Autor Tópico: Paleodieta  (Lida 15715 vezes)

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Offline Eremita

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Re:Paleodieta
« Resposta #125 Online: 23 de Julho de 2017, 07:58:37 »
A coisa toda se embasa numa falácia de apelo à natureza: "a gente comia assim quando éramos selvagens, então devemos comer assim e pronto". A verdade é que, potencialmente, somos piores do que ratos, comemos de tudo e somos bem adaptados a isso.

O problema não é *o que* comemos, mas sim *quanto*. Ironicamente comemos mal por questões naturais, nossos instintos alimentares fazem-nos procurar alimentos altamente calóricos e evitar desperdiçar energia para não morrermos de fome.

Inclusive. "Mimimi comida processada isso, comida processada aquilo"... os problemas principais da comida processada são não ter tanto controle sobre o que você ingere e algumas técnicas de processamento, mas de resto não é pior ou melhor que comida feita em casa.
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Offline Lorentz

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Re:Paleodieta
« Resposta #126 Online: 23 de Julho de 2017, 11:15:39 »
A coisa toda se embasa numa falácia de apelo à natureza: "a gente comia assim quando éramos selvagens, então devemos comer assim e pronto".

Considerar a teoria da evolução não é apelo à natureza. Se nosso organismo evoluiu e se adaptou para uma alimentação específica, nada mais correto que tentar seguí-la.

O problema não é *o que* comemos, mas sim *quanto*.

A proporção do que comemos também é um fator evolutivo.

Inclusive. "Mimimi comida processada isso, comida processada aquilo"... os problemas principais da comida processada são não ter tanto controle sobre o que você ingere e algumas técnicas de processamento, mas de resto não é pior ou melhor que comida feita em casa.

Tirando os defeitos, só sobram qualidades.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Eremita

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Re:Paleodieta
« Resposta #127 Online: 23 de Julho de 2017, 14:47:12 »
Considerar a teoria da evolução não é apelo à natureza. Se nosso organismo evoluiu e se adaptou para uma alimentação específica, nada mais correto que tentar seguí-la.
Considerar a evolução não é falácia. Mas não é isso que fazem, e sim assumem que uma dieta composta apenas pelo que comíamos numa época vá ser necessariamente melhor. Um exemplo está nas restrições impostas - poxa, de lá para cá a maior parte da humanidade evoluiu para adquirir tolerância à lactose, leite em si não é pior ou melhor do que carne. E podemos não ser pássaros, mas a razão pela qual não se comia grãos é apenas porque são difíceis de processar.

Citar
A proporção do que comemos também é um fator evolutivo.
Mais ou menos. Por razões evolutivas procuramos muito mais carboidratos rápidos e gorduras do que precisamos... daí o motivo de coisas açucaradas e frituras serem tão gostosas.

Citar
Tirando os defeitos, só sobram qualidades.
Tirando os defeitos que existem. De resto, o povo exagera. "Essa vitamina C é industrial, portanto é pior do que a vitamina C da rosa rugosa!" e coisas do tipo.
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Offline EuSouOqueSou

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Re:Paleodieta
« Resposta #128 Online: 04 de Agosto de 2017, 17:29:03 »
Outro dia perguntei o que é afinal glúten. Parece essas perguntas que crianças fazem pra gente, mas ninguem soube me responder. E menos ainda qual a relação disso com obesidade. Achei esse texto bem esclarecedor para leigos.

http://www.menshealth.com/weight-loss/gluten-free-weight-loss

Citar
What is gluten, anyway? How does it affect the body?
Gluten is a protein found in wheat, barley, and rye, as well as in many common food additives. It's what gives dough its elasticity and baked goods their satisfying chewiness.
...

Should I avoid eating gluten even if I don't have problems with it?
Gluten is also shunned by another group: People who simply think gluten encourages weight gain and who claim to feel more energetic when they don't consume it.
...

But this is anecdotal evidence; mainstream research still hasn't substantiated the claims of those who believe gluten is bad for everyone. "There is no strong scientific evidence to support the assertion that avoiding gluten leads to benefits for the general population,"
...

Still, cutting out gluten can lead to weight loss—but not for the reason gluten-free advocates think. A strict gluten-free diet forces you to stay away from some refined carbohydrates that can lead to weight gain, Field explains. And that, she says, is where the weight-loss secret lies.

Gluten is found in many of the familiar weight-gain culprits: pizza, beer, burgers, pancakes. "Gluten itself probably isn't the reason you've packed on pounds," says Field.

"Eating too many refined carbohydrates is what expands your waistline." Commit to staying gluten-free and your food choices can become a snapshot of healthy eating—fruits, vegetables, brown rice, seeds and nuts, along with meat, fish, eggs, and milk products.

Avoiding gluten also means you're likely to adopt other whole grains and flours that lack gluten, such as buckwheat, quinoa, millet, teff, sorghum, and wild rice (which is not related to white rice). These aren't necessarily healthier options than gluten-rich wheat, barley, or rye, but consuming a wider range of grains gives you even more nutritional variety in your diet. (See "The New Power Grains," on the next page.) That's another good thing.

Ou seja, vc emgrece nao porque deixou de consumir gluten, mas pq deixou de consumir muitos alimentos ricos em carboidratos. Vc restringe a sua dieta pq o gluten esta presente na grande maioria dos alimentos ricos em carboidratos, logo vc emagrece. Acho que foi por aqui que vi algo relacionado a isso, a dieta low carb.

Enfim, essa coisa toda de gluten free é apenas mais um produto da industria do marketing, é preciso vender uma ideia e nada melhor que resumir tudo em um nome facil de lembrar: gluten, iPhone, calistenia, lean whatever, coaching, queratina, etc.

É o cancer do chamado "valor agregado"
« Última modificação: 04 de Agosto de 2017, 17:41:16 por EuSouOqueSou »
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Paleodieta
« Resposta #129 Online: 04 de Agosto de 2017, 18:42:55 »
Nem "rico em carboidrato" deve ter muita relevância, é capaz de ser mais uma redução calórica incidental geral, não associada ao gluten em si. Parece que mesmo essas dietas de redução de carboidrato não tem efeito diferente de redução calórica apenas, em perda de peso.

<a href="https://www.youtube.com/v/hdY-NJq6zVQ" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/hdY-NJq6zVQ</a>

Offline Spencer

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Re:Paleodieta
« Resposta #130 Online: 11 de Agosto de 2017, 11:37:25 »
No meu tempo de faculdade, vida sedentária, engordei um tanto. Como jovem bonito e vaidoso me entreguei aos regimes e li tudo o que havia. A dieta do baixo carboidrato deu o melhor resultado, mas, tinha o efeito colateral de baixar minha disposição. Nesta dieta a caloria não importa, alimentos gordos não interferem no resultado, mas não pode prolongar-se pelos danos à saúde.
Observei que pessoas já gordas, gostam de alimentos gordos, não o contrário. Não engordam por isso; digamos, comem porque são gordos.
A mesma história do pré-diabético... adora doces e carboidratos em geral.
Que sina, essa! Para se manter a forma, sem academias, há que fazer sacrifícios...

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Paleodieta
« Resposta #131 Online: 11 de Agosto de 2017, 12:06:29 »
Academia é considerado perto de irrelevante, meio que quase um mito, em matéria de perda de peso. O efeito mais significativo não é a energia consumida, que exige atividades a nível de competidor olímpico para ser significativa, mas o efeito de redução da fome. A ingestão de calorias é sempre o primordial.

As novas versões da dieta Atkins, de redução de carboidratos, foram gradativamente incorporando aceitação de maiores doses de carboidratos.

Offline Spencer

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Re:Paleodieta
« Resposta #132 Online: 11 de Agosto de 2017, 18:01:35 »
Sim, academias efetivamente muito pouco contribuem mas têm forte componente psico-motivacional.

Offline -Huxley-

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Re:Paleodieta
« Resposta #133 Online: 14 de Agosto de 2017, 21:16:41 »
Academia é considerado perto de irrelevante, meio que quase um mito, em matéria de perda de peso. O efeito mais significativo não é a energia consumida, que exige atividades a nível de competidor olímpico para ser significativa, mas o efeito de redução da fome. A ingestão de calorias é sempre o primordial.


Perto de irrelevante? Fazer HIIT na academia não tem apenas o efeito do gasto calórico durante o exercício:

Citar

A maioria das pesquisas sobre redução de gordura está relacionada a exercícios prolongados e cíclicos. Esses tipos de treino necessitam de uma duração muito grande e levam à perda de peso insignificante (Shawn et al., 2006). Já os exercícios de HIIT ajudam na perda de peso (...)

Trapp et al. (2008) demonstraram dados muito interessantes. Eles observaram 34 mulheres saudáveis, com idade entre 18 e 30 anos, inativas, sendo 12 da China, 18 da Europa, 3 do Sudeste Asiático e 1 da África. O grupo que praticou HIIT teve uma redução da gordura subcutânea de 2,5 kg e 10% de redução da gordura abdominal, uma melhora de 24% no VO2 máx e um aumento de 33% na sensibilidade à insulina. Outro trabalho com resultados interessantes no emagrecimento é o trabalho de Alkahtani et al. 2014, no qual evidenciou-se que o treino intervalado proporcionou uma tendência de redução no apetite. (...)

Trembley, Simoneau e Bouchard (1994) relatam os efeitos dos exercícios físicos de alta intensidade, como a redução subcutânea, a adiposidade e o aumento do gasto de energia de 5% a 15% no período de 24 a 48 horas.

Fonte: HIIT: fitness & wellness de Luís Cláudio Bossi, ver capítulo 2. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=YZcUDgAAQBAJ&pg=PT17&lpg=PT17&dq=hiit+diminui+o+apetite&source=bl&ots=Ro05SJR3jP&sig=G3oI8b3RsC_JOtPrGfPcEq1S_Fw&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi2pajs3NXVAhWFPpAKHUIvAIM4ChDoAQhVMAg#v=onepage&q=hiit%20diminui%20o%20apetite&f=false

Ainda sobre o estudo de Trapp et al. (2008):

Citar

(...)

GRUPO CONTROLE: Sem treino durante as 15 semanas

GRUPO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE: 20 minutos pedalando (8” em vel. Max com 12” de pausa em baixa intensidade);

GRUPO CONTÍNUO/ STEADY STATE: 40 minutos pedalando a 60% do VO2MÁX.


Os resultados podem ser vistos na figura abaixo



INFORMAÇÕES RETIRADAS DOS ARTIGOS

E. G. Trapp, D. J. Chisholm, J. Freund, and S. H. Boutcher,“The effects of high-intensity intermittent exercise training on fat loss and fasting insulin levels of young women,” International Journal of Obesity, vol. 32, no. 4, pp. 684–691, 2008.

Fonte: http://www.alexandrelevangelista.com.br/2011/07/27/exercicio-intervalado-de-alta-intensidade-e-diminuicao-da-gordura-corporal/#prettyPhoto



« Última modificação: 15 de Agosto de 2017, 09:58:16 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Paleodieta
« Resposta #134 Online: 14 de Agosto de 2017, 22:21:51 »
Não quis sugerir que exercício não serve para nada, inclusive mencionei a redução de apetite. O ideal é quanto menos ociosidade, melhor, com algumas sessões aqui e ali mais intensas.

Tem gente que acha que fazer jogging leve está consumindo mais calorias do que um copo gigante de milk-shake/coca-cola com triplo açúcar que está tomando ao mesmo tempo, quando na verdade é mais como exercício intenso por um longo período ser só algo como uma xícara de café nem muito adoçada.

Offline Eremita

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Re:Paleodieta
« Resposta #135 Online: 19 de Agosto de 2017, 21:03:08 »
Nem "rico em carboidrato" deve ter muita relevância, é capaz de ser mais uma redução calórica incidental geral, não associada ao gluten em si. Parece que mesmo essas dietas de redução de carboidrato não tem efeito diferente de redução calórica apenas, em perda de peso.
Há um porém: se você reduz muito os carboidratos, o corpo entra em cetogênese que não é muito eficiente, torrando parte da energia dos aminoácidos e ácidos graxos que consome. Isso ajuda em dietas como a do Atkins, e deve ser o motivo pela perda maior de peso depois de 6m no vídeo que você postou. Então não é a redução calórica, embora ela tenha [obviamente] impacto.

Entretanto, acho que depois de um tempo o corpo se acostuma, e já "redireciona" os carboidratos para as funções que precisam deles, então a eficiência de dietas de baixo consumo de carboidrato reduzirá com o tempo.
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Offline -Huxley-

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Re:Paleodieta
« Resposta #136 Online: 19 de Agosto de 2017, 23:55:37 »
Sobre a teoria da justificação da Paleodieta, o médico Tim Spector já falou em O Mito das Dietas:

Citar
Na minha opinião, a principal deficiência da teoria é não considerar os últimos estudos genéticos ou evolucionários e tratar os seres humanos como autômatos rígidos e imutáveis. Além disso, ela se esquece dos trilhões de micróbios que levamos conosco, que vêm se adaptando e evoluindo. E, de qualquer forma, podemos ter certeza do que os nossos ancestrais realmente comiam?

Tim Spector menciona que a evidência mostra que 100 gerações já são suficientes para a seleção natural mudar a história de vida alimentar da população humana em nível de organismo humano, e quanto aos micróbios que levamos conosco, nem se fala. Tudo isso mostra que o nosso corpo teve tempo para evoluir ou se adaptar a muitos alimentos típicos de dietas do período pós-revolução agropecuária (leite e laticínios, grãos, legumes ricos em amido, etc.)
   
O livro Dieta Sem Dogmas de Matt Fitzgerald mostra que, num passado distante do Pleistoceno, os hominídios foram consumidores abundantes de grãos, comida demonizada na Paleodieta. Segundo Fitzgerald, relacionado a isso, talvez esteja um estudo que mostrou que nativos africanos que mudaram para uma dieta em vegetais ricos em amido apresentaram surpreendente plasticidade fenotípica na amilase salivar.   

A desonrosa revista Superinteressante recentemente mostrou que um pesquisador da Universidade de Sydney mencionou que o fogo tinha um papel em tornar as sementes e as raízes bem mais comestíveis no Paleolítico, o que desmente a tese que é certeza que nossos ancestrais do Paleolítico não comiam um monte de carboidratos.

A Paleodieta não é a "dieta do argumento evolutivo", ela é a "dieta do ancestral".
« Última modificação: 20 de Agosto de 2017, 11:00:40 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Paleodieta
« Resposta #137 Online: 20 de Agosto de 2017, 11:55:57 »
Nem "rico em carboidrato" deve ter muita relevância, é capaz de ser mais uma redução calórica incidental geral, não associada ao gluten em si. Parece que mesmo essas dietas de redução de carboidrato não tem efeito diferente de redução calórica apenas, em perda de peso.
Há um porém: se você reduz muito os carboidratos, o corpo entra em cetogênese que não é muito eficiente, torrando parte da energia dos aminoácidos e ácidos graxos que consome. Isso ajuda em dietas como a do Atkins, e deve ser o motivo pela perda maior de peso depois de 6m no vídeo que você postou.

Pelo que entendi, a explicação acima seria equivalente a:

"Converter a energia essencial da proteína e da gordura é muito menos eficaz do que fazer isso com carboidratos: o corpo precisa usar mais calorias para fazer a mesma tarefa."

A insuficiência dessa explicação fica visível ao observarmos que dietas semelhantes as de Atkins não levam apenas a perda de peso, mas também a perda de gordura que deixa a composição corporal melhor. Restrição de calorias não evita a adiposidade excessiva. A questão do particionamento dos macronutrientes envolve explicação endócrina, tal como no modelo insulina-carboidrato (nele, a quantidade e a qualidade do carboidrato afetam a carga glicêmica):

Citar
*O corpo luta contra a restrição calórica, com apetite aumentado e taxa metabólica mais baixa —  adaptações metabólicas que fazem a perda de peso progressivamente mais difícil ao longo do tempo

*Disfunção metabólica envolvendo células de gordura pode ser definitivamente demonstrada como precedendo a sobre-alimentação, ao menos em alguns modelos de obesidade

*A hiperinsulinemia primária promove o armazenamento de calorias no tecido adiposo, reduz a concentração de calorias na corrente sanguínea, dispara a sobre-alimentação e causa ganho de peso. Em estado de hiperinsulinemia, a restrição de alimentos pode diminuir a taxa de ganho de peso, mas não evita a adiposidade excessiva

*Carboidratos altamente processados causam mais secreção de insulina, caloria por caloria, do que qualquer outro alimento, e estão consistentemente associados com o maior ganho de peso nos melhores estudos de coorte [Mozaffarian].

*Os estudos de maior qualidade sobre perda de peso —  com medidas para garantir a diferenciação entre os grupos tratados —  mostra vantagens claras de uma dieta de carga glicêmica reduzida comparada a dietas low-fat

*Reduzir a carga glicêmica parece atenuar as adaptações biológicas que antagonizam a perda de peso, incluindo redução do gasto energético [Pereira, Ebbeling].

Fonte: http://www.lowcarb-paleo.com.br/2016/01/


E eu já argumentei que esses estudos de meta-análise que concluem que "o que importa é seguir uma dieta, qualquer dieta" analisam estudos com falhas graves:

O estudo de Holt et al sobre saciedade citado pelo blog Ciência da Nutrição já tinha rebatido por David Ludwig no artigo dele mostrado no meu post de 21 de maio:

Citar
Esse é um dos tópicos mais interessantes, porque normalmente é um dos mais exaltados quando o assunto é índice glicêmico. Ao serem avaliadas, fome e saciedade podem ser estudados de duas formas: aguda e crônica.

O efeito agudo se refere à influência que as dietas têm no curto prazo. Nesse caso, quando falamos apenas em dietas de baixo IG (não necessariamente considerando o impacto real sobre a CG), a literatura científica sugere de forma consistente que essas dietas não promovem maior saciedade ou maior redução na fome. Além do mais, nesse ano de 2016 foi publicada uma meta-análise, incluindo 11 ensaios clínicos randomizados, que verificou que refeições (café da manhã) com baixo ou alto IG possuem o mesmo efeito sobre a fome e a saciedade, não havendo diferenças no consumo energético das refeições subsequentes ao longo do dia.

Mesmo assim, ainda temos alguns trabalhos científicos mostrando justamente o contrário do que normalmente é falado: refeições e alimentos com maior IG podem levar a uma maior sensação de saciedade. Em um estudo de 2014 realizado no Reino Unido, os homens que participaram da pesquisa relataram uma menor sensação subjetiva de fome logo após o café da manhã (refeição realizada no laboratório) e também ao longo do resto do dia (refeições realizadas em casa, mas com alimentos providenciados pelos pesquisadores). De forma semelhante, em um estudo de 2002, o consumo de batata inglesa — um alimento conhecido pelo seu elevado IG — levou a uma maior sensação de saciedade do que a ingestão de cevada (com menor IG) em pessoas idosas.

Além disso, em um estudo clássico de 1995 que desenvolveu o conceito de índice de saciedade dos alimentos, Holt e colaboradores verificaram que a batata inglesa cozida, apesar do seu alto IG, foi o alimento com maior capacidade de induzir saciedade entre todos as amostras testadas. E esse resultado é bastante interessante porque a batata foi superior não apenas a outros alimentos ricos em carboidratos que possuem menor IG, mas também em relação àqueles tradicionalmente classificados com maior capacidade de induzir saciedade (ricos em proteínas), tais como carne bovina e peixe — e que possuem IG = 0, já que essencialmente não possuem carboidratos em suas composições.

Citar
8. Comidas que levam a maiores níveis sanguíneos de glicose e insulina não resultam em maior fome subsequente. O estudo mais aprofundado examinou 38 comidas comuns e não descobriu relacionamento entre o índice glicêmico e a fome subsequente, e um relacionamento inverso entre níveis de insulina e fome (ou seja, comidas que causavam a maior liberação de insulina tendiam a ser mais saciantes ; 17).

Os problemas metabólicos que se seguem a uma dieta de alta carga glicêmica ocorrem várias horas após comer. A revisão citada por Guyenet, de 20 anos atrás, examinou respostas glicêmicas e insulinêmicas 2 horas depois da refeição. Conforme extensivamente revisado [Ludwig], os problemas metabólicos com comidas de alta carga glicêmica emergem tarde no período pós-prandial (cerca de 3 a 5 horas depois), quando a disponibilidade de combustíveis metabólicos é reduzida [Ludwig, Walsh,Ludwig, Roberts]. Análises que falham em distinguir entre efeitos rápidos (quando a glicemia aumenta) e efeitos tardios (quando os combustíveis metabólicos decrescem) serão desinformativos.

É comum que se diga que as dietas de baixo IG/CG não funcionem, porém...

Citar

Em pessoas aparentemente saudáveis, ou sem problemas de saúde claramente manifestos, a literatura sugere consistentemente que, no médio e longo prazo, a adoção dessas dietas parece não exercer efeito benéfico nos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) — um dos melhores marcadores de controle glicêmico que temos na prática.

Em primeiro lugar, "o que a literatura sugere consistemente" tem pouca importância, pois a maioria dos estudos estariam no caminho errado em termos de controle. Ludwig afirma que, diferentemente das pesquisas farmacológicas, as pesquisas de dieta de perda de peso são subfinanciadas - raramente recebem mais que algumas centenas de milhares de dólares. Isso ocorre em detrimento da qualidade (Retirado do livro Emagreça Sem Fome):

Citar
Em geral, as intervenções implicam apenas uma orientação do que comer, mas sem qualquer ajuda real na compra dos alimentos ou no preparo das refeições. Com esse apoio limitado, a maioria dos participantes em estudo de dieta não muda muito de comportamento de comparação (por exemplo, pessoas as quais foi atribuída uma dieta de baixo teor de gordura versus uma dieta de baixo teor de carboidratos) acabam não comendo muito diferente um dos outros. Não surpreende que esses estudos produzam tão pouca perda de peso em ambos os grupos.

Felizmente, segundo ele, alguns estudos foram bem conduzidos, ele deu exemplos no artigo que postei tempos atrás: http://www.lowcarb-paleo.com.br/2016/01/
« Última modificação: 20 de Agosto de 2017, 16:57:25 por -Huxley- »

Offline Eremita

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Re:Paleodieta
« Resposta #138 Online: 04 de Setembro de 2017, 21:56:16 »
Pelo que entendi, a explicação acima seria equivalente a:

"Converter a energia essencial da proteína e da gordura é muito menos eficaz do que fazer isso com carboidratos: o corpo precisa usar mais calorias para fazer a mesma tarefa."
É mais complicado... eu quis dizer que a falta de carboidratos faz o corpo desperdiçar parte da energia das proteínas e dos ácidos graxos.

Afinal de contas, não há ácido oxaloacético para o ciclo do ácido cítrico (usa-se uma via metabólica alternativa e menos eficiente) e a cetogênese é tudo, menos eficiente (o ácido acetoacético no fim das contas é só um jeito do corpo permitir ao cérebro e outros órgãos "chatos" que recebam a energia; mas a cada cetona que este produz, perde-se no mínimo um acetil-CoA, talvez dois).

Concordo que a explicação seja insuficiente, e a coisa seja bem mais complexa. Mas já dá um motivo pelo qual as dietas low-carb (ou ao menos as *no-carb*) funcionariam a curto prazo melhor (de forma aguda) que as outras.
Latebra optima insania est.

Offline Spencer

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Re:Paleodieta
« Resposta #139 Online: 12 de Outubro de 2017, 08:09:57 »
Amigos,  é assunto grave:
Morte súbita e AVE, ocorrem entre pessoas jovens, nas academias e mesmo mais velhas, claro, que sequer supunham tal possibilidade.

O Arsenal de fármacos contra as cardiopatias é grande e variado mas recentemente voltou à tona um elemento que era fundamental, no passado, e a Indústria Farmacêutica com muito garbo anda distraída, sobre.
Se alguém chegasse a um CTI, com arritmia grave, parada cardíaca, aplicava-se uma solução de Magnésio na veia. Era o suficiente.

Muitos autores e mais recentemente – Ana María La Justicia, formada em Ciências Químicas pela Universidade Complutense de Madrid, publicou recentemente um livro sobre a necessidade do consumo de substâncias e alimentos ricos em magnésio: ‘O magnésio no esporte’.

Na publicação, ela explica que “este mineral é imprescindível para o relaxamento muscular, a obtenção de energia no ciclo de Krebs (liberação de energia, ao nível celular, de forma gradual, em organismos aeróbicos) para a formação e reparação dos tecidos”. Inclusive, assegura que “muitas pessoas que fazem exercício físico prolongado sabem que a falta de potássio no músculo provoca câimbras, porém, quase ninguém explicou que a falta de magnésio também causa o mesmo efeito”.
O mais perigoso tem relação com a temida morte súbita e os acidentes vasculares cerebrais, mais habituais nas corridas, ultimamente, do que nós gostaríamos.

Entre os alimentos que possuem o magnésio estão as frutas como uva, banana e abacate; grãos e derivados como a granola, gérmen de trigo e aveia; sementes e nozes como gergelim, amendoim, girassol castanha e amendoim, além de leite, soja, grão de bico, pão, peixes, batata, beterraba, couve e espinafre.
Para suprir as necessidades do organismo, os médicos indicam consumir cerca de 400mg de magnésio por dia. A cada 100g dos alimentos citados acima você terá aproximadamente 30g do mineral.

Alimentos                  Peso   Magnésio   
Sementes de abóbora   57 g   303 mg   
Amêndoas   78 g   238 mg   
Avelã   68 g   192 mg   
Castanha-do-pará   70 g   166 mg   
Amendoim   72 g   125 mg   
Sementes de girassol   68 g   82 mg   
Alcachofra   120 g   72 mg   
Espinafre   100 g   64 mg   
Aveia cozida   234 g   56 mg   
Beterraba fresca cozida   72 g   
Gérmen de trigo   14 g   45 mg   
Iogurte   245 g   43 mg   
Arroz integral   98 g   42 mg   
Abacate   100 g   39 mg   
Ameixa   85 g   38 mg     
Banana   118 g   34 mg   
Leite desnatado   245 g   28 mg   
Suco de laranja   242 g   27 mg
   
Um adulto saudável necessita de uma quantidade entre 310 mg a 420 mg de magnésio por dia para manter uma vida saudável e um bom funcionamento cerebral.

Mas o melhor, para os que não têm tempo para selecionar criteriosamente o que comem, no dia-a-dia, é que existes suplementos magnésicos comuns e baratos para, particularmente, a prevenção das cardiopatias.

« Última modificação: 12 de Outubro de 2017, 08:29:51 por Spencer »

Offline O Grande Capanga

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Re:Paleodieta
« Resposta #140 Online: 13 de Outubro de 2017, 12:03:16 »
Falando mais especificamente de dietas low carb, seguem algumas considerações:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1926001564338698&set=p.1926001564338698&type=3&theater

https://www.facebook.com/eduardo.haluch.5/posts/1949123045359883

O Dudu é um cara que admiro pelo conhecimento. Apesar de ser estudante de nutrição, tem um conhecimento de fisiologia, bioquímica, nutrição etc. muito profundo. Dentro do fisiculturismo brasileiro, ele é referência.

Offline -Huxley-

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Re:Paleodieta
« Resposta #141 Online: 20 de Outubro de 2017, 22:04:47 »
Falando mais especificamente de dietas low carb, seguem algumas considerações:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1926001564338698&set=p.1926001564338698&type=3&theater

https://www.facebook.com/eduardo.haluch.5/posts/1949123045359883

O Dudu é um cara que admiro pelo conhecimento. Apesar de ser estudante de nutrição, tem um conhecimento de fisiologia, bioquímica, nutrição etc. muito profundo. Dentro do fisiculturismo brasileiro, ele é referência.

1- Dieta cetogênica e dieta low carb são conceitos distintos. 130 g de carboidratos por dia ainda consegue ser considerada dieta low carb e cetose nutricional é completamente dispensável para a dieta low carb existir: http://www.lowcarb-paleo.com.br/2017/10/cetose.html 

2- As tais evidências que supostamente mostrariam que dieta low carb e dieta low fat tem mais ou menos o mesmo desempenho quanto ao peso no longo prazo são desmentidas quando o controle do comportamento alimentar das cobaias é uma variável tomada com extremo cuidado. (ver meu post de 20 de Agosto de 2017, 11:55:57)

3- Qualquer dieta que torne relativamente fácil o déficit calórico, mesmo que tenha alta quantidade de proteínas, tende a gerar risco de que a perda de massa gorda seja acompanhada de perda de massa magra, e isso não é válido não só para a dieta low carb. Todavia, existe evidência experimental de robusta preservação de massa muscular mesmo em dieta very low carb com déficit calórico. O artigo "Very-low-carbohydrate diets and preservation of muscle mass" de Anssi H. Manninen publicada no periódico Nutr Metab, por exemplo, trata disso.

4- É interessante esse debate sobre a necessidade de carboidratos para a hipertrofia. Todavia, eu fico curioso e apreensivo quando não mencionam qual é a quantidade de carboidratos que consideram indispensável, uma vez que haja alta quantidade de proteínas na dieta. Seria interessante saber porque não atletas focados em exercícios de baixo volume e intensidade alta (isto é, apenas suficiente para possibilitar a hipertrofia) e com dieta altamente proteica precisariam de alta porcentagem das calorias vindas dos carboidratos para ter crescimento muscular. Se mesmo restrição moderada de carboidratos prejudicaria a hipertrofia, restaria saber porque é tão comum homens jovens de sociedades de caçadores-coletores serem magros e musculosos. No livro Por Que Engordamos e o Que Fazer para Evitar, Gary Taubes mostra que, em pesquisa com dieta de 229 populações de caçadores-coletores, a composição das calorias diárias eram representadas por 22% a 40% de carboidratos (e 19% a 35% para proteínas). Só em 14% das populações, a maioria das calorias vinham de alimentos de origem vegetal.
« Última modificação: 21 de Outubro de 2017, 23:46:15 por -Huxley- »

 

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