Ângelo, essa foi uma estratégia adotada para enfrentear o problema. Pode não ser a ideal, mas que outra opção sugere? Não é simplesmente uma questão salarial. Além disso, estamos falando de universidades públicas, financiadas com dinheiro público, logo a formação visa também a um interesse público e esse interesse, hoje, é suprir a deficiência de médicos, em especial, nas áreas mais afastadas dos grandes centros. Até que a demanda se aproxime da oferta (que é também um dos objetivos do MS), não vejo outra alternativa.
Não estamos falando só de universidades públicas. O bônus é válido para qualquer residência e qualquer um que queira ter a mínima chance de entrar em uma vai ser obrigado a fazer os 2 anos.
E sei que a falta de médicos em regiões afastadas é um problema difícil de resolver, mesmo em países como Canadá e Austrália, e não é uma questão salarial. Mas não creio que o projeto, da forma como está, vá resolver qualquer coisa, pelo contrário.
Por ano formam-se muito mais médicos do que o número de vagas das UBS, se não me engano há uma proporção em torno de 13000 formados para 2000 vagas (números a confirmar). Então você vai ter 13000 novos médicos sendo jogados no mercado por ano em busca de uma das 2000 vagas. O que você acha que vai acontecer com a ESF a médio e longo prazo, em termos de qualidade de atendimento, salário e plano de carreira para aqueles que escolheram a saúde da família e fizeram residência nessa especialidade? Esse projeto, da forma como está, é um tiro no próprio pé da ESF.
Aliás, não sou contra a essência do projeto, mas 20% de bônus em uma prova é um absurdo. Uma porcentagem bem menor que essa ainda atrairia uma parcela significativa para tabalhar nas UBS e não criaria tanta distorção de oferta e procura.