A questão é que não dá para falar do SUS de forma tão maniqueísta e sem entender como funciona a estrutura da saúde pública no Brasil.
De forma resumida e simplificada, o Brasil adota a estrutura de saúde por níveis de atenção, que são três. Na atenção primária, realizada nas UBS (os postos de saúde), em tese realiza-se a prevenção à saúde, e também em tese, deveria resolver cerca de 80% dos problemas mais recorrentes daquela comunidade. Os outros 20% deveriam ser encaminhados para consulta com os especialistas, no nível secundário. Por fim, o nível terciário corresponde aos procedimentos mais complexos.
Então o SUS realmente possui centros de referência com atendimento a nível de primeiro mundo (por exemplo, o complexo HC em São Paulo). Além provê gratuitamente medicamentos caríssimos, transplante de órgãos, tem um programa de tratamento de AIDS modelo e um programa de vacinação em muitos aspectos superior ao primeiro mundo.
O problema realmente está no atendimento nas UBS, na atenção primária. É lá que o cidadão vai levar meses para marcar uma consulta e pode ter que percorrer um veradeiro calvário até ter seu problema corretamente diagnosticado. E muitas vezes é tarde demais.
Então, quando dizem que o Lula deveria fazer o tratamento pelo SUS, eu digo que não faria diferença, ele receberia exatemente o mesmo tratamento que está fazendo agora.
Mas se ele tivesse que ter sido diagnosticado pelo SUS, marcando consulta em uma UBS para daqui há alguns meses, até passar por todo o processo de diagnóstico, encaminhamentos, exames, teria grandes chances de chegar em um ICESP da vida quando já fosse tarde demais...