Agnóstico, as coisas mudaram muito desde a sua época. Gestão é um problema, mas não éo único problema (talvez nem o principal hoje)
Como no SUS, onde as pessoas não ligam para gestão, indicadores, entrega de projetos, etc..?
Não. Primeiro porque existem indicadores no SUS (mas não vamos fazer daqui outro tópico do SUS, até porque estou devendo uma resposta no outro tópico ).
Não têm não. Já foi definido e provado que não têm. Bem como o fato do problema de gestão ser bem maior do que só (condição básica) ter indicadores.
Têm indicadores, mas, como disse, é para o outro tópico (que preciso parar para montar, já que é um longo post). No mais concordo que gestão não são apenas indicadores.
Os problemas do SUS e da educação são distintos, ainda que hajam alguns pontos similares (gestão e subfinanciamento são alguns),
Ah sim.. subfinanciamento. É aquele velho pensamento dos funcionários públicos, meio que "dane-se que não entrego projetos e faço tudo mais caro e ineficiente. Dane-se a corrupção. Eu tenho que ter mais dinheiro dos otários contribuintes para fazer meu sonho técnico sem relação com técnicas de gestão, viabilidade, risco ....
Claro que existe subfinanciamento na saúde. Vou dar um exemplo apenas: Uma equipe da ESF possui como composição mínima um médico, um enfermeiro e um técnico de enfermagem. Mensalmente é repassado R$ 10.650,00 para custeio de equipe pelo MS (isso se o município for distante de grandes centros, com baixo IDH e outros mais, em metrópoles o recurso é menor). Somente para pagar o médico são necessários R$ 8.000,00 em média, porém em municípios mais distantes dos grandes polos o salário varia de R$ 12.000, 00 a até R$ 18.000,00 (por causa de uma coisa chamada mercado). Lembre-se que o município ainda tem que custear o enfermeiro e o técnico de enfermagem (estamos falando apenas da equipe). Isso faz com que os gastos com a saúde passem de 20% do orçamento do município (em alguns casos mais que isso, quando dependem exclusivamente do FPM), mas a União gasta 3,98% do seu orçamento.
mas outros pontos tão ou mais importantes são diversos, ainda que uma causa histórica pode ser comum: a universalização sem o devido dimensionamento do serviço para atender a demanda gerada.
Não. É o que não saber fazer com dinheiro nem criar uma cultura de meritocracia.
Acho que você talvez não tenha entendido o que quis dizer. A universalização significa que TODOS passam a ter acesso à educação pública e à saúde pública. Só que antes o serviço era muito limitado, na saúde restrito a quem tinha carteira assinada e na educação já houve até exames admissionais para entrar no ensino fundamental (e o Brasil possuía um alto índice de analfabetismo). Quando há a universalização a demanda cresceu enormemente, mas o serviço era ainda aquele para atender uma clientela reduzida. E isso nada tem a ver com meritocracia.
Se o problema fosse apenas de gestão teríamos: a) as universidades públicas piores que as particulares (a menos que admitamos que a gestão privada do ensino superior seja pior que a gestão pública);
Aquela que os alunos pagam cursinhos e estudam a vida inteira em escolas particulares para entrar? A pergunta do DDV foi bem pertinente.
Enquanto um trouxa estuda no camilópolis e tem que pagar a faculdade a noite, os mais favorecidos podem ir para as melhores escolas PRIVADAS e apenas seguir um caminho que é desproporcionalmente caro para o país.
O que significa que você concorda com as cotas, que vêm justamente para diminuir essa distorção.
Nenhuma ineficiência é suficiente para não permitir entregar um bom resultado se existe um monte de dinheiro envolvido.
Um dos grandes problemas (e que nada tem a ver com que discutimos aqui, mas tem a ver com essa sua colocação) chama-se órgãos de controle. No serviço público não basta ter um projeto e dinheiro, mas precisa passar por uma longa e demorada cadeia de controle que faz com que o resultado obtido seja muito aquém do esperado.
Defel, na boa. Você está bem equivocado.
Será?
Você já me contou tintim por tintim a desgraça que é o seu trabalho sobre o ponto de vista da gestão e descaso.
Teu grande problema é que você acha isso normal. Você deveria ficar indignado e acreditar que é o que é, um acinte.
Não, não acho normal e nenhum colega de trabalho acha e a indignação dos servidores é sim demonstrada (e hoje, com as redes sociais, ainda mais). Veja que o que falei é sobre a atual gestão, mas não que todas as gestões sejam assim e nem que em outros lugares não sejam melhores, mesmo dentro do meu estado.
b) as escolas públicas do ensino fundamental e médio, em uma série histórica, sempre seriam piores que as privadas, mas isso só acontece com a universalização do acesso, quando então a relação começa a pender para o setor privado (a menos, novamente, que a gestão pública tenha sido muito boa no passado e piorado com o tempo).
E proporcionalmente o dinheiro não é tão abundante. CQD. Sem a tonelada de dinheiro, não tem como fazer funcionar.
Mas também o dinheiro não era tão abundante no serviço público no passado.
E como você diz, a universalização precisa de gestão e várias organizações para suprir a demanda.
De gestão sim, de várias organizações não.
Os problemas da educação passam por falta de estímulo dos professores (e isso não significa apenas salário), perda da disciplina e da autoridade do professor (em que os conselhos tutelares contribuem muito), falta de professores, jornada dupla ou tripla dos professores (o que impede o planejamento das aulas), violência de gangues, drogas, tráfico, projeto pedagógico equivocado, equidade <> igualdade e outros mais.
E, principalmente, incompetência na gestão.
A gestão é importante, mas, hoje, o problema maior, na educação, não seria esse apenas, mas um somatório dos apresentados acima.