Olá, Iabadabadu.
O que vai a seguir são afirmações que partem do meu modo de pensar. Então, leve tudo em suas devidas proporções.
Além disso tudo o que você perguntou é muita informação e nem tudo está tão conectado como parece.
O comentário a seguir vai parecer depreciativo, mas não tem essa intensão: eu não esperava um atitude tão "new age" num fórum cético!

Eu levei um susto quando comecei a ler o conteúdo do post.

É que ele vai tão na contramão do que se estava discutindo que eu travei!


Acho que boa parte de minha resposta vai ser mais new age, ainda!

Mas, lá vai!

Qual a forma correta de se pensar na sua opinião?
Desde pivete que eu tenho a noia de que a minha forma de pensamento não é muito correta e até mesmo um tanto patológica.
Penso que aqui haja um problema por essa necessidade de se descobrir um modo correto de se pensar. Não há modo correto de se pensar porque só existe um. Tanto um "iluminado" quanto um "gênio" quanto uma "pessoa comum" realizam a ação do pensamento da mesma forma.
Talvez, o que você queira saber seja um modo "correto" de se construir raciocínios. Seria isso?
Dentro das ciências exatas você tem o "Método Científico", que é considerado o meio mais seguro de se conseguir informações sobre as questões físico-químico-biológicas. Nas ciências humanas teremos a adaptação desse mesmo Método às necessidades dessas disciplinas. Então, você precisa decidir sobre o que você quer refletir para decidir como refletir sobre o assunto escolhido.
Se você acha que o seu pensar se aproxima de um modo patológico, seria interessante que você procurasse um serviço profissional para determinar isso. Não seria correto pedir que você desse exemplos aqui; seria uma exposição desnecessária e eu não poderia ajudar.
Você tem um dialogo interno? Tipo uma conversa com você mesmo?
Eu tenho visto bastante coisa do Krishnamurti e tô gostando bastante. Tô fazendo um puta esforço para manter a mente limpa e sem imagens.
Do que é que você está chamando diálogo interno?

Se você se refere aqueles pensamentos que surgem sem controle (como músicas, frases, situações que parecem ficar presas na memória), para o Krishnamurti, essas "manifestações" não deveriam ser consideradas pensamentos, justamente pela ausência de controle da nossa consciência sobre elas. Para ele, pensar é produzir essas mesmas manifestações, mas sob o nosso controle. Isso é apenas ruído. E com os ruídos, a melhor forma de agir é deixar que passem.
Por experiência própria (talvez, pelo fato de fazer terapia), eu comecei a perceber que tudo o que parecia ficar preso na minha mente (músicas, frases, imagens) geralmente, tinha algo para me dizer. Então, quando você realiza esse esforço de controlar sua mente você (esforço para manter a mente limpa), na verdade, só colabora para complicar ainda mais a atuação dos ruídos. O modo de agir nesse caso é: observar essas interferências sem estabelecer uma relação afetiva com elas. Tente não se afetar, mas apenas compreender. O que essas imagens podem estar querendo dizer? Esse é o ato de meditação.

Agora, se você está chamando de diálogo interno a ação de conversar consigo mesmo. Amigo, relaxe, isso é comum. Em certa medida, é até saudável, pois é um modo de exercitar a ação discursiva e, por consequência, o pensamento. Como se não houvesse a linguagem não poderíamos pensar, exercitar o uso do objeto no qual se realiza o pensamento é necessário. Seja internamente, seja nos diálogos face a face ou virtuais.

Se diálogo interno não é nada disso do que eu achei que pode ser, por favor, explica.

O que você acha do Wittgestein?
Muito bom. E da mesma forma que o Krishnamurti, é a partir do seu segundo momento reflexivo que ele mais colabora para os estudos da linguagem. (Não que o Krishnamurti tenha colaborado para os estudos da linguagem, mas é no seu segundo momento como pensador que ele contribui mais para a compreensão dos sujeitos)
A grande contribuição dele foi perceber que a linguagem (toda ela, apesar de ele se referir especificamente à língua) depende do contexto no qual é usada para que os sentidos sejam acessados pelos sujeitos participantes do diálogo.
Por exemplo, dizer "Meus Pêsames" num velório ou num casamento tem carga semântica diferente. E isso, você ainda deve levar em consideração o sujeito que enuncia. Se um amigo do morto à viúva ou se um amigo do noivo ao próprio. Para o Wittgenstein, a linguagem é um jogo onde os sujeitos interagem através de regras construídas ao longo do próprio ato de jogar de acordo com as necessidades dos jogadores.
Tem muito mais coisa, mas o cara é um dos melhores da Filosofia da Linguagem (aliás, quando você ouvir falar em Filosofia da Linguagem, o sujeito está se referindo a língua).
Bom, espero ter me tornado mais compreensível e ter tirado suas dúvidas.
Abraço!