Já faz algum tempo que li e esqueci de registrar nesse tópico. Em O que Se Passa na Cabeça dos Cachorros, o sociólogo Malcolm Gladwell apresenta a diferença entre colapso e pânico.
Quando a pessoa falha porque pensa demais, desconsiderando os processos cognitivos automáticos do seu aprendizado, diz-se que ela entrou em colapso. Exemplos disso são tenistas que perdem partidas quase ganhas e cuja falta de autocontrole os fizeram praticar as jogadas pensando conscientemente em cada detalhe dos movimentos, tal como os esportistas amadores que estão descobrindo o esporte. Esse é um exemplo em que a intuição seria mais bem vinda para resolver os problemas pelos quais eles passaram e não conseguiram resolver.
Todavia, às vezes, as pessoas entram em pânico, o que significa que elas passam pelo processo que os psicólogos chamam de "estreitamento perceptivo". Esse foi o caso de John F. Kennedy Jr., que morreu num acidente do avião em que ele mesmo pilotava. Em situação de visibilidade ruim e pouca experiência em pilotagem exclusivamente por instrumentos, ele tentou manobras instintivas desesperadas usando estratégias de pilotagem "visual" que seriam apenas recomendadas em tempos de céu limpo. Em outras palavras, ao contrário do outro tipo de situação já mencionado, ele falhou porque pensou pouco. Nessas situações, a falha ocorre em contexto em que guiar-se por processos automáticos não traz eficácia nos resultados. Num momento chave do incidente de JFK Jr, somente um processo consciente menos automatizado daria conta da resolução do problema.
Em resumo, a perda de controle emocional pode gerar resultados cognitivos desastrosos, mas a forma como isso ocorre se diferencia em termos da distinção entre colapso e pânico. Como o senso comum associa uma falha catastrófica mais a escassez de pensamento do que a escassez de intuição, então se conclui que enquanto o pânico poderia ser chamado de "falha esperada", o colapso poderia ser chamado de "falha paradoxal". (Como faz muito tempo que já li o livro, não lembro bem se Gladwell faz a descrição desse jeito, mas o que pus aqui neste parágrafo não está muito da ideia que ele apresentou).