Respondi sua pergunta. Quando vai responder a minha? E responda mais essa, por obséquio, para não deixar dúvida: você é natural ou sobrenatural? Porque, se não te ocorreu ainda, o que não é natural é sobrenatural.
A essa pergunta respondo da seguinte maneira:
Como [se] não fôssemos máquinas como outras quaisquer, como um veículo que não tem a arbitrariedade de escolher se realmente acelera ou não ao ter seu acelerador pressionado?
Se você afirma que tudo é determinação biológica, como podem haver escolhas arbitrárias por parte do motorista? Se as escolhas são resultado de determinações biológicas, portanto não são arbitrárias? Ou existem decisões arbitrárias?
Leia isto quando estiver acordado, por gentileza, para ver se resulta:
Não afirmo que tudo é determinação biológica. Tente se livrar desse jugo apelativo pela biologia. Eu sei que tem uns sonâmbulos por aí que acreditam que biologia tem leis próprias que desrespeitam as da física. Se você acredita nisso, é mais uma crença-problema sua, não minha.
Não existem escolhas arbitrárias reais. Escolhas arbitrárias são subilusões da ilusão de que falo. Elas derivam da incapacidade da máquina de rastrear continuamente o processo natural integral (tudo o que ocorre no universo) e de verificar, a qualquer tempo, a suposta possibilidade de que algum processo pudesse ter sido diferente, porque a máquina É SÓ UMA PARTE DA REALIDADE COM CAPACIDADE LIMITADA DE REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE.
Eu não tinha falado do motorista, tinha falado do veículo que não pode decidir se acelera ou não ao ter seu pedal pressionado. Nem o veículo nem o motorista nem nada no universo decide coisa alguma, mas, para tentar que você entenda o que quis dizer, se o sistema de aceleração sofre dano, no caso de um motorista que não soubesse que o veículo não é "inteligente", ele não poderia distinguir esse defeito de uma suposta decisão do carro de não acelerar. Se o sistema veicular fosse muito mais complexo do que é um normal como conhecemos, ele poderia, eventualmente, "viver" com o defeito no acelerador e ter outras alternativas a seguir. Cada novo evento aleatório é, em sistemas assim, indistinguível de vontade deliberada para uma varredura interna do próprio sistema. O forista Gilberto descreve um consistente modelo para essa varredura.
Talvez, a sua analogia entre humano e máquina possa ser melhor aproveitada aqui.
Não existe "analogia entre humano e máquina". Não faço isso, não é preciso. Uma máquina humana *é* uma máquina.
Se fizermos uma analogia entre o computador e os ser humano, podemos dizer que o corpo é o hardware e que a individualidade é o software.
Ai, meu santo... é difícil demais! Essa já é velha e sem graça.
Diga você isso; me inclua fora.
Nem um nem outro são sobrenaturais.
Nada é. Não existe. Mas... você acredita.
A individualidade é um software de extrema complexidade, capaz de se auto atualizar.
É mesmo? Como?
A velha complexidade explicando tudo por si mesma... Uma palavra mágica de ocultismo. Transnominação. A complexidade torna-se o sobrenatural.
O que eu defendo é que o sistema operacional não é o mesmo para todos os sujeitos.
Prefiro nem saber o que quer dizer com isso.
Resposta à pergunta anterior: Porque o natural cria condições para que a individualidade exista.
Qual pergunta? A primeira nessa sequência foi "***COMO*** algo arbitrário pode ter base numa condição natural?" (e falo do algo arbitrário "REAL" que *você* postula, capaz de influenciar fisicamente, de volta, a natureza que a teria criado)
Isso não é resposta para ela. Eu perguntei COMO, não por que. Não quero saber do seu desejo, quero saber das "condições", algo que possa servir para projetar uma máquina, por exemplo, não dessa resposta tautológica.
A segunda foi "você é natural ou sobrenatural?". Nada responde, também.
Por tudo o que defende, é claro que se acha sobrenatural. Mas como isso é cientificamente piadístico, é fácil resolver: só dizer que não é, dar outro nome, a velha "chamar urubu de meu louro".
Retomando a ideia do humano-computador: pode um computador funcionar sem sistema operacional?
Claro, computadores analógicos não funcionam com sistema operacional. Mesmo os digitais podem funcionar de modo apenas circuital, sendo a programação flexível extensivamente adotada pelas muito mais interessantes possibilidades que permite.
Aliás, pode uma máquina funcionar sem tarefa a cumprir?
Eu não sei o que você pretende com suas perguntas, realmente. É uma sequência de desvios tão grande que dá para se perder no sentido rapidamente. Um torno mecânico não computadorizado é uma máquina. Decida você se quando ele funciona tem uma tarefa intrínseca a cumprir ou não.
E a pergunta que eu fiz, depois de toda a sua enrolação, não respondeu porcaria nenhuma. Me enche de perguntas, respondo todas, e a droga da resposta que pedi... NADA! Responde só com outras perguntas.
A consequência disso é que haverá "eus" mais "existentes" que outros. Pode conceber algo assim? "Existir" mais ou "existir" menos? De certa forma, humanos acham, sem detimento, que são mais existentes que bois, pois os bois são vivos, têm sistema nervoso, sistemas sensoriais e até os chamados sentimentos, mas não têm "consciência do tipo humana", de sorte que são explorados sem grandes problemas desde que se "respeite o sofrimento e a dignidade do animal". Por outra, acha-se, sem detimento, que vegetais existem menos que animais, pois são vivos mas não têm sistema nervoso, "sensações do tipo animal", muito menos consciência de qualquer tipo, de sorte que há vegetarianos que acham brutal comer animais mas não vegetais. Ressalto que o "existir" a que refiro-me aqui, o que já deveria ficar claro sem precisar ressaltar, é o "existir existencial", "da alma", psicológico, transcendente até, dentro da ilusão de que pode transcender à natureza.
Com relação a isso, eu diria que, provavelmente, você não tem tanta leitura assim e generaliza demais.
Isso aqui, "para variar", ficou confuso. "Com relação a isso", o quê? Logo abaixo, você diz "com relação a existir mais ou menos que os outros...". Mas isso é o cerne de tudo o que eu disse!
Com relação ao existir mais ou menos que os outros, toda a filosofia não-metafísica sempre afirmou que o ser humano não é mais ou menos que os outros seres existentes. E que a diferença de nós para animais e plantas é, justamente, o desenvolvimento linguístico complexo (como você fala mais à frente). Essa é uma diferença natural. Que nos coloca em vantagem, mas sempre relativa.
Você não entendeu nada mesmo do que eu disse, não é, rapaz?! E eu é que tenho a tal "dificuldade leitora"...
Essa prosopopéia é uma das coisas mais nauseantes que podem haver. "Filosofia diz", "ciência faz". É uma desgraça isso. Criam entes fictícios para despejarem todas as responsabilidades em cima deles. Mas deixa eu respirar fundo e ir adiante porque me determinei a essa via crucis aqui e vou até o fim. "Afirma" baseando-se em que? Que interesse teria eu no que a "filosofia não metafísica" sempre "afirmou"? Aliás, não existe filosofia que não seja metafísica. *Eu sei que você acredita que existe. Eu não acredito, e sei que não adianta discutir a crença de alguém.*
Não falei em *ser* "mais ou menos"; talvez você esteja pensando em algo como "superior ou inferior". Eu estou falando de *sensações ilusórias*, lembra? Tente, faça uma forcinha para fazer de conta que está captando só um pouquinho do que estou dizendo e, aceite, provisoriamente e condescendentemente que seja, que somos ilusões. Plantas não manifestam tal processo ilusório, bois manifestam num grau menos filosofista (que humanos, significando que a sensação de existir menos se faz em questionamentos menores sobre a realidade), humanos sentem uma existencialidade maior pois seus potenciais de frustrações e de trespassá-las é maior (como uma gama maior de possibilidades de "pedais de acelerador" funcionarem ou não e de "veículos" prosseguirem no processo devido a um leque de recursos vários). Nenhum desses existe mais nem menos, de fato, fisicamente; nem são "superiores" ou "inferiores" uns aos outros, evolutivamente ou por qualquer critério natural não arbitrado. É só da sensação aquilo de que falo. E EU DEIXEI ISSO ESTAMPADAMENTE CLARO LÁ: (Ressalto que o "existir" a que refiro-me aqui, o que já deveria ficar claro sem precisar ressaltar, é o "existir existencial", "da alma", psicológico, transcendente até, dentro da ilusão de que pode transcender à natureza) POR JÁ PREVER ISSO AQUI! Eu ressaltei, não era para ser algo necessário mas, ainda assim, não adiantou. Nesses casos, verifica-se que nunca nada adianta.
Deve ser porque "eu tenho" "dificuldade leitora"...
Afirmar que toda filosofia que afirme a existência da individualidade, implicitamente, afirma a existência do sobrenatural só demonstra que seu nível de leitura nesse assunto é mínimo.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!! Já é a segunda vez! Resumindo, sou um ignorante burro extremo. Oh, ignorância desgraçada...
Você quase está certo até, porque... Não, meu nível de doutrina não é mínimo, *é zero*.
Sou muito ignorante em textos religiosos. Não leio. Por isso não conheço as diferenças físicas entre os diversos deuses, a diferença entre filosofia não metafísica e metafísica... Também não sei se o ultraman ou o robô gigante lançavam raios laser. Eu não via. Mas juro que está na minha lista de experimentos aqui no laboratório confirmar tudo isso!
Isso aqui só redemonstra que não tem argumentos. Talvez seu nível de "leitura" nesse assunto é muito máximo. Certas leituras fazem isso com certas pessoas. Eu não sei, mas se você parasse talvez pudesse se recuperar um pouco desses efeitos.
Isso que você fala sobre existir mais ou menos, é o assunto principal de um livro chamado "A Dominação Masculina", de Pierre Bourdieu, onde se afirma que a ideia de superioridade masculina é sustentada como naturalidade pela diferença "natural" de exposição do sexo entre homens e mulheres e pela relação estabelecida entre o pênis e instrumentos onde o uso da força é necessário (como lanças, espadas, etc...) Naturalização que afirma ser o homem mais forte que a mulher de forma natural. E Bourdieu realiza essa desconstrução dentro do próprio sistema que você diz ser ilusório.
Você não sabe do que estou falando. Como pode correlacionar com qualquer assunto de qualquer livro? Não acha que seria necessário, primeiro, saber do que falo?
Voltemos à proposição de que "consciência do tipo humana" não seja uma singularidade, um absoluto e vamos na outra direção. Que tipo de sistema seria mais existente que o sistema humano que gera a sensação de consciência humana? Melhor e mais importante que isso, que tipo de relação poderia haver entre esses sistemas em termos, digamos, conscientes, do referencial consciente humano (do referencial desses sistemas mais abrangentes que os humanos, não podemos conceber)? Poderiam pequenas ou nem tão pequenas variações entre humanos determinar sensações de existência maiores ou menores entre essas máquinas (humanas mesmo)?
Se estivéssemos falando de metafísica, o sistema humano seria, sim, mais existente, pois haveria o transcendente que nos daria essa prerrogativa.
É uma "viagem"... Surreal! Eu estou falando do Sol, você, da Lua. Acho que é pior que isso. Não dá para descrever a discrepância entre o que eu digo e você "entende".
Mas, como não estamos falando de metafísica, existem alguma explicações (como a de Bourdieu). E que não invalidam a individualidade.
Eu não estou, claro, falando de metafísica, mas você está. Se a tal "explicação" do referido autor, ao menos fosse sobre o de que falo, eu até poderia ter interesse em analisar. Mas não quero desviar da questão. Eu preferiria que você não desviasse, assim, também.
E eu volto a perguntar: se tudo é determinado bio-físico-quimicamente como pode essa determinação permitir que a ilusão exista? Porque se ela existe ou ela é parte do sistema (e afeta o seu todo) ou o sistema já está corrompido desde a sua criação e todas as informações estão comprometidas. De um jeito ou de outro, não há como excluir a ilusão, pois ela continuaria interferindo, mesmo que disséssemos que não.
A ilusão dizer não para a ilusão? Você é bom de piadas, não?
A ilusão não existe como algo tangível e tangenciador (é I-LU-SÃO, CAPICCE!). Não afeta o sistema, não afeta coisa alguma. Não é parte do sistema, não está localizada em algo como uma glândula, pineal. Que "criação" do sistema? Não há como "excluir" a ilusão porque não se pode "excluir" o que não existe, não se pode localizar o que não existe. A ilusão não continuaria interferindo em nada porque nunca interferiu; o que não existe não pode interferir. Só existem os sistemas físicos, eles evoluem todos em conjunto e alguns deles manifestam atividade comportamental (acompanhada) de ilusão linguística.
Tudo o que você faz é peticionar, pressupor arbitraria, absoluta, antecipada e definitivamente que existe o "eu". Contra todas as evidências físicas, você recalcitra até o fim.
Voltemos ao que eu disse que entendo como características do sistema que determinariam tal parâmetro ("existir") e avaliemos possibilidades. Somos sistemas dinâmicos realimentados de tipo informacional complexo, com capacidade representacional estática (informação) e dinâmica (linguagem) de objetos e contextos da realidade. Nesses moldes, nessas estruturas e maquinismos representacionais, capturamos padrões da realidade. Esses são os parâmetros fundamentais: A capacidade representacional e a dinâmica dos processos representacionais. Quanto maiores, mais "existimos".
Nós não existimos mais ou meno porque sabemos mais ou porque conseguimos aumentar a capacidade representativa.
Não é "saber mais". Eu disse CAPACIDADE REPRESENTACIONAL, DINÂMICA DE PROCESSOS REPRESENTACIONAIS, *PARÂMETROS DE MÁQUINAS*. OOOOOnde eu disse "saber mais"?
E, MAIS UMA VEZ, NÃO É EXISTIR MAIS, DE FATO, É "EXISTIR" (A *SENSAÇÃO*, SÓÓÓ, DE). Sensação que acompanha o funcionamento da máquina, dependente dos parâmetros funcionais da mesma. O "eu" não existe nem mesmo um pouco para que haja possibilidade de existir mais.
Volto a afirmar: nenhuma filosofia materialista afirma isso.
E o que eu tenho que ver com o que alguma filosofia prosopopéica afirme??? Por mim, ela pode afirmar o que quiser e que se dane lá com a patuleia dela, mas longe de mim pois não gosto de aberrações como filosofia que fala.
Aumentar nossa capacidade de compreensão não é aumentar existência.
É, pode até ser... E daí? O que isso tem que ver com o que eu disse?
As consequências dessa alegação são tremendas e você, claro, passa por elas batido. Primeiro, ela contradiz o ato falho solipsista, tendo todo o "aparato cultural" que ser criado pelo mesmo "um" que o "percebe". Segundo, nessa perspectiva, para um aparato cultural ser criado, seria necessário um (solipsismo) ou mais criadores do mesmo que só pode(m) existir/perceber pela existência do... ...aparato cultural. Há muito mais, mas... Bem, o problema das nossas verificações que mostram que não existiram sempre humanos não deve ser problema para solipsista(s). Coloquei o s entre parênteses porque isso é como o highlander -- "só pode haver um!". hihihihihihihi... ...aiai...
O ambiente socio-histórico é tudo? Como teria surgido o tal "ambiente socio-histórico"?
Você afirma que eu estou entrando por várias portas do sistema estabelecendo relações de anterioridade onde elas não poderiam existir, criando assim uma circularidade. Mas, o que eu disse, apesar da sua compreensão problemática foi: não existe sociedade sem sujeito, não existe sujeito sem sociedade. Não é anterioridade ou posterioridade, mas concomitância. Basta acrescentar um outro humano àquele um que você disse que eu deixei sozinho, para se estabelecer relação social. Só isso, já é suficiente para se estabelecer o ambiente sócio-histórico.
E com esse arredondamento grosseiro você supõe que pode me enrolar? Até você mesmo sabe que está apelando demais, mas não está nem um pouco interessado em investigar, de modo que aceita enrolar até a si mesmo. Fique à vontade para isso, não a mim.
Sociedade sem sujeito*S* não existe. Sujeito SOCIAL não existe sem sociedade. Mas sujeito físico existe em qualquer circunstância e essa é a quebra de simetria da qual você foge.
Não basta acrescentar outro humano junto se nenhum deles expressa linguagem (especialmente até na SUA concepção inválida e fugidia da realidade). A linguagem intercomunicativa tem que ser construída, processo que foi levado a cabo, por todas as evidências, quando máquinas humanas uniram-se em grupo, estenderam (estendeu-se, nelas) o processo evolutivo no/ao domínio da linguagem nova que surgiu. Em estágios "avançados" dessa construção, surgiu o comportamento explicitamente filosófico, que propicia criar toda essa confusão que você faz, confusão incapaz de tanger a realidade física, incapaz de ultrapassar o limite do próprio discurso, discurso que é toda a "matéria" do que é feita a filosofia, mas as linguagens internas fundamentais, construídas evolutivamente nos fundamentos estruturais do sistema nervoso, são as que determinam processo consciente; máquinas humanas em conjunto não podem organizar sociedades do tipo humana sem, antes, serem máquinas cognitivas já funcionalmente conscientes, do tipo exato de cosciência de que se fala aqui -- humana. Se inicia nas máquinas. Ou isto ou você está falando de solipsismo.
Só disso? Se um sujeito nasce e é posto em ambiente isolado (não "socio-histórico") ele não manifesta consciência? A máquina não é nada?
Isolado totalmente (imaginemos que ao menos esse sujeito seja alimentado),
Isolado **"socio-historicamente"**. Como eu poderia deixar isto mais claro? Não existe tal coisa como "totalmente isolado" na natureza. Trata-se de limite físico intransponível por todas as verificações.
Não é preciso imaginar como seria a alimentação do sujeito; uma máquina humana não precisa "ser alimentada" num ambiente natural adequado à sobrevivência e nada disso importa aqui; você afirma que qualquer máquina humana não pode tornar-se consciente se não estiver em integração com outras máquinas linguisticamente sociabilizadoras, linguisticamente já sociabilizadas; não comece a apelar para condições físicas necessárias. Fornecêmo-las. Coloquêmo-lo num alimentador automático frio, insensível e acultural e esperemos que a evolução humana já não tenha acumulado modificações significativas que o afetem pelas facilidades que a vida em sociedade conferem (isto aqui é só uma concessão benevolente que te faço!). Não foi a sociedade que aplicou isso, SE, mas a evolução, que fique claro! Se fatores essenciais tiverem se perdido, estavam lá no início. Se com o primeiro não funcionar, com muitas tentativas funcionará evolutivamente. Seja o caso de se sacrificarem inúmeros bebês, como o é o processo evolutivo e se faça o experimento, sem enrolações, sem conversa fiada.
infelizmente, o sujeito não manifestaria consciência.
Até agora, o que vejo é que isso é só porque você quer, conduzido por sua definição arbitrária de consciência, que fica evidente, a seguir.
Isolado, um sujeito não aprende a andar, a comer e a decidir o que comer, ou seja, ela não passaria a existir como sujeito "humanizado".
Que montanha! E, *supondo*, para te ajudar no seu próprio desvio da realidade (se é que fazer isso por alguém é ajudar), que um humano não desenvolva nada disso naturalmente, essas aptidões seriam atributos de consciência??? Espero que não esteja tentando apelar mesmo para uma suposta impossibilidade física de sobreviência para eliminar a possibilidade do indivíduo chegar a manifestar processo consciente isolado de qualquer sociabilização.
Aprender a *decidir* o que comer... Essa foi ótima! Suponho que os instintos básicos o homem já perdeu todos, na sua concepção arbitrária. Apelação é bom pra caramba à beça! Fala a verdade. Você acredita que algum deus criou o homem prontinho do jeito que é para viver em conjunto com outros e de nenhuma outra forma, não é isso? O que você está dizendo aqui é que a sociedade humana é irredutível. Indo adiante, passará por todas aquelas besteiras de que existem princípios morais "verdadeiros", "universais", etc.
Espero que consciente não seja sinônimo de "sujeito humanizado" nessa falaciosidade toda produzida por sua ilusória arbitração do que gostaria que a realidade fosse. Eu ficaria imensamente revoltado em chegar aqui para um absurdo como esse.
O fato de termos estruturas inatas no cérebro, que permitam que façamos todas essas tarefas, não garante que essas estruturas se manifestarão ou entrarão em funcionamento quando forem necessárias caso não sejam estimuladas.
Não garantem ou você está garantindo que não funcionarão? Aliás, por que tais estruturas estão lá? Apelando para a irredutibilidade de novo? Não obstante, o que isso tem de relação com consciência?
É preciso a sociedade para que esses estímulos ativem as funções. É preciso aprendizagem. A máquina é nada caso não se aprenda a usá-la.
Não "se aprenda a usá-la"... quem??? Tem "alguém" na máquina para aprender a usá-la antes da divina sociedade insuflar... "alguém" nela? Um aluno inconsciente na máquina para a transcendente mãe sociedade ensinar a ser consciente? Cara, você dá nó em si mesmo...
Façamos o seguinte: primeiro correlacione tais "funções" a consciência. Depois, se conseguir, mostre as evidências de que alguma sociedade é preciso para isso. Estou te poupando de esclarecer quem criou a tal sociedade para "estimular" as "funções" preparadinhas nas máquinas só para a sociedade "estimular", porque esse negócio de apelação a irredutibilidades é irritante.
Situações como a do Tarzan não são possíveis. Um sujeito criado por macacos que ao encontro com outros humanos interage com eles, como se não houvesse nenhuma diferença no desenvolvimento, não é biologicamente possível. Um sujeito que fosse criado num ambiente selvagem ou isolado, não desenvolve determinadas áreas do cérebro que são desenvolvidas, como ocorre quando este se encontra num ambiente junto a outros humanos. Como a área da linguagem. A linguagem não é inata. Inata é a região do cérebro que permite o uso da linguagem, mas se essa região não for estimulada, não serve pra muita coisa.
Por amor do santo Proteus todo poderoso, tire a estória do Tarzan dessa história!
Ficou engraçado você falar "não é biologicamente possível". E o que seria? Pelo que você diz, nada é biologicamente possível, só socio-historicamente. Não era necessário reiterar isso justo aqui na ficção do homem-macaco comportamental.
Agora, como eu já disse, se você está confundindo consciência com comunicabilidade social *humana* (porque macacos, por exemplo, têm comunicabilidade social, *e consciência*, apenas não de nível humano) está com seríssimos problemas conceituais. Antes, você veio com percepção da realidade. Eu perguntei se aracnídeos, insetos, répteis, mamíferos não humanos... e até certas máquinas já construídas pelo homem não percebem realidade física, na sua lamentável concepção. Mas, como você quer chamar distorção da realidade de percepção da realidade, coisa que, aparentemente, só humanos chegam a implementar linguisticamente -- o homem é o único animal que filosofa, pelo que consta -- escapou para essa de "humanização", "comunicabilidade social humana". Se organize!
Os casos existentes mostram que esses sujeitos vivem com dificuldades tanto de relacionamento (não só relacionamento interpessoal, mas com o próprio mundo) quanto de expressão.
Que milagre! E existem casos existentes?! Nããão! Não acredito! Você disse que é impossível!
E viver com dificuldades de relacionamento interpessoal (e intrapessoal, não entra na conta?), com o mundo e de expressão seria, por (sua) definição, não ser/estar consciente? Porque estar consciente é... viver em sociedade?! E bem integrado?! Todas as pessoas desajustadas são inconscientes?! Ah, por que não disse logo desde o início que você determinou isso e assunto encerrado?!
E caso, você imagine uma situação em que esses estímulos fossem providos, de forma artificial, à criança isolada.
Através de toda a condução tendenciosa que você forçou pelo seu caminho, não preciso imaginar nada. Nada disso tem relação alguma com consciência. Basta manter a máquina funcionando basalmente (não confundir com metabolismo basal o que quero dizer).
Você estabelece uma relação social artificial ou substituta da sociedade. Mas, mesmo isso não humanizaria o sujeito, porque ela não entraria em contato com as subjetividades dos outros sujeitos.
Finalmente, você confessa com todas as letras que acredita na transcendência da subjetividade dos sujeitos. Ufa! Tava demorando! Então, é impossível, artificialmente, reproduzir subjetividades do tipo? Não se pode criar almas artificialmente, é isso? Só deus?
Mas o negócio de "humanizar" é que está incomodando... Por que você fica falando disso? Eu quero saber é de consciência, não de "conscientizar". Bom, talvez seja seu meio de chegar até lá... Vamos ver.
Vou fazer disso aqui um encerramento de bloco, lembrando do senguinte:
O forista Buckaroo Banzai me veio com o mesmo tipo de "argumentação": "não é, por que é o que está nos compêndios de filosofia; não é porque, por definição, não é..." As "evidências" são os decretos de pensadores (não científicos), a soma das especulações.
Você apela cercando por todos os lados. Deve ser um falsificacionista beato carola de carteirinha. O experimento é totalmente inviabilizado por você a priori porque já estabeleu a (sua) "realidade" no início. O Banzai sentenciou que uma tal filosoficamente postulada entidade "zumbi filosófico" era indistinguível de um humano real mas não era, por definição, um humano. Se uma máquina perfeitamente replicante de comportamento humano for construída, isso não prova nada porque é só dizer que ela não é uma replicante ou, se for, não é comportamentalmente humana porque... determina-se isso e pronto! E a pobre que vá reivindicar seus direitos de igualdade na justiça! Você faz exatamente a mesma coisa.