico, mas na maioria era meio forçado, um exemplo:
- ele dizia que nos EUA erros médicos eram punidos fazendo com que o médico/hospital pagassem enormes quantias para as vítimas ou seus familiares (ponto positivo), mas logo ele dizia que o capitalismo tinha transformado isso em mais um joguinho de lucro, e tinham surgido planos oferecendo seguro contra erros médicos, o que, segundo ele, deixava o médico livre para errar (ponto negativo).
É mais ou menos o que acontece com as pessoas de tendências mais a esquerda: os EUA erraram assassinando alguém que deveria ter sido levado a julgamento, talvez nem fosse o Osama de verdade, onde estão as fotos, etc; ou então são os conservadores falando do Obama: ok, ele fez o certo, mas o Osama nem era mais tão importante assim e ele só fez isso porque quer se reeleger ano que vem, talvez nem fosse o Osama de verdade, onde estão as fotos, etc.
Gostamos de algo então aumentamos a sua importância, e se não gostamos fazemos de tudo para menosprezá-la.