eu gostaria muito de ver alguma empresa privada dar algum incentivo à cultura, saúde, educação, etc sem que tenha reembolso por isto,
Isso tudo pode ser feito por pessoas físicas que se julgam intelectuais que defendem prioritariamente os pobres. Acontece que lágrima de intelectual não enche barriga de pobre, assim como o vazio da barriga do pobre não estraga férias europeias (ou nordestinas) de intelectual.
Devido a isso, a caridade farsesca com o chapéu alheio é o que querem aqueles privilegiados membros da classe média e alta (o que inclui os marajás) que consomem nossos altíssimos impostos. Só que o Estado brasileiro taxa quase 40% da renda do cidadão comum, mas o Brasil tem IDH pior do que países como Peru e Equador, que têm carga tributária e PIB per capita (calculado pelo PPC) menores. Ser espoliado num valor próximo de 40% de sua riqueza para contribuir para algo que muitos estatólatras chamam de “filantropia estatal” é uma razão mais do que suficiente para deixar de contribuir à filantropia privada sem remorsos.
Ademais, se da natureza do regime capitalista emergem os vícios do egoísmo, é preciso uma vasta dose de religiosidade para acreditar que do Estado poderia emergir as virtudes da compaixão e do amor ao próximo, e não os vícios da corrupção e do autoritarismo. A figura do “Estado benfeitor” é um mito, e ele é um mito difundido especialmente pelos Edir Macedos da burocracia estatal. O Estado brasileiro é tão “bonzinho” que não isenta de taxas até as entidades filantrópicas privadas:
http://www.revistafilantropia.net.br/_0RF/materias.asp?Id_pagina=3173, esses sim se consideram deuses, opressores que só visam o lucro, como todo banco privado, que agora fazem alarde que estão baixando juros. É incrível os bancos estatais tem que fazer concorrência com os mesmos, o estado tem que ficar dando trela para que estes se envolvam no caldo da contribuição social, e ainda estes dizem que roubar o cliente faz parte do jogo capitalista, assinou não leu, o pau comeu.
O retorno dos bancos no Brasil não é muito distinto do que se observa no restante da economia, especialmente se levarmos em conta que a alavancagem bancária costuma ser maior nos termos do setor corporativo brasileiro. Recentemente, o economista Alexandre Schwartsman mostrou num artigo que o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central indica exatamente isso:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/07/numeros-1016.html Ou seja, nada muito diferente de que todos os “Não-Madres Teresas de Calcutá” ganhariam se fossem capitalistas. Não fosse o Custo Brasil no setor bancário, o Brasil poderia ter
spreads bancários muito mais próximos do que se vê num Chile ou num México (ver p. 13-15 e 33-38):
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Agenda%20Perdida.pdfE essa história de chamar de “roubo” uma transação voluntária é simplesmente tragicômico. Usa os serviços bancários do setor privado quem quer, cabendo aos estatólatras recorrer aos bancos estatais que supostamente cobram o preço que lhe convém. (É fácil ter juros mais baixos que o setor privado quando existem, para as estatais, custo mais baixo de captação - recursos do BNDES custam tipicamente menos do que um depósito a prazo - , reserva de mercado e/ou despreocupação relativa com o pagamento de dividendos ao Tesouro). No Brasil, vigora a “cultura do coitadinho”. Mesmo com o Estado dando a opção que convém à estatolatria, nem assim as pessoas que tomam as decisões que os estatistas julgam ruins podem ser totalmente responsabilizadas pelos seus atos.
Quem defende uma atitude destas e diz que os serviços privados são melhores que os públicos é porque realmente sabe da realidade que lhe convém.
Quem defende que o setor terciário privado, em média, é inferior ao setor terciário público só pode ser funcionário público ou político. Da mesma forma que ditadura só favorece ditadores e os seus carrapatos, um Estado lotado de empresas estatais só favorece políticos e funcionários públicos.