Autor Tópico: De novo o acaso  (Lida 31479 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Luiz F.

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.752
  • Sexo: Masculino
Re:De novo o acaso
« Resposta #375 Online: 14 de Dezembro de 2011, 18:38:33 »
Essa analogia é meio falha pois o suposto deus tem como característica a perfeição e o tio Bill não.
Em muitos casos, os defeitos e erros fazem parte da perfeição.
Assim como num game.


 :hein:
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Enio

  • Nível 24
  • *
  • Mensagens: 1.090
Re:De novo o acaso
« Resposta #376 Online: 01 de Janeiro de 2012, 17:25:08 »
Em relação ao acaso, é-me evidente, porém a meu ver tudo o que ocorre ao acaso ocorre em função de algo anterior. O acaso seria como um fenômeno vindo de determinado fenômeno anterior, porém de forma que ocorre sem que o resultado de um fenômeno possa ser previsto, causando um fenômeno imprevisível, ou seja, ao acaso. Seria como se através de algum método causássemos um fenômeno de caráter aleatório, e nele mesmo ocorre uma inesperada organização, sei lá, vida, por exemplo. É o que teria ocorrido quando as primeiras moléculas biológicas teriam se formado, pois que esta organização ocorreu através de fenômenos gerados pelas leis físicas, certo? As evidências de que o acaso é um fenômeno existente, isso é, a aleatoriedade, são três: jogos de azar, livre-arbítrio e reações físico-químicas.

Os jogos de azar, em que você só poderia ganhar ao acaso através de um sorteio aleatório.

O livre arbítrio, em que podemos tomar uma decisão aleatória em função de uma situação ou disposição íntima. Isso é, em que uma causa determinada gera um gênero de tendências determinantes e que a partir deste gênero não é possível ocorrer só um fato concreto a partir de uma decisão, mas vários possíveis. Isso é, o acaso aqui não está no gênero de tendências que determinam de certa forma nosso comportamento, mas sim as várias possíveis formas de concretizarmos uma decisão. Ou seja, vários fatos possíveis a partir de um padrão de tendências.

E o terceiro são as formações físico-químicas possíveis a partir de um evento aleatório. Por exemplo, em um meio temos substâncias básicas, e que através de reações de choque, por exemplo, podem se formar várias moléculas de forma aleatória, e isso teria relação com o experimento de Oparin, em que num determinado meio é possível a formação de novas moléculas a partir de várias possibilidades de combinação. Assim como fenômenos astronômicos que, a partir de uma determinação gerada pelas leis físicas, pode vir a formar diversos tipos de astros, por exemplo. Um exemplo é quando os planetas estão em formação. Dentro deste evento de formação, são possíveis várias possibilidades factuais. E em cada possibilidade a formação de um mundo com características específicas. Por exemplo, a Terra poderia ter se formado com um tamanho maior ou então ter mantido maior pressão atmosférica, entre outras coisas.

A Terra poderia ter se formado de forma diferente, é o que estou querendo dizer no mesmo meio que fez surgir da forma como a conhecemos.

Bem, então visto isso... Ah, e tem também a seleção natural, como pude me esquecer... Em que por um processo de adaptação aleatório diversas espécies passaram por diversas mudanças, fazendo então surgir as espécies das quais temos conhecimento, apesar de achar que a seleção natural pode não ser o único fator, quer dizer, que é possível ainda haver uma intervenção consciente (neste caso feita por extraterrestres num passado remoto). Acredita-se que o homem seja resultado de um experimento científico remoto. E nós mesmos já estamos fazendo isso nos animais e plantas, alterando-os geneticamente, ou seja, intervenção inteligente.

Mas mesmo assim, tendo surgido de forma aleatória ou inteligente, continua sendo natural, e ter sido resultado de processos aleatórios anteriores aos que fizeram surgir os elementos inteligentes e intervencionistas. Mas ainda não acaba por aí não... Se sairmos do campo estritamente científico e partirmos a um pensamento puramente lógico, perceberemos que para todo efeito há uma causa anterior. Isso é, mesmo que diversos processos tenham surgido de forma aleatória, o processo aleatório em si sempre está em função de um anterior que determina a futura aleatoriedade.

Na verdade a aleatoriedade de um processo ela teria em si um padrão de organização, não seria uma coisa totalmente aleatória, ele teria certo determinismo, neste caso, o gênero da causa que vai gerar uma tendência específica que vai então gerar uma formação provável com base nas tendências desta mesma formação, de seus elementos constituintes. Até mesmo o livre arbítrio em si, quer dizer, a probabilidade de uma escolha se baseia numa tendência que define isso, como já disse. O livre arbítrio seria então um pseudodeterminismo. Resultado de um determinismo (gênero em função de causa) mas cujo resultado não pode ser previsto (possibilidades).

Agora, se mantermos esta linha de raciocínio e irmos ao "infinito para trás", e se deixarmos de lado a idéia de que tudo surge milagrosamente do nada (idéia esta totalmente anti-lógica e verdadeiramente mágica) chegaremos à conclusão de que deve ter havido para tudo uma causa primeira, para todos os processos naturais. Ela em si mesma não poderia, naturalmente, ser uma entidade como nós, alguém por assim dizer, pois que certamente ela, por causar todos os processos de forma contínua, não teria nunca vivido como nós. Sendo assim, se ela tem intenção, então não poderia ser como a nossa, mas sim mais como um algoritmo.

E este algoritmo, ou seja, uma espécie de escolha impessoal, seria resultado de si mesmo, pois já não tem mais para onde ir. E teria que ser atemporal, já que, como sendo a causa primeira que gera a partir de si mesma todos os processos aleatórios, não poderia surgir milagrosamente do nada, assim como todos os processos aleatórios a partir disso, pois seria então deixar de lado o pensamento racional e começar a pensar como um mágico, o que em ciência não é aceito. Neste caso, seria mais certo dizer que isso é o eterno presente.

Em relação ao Big Bang, se é que realmente aconteceu, ele não surgiu do nada, pois que ele em si mesmo é um processo temporal, e não atemporal. Portanto algo causou isso. Só não sabemos cientificamente o quê? Esse nada ao que me refiro não é só falta de matéria ou energia, mas o nada absoluto, onde nenhum evento ocorre. E se desse nada não há evento, como pode surgir algo dele? O nosso universo teria sido resultado de um provável processo aleatório, determinado por um padrão a partir de outro anterior. Porém haveria um padrão primário que definiria todas as formações aleatórias dos padrões seguintes.

E tem mais, não sabemos se realmente todos os processos são aleatórios ou se até certo nível existe um determinismo estrito.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!