Só mostrando o tópico de onde eu retirei as autocitações mais adiante:
../forum/topic=24930.0.html 1- Raça é uma realidade biológica fundamental.
“Geneticistas de populações humanas sabem que os padrões de variação genética não sustentam o conceito de raças humanas. [...]
A maior parte da variação genética humana ocorre dentro de populações, entre indivíduos, não entre continentes, o que significa que dois indivíduos tirados de uma mesma população podem diferir geneticamente tanto quanto dois indivíduos tirados de populações de dois continentes diferentes. Além disso, a variação genética humana segue um gradiente, o que ela se altera gradualmente ao longo dos transectos geográficos. Não há fronteiras definidas entre os grupos.[...]
Os traços sobre os quais a classificação racial tradicional é fundada são baseados em poucos genes.
Assim, há algumas diferenças genéticas entre os grupos tradicionais, mas elas são pequenas quando comparadas as similaridades.”
Fonte: STEARNS, S. C. & HOEKSTRA, R. F.
Evolução: uma introdução. São Paulo, Atheneu, 2003, p.312-314.
2- Existem diferenças biológicas fundamentais entre as três macro-raças, a saber, Negróides, Mongolóides e Caucasianos e essas diferenças originam diferentes níveis de inteligência e comportamento entre as raças.
1- Toda ou ampla parte das diferenças biológicas pode ser explicada sem causas genéticas:
Não há justificativa biológica para afirmar que os fatores genéticos e os ambientais agem de forma aditiva. Muitos jornalistas e leigos têm a ideia errada de que os genes criam o molde e a influência ambiental – treino, nutrição, cultura, emoções, etc. – apenas adiciona um fator de desempenho complementar a ele. Na verdade, o ambiente, os genes e as proteínas se afetam mutuamente ANTES que uma característica esteja consolidada. Portanto, a relação gene-ambiente é interativa, não aditiva. Certas expressões genéticas só acontecem com certos estímulos ambientais. Além disso, a neurociência diz que a experiência influi não só nas conexões interneurais, mas também na criação de novos neurônios e transformação de regiões cerebrais como lóbulos frontais, amígdala e hipocampo, todos eles relacionados com os mais diversos tipos de inteligência.
Taxistas de Londres enfrentam uma das arquiteturas rodoviárias mais complexas e caóticas do mundo. Uma investigação pôs em destaque que as regiões cerebrais responsáveis pela orientação espacial dos taxistas se viam claramente fortalecidas nos primeiros meses de condução pelas ruas de Londres. Esse estudo mostrou que uma parte do hipocampo é maior nos taxistas que no público em geral, e que os motoristas mais experientes tinham um hipocampo mais volumoso.
Experimentos de Cooper-Zubek em 1958 com grupos genéticos de ratos com desempenho testado em labirintos ao longo de gerações mostraram como seus descendentes se saíram ao serem criados em diferentes ambientes. Antes que se testasse o número de erros que cometeriam ao caminhar nos labirintos, ratos descendentes dos grupos genéticos bons e maus – com diferença média de 40% em termos de erros entre os dois grupos – foram submetidos a esses ambientes:
Enriquecido – Casinha com paredes pintadas com cores fortes e vivas. Havia rampas, balanços, escorregos, espelhos e sinos.
Normal – Casinha com parede sem cores vivas. Poucos exercícios e brinquedos para estimular os sentidos.
Limitado – Basicamente um “barraco de rato”.
E o resultado chocante... A única circunstância em que os ratos tiveram desempenho significamente discrepante foi no caso em que foram criados em ambientes normais. Ratos ruins de labirinto tiveram um número de erros apenas 10% superior aos bons de labirinto na comparação da criação em ambientes enriquecidos. Por fim, ratos bons e maus de labirintos tiveram desempenho idêntico quando criados em ambientes limitados (eles foram igualmente burros!).
2- Só lembrando que mudanças culturais (que ocorreram em certos locais, mas não em outros) podem causar mudanças ambientais, biológicas e genéticas (na expressão). E essas transformações culturais podem ser simplesmente eventos históricos únicos (algo que não obedece a leis científicas), acidentes de percursos, como a transformação da Jamaica numa potência do atletismo.
3- "Richard Nisbett, psicólogo da Universidade de Michigan, analisou a literatura sobre o assunto e descobriu setes estudos publicados que comparavam as origens genéticas e ambientais das diferenças entre negros e brancos. Esses estudos, ao contrário dos estudos sobre gêmeos, buscam encontrar diretamente a origem das diferenças entre negros e brancos.
Seis destes estudos não conseguem encontrar evidências de efeitos genéticos."
Fonte: STERNBERG, R. J.
Inteligência para o sucesso pessoal: como a inteligência prática e criativa determina o sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 2000, p.67.
3- Inteligência é hereditária, pode ser medida objetivamente por testes de Q.I
1- A primeira frase está imprecisa. Inteligência é
parcialmente hereditária. Mesmo que a inteligência seja parcialmente hereditária, a hereditariedade dentro dos grupos não informa
nada sobre a causa das diferenças entre os grupos. Segue um trecho do que eu escrevi no tópico “O genial que existe em nós”:
Muitos leigos entendem mal quando leem que uma pesquisa indica que 60% da inteligência é hereditária ao achar que “a inteligência humana é determinada, em 60%, pelos genes e, em 40%, pelas condições ambientais”. Para entender melhor porque isso é absurdo, basta entender que quando se diz que 90% da altura de uma população é hereditária, isso não quer dizer que 90% dos centímetros venham dos genes e o restante do ambiente. Significa que 90% da variação detectável da altura entre indivíduos numa amostragem específica é atribuída em 90% aos genes e 10% as influências ambientais. Não existe o conceito de herdabilidade para a altura individual, logo o que é válido para um grupo não é válido para prever o que ocorrerá com um indivíduo.
Alguns estudos apontam mais do que os 60% da pesquisa citada anteriormente, outros menos. Além disso, um estudo do psicólogo Eric Turkheimer, utilizando apenas famílias pobres, mostra que a variação causada pela hereditariedade não é de 40% ou 20%, mas de praticamente 0%. Isso demonstra definitivamente que não existe porcentagem fixa para a influência genética. Não é correto aplicar uma estimativa da herdabilidade a partir de uma dada população para toda a espécie. Estimativa de hereditariedade aplica-se apenas a uma população e ambiente particulares.
2- Além de inteligência ser em parte hereditária e em parte resultado do ambiente, ainda existe o obstáculo de que é dificílimo separar as duas fontes de variação porque elas interagem de várias maneiras.
, e em uma escala maior até mesmo de nações e civilizações inteiras.
A população de Barbados (que é 90% negra) é mais pobre do que a do Vietnã ou da Tailândia? A civilização egípcia da época da construção das primeiras pirâmides era menos avançada do que a civilização dos povos germânicos de mesma época? Parece que a conveniência de se varrer para debaixo do tapete as exceções ocorre porque explicá-las desmonta o argumento central.
e é o principal fator a determinar o sucesso de pessoas,
1- Teste de QI perde até para teste de marshmallow em termos de correlação com o sucesso. Mais uma autocitação:
Um experimento muito famoso mostra a importância do autocontrole (autodisciplina e capacidade de adiar a satisfação) para o sucesso. Pegando o trecho de outro texto para resumir a informação dada por Shenk: “O teste do marshmallow, feito na Universidade Stanford na década de 1960, é o melhor exemplo que se tem sobre a ocorrência de autocontrole. Psicólogos ofereciam a crianças um grande marshmallow e davam a elas a opção de comê-lo imediatamente ou esperar um tempinho enquanto os psicólogos saíssem da sala. Se as crianças esperassem, ganhariam de recompensa um segundo marshmallow. Apenas um terço das crianças aguentava esperar, o resto comia o doce afoitamente. Depois, os pesquisadores acompanharam o desempenho dessas crianças nas décadas seguintes. Aquelas que haviam esperado pelo segundo doce tinham tirado notas mais altas no vestibular e tinham mais amigos. Depois de anos estudando esse grupo de voluntários, concluiu-se que a capacidade de manter o autocontrole previa com muito mais precisão a ocorrência de sucesso e ajustamento - era mais eficiente do que QI ou condição social, por exemplo.”
2- A assertiva é falsa, como mostro no meu tópico “O genial que existe em nós”. Uma pesquisa de Thomas Stanley (Ph.D. em Administração pela Universidade da Geórgia e que estuda há mais de 20 anos as características que levam as pessoas a alcançar a independência financeira) com os decamilionários americanos mostra que a inteligência acadêmica não está fortemente correlacionada com o sucesso. A média escolar dos milionários pesquisados por Stanley foi de 7 (e na graduação superior de 7,5).
4- Países africanos e pessoas negras são mais pobres devido a problemas intrínsecos à raça negra, como baixos níveis de inteligência, pouca capacidade de organização social e maior instintividade.
Mais uma vez repito as perguntas... A população de Barbados (que é 90% negra) é mais pobre do que a do Vietnã ou da Tailândia? A civilização egípcia da época da construção das primeiras pirâmides era menos avançada do que a civilização dos povos germânicos de mesma época?
5- O comportamento é herdado predominantemente da raça a qual se pertence.
Se isso é verdade, quais são os genes distintos que causam as supostas diferenças inatas de comportamento? Se não existir resposta para isso, então o argumento acima pode ser uma tremenda falácia de correlação espúria.