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Se só um Big Bang e este Universo e nada mais....  

Então, uma causa a que podemos chamar Deus é provável
Então, uma causa a que podemos chamar Deus é possível
Mesmo assim, uma causa a pudessemos chamar Deus é improvável
Mesmo assim, uma causa a pudessemos chamar Deus é impossível

Autor Tópico: Big Bang e Deus  (Lida 13356 vezes)

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Offline JohnnyRivers

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #75 Online: 24 de Janeiro de 2013, 16:07:45 »
Como ta cheio de "se" por aqui, aí vai o meu:

Se considerarmos que o funcionamento do universo como um todo tem um propósito e nós, consequentemente, fazemos parte deste propósito (mais provavel que seja indiretamente), então os processos evolutivos passam a ter um melhor significado, mesmo que sejam imperfeitos (sob nossa ótica).
E para julgar melhor um "design inteligente" (a favor ou contra), tem que ao menos saber qual o propósito (se houver). E se não há isto, vem aquela pergunta "por que existimos?". A resposta "por que foi obra do acaso" não soa nada científico e ruma para os horizontes da filosofia pura.

Embora eu considere a existência de um criador, bem onde não existe o tempo e o que fora chamado de "nada" (como mostrado no vídeo que o forista Dragão Invisível postou), eu não saberia argumentar do "porque" tudo ocorre da maneira como conhecemos.


Próximo "se" filosofal, por favor... :lol: (brinks...)
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Offline ShadowThinker

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #76 Online: 24 de Janeiro de 2013, 16:10:44 »
o que o JohnnyRivers disse é quase que tudo o que estou tentando expressar :D

Próximo "se" filosofal, por favor... :lol: (brinks...)
ok. Lá vai. XD


Quanto ao que você falou sobre empatia, isso me faz pensar no problema do mal. Se tem alguma coisa de que não podemos acusar o universo é de ter empatia pelos seres vivos que nele habitam. O próprio motor da evolução é violência e sofrimento, e não se percebe nenhuma interferência dos céus sobre catástrofes, grandes ou pequenas.

Como o universo possui vários seres de vários níveis de inteligências superiores a nossa, acredito que uma boa explicação seria:

os criadores do universo sentem empatia pelos mais evoluidos do nosso universo, que por sua vez sentem alguma empatia pelos seus inferiores, e por aí vai...
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2013, 16:14:28 por ShadowThinker »

Offline uiliníli

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #77 Online: 24 de Janeiro de 2013, 16:27:24 »
Sua racionalização já está ficando complicada demais, sugiro invocar a Navalha de Ockham. Acho que concordamos que a distribuição de vida inteligente dentro do universo parece ser indistinguível do que se esperaria do mero acaso. As leis do universo, no entanto, parecem otimizadas para o surgimento da vida como nós a conhecemos. O que é mais simples:

1) Um projetista inteligente muito preocupado com vida criou um único universo e foi extremamente meticuloso ao criar as suas leis, mas deixou sua evolução ao acaso.
2) Um projetista inteligente muito preocupado com vida criou um multiverso e deixou tudo ao acaso.

A segunda opção é mais simples que a primeira: se Deus não pareceu um complexado anal maníaco por controle na hora de deixar a vida se espalhar pelo universo, por que ele seria na hora de criá-lo? Se ele confia tanto que a natureza, uma vez posta em movimento, vai fazer o trabalho todo sozinha, por que ele deixou a natureza se encarregar só a partir de certo ponto, se ela facilmente daria conta de tudo? Só se ele tivesse mesmo recursos limitados (assumindo que criar um multiverso de onde outros universos possam brotar naturalmente seja mais difícil do que criar um universo só), mas ele não seria o deus tradicional da maioria dos monoteísmos.

Mas se existe um multiverso, em vez de um universo único, então o "ajuste-fino" não é mistério nenhum, é consequência da lei dos grandes números e o projetista inteligente se torna uma outra complicação desnecessária.

Offline uiliníli

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #78 Online: 24 de Janeiro de 2013, 16:32:07 »
Como o universo possui vários seres de vários níveis de inteligências superiores a nossa, acredito que uma boa explicação seria:

os criadores do universo sentem empatia pelos mais evoluidos do nosso universo, que por sua vez sentem alguma empatia pelos seus inferiores, e por aí vai...

E onde o câncer se encaixa na ideia de que os planejadores inteligentes do universo sentem empatia por nós?
Sem contar que não sentimos empatia nem mesmo pelos nossos iguais, onde estava a empatia no Holocausto? Onde estava a empatia na Bósnia ou em Ruanda?

A resposta "por que foi obra do acaso" não soa nada científico e ruma para os horizontes da filosofia pura.

E a resposta "Foi Deus" soa como o quê? :P

Offline Gabarito

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #79 Online: 24 de Janeiro de 2013, 16:47:32 »
os criadores do universo sentem empatia pelos mais evoluidos do nosso universo, que por sua vez sentem alguma empatia pelos seus inferiores, e por aí vai...

... ou os criadores do universo preferiram esperar a vida se aperfeiçoar através da evolução que, por si só, é sempre regida pela lei do mais forte, mais adaptável e com muita violência e total falta de empatia.

Ou seja, para que houvesse uma vida aperfeiçoada e aprimorada ao máximo, havia que se deixar correr solta a cruel e desalmada evolução e ver no que dá. E deu no que deu, em nós, protótipo todo torto, fruto de uma falta de projeto.

Vai por onde Uiliníli fala: desperdício, incompetência e descontrole.

Offline Dragão Invisível

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #80 Online: 24 de Janeiro de 2013, 20:19:56 »
Como ta cheio de "se" por aqui, aí vai o meu:

Se considerarmos que o funcionamento do universo como um todo tem um propósito e nós, consequentemente, fazemos parte deste propósito (mais provavel que seja indiretamente), então os processos evolutivos passam a ter um melhor significado, mesmo que sejam imperfeitos (sob nossa ótica).
E para julgar melhor um "design inteligente" (a favor ou contra), tem que ao menos saber qual o propósito (se houver). E se não há isto, vem aquela pergunta "por que existimos?". A resposta "por que foi obra do acaso" não soa nada científico e ruma para os horizontes da filosofia pura.

Embora eu considere a existência de um criador, bem onde não existe o tempo e o que fora chamado de "nada" (como mostrado no vídeo que o forista Dragão Invisível postou)
, eu não saberia argumentar do "porque" tudo ocorre da maneira como conhecemos.


Próximo "se" filosofal, por favor... :lol: (brinks...)
No vídeo é falado do "nada quântico" (se é que posso chamá-lo assim). Um "nada" que não é, exatamente, vazio. Um "nada" onde partículas subatômicas pipocam ao sabor das leis quânticas, ou seja sem ferir o que sabemos até então. Com mais dados, quem sabe as coisas mudam (essa é a importância da evidência, dos dados coletados, da observação direta e indireta etc.)

Por falar em evidências... Qual a evidência para a possibilidade (veja bem, eu disse possibilidade) de haver um deus por trás de tudo isso? Até agora eu, sinceramente, não vi nenhuma.

Quanto ao que está destacado em negrito... Cada um coloca seu deus onde melhor lhe apetece, uns colocavam nas montanhas, outros nas nuvens e outros mais costumam colocá-los fora do alcance da ciência (ou em seus limites extremos). O que não me parece nada científico. Parece uma vã tentativa de protegê-los(?).

PS: Desculpe se pareci rude, não foi essa a minha intenção.  :ok:
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2013, 20:23:49 por Dragão Invisível »
O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.

Offline Geotecton

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #81 Online: 24 de Janeiro de 2013, 21:49:11 »
[...]
A mesma coisa vale para o Universo, que possue bilhões/trilhões de planetas.

se apenas um deles gerar vida, e evoluir até um certo nível de tecnologia: garantimos assim que essa raça teria a capacidade de popular os lugares mais inóspitos do universo.

por isso: o dado argumento de que o universo não possue propósitos:


é invalido, pois apenas um planeta seria necessário, para popular o universo inteiro.

A sua afirmação supra é uma extrapolação, um ato de fé na tecnologia, porque para ser válida seria necessário ter um conhecimento positivo do Universo, o que é virtualmente impossível.
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Offline Geotecton

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #82 Online: 24 de Janeiro de 2013, 21:56:13 »
Eu entendi a crítica, minha resposta é que a reprodução funciona, mas se você analisar do ponto de vista de engenharia ela é um grande desperdício. Você sacrifica 199 999 999 espermatozoides para um fecundar o óvulo, e isso nem é garantido 100% das vezes.

Acontece que a reprodução evoluiu a partir de processos naturais, ela não foi planejada inteligentemente (se foi, esse engenheiro desleixado jamais conseguiria um emprego no mercado de trabalho atual).

Se formos ver pelo ângulo de que a causa "Deus" é um indivíduo pensante que valoriza os recursos gastos nesta "realidade".

Porém: em World of Warcraft, que gasto há em se jogar 100.000 barras de metal, quando apenas uma tem a probabilidade de suceder em transformar-se em um item útil?

resposta: desperdício apenas na mente de quem se encontra dentro deste universo, do qual o recurso possui algum valor.
porém, para o designer, 100.00 barras de metal custa tanto quanto 1 barra.

Se a causa for "ser inteligente", ao invés de Deus. A coisa fica mais fácil. pois um/vários ser(es) inteligente(s) qualquer, seria mais fácil de explicar a empatia para conosco (já que o universo seria criado para nós), assim como os métodos não exatos empregados na construção do universo. uma vez que inteligente, não significa perfeito.

Então não há como usar a lógica com um meio de cognoscibilidade de deus neste Universo, pelo menos para este segmento da Via Láctea, porque o nosso conhecimento indica que todo projeto bem elaborado visa, inclusive, uma otimização dos recursos disponíveis.



Se Deus apenas ajustou os parâmetros físicos do universo para garantir que a vida seria possível e deixou o acaso cuidar do resto, ele poderia ter se poupado esse trabalho e ter criado logo um multiverso e deixar o acaso cuidar dos parâmetros físicos também, oras!

Entendo. mas acho que ainda assim o universo cairia na classificação de: "com propósito".

e... se esse ser inteligente (ou sociedade inteligente) não for tão gananciosa, não tentaria enriquecer o máximo que pode.

ou, mais provável: não teria a tecnologia para fazer o que quer, tal como kickstart um multiverso.

talvez seu nível de tecnologia é apenas para iniciar um único universo, pois sua inteligência não é tão superior à dos indivíduos deste universo. (o que explicaria a empatia para conosco).

aí é claro, existe a probabilidade de que uma sociedade mais evoluída, simplesmente controla os multi-versos. e outra mais evoluida controla os vários multi-versos...

é claro que o fato disso fazer sentido, não prova nem um pouco a sua vericidade :D

Eu entendo que um criador transcendental teria um comportamento distinto de uma sociedade ultra-avançada, 'criadora' sim, mas essencialmente feita da mesma matéria/energia.

Mas não deixa de ser um raciocínio interessante.
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Offline Geotecton

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #83 Online: 24 de Janeiro de 2013, 22:10:13 »
Como ta cheio de "se" por aqui, aí vai o meu:

Se considerarmos que o funcionamento do universo como um todo tem um propósito e nós, consequentemente, fazemos parte deste propósito (mais provavel que seja indiretamente), então os processos evolutivos passam a ter um melhor significado, mesmo que sejam imperfeitos (sob nossa ótica).

E porque os "processos evolutivos" passariam a ter um "melhor significado"? Isto parece uma tentativa desesperada de manter uma certa "dignidade" a um criador que, sob qualquer aspecto de análise de performance, parece um 'projetista' que senão é incompetente, é, ao menos, desleixado.


E para julgar melhor um "design inteligente" (a favor ou contra), tem que ao menos saber qual o propósito (se houver). E se não há isto, vem aquela pergunta "por que existimos?". A resposta "por que foi obra do acaso" não soa nada científico e ruma para os horizontes da filosofia pura.

Bem, sem querer ofender a filosofia, mas a pergunta "por que existimos" é exatamente isto: uma mera dúvida existencial do qual o Universo não depende para existir (ou até mesmo "ser", na ontologia). Ou seja, na base não passa de uma visão antropocêntrica da realidade. 


Embora eu considere a existência de um criador, bem onde não existe o tempo e o que fora chamado de "nada" (como mostrado no vídeo que o forista Dragão Invisível postou), eu não saberia argumentar do "porque" tudo ocorre da maneira como conhecemos.

Ou seja, você apenas cre pois todo o parágrafo supra não é científico.

De qualquer modo, a principal crítica é aquela apontada pelo uili: Que tipo de deus é este que fez todo o Universo, incluindo a nós, mas não o otimizou em termos de funcionamento e, o que é pior, não deixou uma só evidência para que nós, (uma de) suas criaturas inteligentes, pudessemos reconhece-lo de forma incontestável.
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Offline Geotecton

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #84 Online: 24 de Janeiro de 2013, 22:16:29 »
[...]
Quanto ao que está destacado em negrito... Cada um coloca seu deus onde melhor lhe apetece, uns colocavam nas montanhas, outros nas nuvens e outros mais costumam colocá-los fora do alcance da ciência (ou em seus limites extremos). O que não me parece nada científico. Parece uma vã tentativa de protegê-los(?).
[...]

Precisamente.

Basta conhecer a história da religião e dos deuses para perceber que a medida que o conhecimento da Natureza foi crescendo, a moradia de(os) deus(es) foi mudando progressivamente até o ponto em que foi necessário transformá-lo em "impessoal", "invisível", "incomunicável" e "fora do tempo e do espaço".
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Offline Dragão Invisível

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #85 Online: 24 de Janeiro de 2013, 22:46:57 »
[...]
Quanto ao que está destacado em negrito... Cada um coloca seu deus onde melhor lhe apetece, uns colocavam nas montanhas, outros nas nuvens e outros mais costumam colocá-los fora do alcance da ciência (ou em seus limites extremos). O que não me parece nada científico. Parece uma vã tentativa de protegê-los(?).
[...]

Precisamente.

Basta conhecer a história da religião e dos deuses para perceber que a medida que o conhecimento da Natureza foi crescendo, a moradia de(os) deus(es) foi mudando progressivamente até o ponto em que foi necessário transformá-lo em "impessoal", "invisível", "incomunicável" e "fora do tempo e do espaço".
Por isso mesmo, Geo, que eu não faço distinção entre o deus-metafísico e o deus bíblico, por exemplo. Um deriva do outro. E essa derivação seguiu precisamente esses passos que você apontou.
O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.

Offline Dragão Invisível

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #86 Online: 25 de Janeiro de 2013, 08:44:09 »
Vocês já notaram como os adjetivos dados aos deuses hoje em dia começam sempre com um prefixo de negação? Exemplos: infinito, invisível, intangível, incognoscível (eu acho essa a característica mais curiosa, pois parece que muita gente o conhece pessoalmente!  :oba:), imutável, atemporal, assexuado etc. São tantas negativas que, para mim, é como se eles estivessem descrevendo um "nada".  |(

Como discutir o Big Bang e os deuses nesses termos? Como discutir um ser atemporal e incognoscível, para ficarmos no mais sofisticados dos deuses, e sua influência nos processos naturais e levar isso a sério?
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Offline JohnnyRivers

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #87 Online: 25 de Janeiro de 2013, 11:22:31 »
Quanto ao que está destacado em negrito... Cada um coloca seu deus onde melhor lhe apetece, uns colocavam nas montanhas, outros nas nuvens e outros mais costumam colocá-los fora do alcance da ciência (ou em seus limites extremos). O que não me parece nada científico. Parece uma vã tentativa de protegê-los(?).

Cada um vai colocar onde acha que está. Podemos apontar com segurança os lugares onde não está. Como montanhas, nuvens, etc...
Já quanto a  tentativa de proteger, eu discordo um pouco. Esta mais pra uma busca incessante (pra quem acredita, como eu, obviamente) nos lugares inascessíveis até então.



Como ta cheio de "se" por aqui, aí vai o meu:

Se considerarmos que o funcionamento do universo como um todo tem um propósito e nós, consequentemente, fazemos parte deste propósito (mais provavel que seja indiretamente), então os processos evolutivos passam a ter um melhor significado, mesmo que sejam imperfeitos (sob nossa ótica).

E porque os "processos evolutivos" passariam a ter um "melhor significado"? Isto parece uma tentativa desesperada de manter uma certa "dignidade" a um criador que, sob qualquer aspecto de análise de performance, parece um 'projetista' que senão é incompetente, é, ao menos, desleixado.


Note que esta minha frase de introdução não refere-se a nenhum criador. Aproveito dela para tirar uma conclusão posteriormente. Mas até aí, o sentido que eu quis dar é amplo.

E para julgar melhor um "design inteligente" (a favor ou contra), tem que ao menos saber qual o propósito (se houver). E se não há isto, vem aquela pergunta "por que existimos?". A resposta "por que foi obra do acaso" não soa nada científico e ruma para os horizontes da filosofia pura.

Bem, sem querer ofender a filosofia, mas a pergunta "por que existimos" é exatamente isto: uma mera dúvida existencial do qual o Universo não depende para existir (ou até mesmo "ser", na ontologia). Ou seja, na base não passa de uma visão antropocêntrica da realidade. 

Nem nós dependemos desta dúvida para existir-mos. Mas ela surge, fazer o quê. "Porque e como nós existimos?" são dúvidas recorrentes.

Embora eu considere a existência de um criador, bem onde não existe o tempo e o que fora chamado de "nada" (como mostrado no vídeo que o forista Dragão Invisível postou), eu não saberia argumentar do "porque" tudo ocorre da maneira como conhecemos.

Ou seja, você apenas cre pois todo o parágrafo supra não é científico.
Sim. Óbvio isso. Se deixei a entender o contrário, foi sem intenção.

E Hawkings também crê no oposto em sua conclusão, como afirmado por ele no vídeo (ele mesmo cita "eu creio"). Embora todas as premissas dele foram claramente científicas.

De qualquer modo, a principal crítica é aquela apontada pelo uili: Que tipo de deus é este que fez todo o Universo, incluindo a nós, mas não o otimizou em termos de funcionamento e, o que é pior, não deixou uma só evidência para que nós, (uma de) suas criaturas inteligentes, pudessemos reconhece-lo de forma incontestável.

Crítica e dúvida producente.

Vocês já notaram como os adjetivos dados aos deuses hoje em dia começam sempre com um prefixo de negação? Exemplos: infinito, invisível, intangível, incognoscível (eu acho essa a característica mais curiosa, pois parece que muita gente o conhece pessoalmente!  :oba:), imutável, atemporal, assexuado etc. São tantas negativas que, para mim, é como se eles estivessem descrevendo um "nada".  |(

Como discutir o Big Bang e os deuses nesses termos? Como discutir um ser atemporal e incognoscível, para ficarmos no mais sofisticados dos deuses, e sua influência nos processos naturais e levar isso a sério?

Chutes. Qualquer definição sem prova é chute. Mas essa de  incognoscível é uma definição rara de achar... :hein:
Quanto a atemporal, acho que é uma idéia interessante, mas não deixa de ser chute.
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Offline Dragão Invisível

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #88 Online: 25 de Janeiro de 2013, 11:54:56 »
Vocês já notaram como os adjetivos dados aos deuses hoje em dia começam sempre com um prefixo de negação? Exemplos: infinito, invisível, intangível, incognoscível (eu acho essa a característica mais curiosa, pois parece que muita gente o conhece pessoalmente!  :oba:), imutável, atemporal, assexuado etc. São tantas negativas que, para mim, é como se eles estivessem descrevendo um "nada".  |(

Como discutir o Big Bang e os deuses nesses termos? Como discutir um ser atemporal e incognoscível, para ficarmos no mais sofisticados dos deuses, e sua influência nos processos naturais e levar isso a sério?

Chutes. Qualquer definição sem prova é chute. Mas essa de  incognoscível é uma definição rara de achar... :hein:
Quanto a atemporal, acho que é uma idéia interessante, mas não deixa de ser chute.
Não é rara, Jhonny. Os teístas vivem nos esfregando na cara que o deus deles não pode ser conhecido, exceto pela fé obviamente (isso ocorre, principalmente, quando a Ciência avança um pouco mais).
O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.

Offline Feliperj

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #89 Online: 25 de Janeiro de 2013, 12:15:41 »
Vocês já notaram como os adjetivos dados aos deuses hoje em dia começam sempre com um prefixo de negação? Exemplos: infinito, invisível, intangível, incognoscível (eu acho essa a característica mais curiosa, pois parece que muita gente o conhece pessoalmente!  :oba:), imutável, atemporal, assexuado etc. São tantas negativas que, para mim, é como se eles estivessem descrevendo um "nada".  |(

Como discutir o Big Bang e os deuses nesses termos? Como discutir um ser atemporal e incognoscível, para ficarmos no mais sofisticados dos deuses, e sua influência nos processos naturais e levar isso a sério?

Olá DI,

Assimm como a Não localidade tb é uma negação. :)

Abs
Felipe

Abs
Felipe

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #90 Online: 26 de Janeiro de 2013, 02:28:27 »
Bem, isso é uma, negação, de resto se tem propriedades constatadas. As propriedades de "deus"/Jeová/what-have-you por outro lado, quando fogem do literal/tradicional, são quase que só negações e oxímoros.

Offline Novag

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #91 Online: 30 de Janeiro de 2013, 10:40:02 »
Chegando atrasado nesse tópico...
A minha única “pira” na origem do universo é a tal da singularidade.
O que, em nome de CROM, aquela minúscula esfera (?) estava fazendo em algum lugar imensurável  e porque ela em algum momento (e ainda “fora” do tempo) resolveu explodir, dando origem ao universo?
Não parece algo fácil para nós compreendermos algum evento ou situação fora do tempo, traduzindo-o assim em palavras para explicar tal fenômeno.

Será que ainda estaremos vivos até o dia que alguém descubra  as peças finais desse grande quebra cabeças?

« Última modificação: 30 de Janeiro de 2013, 10:46:23 por Novag »

Offline Feliperj

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #92 Online: 30 de Janeiro de 2013, 11:02:05 »
Chegando atrasado nesse tópico...
A minha única “pira” na origem do universo é a tal da singularidade.
O que, em nome de CROM, aquela minúscula esfera (?) estava fazendo em algum lugar imensurável  e porque ela em algum momento (e ainda “fora” do tempo) resolveu explodir, dando origem ao universo?
Não parece algo fácil para nós compreendermos algum evento ou situação fora do tempo, traduzindo-o assim em palavras para explicar tal fenômeno.

Será que ainda estaremos vivos até o dia que alguém descubra  as peças finais desse grande quebra cabeças?


Será que descobriremos as peças finais (conhecimento pleno da origem e funcionamento do nosso universo)? Eu aposto qeu não!!

Pegando um gancho, pois esta era uma das itenções que tinha, qdo coloquei a qeustão da não-localidade que o Buckaroo respondeu : as qualidades negativas artibuidas a um possível criador (e a propria dificuldade de entendimento) tem com causa,  justamente, a necessária característica não-local do mesmo.

Abs
Felipe

Offline AlienígenA

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #93 Online: 30 de Janeiro de 2013, 17:01:37 »
Pergunta aos universitários. Estava aqui pensando nessa questão do ajuste fino e me surgiu uma duvida. Não sei se vou saber traduzir perfeitamente. Esse ajuste fino tem que necessariamente ter ocorrido simultaneamente no momento inicial para que o universo fosse possível ou poderia ter sido o resultado de um ajuste sequencial, até inevitável, com o surgimento do espaço-tempo, uma constante interferindo na outra sucessivamente, até um ajuste final?
   

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #94 Online: 30 de Janeiro de 2013, 19:19:30 »
Vai depender de quanto se supõe que o universo seja determinista (em oposição a indeterminado, não "determinado por vontade", nada a ver com livre-arbítrio metafísico aqui).

Um universo "100%" determinista precisaria já ter essas variáveis pré-determinadas desde o instante "1".

Já se supomos que o determinismo não é algo fundamental, mas um "efeito colateral" de leis fundamentais mais variáveis (não sei o nome dessa "hipótese" mas há quem sugira coisas nessas linhas) então isso não seria necessário, esse "ajuste" poderia surgir por acaso.

Mas acho que também não algo "inevitável" sem outras suposições auxiliares como de universo cíclico/eterno e coisas do tipo, para que houvesse um número "infinito"/"maior que um", de "tentativas" de universo até eventualmente ocorrer um com essas propriedades.

Em algum lugar* acho que publicaram um texto com uma noção dessas, se não me engano inclusive faziam uma analogia um pouco (ou bastante) fraca com seleção natural/darwinismo. A fraqueza da analogia estaria em não haver seleção ou hereditariedade. Se bem que talvez acho que talvez houvesse a hipótese de "hereditariedade" dessas propriedades do ajuste. Algo como universos dentro de universos/gerados por universos (acho que em buracos negros/brancos), e os universos "filhos" por quaisquer cargas d'água terem propriedades parecidas com os universos "pais".

Se essa hipotética hereditariedade tem qualquer base em algum conhecimento físico eu não sei.


* aqui:
Darwin e Cosmologia - os bebês do cosmos






Chegando atrasado nesse tópico...
A minha única “pira” na origem do universo é a tal da singularidade.
O que, em nome de CROM, aquela minúscula esfera (?) estava fazendo em algum lugar imensurável  e porque ela em algum momento (e ainda “fora” do tempo) resolveu explodir, dando origem ao universo?
Não parece algo fácil para nós compreendermos algum evento ou situação fora do tempo, traduzindo-o assim em palavras para explicar tal fenômeno.

Será que ainda estaremos vivos até o dia que alguém descubra  as peças finais desse grande quebra cabeças?



Talvez mais uma vez colocando palavras na boca (ou teclado) de Hawking, acho que ele sugere que essa questão talvez seja enganosa por termos um viés de pensamento causal onde o passado determina o presente/futuro, e não vice-versa. Mas a física em si não faz essa distinção. Daí se a física apenas "retrodiz" o instante do big-bang e sugere que não há um "antes", bem, talvez de certa forma essa seria a "causa", o "depois", e não o antes.

Mas não sei se li isso do livro do Hawking que li ou se simplesmente inventei, então não confie em mim.

De qualquer forma parece ser também popular uma noção de que universos "como o nosso" são na verdade apenas partes de um universo maior/infinito (acho que infinito). Cada buraco negro no "nosso universo" seria um outro universo, um outro "big bang", quando visto "do outro lado", e o "nosso" big-bang também seria um buraco negro em "outro" universo. No trecho anterior desse post tem um link para um texto sobre uma hipótese que supõe isso, ainda que ao mesmo tempo ele parece assumir que em algum momento houve um "primeiro big-bang". Não faço idéia de qual seria o embasamento disso.

Offline AlienígenA

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #95 Online: 30 de Janeiro de 2013, 23:06:33 »

Não sei se não peguei direito sua linha de raciocinio, se me faltam informações para compreendê-la ou se não expus direito a minha, porque a idéia que me ocorreu, a princípio, não parece fugir ao determinismo. Ao contrário.

Na verdade, esse suposto ajuste consecultivo, em lugar de um ajuste simultâneo, não sei se é possível, ao menos em tese, provavelmente não, já que aparentemente nenhum cosmólogo propôs coisa semelhante, seria determinado, como tudo mais, pelo primeiro elo da cadeia de eventos.

Por isso inevitável, no sentido que, qualquer que fosse a primeira constante ou qualquer que fosse o valor desta, determinaria o valor das demais, fazendo com que o universo, não necessariamente, o nosso, fosse não improvável, mas inevitável.

Mas, certamente, não pode ser, porque uma idéia tão simples seria óbvia para ninguém melhor informado já ter pensado nisso.  :P

Minha dúvida, na verdade, é se isso seria impossível ou improvável.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #96 Online: 30 de Janeiro de 2013, 23:17:24 »
Acho que entendi. Se em vez de cada "valor" da afinação ser algo "individual"/"independente", se eles não poderiam ser necessariamente decorrentes uns dos outros. Acho que o que geralmente se assume é que seja mais ou menos por aí mesmo, daí se falar em coisas como "teoria(s) de tudo", ou pelo menos se busca mais e mais "unificações".

Um pouco parecido com isso (ou talvez indistinguível) são noções de que as leis são "holistas", em vez de terem valores "próprios"/inerentes (se não me engano o mesmo cara do texto citado, Smolin, propõe umas idéias assim) dependem de interações e estados do universo todo.

Offline AlienígenA

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #97 Online: 31 de Janeiro de 2013, 12:10:44 »
Acho que entendi. Se em vez de cada "valor" da afinação ser algo "individual"/"independente", se eles não poderiam ser necessariamente decorrentes uns dos outros. Acho que o que geralmente se assume é que seja mais ou menos por aí mesmo, daí se falar em coisas como "teoria(s) de tudo", ou pelo menos se busca mais e mais "unificações".

Um pouco parecido com isso (ou talvez indistinguível) são noções de que as leis são "holistas", em vez de terem valores "próprios"/inerentes (se não me engano o mesmo cara do texto citado, Smolin, propõe umas idéias assim) dependem de interações e estados do universo todo.

Então suponho que eu é que devo ter entendido mal, pois a impressão que o argumento do ajuste fino (para a alegação de deus) me passa é que tamanha é a coincidência das constantes terem, independentemente, exatamente os valores que precisavam para que o universo fosse possível que acreditar nisso não é diferente de acreditar em mágica.   

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #98 Online: 31 de Janeiro de 2013, 21:38:27 »
Acho que não faz muita diferença porque o argumento leva em consideração não "possibilidades reais", mas "possibilidades" teóricas/filosóficas. Daí enquanto que, pelo que é observado, nos pareça impossível que a partir das condições A resultasse algo diferente de A, B, C, D, etc, ainda se pode argumentar que "um ser onipotente poderia ter inventado um universo completamente diferente disso, e ele poderia ter dado quaisquer valores/propriedades que quisesse para esse universo, elas poderiam ser inter-dependentes/co-determinadas, ou não".

Com essa abrangência de "possibilidades" a dependência determinística das propriedades do universo é algo análogo àquelas apresentações de milhares de dominós enfileirados, que vão caindo de forma elaborada, fazendo desenhos e etc. Mesmo que você só precise derrubar o primeiro, e todos os outros necessariamente caem da forma correta, isso não "refuta" que tal organização tenha sido criada por pessoas, mas sim reforça essa "necessidade. "É óbvio que não foi uma organização ao acaso para um ir derrubando o outro naquele padrão exato".

Offline Novag

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Re:Big Bang e Deus
« Resposta #99 Online: 01 de Fevereiro de 2013, 08:17:42 »
Em uma outra forma de abordagem, a existência de padrões também não favorece a idéia de um criador (exceto na mente das “torcidas”). Podemos citar como outro exemplo as nuvens do céu, onde em alguns casos formam uma imagem simples, como por exemplo, um coração.
Alguns humanos entenderiam como sendo um sinal de Deus para a humanidade. Outros (quase todos nós do fórum) entenderíamos como sendo uma mera casualidade, não deixando, claro, de ser algo muito interessante. Já, os demais animais [irracionais] nada entenderiam e para eles não haveria nenhum significado.
Isso me fez lembrar de alguns argumentos  do princípio antrópico. Coisas como a gravidade ou a distancia da terra com o sol precisarem ser exatamente como são para que a vida fosse possível, sugerindo então a idéia de um criador. Ora, se não fosse como é, a terra simplesmente seria como os demais planetas que conhecemos; sem vida.
 Interessante mesmo seria se existisse a vida  em condições impossíveis [alguns humanos morando no sol ou anjos no espaço sideral,  conseguindo se deslocarem com o bater de suas asas, por exemplo] .  Daí, sim, poderiamos começar a crer em milagres.
« Última modificação: 01 de Fevereiro de 2013, 08:29:10 por Novag »

 

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