Mas e aí, na visão brasileira, o aborto uruguaio é errado ou certo?
Antes de levantar argumentos cientificos, vamos dar uma olhada na Constuição Federal Brasileira de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...
Alguém é a favor ou contra o aborto por aqui?
Johnny, sou a favor da legalização do aborto, até a fase na qual o sistema nervoso ainda não foi totalmente desenvolvido. Pensei hoje sobre o assunto, enquanto fazia uma lista de prós e contras:
//Contras 01 - Com a legalização, poderiam surgir ainda mais clínicas clandestinas e algumas delas com falsa documentação, poderiam se passar por clínicas legais. Teria que haver uma rigorosa fiscalização e todos sabemos das dificuldades disso no Brasil.
02 - Poderia haver ainda mais descaso com o controle de natalidade e um aumento drástico de abortos realizados.
03 - O estado, que já disponibiliza gratuitamente métodos anticoncepcionais, teria que destinar parte da verba do SUS para fazer abortos, ao invés de tratar da saúde das pessoas. (Cogito também a descriminalização, sem que o estado custeie os procedimentos, mas isso não melhoraria em nada a questão dos abortos feitos em clínicas clandestinas.)
//Prós01 - As pessoas que já fariam um aborto de qualquer forma poderiam fazer em uma clínica legalizada, com profissionais habilitados, evitando complicações que, além de causarem danos nas pacientes (algumas vezes fatais) não precisariam ser corrigidas pela saúde pública, que muitas vezes tem que fazer uma curetagem para concluir um procedimento mal realizado, além de tratar de possíveis lesões uterinas.
02 - Acredito que ninguém deseje ou fique feliz em fazer um aborto. As mulheres que recorrem a isso devem estar desesperadas. Por isso, acredito que quem decide fazer um aborto o faz mesmo sendo ilegal. Sendo assim, o número de abortos realizados não aumentaria. O que certamente aumentaria seriam os números oficiais.
03 - Penso que uma mãe que deseja abortar provavelmente não será uma boa mãe, pelo menos não nesse momento, sendo incapaz de proporcionar um ambiente sadio para o desenvolvimento pleno de seu filho.
04 - Pesquisando sobre a situação dos países que optaram pela legalização, parece haver um padrão comportamental: nos primeiros anos, um pico de procedimentos realizados e a existência de clínicas clandestinas. Mas a longo prazo as mesmas vão sendo extintas e o número de procedimentos realizados também cai.
05 - O gasto que a saúde pública já tem corrigindo abortos mal realizados poderia equivaler aos gastos com a realização do procedimento. Na maioria dos países em que o aborto é legalizado, a maioria dos procedimentos é feita com medicamentos, que possuem um custo e um risco menor do que uma intervenção cirúrgica.
Vídeo do Guttmacher Institute, instituto de pesquisa sobre sexualidade e reprodução humanas. http://www.youtube.com/v/YVJu61BKpkINa África do Sul, após a legalização em 1996, o número de abortos aumentou e a clandestinidade das clínicas persiste até hoje.http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/20968/legalizacao+do+aborto+na+africa+do+sul+nao+impede+clandestinidade+.shtmlDados sobre a legalização do aborto em Portugal, que ocorreu em 2007.http://www.litci.org/pt/option=com_content&view=article&id=2281Dados sobre o aborto na França, legalizado desde 1975. No início houve um aumento no número de abortos realizados, mas com o passar do tempo esse número diminuiu. As clínicas clandestinas existiram em número significativo até 1995 e foram totalmente extintas em 2003. http://www.doctissimo.fr/html/sante/mag_2000/mag1215/dossier/sa_3400_ivg_niv2.htmQuarenta anos depois de ter a primeira clínica de aborto, ainda existem protestos na Holanda. Detalhe interessante: a Holanda, sendo um dos primeiros países a optar pela legalização é hoje um dos países com o menor número de procedimentos realizados do mundo.http://archief.rnw.nl/portugues/article/40-anos-de-clinica-de-aborto-e-ainda-ha-protestosGuttmacher Institute, tem várias informações e dados sobre o tema. http://www.guttmacher.org/Não levei em conta a atual Constituição Brasileira para a formação da minha opinião.
Posso mudar de ideia, especialmente se surgir uma boa argumentação por aqui.
