Youssef vai ter um fim-de-semana bastante animado.
Doleiro vai entregar arquivos da corrupção
Estadão
03 outubro 2014 | 13:55
Alberto Youssef, que está depondo, reforça sua delação com documentos e registros pessoais; colaboração será ‘infinitamente mais robusta’ que a de Costa, avalia investigador
Por Fausto Macedo
O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, está entregando ao Ministério Público Federal farta documentação para comprovar todas as revelações de sua delação premiada.
Youssef começou a depor quinta feira, 2, está depondo nesta sexta, 3, vai depor sábado e domingo, ininterruptamente. Não há prazo para terminar.
Ele sabe muito, vai apontar empreiteiras, empresários, políticos. Um investigador disse que “uma contribuição desse tamanho ninguém sabe onde ela vai parar”.
Os procuradores querem informações sobre pelo menos 750 contratos públicos que têm as digitais de Youssef, 17 deles relativos a empreendimentos da Petrobrás, na gestão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.
Quando a Lava Jato foi deflagrada, em março, a Polícia Federal encontrou em poder do doleiro relatório intitulado “planilha de projetos”, documento que mostra indícios de que Youssef intermediou 750 projetos entre grandes construtoras e órgãos públicos, no período de fevereiro de 2009 a maio de 2012. A planilha revela movimentos do doleiro em setores da administração pública.
Somados, os valores referentes a estes contratos ultrapassam a “casa dos bilhões”, segundo relatório da PF. Pelo menos 17 contratos da Petrobrás para grandes empreendimentos nas áreas de refinarias e gás teriam tido a participação do doleiro, suspeita a PF.
A investigação aponta, preliminarmente, que Youssef recebeu comissões no valor aproximado de R$ 160 milhões no âmbito dos 17 contratos com a Petrobrás.
A força tarefa de procuradores da República quer saber quem são os contatos do doleiro nos órgãos públicos, por onde ele circulou, quem recebeu propinas, contas para onde foram transferidos valores ilícitos. Ele tem documentos de cada transação. No acordo de delação premiada comprometeu-se a entregar todos os registros.
A cada situação que apontar, a cada contrato que fizer menção, a cada episódio de corrupção e lavagem de dinheiro que confessar, Youssef se compromete a juntar documentação para comprovar o que diz. “Dessa vez o interesse público vai ser muito bem atendido”, avalia um investigador.
A delação de Youssef será “infinitamente mais robusta” que a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa – o executivo fez uma sucessão de depoimentos e apontou pelo menos 32 parlamentares como supostos beneficiários de propinas.
A grande diferença das delações de Youssef e de Costa é que o doleiro vai enriquecer seus relatos com papéis, registros de operações ilícitas.
A delação do doleiro será mais robusta e mais longa que a de Costa. Não tem previsão para acabar.
Um investigador reiterou que “o que vai ser diferente (em relação à delação de Costa) é que ele (Youssef) vai apresentar documentação”.
Eu fico me perguntando sobre a posição e o comportamento de alguns colegas do fórum do CC que insistem em defender bandidos, depois de tantas e tantas demonstrações de rapinagem na Petrobras...
E a montanha de dinheiro (bilhões!), que está faltando nas escolas de periferia, nos hospitais esquecidos do interior, nas escolas técnicas, em estradas (buracos a perder de vista na maioria das não privatizadas - converse com caminhoneiro) e obras de infraestrutura,... em todo lugar.
Onde andará a consciência desse povo? Como vão dormir depois de vir justificar o descalabro, dizendo que a empresa pode ter tido um lucro aqui, outro acolá? E fechar os olhos para tudo isso aí...
Deve ser uma guerra feia, uma batalha insana, a consciência de muita gente, com a ideologia amarrando e amordaçando essa tal consciência, para que ela não grite o que salta aos olhos de qualquer pessoa de bem.