Autor Tópico: Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio  (Lida 26564 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #225 Online: 06 de Janeiro de 2016, 14:33:56 »
Crescimento econômico (virtual) não é igual a mais consumo de recursos. São conceitos distintos, por definição, nem é muito uma coisa de consideração ou de opinião.

Tenho lá minhas dúvidas. Dinheiro de certa forma é uma espécie de "bateria", uma reserva de "potencial de realizar trabalho", ou "energia". A dissociação não pode ser total sem se ter também a economia como uma manifestação do moto-perpétuo.

Bom, eu colei um texto aqui, publicado no blog do freakonomics que mostra a diferenciação entre os conceitos.

Sim, eu comentei sobre isso, discordo de que seja possível dissociação de energia e aquilo por que as pessoas querem pagar. Pode progressivamente custar menos energia, mas a dissociação só será absoluta quando as pessoas se as pessoas só comprassem coisas completamente "virtuais", que não custassem nada para "produzir".

Achei que você não tinha visto o texto.

Pessoas pagam preços diferentes por massagem, por exemplo, por quadros... e a variação é absurda, nisso daí eu acho que já há uma desconexão inclusive obrigatória entre os dois parâmetros.

Sob a ótica quase estritamente física, essas coisas seriam talvez ineficiências, ou, na melhor das hipóteses, "transferências de energia" para diferentes tokens-suportes.
 

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O que normalmente se utiliza para indicar o "crescimento" econômico é a variação de tamanho do PIB entre períodos comparáveis, e o que é o PIB? É a soma dos valores (monetários) FINAIS de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período. Não entra aí a quantidade de recursos gastos.

Se o PIB de um período determinado é menor do que a de um período seguinte, se diz que houve o crescimento econômico. E isso PODE ocorrer sem que o período seguinte tenha gasto mais recurso, podendo este ter gasto o mesmo tanto ou até menos.

É provável? Não. É possível? Sim.

É possível na medida em que aumenta a eficiência, mas o aumento da eficiência tem um limite, não pode violar a termodinâmica.

É possível na medida em que o Preço consumado vai ficando proporcionalmente maior do que a soma dos custos de produção. O preço é determinado sem regras absolutas, a priori.

Agora, isso deva acontecer mais brandamente na organização real da sociedade do que pode ser conjecturado em modelos assim mas é ontologicamente possível o crescimento econômico infinito dentro de um mundo finito. O que normalmente acontece é que se entende que se propõe o consumo de recursos infinitos num mundo finito, o que não vem a ser o caso.

Crescimento econômico infinito então seria inflação infinita? :hein:

Offline Johnny Cash

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #226 Online: 06 de Janeiro de 2016, 14:47:37 »
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O que normalmente se utiliza para indicar o "crescimento" econômico é a variação de tamanho do PIB entre períodos comparáveis, e o que é o PIB? É a soma dos valores (monetários) FINAIS de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período. Não entra aí a quantidade de recursos gastos.

Se o PIB de um período determinado é menor do que a de um período seguinte, se diz que houve o crescimento econômico. E isso PODE ocorrer sem que o período seguinte tenha gasto mais recurso, podendo este ter gasto o mesmo tanto ou até menos.

É provável? Não. É possível? Sim.

É possível na medida em que aumenta a eficiência, mas o aumento da eficiência tem um limite, não pode violar a termodinâmica.

É possível na medida em que o Preço consumado vai ficando proporcionalmente maior do que a soma dos custos de produção. O preço é determinado sem regras absolutas, a priori.

Agora, isso deva acontecer mais brandamente na organização real da sociedade do que pode ser conjecturado em modelos assim mas é ontologicamente possível o crescimento econômico infinito dentro de um mundo finito. O que normalmente acontece é que se entende que se propõe o consumo de recursos infinitos num mundo finito, o que não vem a ser o caso.

Crescimento econômico infinito então seria inflação infinita? :hein:

Não estritamente, porque o crescimento econômico pode ser tanto influenciado pela maior quantidade de bens e serviços produzidos (aumentando o valor total) quanto pelo valor único destes, enquanto a inflação apenas pelos preços de um conjunto de bens previamente determinados e igualmente comparáveis não tendo impacto (diretamente no cálculo) de volume.
« Última modificação: 06 de Janeiro de 2016, 14:49:59 por Johnny Cash »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #227 Online: 15 de Janeiro de 2016, 08:24:03 »
Há economistas que tentam fazer comparações empíricas sobre quanto o comportamento das pessoas vai de acordo com aquelas teorias econômicas que assumem simplificações como que um centavo de diferença no preço das coisas já terá influência no consumidor, e o quanto esse por sua vez afetará o comerciante e a produção?

Sei que a "economia comportamental" basicamente questiona esse tipo de assunção de forma meio generalizada, mas me parece que na maior parte do tempo, mais do que tentar ajustar modelos razoáveis com essas informações, a coisa praticamente acaba nessas "pegadinhas" experimentais que mostram que as pessoas não se comportam tão de acordo com o que seria previsto. Em vez de tentar obter algo como um número da "sensibilidade" da produção ao feedback de consumo do consumidor, e como ele varia sob diversas condições.

Se bem que acho que existem mesmo coisas mais tradicionais da economia, que se aproximam um pouco disso, com "curvas de Engel", talvez.



Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #228 Online: 15 de Janeiro de 2016, 23:44:49 »
Há economistas que tentam fazer comparações empíricas sobre quanto o comportamento das pessoas vai de acordo com aquelas teorias econômicas que assumem simplificações como que um centavo de diferença no preço das coisas já terá influência no consumidor, e o quanto esse por sua vez afetará o comerciante e a produção?

Sei que a "economia comportamental" basicamente questiona esse tipo de assunção de forma meio generalizada, mas me parece que na maior parte do tempo, mais do que tentar ajustar modelos razoáveis com essas informações, a coisa praticamente acaba nessas "pegadinhas" experimentais que mostram que as pessoas não se comportam tão de acordo com o que seria previsto. Em vez de tentar obter algo como um número da "sensibilidade" da produção ao feedback de consumo do consumidor, e como ele varia sob diversas condições.

Se bem que acho que existem mesmo coisas mais tradicionais da economia, que se aproximam um pouco disso, com "curvas de Engel", talvez.

O problema não é exatamente que existam essas curvas de oferta e procura como as mostradas nos livros (a exceção fica para o caso do "bem de Giffen"). O problema é pressupor que a oferta ou procura podem ser expressas em termos de linhas nítidas. Ademais, a economia tradicional presume que "os preços de mercado são definidos pelo equilíbrio de duas forças: produção a cada preço (oferta) e o desejo dos que têm poder de compra a cada preço" (Ariely, 2008). A economia comportamental tem demonstrado a falsidade dessas ideias. No livro Previsivelmente Irracional, o psicólogo e economista comportamental Dan Ariely diz que seus experimentos demonstraram que (no capítulo "A falácia da oferta e da procura"):

"O que os consumidores estão dispostos a pagar pode ser facilmente manipulado, o que significa que os consumidores não têm, de fato, grande controle, sobre os preços que estão dispostos a pagar (...)

Embora a estrutura econômica comum pressuponha que as forças de oferta e procura são independentes, o tipo de manipulação para formação de âncora que demonstramos aqui indicam que , na verdade, são depedentes. No mundo real, a criação de âncoras provém dos preços de varejos sugeridos pelos fabricantes, dos preços anunciados, das promoções, das apresentações dos produtos, etc. - tudo isso são variáveis do lado da oferta. Parece que, então, que em vez da disposição dos consumidores de influenciar os preços de mercado, a relação de causalidade está um tanto invertida, e são os próprios preços de mercado que influenciam a disposição do consumidor de pagar. Isso quer dizer que a procura não é, de fato, uma força completamente independente da oferta."

Ariely cita acima o que os psicólogos cognitivos chamam de "heurística de ancoragem e ajuste". Para entender a heurística de ancoragem e ajuste, vale dizer que experimentos mostram que, ao tentar fazer uma estimativa rápida do produto de 8 x 7 X 6 X 5 x 4 X 3 X 2 X 1 e do produto de 1 X 2 X 3 X 4 X 5 X 6 X 7 X 8, as pessoas dão um valor médio de 2.250 para o primeiro caso e 512 para o segundo. Ou seja, é uma heurística "pela qual as pessoas ajustam suas avaliações por meio de pontos de referência chamado de âncoras de finalidade" (Robert Sternberg, 2010, Psicologia Cognitiva, 5ª edição, CENGAGE Learning). Ou seja, preço é algo que pode ser influenciado por informações completamente espúrias em julgamentos com base no grau de facilidade com que podemos trazer à lembrança aquilo que  percebemos como situações relevantes de um fenômeno.
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 00:36:24 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #229 Online: 16 de Janeiro de 2016, 00:31:44 »
Já se fez um experimento em que se deu a estudantes de MBA uma cara garrafa de vinho e perguntou-se a eles se pagariam pela garrafa um valor igual aos últimos dois dígitos de seu número de inscrição no Seguro Social. Depois, perguntava-se o preço máximo que eles estariam dispostos a pagar. Os resultados mostraram que os preços estavam sendo influenciados por essa informação completamente espúria (Hal Varian, 2012, Microeconomia, 8ª edição, Editora Campus). Um exemplo da heurística de ancoragem aplicado à economia.

« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 00:40:26 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #230 Online: 16 de Janeiro de 2016, 06:30:56 »
Não sei se essas observações realmente falsficam aquela preposição inicial, ou se são só elementos geralmente não levados em consideração no "desejo do consumidor".

O que realmente refuta é a noção de que os desejos são racionais, o que é até estranho de colocar com essa escolha de palavras, já que "desejo" já tem uma co ou denotação que sugere maior papel de emoção, do que "decisões racionais".

Sob essa perspectiva, talvez até esses achados de economia comportamental/psicologia sejam completamente desprezíveis para muitas formulações econômicas tradicionais! Desde que elas consigam ter considerável correspondência com o que acontece no fim das contas, independentemente de se destrinchar detalhadamente todo ping-pong emocional-racional-heurístico que resultou na variável "demanda"...

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #231 Online: 16 de Janeiro de 2016, 12:54:05 »
Ninguém duvida de coisas como a teoria que diz que a curva de demanda (geralmente) tem inclinação negativa. O problema é achar o formato preciso de uma quando tentar tomar uma decisão. Aumentar o preço diminui a procura? Depende... E em relação a qual curva de demanda você esteja falando, pois essas podem ser construídas e destruídas de acordo com a circunstância.
 
Eis aqui uma crítica interna. O que exponho a seguir é do livro de microeconomia neoclássica mais vendido do mundo, que é do economista-chefe do Google (Hal Varian, autor do livro que citei anteriormente, ver capítulo 30):

"No modelo básico do comportamento do consumidor, as escolhas foram descritas de forma simplificada: lápis vermelhos ou azuis, hambúrgueres ou batatas fritas, e assim por diante. Na vida real, todavia, as pessoas são afetadas pelo modo como as escolhas são apresentadas a elas ou são inseridas em um contexto.

Um desbotado par de calças jeans em uma loja barata pode ser percebido de forma bem diferente que o mesmo par de jeans em uma loja exclusiva."

"A teoria convencional considera as preferências como pré-existentes. Nessa concepção, as preferências explicam o comportamento. Por sua vez, os psicólogos concebem as preferências como construídas: as pessoas as desenvolvem ou criam ao fazer suas escolhas ou consumir.

Parece provável que o modelo psicológico ofereça a melhor descrição do que realmente acontece. Todavia, os dois pontos não são inteiramente incompatíveis. Como vimos, uma vez descobertas, as preferências tendem a se tornar embutidas nas escolhas. Escolhas, uma vez consolidadas, tendem a ancorar decisões." 
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 13:13:22 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #232 Online: 16 de Janeiro de 2016, 16:28:40 »
Fico sempre meio perdido.

Em climatologia estudam coisas como a sensibilidade do clima a CO2, metano, à radiação solar, etc.

Então imagino que talvez pudesse se falar de sensibilidade do "clima econômico", ou de "eco[no]ssistemas" a variáveis psicológicas não classicamente tão levadas em consideração.

Lembrei de algo que até vai um pouco nessas linhas, como que diferentes classes sociais em diferentes países têm diferentes tendências a consumo conspícuo. Mas acho que isso ainda era mais como um achado isolado, em vez de encaixado de alguma forma dentro de formulações mais clássicas para ver no que dava.

Bem, o que parece mais imediatamente óbvio é que os mais pobres então têm uma tendência a retardar a eventual saída da pobreza, quanto mais positiva for essa associação. Mas mesmo daí talvez haja outras implicações, como talvez efeitos de retroalimentação positiva ou negativa, conforme a sensibilidade da oferta à demanda.

Offline Feliperj

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #233 Online: 16 de Janeiro de 2016, 17:26:29 »
Não sei se essas observações realmente falsficam aquela preposição inicial, ou se são só elementos geralmente não levados em consideração no "desejo do consumidor".

O que realmente refuta é a noção de que os desejos são racionais, o que é até estranho de colocar com essa escolha de palavras, já que "desejo" já tem uma co ou denotação que sugere maior papel de emoção, do que "decisões racionais".

Sob essa perspectiva, talvez até esses achados de economia comportamental/psicologia sejam completamente desprezíveis para muitas formulações econômicas tradicionais! Desde que elas consigam ter considerável correspondência com o que acontece no fim das contas, independentemente de se destrinchar detalhadamente todo ping-pong emocional-racional-heurístico que resultou na variável "demanda"...

Ancoragem, assimetria de informações, tentativa de influenciar o outro(aliás, isso é o básico de qqer processo negocial) etc tudo isso faz parte da dinâmica oferta x demanda x valoração subjetiva. O grande problema é que as pessoas estão muito influenciadas pela escola de chicago, e analisam os conceitos econômicos dentro do paradigma do homo economicus, e do racionalismo conforme abordado pela Escola de Chicago!
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 17:35:35 por Feliperj »

Offline Feliperj

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #234 Online: 16 de Janeiro de 2016, 17:30:55 »
Agora, com certeza, achar que existe uma "função" matemática que descreva isso é de uma arrogância atroz!! 

Essa matematização da economia é "culpa" da propria escola de Chicago, que de fato criou uma economia do mundo Bizarro, onde todos os habitantes são clones do Superman e da Lois, tentando equipara a economia à Fisica!

Um excelente livro que compara as abordagens de diferentes escolas, onde fica claro o quão irreal são as premissas adotadas pela Escola de Chicago :

http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=30

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #235 Online: 16 de Janeiro de 2016, 19:20:02 »
Fico sempre meio perdido.

Em climatologia estudam coisas como a sensibilidade do clima a CO2, metano, à radiação solar, etc.

Então imagino que talvez pudesse se falar de sensibilidade do "clima econômico", ou de "eco[no]ssistemas" a variáveis psicológicas não classicamente tão levadas em consideração.

Lembrei de algo que até vai um pouco nessas linhas, como que diferentes classes sociais em diferentes países têm diferentes tendências a consumo conspícuo. Mas acho que isso ainda era mais como um achado isolado, em vez de encaixado de alguma forma dentro de formulações mais clássicas para ver no que dava.

Bem, o que parece mais imediatamente óbvio é que os mais pobres então têm uma tendência a retardar a eventual saída da pobreza, quanto mais positiva for essa associação. Mas mesmo daí talvez haja outras implicações, como talvez efeitos de retroalimentação positiva ou negativa, conforme a sensibilidade da oferta à demanda.

Nas ciências sociais, métodos para prognóstico e inferência mais simples muitas vezes funcionam melhor do que os mais complexos. "Uma fórmula que combina prognosticadores com pesos iguais será provavelmente tão precisa em prever novos casos quanto a fórmula de regressão múltipla que foi a ideal na amostra original" disse Daniel Kahnemann no livro Rápido e Devagar (ver capítulo 21: "Intuições versus fórmulas"). Ele cita dois exemplos interessantes. O psicólogo Robyn Dawes mostrou que a estabilidade conjugal é bem prevista pela fórmula: frequência da atividade sexual menos frequência de brigas. O economista Orley Ashenfelter consegue prevê bem o preço de bons vinhos de Bordeaux segundo três características do clima: temperatura média durante a temporada de crescimento do verão, o índice pluviométrico na época de colheita e o total de chuvas durante o inverno precedente.

Artigo científico sobre esse assunto que influenciou as ideias de Kahnemann no capítulo 21 do seu livro:
http://www.niaoren.info/pdf/Beauty/9.pdf
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 21:45:31 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #236 Online: 16 de Janeiro de 2016, 19:43:13 »
Os desejos emocionais podem ser racionais, desde que você leve em conta a teoria da razão instrumental. Um exemplo é o filósofo David Hume, que já disse: "A razão é a escrava das paixões". "Desejo emocional, racional e incoerente" é que não pode existir. "Racionalidade ilógica" obviamente é um oxímoro. Dito isso, cabe a observação que psicólogos já demonstraram que reversões de preferências ocorrem quando a escolha individual depende do contexto em que as escolhas são feitas.
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2016, 21:40:46 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #237 Online: 17 de Janeiro de 2016, 08:39:37 »
Agora, com certeza, achar que existe uma "função" matemática que descreva isso é de uma arrogância atroz!! 

Essa matematização da economia é "culpa" da propria escola de Chicago, que de fato criou uma economia do mundo Bizarro, onde todos os habitantes são clones do Superman e da Lois, tentando equipara a economia à Fisica!

Um excelente livro que compara as abordagens de diferentes escolas, onde fica claro o quão irreal são as premissas adotadas pela Escola de Chicago :

http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=30

Eu não sei se colocações como essas não são de certa forma espantalhos (ainda mais se vindo de defensores de "praxeologia").

A análise de diversos sistemas físicos pode mutias vezes ser "arredondada", você não precisa sempre lidar com tudo desde a estrutura subatômica. De forma similar, em economia, muitas vezes pode ser que se possa desprezar a "estrutura psicológica" das decisões, levando em consideração apenas os grandes padrões. Como esse exemplo que o Huxley deu num dos últimos posts, uma "equação" de estabilidade conjugal pode ser extremamente preditiva só com duas variáveis.

As minúcias do que está acontecendo (seja em esfera pessoal ou negócios) vão sim ter sua utilidade ou talvez ser algo absolutamente necessário de ser levado em consideração quando o interesse é um caso em particular. Mas se o interesse é "a população", "a economia", deve poder ser desconsiderado, em boa parte do tempo, talvez na maior parte do tempo.

E então voltamos a minha questão original, que seria justamente sobre se já se pode incorporar uma coisa à outra de forma a melhorar a precisão de algum modelo mais "cĺassico".

Offline -Huxley-

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #238 Online: 17 de Janeiro de 2016, 18:20:55 »
Agora, com certeza, achar que existe uma "função" matemática que descreva isso é de uma arrogância atroz!! 

Essa matematização da economia é "culpa" da propria escola de Chicago, que de fato criou uma economia do mundo Bizarro, onde todos os habitantes são clones do Superman e da Lois, tentando equipara a economia à Fisica!

Um excelente livro que compara as abordagens de diferentes escolas, onde fica claro o quão irreal são as premissas adotadas pela Escola de Chicago :

http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=30

Eu não sei se colocações como essas não são de certa forma espantalhos (ainda mais se vindo de defensores de "praxeologia").

A análise de diversos sistemas físicos pode mutias vezes ser "arredondada", você não precisa sempre lidar com tudo desde a estrutura subatômica. De forma similar, em economia, muitas vezes pode ser que se possa desprezar a "estrutura psicológica" das decisões, levando em consideração apenas os grandes padrões. Como esse exemplo que o Huxley deu num dos últimos posts, uma "equação" de estabilidade conjugal pode ser extremamente preditiva só com duas variáveis.

As minúcias do que está acontecendo (seja em esfera pessoal ou negócios) vão sim ter sua utilidade ou talvez ser algo absolutamente necessário de ser levado em consideração quando o interesse é um caso em particular. Mas se o interesse é "a população", "a economia", deve poder ser desconsiderado, em boa parte do tempo, talvez na maior parte do tempo.

E então voltamos a minha questão original, que seria justamente sobre se já se pode incorporar uma coisa à outra de forma a melhorar a precisão de algum modelo mais "cĺassico".

A distribuição de probabilidade das variáveis socioeconômicas tende a ter "caudas grossas" por causa da curtose tipicamente envolvida nela. Curtose é o nome estatístico para o grau de influência que eventos de alto impacto exercem na distribuição de resultados. Ao meu ver, as caudas grossas são críticas e irremediáveis. Só é possível conhecer a distribuição de probabilidade exata fazendo uma amostra estatística de dados existentes. Mas se os dados são do domínio das caudas grossas, então eventos maiores e mais importantes só acontecerão muito raramente. No livro Antifrágil, Nassim Taleb mostra uma coisa interessante que publicou no International Journal of Forecasting: "80% da curtose em 10 mil fontes de dados podem surgir de uma única observação, significando que todas as mensurações das caudas grossas são apenas erros de amostragem". Essa é a razão pela qual ele diz que métodos com simplificações não funcionam com as variáveis socioeconômicas: regressão, desvio-padrão, correlação, etc.

A única solução para a Economia parece ser adotar a estatística de dados não-paramétricos, tal como ocorre na psicologia e na medicina (comentei algo relacionado a isso no post inicial do tópico "Como ficar rico em dez passos"). Tem um professor de Economia na universidade que me graduei que me convidou para um programa de doutorado em Economia Comportamental e quando o questionei sobre o problema da curtose, ele foi enfático. Ele disse que a Economia Comportamental pode substituir completamente a tradicional por causa da estatística dos dados não-paramétricos. Ele até acha que o PIB deveria ser substituído por outra mensuração de bem-estar.
« Última modificação: 17 de Janeiro de 2016, 18:45:10 por -Huxley- »


Offline Lakatos

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #240 Online: 18 de Março de 2016, 21:04:11 »
Não sei se é o que se chamaria de "caso clássico", mas...

http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/IE/2011/tec4-0811.pdf
« Última modificação: 18 de Março de 2016, 21:06:12 por Lakatos »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #241 Online: 18 de Março de 2016, 21:09:52 »
Olhando por cima, parece ter um forte viés ideológico protecionista.

Estava mais interessado em casos de dumping "endógenos". Ainda que uma eventual conquista de um mercado exterior a partir disso também seja algo interessante de ver, bem como de examinar os efeitos a longo prazo, se não for "remediado" antes de se consolidar.


Curioso, acho que nunca vi leite importado. :hein:



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While there are few examples of a national scale dumping that succeeded in producing a national-level monopoly, there are several examples of local 'dumping' that produced a monopoly in regional markets for certain industries. Ron Chernow points to the example of regional oil monopolies in Titan : The Life of John D. Rockefeller, Sr. where Rockefeller receives a message from Colonel Thompson outlining an approved strategy where oil in one market, Cincinnati, would be sold at or below cost to drive competition's profits down and force them to exit the market. In another area where other independent businesses were already driven out, namely in Chicago, prices would be increased by a quarter.[2]

Offline Lakatos

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #242 Online: 18 de Março de 2016, 21:15:46 »
Pelo que eu sei, dumping é necessariamente visando a conquistar um mercado estrangeiro. Em mercados locais, a prática similar é chamada apenas de preço predatório (predatory pricing), sendo o primeiro um subconjunto do segundo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #243 Online: 18 de Março de 2016, 21:24:29 »
É, o texto da WP mesmo meio que sugere isso ou talvez explicite, ainda que dê esses exemplos regionais, talvez inter-regionais, analogamente a internacionais.

Achava que o termo geral fosse "dumping" e "predatory pricing" fosse outra coisa, meio que chutar o balde para cima em produtos de demanda inelástica, em monopólio ou cartel. :hein:

Offline Lakatos

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #244 Online: 18 de Março de 2016, 21:38:57 »
Achava que o termo geral fosse "dumping" e "predatory pricing" fosse outra coisa, meio que chutar o balde para cima em produtos de demanda inelástica, em monopólio ou cartel. :hein:

Não, isso seria excessive pricing ou profiteering.

Predatory pricing é manter os preços abaixo do preço de equilíbrio do mercado para eliminar concorrentes ou ao menos obter maior fatia desse mercado. Dumping é o predatory pricing a nível internacional, geralmente promovido por um governo.
« Última modificação: 18 de Março de 2016, 21:48:09 por Lakatos »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #245 Online: 18 de Março de 2016, 22:26:42 »
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According to an International Herald Tribune article,[13] the French government ordered amazon.com to stop offering free shipping to its customers because it violated of French predatory pricing laws. After Amazon refused to obey the order, the government proceeded to fine them €1,000 per day. Amazon continued to pay the fines instead of ending its policy of offering free shipping. After a law was created explicitly banning free shipping, Amazon effectively snubbed it by charging one cent for delivery [14]

:biglol:

Offline Lakatos

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #246 Online: 18 de Março de 2016, 22:34:04 »
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According to an International Herald Tribune article,[13] the French government ordered amazon.com to stop offering free shipping to its customers because it violated of French predatory pricing laws. After Amazon refused to obey the order, the government proceeded to fine them €1,000 per day. Amazon continued to pay the fines instead of ending its policy of offering free shipping. After a law was created explicitly banning free shipping, Amazon effectively snubbed it by charging one cent for delivery [14]

:biglol:

Caramba, isso que é obstinação...  :lol:

Offline Digão

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #247 Online: 19 de Março de 2016, 14:51:47 »
Pergunta. Os partidos políticos recebem contribuições indevidas mas eu não vejo nada acontecendo com eles por conta disso. Por que isso acontece? É difícil provar?

Offline DDV

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #248 Online: 29 de Julho de 2016, 17:40:56 »
Se os nazistas consideravam o Holocausto algo correto, porque se esforçaram tanto para escondê-lo ou até mesmo negá-lo?



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Rhyan

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Re:Perguntas sobre política, economia e história que não merecem um tópico próprio
« Resposta #249 Online: 30 de Julho de 2016, 01:04:21 »
Dúvidas:

1. Foi aprovada a PEC das cotas para mulheres na política?

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2016/07/1796988-candidata-transexual-vai-disputar-eleicao-em-sp-na-cota-de-mulheres.shtml

2. A PEC do mandato de 5 anos para cargos do executivo sem reeleição foi aprovada ou trancada?

 

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