Fabrício,
Já existem pessoas superiores, já existem pessoas com QI 130, 140, 150, 160, e até 200, e quando estas pessoas trabalham como cientistas elas conseguem resolver problemas que uma pessoa comum com QI ~100 não conseguiria resolver.
Você está fazendo duas suposições comums: (a) de que inteligência é algo que pode ser medido e (b) que o teste de QI fornece essa medida. Saiba que essas suposições são muito questionadas. Mas vamos supor que isso seja verdade:
Eu lanço a hipótese de que com mais pessoas de inteligência excepcional, aumentariam as chances do homem conseguir resolver problemas científicos de grande complexidade, penso que está é uma hipótese bem razoável.
Você também está implicitamente supondo outras coisas: que as pessoas mais inteligentes vão querer resolver mais problemas científicos (porque não supor que elas vão querer encontrar formas mais eficazes de assaltar bancos? Porque não vão querer se tornar campeões de Star Craft? Porque não desejarão se tornar enólogos?)
Você também está supondo que a qualidade-chave para o sucesso na carreira científica seja a inteligência. Certamente ela é um fator importante (embora eu já tenha conhecido um ou outro cientista que... deixa pra lá
). Porém, pela minha experiência, os fatores cruciais são a criatividade e a perseverança. Tenho para mim que tanto uma qualidade quanto a outra, embora possam ter alguma componente genética ou congênita, são em boa parte habilidades que podem ser adquiridas. Quer dizer, penso que tanto a criatividade quanto a persistência sejam "ensináveis". Costumo dizer aos meus alunos que nas histórias de Arthur Conan Doyle, o próprio Sherlock Holmes considerava seu irmão Mycroft, intelectualmente seu superior. No entanto, Mycroft preferia passar seus dias lendo jornais e fumando charutos. Ser inteligente, por si só, não quer dizer muita coisa (continuo) - nosso campus está cheio de pessoas inteligentes, mas a grande maioria nunca vai produzir nada de relevante.
Quanto a soar estranho aplicar a seleção de espécies à cruzamentos do Homo sapiens, eu concordo que pessoas com pensamento mais conservador realmente acharão estranho (principalmente pessoas religiosas) . Mas pessoas que se disponham a analisar a questão com o máximo de racionalidade e com o mínimo de preconceito, certamente enxergarão os benefícios que poderíamos ter com adequados programas de eugenia ( que eu chamo de eugenia positiva) .
O problema da eugenia é, e sempre foi, saber que características são realmente desejáveis. E dentre essas, quais realmente são hereditárias. Na minha opinião, isso é algo tão sujeito a preconceitos e ilusões que se torna impraticável. Por exemplo (e reconheço que se trata um exagero), já ouvi dizer que artistas brilhantes costumam ter muita auto-confiança (necessária para não se deixar abater pela opinião da crítica no começo de sua carreira). Então, deveríamos criar uma raça de babacas arrogantes para produzir grandes artistas?
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*Na verdade, isso lembra um pouco a trama do filme "Os meninos do Brasil", onde Josef Mengele havia clonado Hitler e tentava recriar as condições da infância do Fuhrer para esses clones.