Vai depender de quanto se supõe que o universo seja determinista (em oposição a indeterminado, não "determinado por vontade", nada a ver com livre-arbítrio metafísico aqui).
Um universo "100%" determinista precisaria já ter essas variáveis pré-determinadas desde o instante "1".
Já se supomos que o determinismo não é algo fundamental, mas um "efeito colateral" de leis fundamentais mais variáveis (não sei o nome dessa "hipótese" mas há quem sugira coisas nessas linhas) então isso não seria necessário, esse "ajuste" poderia surgir por acaso.
Mas acho que também não algo "inevitável" sem outras suposições auxiliares como de universo cíclico/eterno e coisas do tipo, para que houvesse um número "infinito"/"maior que um", de "tentativas" de universo até eventualmente ocorrer um com essas propriedades.
Em algum lugar* acho que publicaram um texto com uma noção dessas, se não me engano inclusive faziam uma analogia um pouco (ou bastante) fraca com seleção natural/darwinismo. A fraqueza da analogia estaria em não haver seleção ou hereditariedade. Se bem que talvez acho que talvez houvesse a hipótese de "hereditariedade" dessas propriedades do ajuste. Algo como universos dentro de universos/gerados por universos (acho que em buracos negros/brancos), e os universos "filhos" por quaisquer cargas d'água terem propriedades parecidas com os universos "pais".
Se essa hipotética hereditariedade tem qualquer base em algum conhecimento físico eu não sei.
* aqui:
Darwin e Cosmologia - os bebês do cosmos
Chegando atrasado nesse tópico...
A minha única “pira” na origem do universo é a tal da singularidade.
O que, em nome de CROM, aquela minúscula esfera (?) estava fazendo em algum lugar imensurável e porque ela em algum momento (e ainda “fora” do tempo) resolveu explodir, dando origem ao universo?
Não parece algo fácil para nós compreendermos algum evento ou situação fora do tempo, traduzindo-o assim em palavras para explicar tal fenômeno.
Será que ainda estaremos vivos até o dia que alguém descubra as peças finais desse grande quebra cabeças?
Talvez mais uma vez colocando palavras na boca (ou teclado) de Hawking, acho que ele sugere que essa questão talvez seja enganosa por termos um viés de pensamento causal onde o passado determina o presente/futuro, e não vice-versa. Mas a física em si não faz essa distinção. Daí se a física apenas "retrodiz" o instante do big-bang e sugere que não há um "antes", bem, talvez de certa forma essa seria a "causa", o "depois", e não o antes.
Mas não sei se li isso do livro do Hawking que li ou se simplesmente inventei, então não confie em mim.
De qualquer forma parece ser também popular uma noção de que universos "como o nosso" são na verdade apenas partes de um universo maior/infinito (acho que infinito). Cada buraco negro no "nosso universo" seria um outro universo, um outro "big bang", quando visto "do outro lado", e o "nosso" big-bang também seria um buraco negro em "outro" universo. No trecho anterior desse post tem um link para um texto sobre uma hipótese que supõe isso, ainda que ao mesmo tempo ele parece assumir que em algum momento houve um "primeiro big-bang". Não faço idéia de qual seria o embasamento disso.